Texto Bíblico:
O texto que lemos para os irmãos relata a reforma em que o rei Josias fez a todo o povo de Judá em seus dias. A Palavra de Deus havia sido deixada de lado, havia sido esquecida guardada em algum lugar do templo. E, toda vez que a Palavra de Deus deixa de ser regra de fé e pratica para conduta do povo, é fato que o mesmo se afastará da pessoa de Deus. Pois caminha sem rumo, sem direção.
É neste contexto que Josias se levanta para trazer novamente a Judá para o prumo da vontade de Deus. Ele se apropria da Palavra e conclama ao povo ao arrependimento e um retorno ao cumprimento da vontade do Senhor através dos mandamentos que estão escritos em sua Palavra.
O povo de Deus por diversas vezes na história se desviou da Palavra e acabou se enveredando por caminhos tortuosos. Acabando distante de Deus e do cumprimento de sua vontade. A reforma protestante foi um destes momentos na história em que o povo que se dizia povo de Deus andava trilhando rumos estranhos e realizando coisas que desagradavam ao coração de Deus.
Para que nós entendamos a Reforma precisamos entender o momento em que a Europa estava mergulhada. O quadro em que a velha civilização se encontrava era extremamente caótico e confuso. Nos séculos XIV e XV, o nacionalismo estava em alta, a peste bubônica estava dizimando a população, a igreja por sua vez estava em plena decadência, reis que pertenciam ao império Sacro Santo guerreavam entre si, o catolicismo estava sofrendo muitos embates, inclusive com homens reivindicando o título de papa.
A Renascença toma forma neste período. Se pudéssemos descrever em uma palavra o espírito que circundava os dias da renascença seria “humanismo”. A idade chamada das trevas (Idade Média) havia privado ao homem de muitas coisas. A renascença foi um movimento que labutou contra opressão de tantos contra a arte, a cultura, contra a criatividade humana.
Neste contexto surgem três nomes que entraram para história antes mesmo de Lutero, Zuínglio e Calvino. Seus nomes são: “Guilherme de Occam, John Wycliffe e Desidério Eramo. Esses homens foram essenciais para que o futuro reservava a Martinho Lutero.
Suas lutas e convicções caíram como uma bomba contra os domínios romanos e se expandiram como uma praga por toda a Europa. Muitas teses de John Huss e mais tarde de Martinho Lutero, são encontradas já na vida e escritos destes homens que legaram de forma bela para a humanidade o que haveria de ser a Reforma.
Foi após este momento histórico que surge o nosso querido monge agostiniano Martinho Lutero. Erasmo o pensador que vinha causando um certo desconforto ao catolicismo nem ao menos poderia se comparar ao desconforto que Lutero iria proporcionar aos mesmos. Chegaram a dizer que Lutero foi para igreja romana semelhante a um elefante solto em uma loja de cristais.
Existe praticamente uma unanimidade entre os historiadores em atribuírem a data da Reforma Protestante ao dia 31 de outubro de 1517, com a fixação das 95 teses de Lutero na Catedral de Wittenberg. Desde dia em diante o trem da reforma havia partido e não havia mais que o pudesse parar.
Lutero de forma pública expos sua opinião contra as indulgências e sobre toda a tirania e abuso exercido pelo então papa e o seu império de poder. Suas teses trouxeram para os protestantes três princípios que norteiam até os nossos dias o que se chamam protestantes. São eles: “sola gratia et fides” (a salvação pela Graça mediante a fé), “sola Scriptura” (as Escrituras acima de todas as demais autoridades de fé e da prática cristãs) e o sacerdócio universal de todos os crentes.
Após a divulgação de suas teses e pensamento Lutero foi excomungado e banido da igreja pelo Papa que o chamou de “javali na vinha do Senhor”. O movimento foi ganhando força e se expandindo por toda Europa. Na Suíça surgem mais dois célebres personagens desta história: João Calvino e Ulríco Zuínglio. Que junto a Lutero vão acrescentar e muito para o desenvolvimento do pensamento protestante.
Os reformadores entendiam que a grande chave para a sua diferença com a igreja romana está na doutrina da salvação, o que a teologia sistemática chama de sotereologia. Me permitam expressar uma análise simples ao estudar esse momento histórico. Creio ter sido este ponto o cerne da Reforma Protestante.
Agora gostaria de explanar um pouco sobre os três principais nomes da Reforma Protestante: Martinho Lutero, Ultíco Zuínglio e João Calvino.
Martinho Lutero
Martinho Lutero sem sombra de dúvidas é o homem mais comentado, debatido e questionado da história da igreja. Para o catolicismo romano ele é a serpente que pairou na ceara do Senhor e trouxe inúmeros prejuízos. Para os protestantes ele é simplesmente um notável herói que trouxe novamente a fé cristã genuína aos seus fiéis. Porém, estes dois extremos têm ao longo dos anos vem sendo abandonados. E tanto, católicos, como protestantes, desmitificaram a figura de Martinho Lutero em suas concepções.
Os católicos conseguem enxergar que Martinho não foi um monge puro e simplesmente rebelde em suas condutas e convicções. Já os protestantes, conseguem enxergar que Lutero não foi um homem que esteve livre de tentações e das mazelas ocasionadas pelo pecado como todo e qualquer ser humano.
Ao nos debruçarmos sobre a vida de Lutero encontramos um homem extremamente erudito, inteligente, mas ao mesmo tempo, um homem rude e muito duro em algumas posições. Seus questionamentos e convicções eram sinceros. O desejo de seu coração era esclarecer, as massas populares que não possuíam acesso a informações que lhes eram necessário para abstrai tal conhecimento para construção e solidificação de sua fé.
Quando clarifica em sua mente e coração o que Deus queria que ele se posicionasse de forma extrema a certos erros e abusos cometidos por homens poderosos que detinham em sua mão o poder. Ele não hesitava e com muita coragem e caráter afirma suas convicções seja a quem fosse. Porém, sua paixão exagera e suas convicções o levaram a cometer muitos erros, e não somente ele, como também seus seguidores. Mais tarde eles se arrependeriam de tal coisa profundamente.
Alguns fatores favoreceram a Lutero durante a sua empreitada a cerca da construção de sua cosmovisão. A invenção da imprensa, por exemplo, possibilitou que os escritos de Lutero se difundissem rapidamente nas mãos do povo. Outro fator importante a ser destacado foi o crescente nacionalismo alemão ao qual Lutero era um participante deste movimento, em muitas questões Lutero pode contar com ajuda de homens que também sonhavam que a reforma acontecesse. Erasmo era um dos que apoiava Lutero em algumas questões. As reformas políticas que Alemanha vinha sofrendo impediu também que Lutero fosse condenado. Quando os poderosos resolveram tomar uma atitude, já era tarde demais.
Gosto do comentário de González acerca da vida e obra de Lutero. Diz ele: “Ao estudar a vida de Lutero e também a sua obra, uma coisa fica bem clara: é que a tão esperada reforma se produziu, não porque Lutero ou outra pessoa se havia proposto a isso, mas porque ele chegou no momento oportuno e porque nesse momento o Reformador, e muitos outros junto dele, estiveram dispostos a cumprir sua responsabilidade histórica.
1.2. BREVE BIOGRAFICA DE LUTERO :
Martinho nasceu em 1483, em Eislebem, Alemanha. Seus pais eram camponeses, pessoas simples que trabalhavam em minas. Lutero não teve a melhor das infâncias, seus pais eram muito exigentes e lhe cobravam de modo extremo e severo que Martinho se dedicasse aos estudos. A vontade de seu pai era que Matinho se tornasse um advogado. Porém, Lutero não tinha essa profissão em seu coração.
Em 1505, faltando pouco para completar 22 anos, Lutero ingressou no monge Agostiniano de Erfurt. As causas que levaram Martinho a tomar tal decisão foram muitas. Durante uma tempestade uma tormenta elétrica apavorou Lutero, e o deixou com medo do inferno, desesperado o mesmo prometeu a Santa Ana que se lhe poupasse a vida ele iria se dedica ao monastério. Outro possível fator é a questão da imposição de seu pai em relação ao mesmo se tornar advogado. Porém, o fator mais latente em Lutero era seu interesse sobre a salvação. Martinho não conseguia nutrir em seu coração um desejo de construir algum tipo de carreira, pois enxergava a vida como uma coisa efêmera. Sendo assim, um extremo incomodo brotava em seu coração sobre sua vida após a morte.
Martinho fora ordenado sacerdote ao final de seu noviciado. Lutero se destacava entre os monges pelo seu extremo temor de Deus. Para todos os outros monges, uma vida livre de pecados e com práticas de boas obras já lhes eram suficientes, já lhes seriam necessárias para que fossem salvos do juízo de Deus. Porém, para Lutero, estas coisas não funcionavam. Martinho tinha uma profunda convicção de ser um pecador.
Mesmo, ele se confessando sempre, cumprindo seus deveres monásticos, se autoflagelando tentando matar os desejos pecaminosos de sua carne, ele não conseguia se enxergar livre deste sentimento de miséria pecadora. Lutero enxergava a Deus como um carrasco, um juiz severo, muito parecido com seus pais e professores.
Diante desta situação seu conselheiro, que era seu superior, mandou que Lutero fosse estudar o misticismo. Durante algum tempo, a semelhança do monasticismo, Lutero se deteve no misticismo. Porém, o axioma dos místicos era que todo homem deveria apenas a amar a Deus, pois o homem é um resultado de seu amor.
Para o nosso nobre monge, amar alguém que ele atribuía uma visão severa e vingadora era impossível. Lutero projetava em Deus a imagem que tinha de seus pais e professores do passado. Martinho não se relacionava com Deus por amor, mas sim por medo do castigo eterno, o inferno.
Seu superior percebendo que o misticismo não funcionara com Martinho. Lembrou-se do caso de Jerônimo, que se sentia muito tentado e tinha um tamanho senso de pecado. E, quando o mesmo se dedicou ao estudo das Sagradas Escrituras e ao hebraico, encontrou alívio e respostas para sua alma.
Lutero foi enviado para Wittenberg para lecionar e cuidar dos paroquianos daquela localidade. Alguns, erroneamente acreditam que fora ao ter acesso neste momento as Escrituras que Lutero se converteu. Porém, vale ressaltar que Martinho era um monge Agostiniano e deveria recitar em suas orações e cânticos os Salmos, e que também em 1512, Lutero se graduou em Doutor em Teologia.
Em 1513, Lutero começou uma exposição do livro de Salmos. Antes o monge recitava os Salmos dentro do calendário litúrgico. Agora, ele se aprofundava e enxergava os Salmos como uma exposição do Cristo que sofria inúmeras dores para remissão dos pecados da humanidade. Essa série de exposições iniciou Lutero para a construção de sua teologia e cosmovisão acerca da Bíblia e da pessoa de Cristo.
A conversão de Lutero se iniciou em 1515, quando o mesmo começou a realizar uma exposição do livro de Romanos. Como ele mesmo conta o famoso verso: “o justo viverá pela fé”. Não foi imediatamente absorvido por Lutero de modo fácil. Haja vista, que o versículo na sua parte inicial diz: “no evangelho a justiça de Deus se revela”. Nosso querido Martinho tinha uma enorme dificuldade com esta questão “a justiça de Deus”. Anteriormente nós já falamos como Lutero enxergava Deus e sua justiça. Foi difícil para Lutero se livrar desta cosmovisão.
Um tempo depois Lutero conseguiu entender que a “justiça de Deus” ao qual o apóstolo Paulo falará no texto, não era uma questão de meritocrática pessoal de boas obras diante de Deus para a sua própria justificação, mas, que o próprio evangelho, ou seja, a própria obra de salvação feita por Jesus na cruz do Calvário propiciou o homem ser justificado por Ele, Jesus, que a si mesmo se entregou por nós. E, que essa justificação em Cristo, se dava pela fé, era gratuita, porque a mesma era baseada nos méritos de Jesus e não nos nossos.
Lutero comentando a sua descoberta ele diz: “senti que havia nascido de novo e que as portas do paraíso me haviam sido abertas. As Escrituras todas tiveram um novo sentido. E a partir de então a frase “a justiça de Deus” não me encheu mais de ódio, mas se tornou indizivelmente doce em virtude de um grande amor”.[1]
1.3. ACONTECIMENTOS POSTERIORES A CONVERSÂO:
Após sua descoberta, Lutero continuou se dedicando aos estudos das Escrituras Sagradas. Não foi imediatamente que ele começou a empreitada de desbancar as doutrinas romanas de sua época. Até mesmo porque ele inicialmente não enxergou que sua nova cosmovisão Bíblica se dirigia para contramão das doutrinas da igreja ao qual representava.
Lutero começou a divulgar suas teses no círculo acadêmico ao qual estava inserido. Sua intenção inicial não era promulgar para todas as suas teses. Até que, em um determinado momento compôs as 95 teses. Eram comuns naquela época debates acadêmicos sobre teses novas. Porém, Martinho estava atacando diretamente toda teologia escolástica e por consequência a igreja católica. No dia do debate, as teses de Lutero não surtirão o efeito que ele esperava. Só compareceram para o debate os seus colegas de academicismo, e não estava presente ninguém de fora, oriundo de outro canto do mundo como representante da igreja.
Nosso querido monge após este fato escreveu novas teses, e em um delas atacou diretamente a venda das indulgências. Lutero jamais imaginaria que suas novas teses tomariam tamanha proporção que tomaram. Rapidamente toda Europa tinha em suas mãos os Escritos de Lutero que contrariavam diretamente seus superiores malignos, como exemplo o papa Leão X. Que tão cego pela busca do poder e de construir a basílica de São Pedro, autorizou e legalizou as maiores loucuras e devaneios cometidos por um papa.
Foi durante este tempo que Lutero fixou as suas 95 teses na catedral de Wittenberg. Suas teses estavam escritas em Latim, nosso querido Martinho jamais imaginaria que tomaria as proporções que tomaram. Muitos concordavam com Lutero e estavam cansados dos exploradores estrangeiros que estava usurpando o povo alemão. E então começou uma revolução sobre as teses expostas. As teses foram fixadas no dia 31 de Outubro de 1517, véspera do dia de todos os santos, este dia se tornou tão importante para os cristãos protestantes, que é nele que se comemora do dia reforma protestante.
Após estes acontecimentos Lutero se tornou um inimigo da igreja mesmo que o mesmo não quisesse ser. Duque Frederico escondeu Lutero de toda tirania dos poderes até que o mesmo tivesse um julgamento justo. Haja vista que 100 anos antes, John Huss não desfrutará de tal coisa e fora condenado injustamente.
Martinho passou por diversos debates, o mais conhecido deles contra Eck que desafiou outro professor da Universidade que defendia as teses de Lutero. O monge percebendo a maldade de Eck interveio e participou do debate. Lutero era muito melhor que Eck no domínio das Escrituras, Eck dominava o direito canônico e a teologia medieval. Lutero caiu na cilada de Eck e se identificou com as doutrinas de Huss, que havia sido condenado como herege.
Diante de muita disputa política e partidária, por último Martinho fora levado a Worms, que era o imperador da Alemanha. Este pediu que Lutero se retrata-se de seus escritos e teses. Lutero respondeu: “Não posso nem quero retratar-me de coisa alguma, pois ir contra a minha consciência não é justo nem seguro. Deus me ajude. Amém".
O papa emitiu uma bula, na mesma estava relatando a rebeldia de Lutero e pedindo que todo e qualquer de seus descritos fossem queimados, pois se tratavam de heresias e afronta a santa igreja. Quando Lutero recebeu a bula, ele a queimou, rompendo totalmente com Roma e depois do que falara diante do imperador, se recusando se retratar, rompia também com o império. Bastando somente a Lutero se lançar nas mãos de Deus.
A Teologia da Cruz
Lutero não era um teólogo sistemático. Sua mente não funcionava como de outros reformadores, por exemplo: João Calvino e seu assistente Filipe Melâncton. Martinho era um pensador dialético, sua construção metodológica se dava através dos paradoxos. Mesmo assim, Lutero produziu outros tratados que tiveram esse enfoque, como as confissões de Augsburgo e os Artigos de Smalcald.
Por tratar dos descritos de Lutero serem construídos da forma já comentada, devemos tentar exaurir dos mesmos seus principais princípios teológicos ao invés de realizarmos meramente um estudo sobre os escritos do pensador. Neste caso iremos tratar neste ponto de um de seus principais pensamentos que a Teologia da cruz x Teologia da glória.
É claro que muito de nós conhecemos muito mais de Lutero no que diz respeito a sua contribuição para o resgate da Justificação pela fé; das Escrituras como pilar para a construção de toda e qualquer teologia; a quebra do mérito pessoal humano e a graça existente em Cristo Jesus; o sacerdócio universal dos crentes, etc.
Porém, se pudéssemos perguntar à Marinho qual foi a sua maior contribuição para o Cristianismo ele diria ser a “Teologia da Cruz”, mas, para entendermos o que é a teologia da cruz, precisamos contrastá-la a outra teologia de sua época, a teologia da glória.
Em 1518, um ano após ter exibido suas 95 teses em Wittenberg, Lutero foi convidado pelo mosteiro agostiniano de Heidelbeg para explicar suas teses e pensamentos teológicos. Martinho considerava a teologia escolástica como o maior inimigo ao retorno a Palavra de Deus, para que o homem encontra-se o mais puro evangelho. O pensamento romano que tentava explicar Deus pela razão humana foi chamado por Martinho de “teologia da glória”.
Vejamos um comentário do próprio Lutero sobre este fato:
“É certo que o homem precisa se desesperar totalmente de suas próprias capacidades antes de estar pronto para acolher a graça de Cristo. [...] Não merece ser chamado teólogo aquele que considera as coisas invisíveis de Deus como se fossem claramente perceptíveis nas coisa sque realmente aconteceram (Rm. 1.20). [...] Merece ser chamado teólogo, no entanto, aquele que compreende as coisas visíveis e manifestas de Deus da perspectiva do sofrimento da cruz. [...] O teólogo da glória chama o mal de bem e o bem de mal. O teólogo da cruz chama as coisas conforme realmente são.”[2]
Paul Althaus sintetizando as diferenças entre a teologia da glória e a teologia da cruz vai dizer: “A teologia da glória conhece Deus pelas obras; a teologia da cruz o conhece pelos sofrimentos”. Martinho se utilizava das palavras de Paulo aos Coríntios para a sua construção metodológica. Diz Paulo: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (I Coríntios 1.18)
Nosso querido Martinho entendia que a teologia natural escolástica tinha a presunção de querer explicar o Eterno através da razão. Lutero tinha muito claro em sua mente que nós só conhecíamos o que conhecíamos de Deus, por que Ele mesmo se deu a revelar através de sua Palavra, e não por que podemos através de qualquer outro pressuposto ter um conhecimento da pessoa e da obra de Deus.
Tomaz de Aquino, se não for o maior, um dos maiores pensadores escolásticos, segundo a posição e entendimento de Lutero, queria apresentar a Deus a partir do conhecimento do próprio homem. As teorias da existência de Deus elas são atrativas ao homem para uma explicação racional sobre as provas de que Deus existe. Na cosmovisão de Lutero isso de fato não pode ser realizado desta forma. Haja vista que, Deus se deu a revela em sua totalidade em uma cruz, através da pessoa de Jesus seu filho. Olson diz o seguinte sobre este pensamento de Lutero:
“A teologia da glória, portanto, é a teologia centralizada no homem e induz à superestimação do poder e da capacidade naturais do homem. A teologia da cruz revela a verdadeira condição dos seres humanos, como pecadores desamparados, alienados de Deus, na mente e no coração, necessitando desesperadamente do plano da salvação criado por Deus: a cruz de Cristo. A teologia da glória sugere que os seres humanos podem se elevar a Deus por seus próprios esforços e conduz a projetos humanos de salvação própria e de especulação teológica. A teologia da cruz proclama que os seres humanos são totalmente dependentes e incapazes de descobrir qualquer coisa a respeito de Deus sem ajuda da auto-revelação do próprio Deus, e conduz ao discipulado marcado pelo sofrimento em nome de Deus e do próximo”.[3]
Lutero quando veste os óculos hermenêuticos da “teologia da cruz” ele consegue enxergar a discrepância teologia em que a igreja de Roma está inserida. E como a mesma está distante da vontade do Senhor Jesus. Quando olha para o papa e enxergar um homem cheio de pompa, rico e distante do povo. Não consegue enxergar a imagem de um líder semelhante a Jesus o servo sofredor.
Martinho tinha em sua concepção que o pensamento teológico romano era construído muito mais com base em Aristóteles do que com base na Bíblia, a Palavra de Deus, onde o próprio Deus se deu a revelar ao homem. Lutero vai construir seu pensamento a respeito da eleição com sua forte ênfase da escravidão da vontade humana, devido a queda e o pecado original. Sua construção teológica da cruz o levou a crer no monergismo da salvação, o que ele mesmo chamou de “vinho muito forte e alimento sólido para os fortes”. Ao contrário do que muitos pensam acerca do pensamento da predestinação de Lutero, ele não construiu essa sua cosmovisão baseando-se em argumento teológicos ou filosóficos, sua cosmovisão partia da cruz, onde em sua opinião o homem se revela desamparado e dependente da intervenção divina para sua salvação.
Lutero também cunhou algumas expressões que se tornaram clássicas em suas falas e escritos. São as seguintes:
“Coram Deo”
O nosso célebre monge acreditava que a existência humana era para ser vivida em “coram Deo”, ou seja: “Diante de Deus”, ou, “Na presença de Deus”. Lutero contrapõe nesta questão a teologia escolástica e a filosofia neokantista que tentavam explicar a existência de Deus em um conceito ordenado. Tendo Deus como o Ser Necessário. Na opinião de Martinho esta argumentação colocava Deus como um Ser totalmente distante, e realizava um conhecimento de Deus neutro de decisões. Ou seja, o ser humano não precisava se decidir se serviria a Deus ou não.
Na mente do nosso querido monge essa concepção era totalmente inconcebível relacionada ao Deus e Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo apresentado nos evangelhos. Lutero acreditava que Deus era um ser vivo, presente, tão transcendente como imanente. Um Ser que se relacionava com sua criação, e por esse motivo deseja que a mesma se posicione ou não a Seu favor.
“Christus por Me”
Conforme discorremos sobre a teologia da cruz de Lutero, o âmago central de sua teologia e pensamento e a pessoa de Jesus que deu-se a si mesmo, absolutamente e sem reservas, por nós. Por diversas vezes já nos foi esclarecido o fato que Lutero não conseguia conceber a explicação sobre algum conceito divino, exaurindo o mesmo de forma cientifica metodológica. Por este motivo Martinho acreditava que a pessoa de Jesus não podia ser algo meramente histórico e concebido via racionalidade. Na opinião de nosso célebre pensador, não bastava apenas saber que Cristo morreu por nós, expiando os nossos pecados. Até porque, até os demônios creem e tremem sobre a teoria da expiação.
A expiação de Cristo só passa a ter significado quando ela é experimentada como algo pessoal. É quando o homem abre seu coração para Cristo e é derramado em seu coração o Espírito Santo da promessa, que ele sente-se abraçado e cuidado por Deus, sentindo uma paz que excede todo e qualquer entendimento. Quando isto acontece, a questão deixa da expiação deixa de ser “por nós” e passa a ser “por mim”, algo empírico, existencial.
Alguns chegaram a criticar Lutero de modo errôneo e estranho, dizendo que esta sua posição era extremamente subjetiva e antropocêntrica. Aqueles que assim o fizeram foram extremamente infelizes em tais declarações. Haja vista que todo discurso do nosso monge era caracterizado pela Soberania de Deus. A questão defendida por Lutero nesta questão era que a fé é algo experimental e não abstrata. Só se pode conhecer a Deus através da fé pessoal em sua pessoa e obra.
Anfechtung
Essa palavra algumas vezes fora traduzida e interpretada de modo muito simplista, esvaziando a mesma de toda profundidade que a ela recebia na vida de Lutero. A tradução simples era “tentação”. A melhor forma de entendermos a mesma na vida de Lutero é com diversas expressões do tipo: pavor, desespero, sensação de perdição, agressão, ansiedade, angústia, etc.
Em sua busca em entender e conhecer a Deus, Lutero era invadido de tais sensações que o deixavam totalmente torturado. Certa vez ele disse: “nem há um só canto não preenchido pelo mais amargo sofrimento, horror, medo, dor, e todas essas coisas parecem eternas”. [4] Era sensação sombria, onde parecia que ele seria tragado por algo que ele não conseguia explicar. Seu desejo era sumir e se esconder em algum lugar profundo e longe de tudo e de todos.
Essa sensação não foi momentânea na
peregrinação espiritual de Lutero em busca de Deus e de sua percepção sobre sua
pessoa. Em outra ocasião expressando exatamente isso que estamos falando ele
disse: “Não aprendi minha teologia toda
de uma vez, mas tive de buscá-la mais a fundo, onde minhas tentações
[Anfechtungen] me levavam, [...] não a compreensão, a leitura ou a especulação,
mas o viver, ou melhor, o morrer e o ser condenado fazem um teólogo”.[5]
Lutero acreditava que o vivenciar a fé cristã não era fácil, como infelizmente temos escutado tanto em os nossos dias. Ele ficava furioso quando alguém simplifica por si mesmo o conceito cunhado do, “sola fide”, como algo simples e prático a ser experimentado. Martinho acreditava que uma concepção sadia de Deus era construída através de toda uma vida de tentações e lutas contra o diabo, a carne e o mundo.
Martinho Lutero um teólogo dialético
A construção do pensamento de Lutero sempre se dava de forma paradoxal entre dois pontos extremos. A dialética tinha o entendimento de que a verdade só poder ser alcançada quando contrastada com outra verdade. Martinho em toda a sua construção teologia se utilizou desta concepção para a construção de seu pensamento.
A Bíblia está repleta destes paradoxos: “Deus e o mundo, liberdade e escravidão, Deus oculto e Deus revelado, etc”. Lutero jamais se desfazia de algum dos lados. Ele sempre se utilizava da tensão e nunca se desfazia da mesma para a construção de seus pensamentos. Por exemplo: Não poderíamos entender o evangelho se não fosse pela lei, que revela nossa incapacidade de viver corretamente e assim aponta-nos para Cristo. Nesse caso a polaridade lei-evangelho é entendida conjuntamente: tanto a lei quanto o evangelho são essências a salvação.
A Palavra de Deus
É de conhecimento de todos que Lutero trouxe novamente a Palavra de Deus como pressuposto para todo e qualquer parecer teológico. Para Lutero era impossível se construir um pensamento teológico tendo qualquer outro pressuposto que não fosse a Palavra de Deus.
Porém, o fato que poucas pessoas
sabem é que a Bíblia para Lutero era muito mais do que a Palavra de Deus, era o
próprio Deus. Martinho tinha como base para esse pensamento o verso escrito por
João em seu evangelho: “No princípio era
aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus.” (João 1:1 –
Nova Versão Internacional)
O historiador Justo Gonzalez vai explicar de forma bem clara o pensamento de Lutero, ele diz assim: “As Escrituras nos dizem que, num sentido estrito, a Palavra de Deus é Deus mesmo, a segunda pessoa da Trindade, o verbo que se fez carne e habitou entre nós. Assim, quando Deus fala, o que sucede não é simplesmente que nos comunica certa informação, mas que também e, sobretudo, que Deus atua. Isto também pode ser visto no livro de Gênesis, onde a Palavra de Deus é a força criadora: “Disse Deus...” Assim quando Deus fala, Deus cria o que pronuncia. Sua Palavra além de dizer-nos algo, faz algo em nós e em toda criação. Essa Palavra se encarnou em Jesus Cristo, que por sua vez é a revelação máxima de Deus e sua máxima ação. Em Jesus, Deus se nos deu a conhecer. Porém, também nele venceu os poderes do maligno que nos sujeitavam. A revelação de Deus é também a vitória de Deus.”[6]
A Bíblia não é a Palavra de Deus por ser inerrante, ou infalível. Ela não é meramente uma ferramenta que os estudiosos de teologia ou filosofia se utilizam para seus embates do saber, mas, a Bíblia é a Palavra de Deus por que é nela que encontramos o Cristo de Deus, a Logos, a Palavra encarnada.
Esta tese de Lutero sobre Cristo ser a Palavra de Deus é que desconcertou os argumentos católicos que rogavam para si mesmos a autoridade sobre as Escrituras Sagradas. Lutero dizia que nem a Igreja havia criado a Bíblia e nem a Bíblia havia criado a Igreja, mas, o evangelho é que havia criado tanto um como o outro. Haja vista que a tradição da igreja e os mais diversos papas por diversas vezes já se contradisseram no decorrer da história.
A Igreja e os Sacramentos
Nosso monge pensava que o relacionamento de todo cristão não se dava diretamente com Deus, mas que, a intimidade do cristão com Deus se dava através da comunhão em uma comunidade local de fieis, o qual ele mesmo carinhosamente chamava de “igreja mãe”. Mesmo com todos os seus lidares e percalços com as autoridades eclesiásticas, Martinho jamais diminui ou desdenhou da Igreja.
Lutero ao ensinar sobre o sacerdócio universal dos crentes, de modo nenhum quis dizer que por um crente não precisar mais de um sacerdote para poder se achegar a Deus, ele deveria viver isolado da comunidade da fé. Pelo contrário, seu entendimento é que cada crente deveria de ser um sacerdote na vida do outro, e mutuamente haver ministração. Seu embate em relação ao sacerdócio foi à hierarquia e diferenciação entre clero e leigo.
Na concepção de Lutero e através da igreja que recebemos os dois sacramentos que nos foi outorgado por Cristo: O batismo e a ceia do Senhor. Os demais ritos mesmo que recebam esse nome podem ser benéficos mais na concepção de Lutero não podem ser considerados como sacramento.
Na concepção de Martinho o Batismo não era apenas uma demonstração de que morremos para o mundo e ressuscitamos para Cristo. Para Lutero era também o momento místico que erámos enxertados no corpo de Cristo. Nosso querido monge dizia que para ser batizado não era necessário ter fé. Porém, a questão de salvação é uma iniciativa sempre de Deus, e por isso ele acreditava no pedobatismo, pois uma criança jamais conseguiria entender tal coisa.
Lutero também combateu muitas outras doutrinas da tradicional fé romana. Por exemplo: as missas privadas, a ceia como repetição do sacrifício de Cristo, à ideia de que a missa confere méritos, e a doutrina da transubstanciação. Mesmo combatendo todas estas coisas, Martinho não desmereceu o lugar da ceia do Senhor e a colocou junto com a pregação no centro do culto cristão.
Martinho não acreditava que os elementos de fato se tornassem literalmente o corpo e o sangue de Jesus. Porém, o mesmo acreditava que Cristo estava presente de forma mística neste momento de comunhão. Esta tese de Martinho mais tarde ganhou o nome de consubstanciação. A mesma também serviu de racha entre os cristãos protestantes. Haja vista que um grupo passou aderir a ceia do Senhor como um memorial.
1.8. Os dois Reinos
Lutero tinha a concepção que Deus havia criado dois Reinos: O Estado e a igreja. O Estado era o detentor do poder para controlar a impiedade da humanidade distante de Deus e morta em seus pecados. E a igreja estava debaixo do evangelho que fazia parte de um outro Reino.
Os cristãos por serem ainda pecadores e ainda não possuírem totalidade do Reino que Deus preparou, devem enquanto vivos se submeter às leis do Estado. E já o Estado não possuiu nenhuma influência ou domínio sobre a igreja de Deus. Lutero quis deixar isso bem claro para também clarificar o fato de que o evangelho não deve ser imposto e sim pregado através da Palavra de Deus.
Esse pressuposto da vida de Lutero não o eximiu de praticar diversas atrocidades. Martinho não nos foi exemplo de pacifismo. Por diversas vezes foi voz e conclamou não só o Estado mais também os seus fiéis usarem de força para combater possíveis revoltas e invasões políticas.
Ulríco Zuínglio:
Como anteriormente estudamos na
vida do grande reformador Lutero, o mesmo nunca deteve uma preocupação em
construir o seu pensamento de forma sistemática. Por este motivo sua construção
teológica foi conhecida como luterana ou evangélica. Porém, Zuínglio e Calvino
já se preocuparam em organizar e sistematizar o que em um futuro ficaria
conhecido como “teologia reformada” ou “pensamento reformado”.
A teologia reformada rapidamente
foi espalhada pelos seguintes países: Holanda, Escócia, Inglaterra, Suíça, etc.
Alguns grandes pensadores estiveram envolvidos neste movimento que fora se
espalhando por toda Europa, mas, dois se destacaram entre todos. Eles foram:
Zuínglio e Calvino. Sem sombra de dúvidas estes foram os dois mais célebres
pensadores deste movimento.
1.1. TEOLOGIA REFORMADA:
Antes de começarmos a discorrer
sobre a matéria, devemos primeiramente lançar base para a construção de nosso
pensamento. Para isso, vamos conceituar primeiramente o que é teologia
reformada. Roger Olson conceitua da seguinte forma:
“É uma forma de teologia
protestante e, portanto, tem em comum com Lutero e com outros reformadores
protestantes os três grandes princípios protestantes: a salvação pela Graça
mediante a fé somente, a autoridade especial e final das Escrituras e o
sacerdócio universal de todos os crentes. Entretanto, a teologia protestante
reformada tem seu próprio toque teológico. Embora concorde inteiramente com
Lutero no tocante à maioria das questões, trata de modo distinto várias
questões doutrinárias, interpretando-as e enfatizando-as à sua própria maneira.
Não raro, ouve-se a generalização
de que a teologia reformada é uma ramificação do pensamento protestante que
enfatiza de modo especial a soberania de Deus”.[7]
De fato a teologia reformada possui uma grande ênfase na Soberania Divina, mais este fator não a faz possuir ser a detentora de tal doutrina. Haja vista que, pensamentos de grandes homens do passado já enfatizavam de forma enfática a concepção da Soberania divina, exemplos claros desta afirmação são: Agostinho e Tomás de Aquino.
Olson acredita que a identificação popular e também erudita da teologia da reforma com a ênfase na soberania de Deus, inclusive na providência e predestinação monergista, é resultado do fato de após a morte de Lutero, seu discípulo Filipe Melâncton, tenha tendido ao sinergismo e tenha abrandado o pensamento Luterano acerca da eleição. Os anabatistas e os anglicanos por sua vez não tinham uma posição sólida sobre o assunto, sempre estavam em variações sobre o assunto, mas, tinha uma forte inclinação ao sinergismo. Por este motivo, a identificação destes fatores com a teologia reformada, o que não quer dizer que a mesma possui o monopólio de tal questão.
Os teólogos reformados iriam divergir dos pensamentos luteranos nas seguintes doutrinas: Soteriologia (Doutrina da Salvação), Eclesiologia (Doutrina da Igreja) e a teologia Sacramental. Iremos entender mais a frente as minúcias destas diferenças.
A VIDA E A CARREIRA DO REFORMADOR ULRICO ZUÍNGLIO
Ulríco Zuínglio é conhecido como o pai da teologia reformada. O mesmo, teve o seu brilho ofuscado pelo seu colega João Calvino, que de modo brilhante sistematizou e organizou todo o pensamento reformado dando origem ao que nos conhecemos hoje como teologia sistemática. Calvino possuía um dom que todos os outros dois célebres pensadores não possuíam que era a capacidade de sistematização. Porém, segundo Roger Olson, fica muito difícil encontrarmos nos escritos de Calvino algo que seja criação de sua parte. Calvino fico muito conhecido pela divulgação que seus pensamentos tiveram através de seus sucessores que estudaram com ele mesmo, em Genebra, escola esta que ficou conhecida como “a mais perfeita escola de Cristo desde os tempos apostólicos”.
Zuínglio nasceu no dia 1º de Janeiro, de 1484, na cidade de Glarus na Suíça. Era oriundo de família de classe média alta, teve a felicidade de estudar em excelentes universidades tais como: Viena e Basiléia. Nestas universidades existiam uma forte ênfase humanistas por parte de seus pensadores. Em 1506 recebeu o título de Mestre em Teologia pela universidade da Basiléia, logo após retornou para sua cidade natal e iniciou seu pastorado. Logo foi destaque pelas suas pregações, escritos e também pelo seu patriotismo.
Olson destaca que o ponto crucial da vida do reformador Suiço foi seu encontro com Erasmo em 1516. A contar desta data tornou-se seguidor declarado do pensamento humanista de Erasmo e seu modo de pensar acerca da pessoa de Cristo. Tornou-se um defensor sem reservas do humanismo Bíblico. Em 1519, em Zurique, se tornou “sacerdote do povo” na Grande Münster (catedral) ao completar 35 anos.
Zuínglio foi um grande influenciador da sociedade em seu torno. Através de sua influência, juntamente com os líderes religiosos de sua cidade, solicitaram a prefeitura que as missas públicas fossem substituídas por cultos protestantes na igreja de Zurique e nas demais regiões. A contar de 1520 a reforma protestante ganhou tanta amplitude que quando chegou em 1530, quase não se achava mais vestígios do catolicismo romano.
As igrejas da época perderam as estátuas e seus ministros substituíram suas vestes talares sacerdotais por togas semelhantes as que eram usadas pelos professores universitários. Zuínglio começou a bradar de forma iminente contra o culto a Maria, as indulgências, e as orações pelos mortos (deixando claramente seu pensamento contrário ao purgatório) e ainda começaram a derrubar muitas outras doutrinas católicas tradicionais.
A reforma realizada sobre os ideais de Zuínglio foram além das reformas idealizadas pelas ideias de Lutero. Algumas pessoas ao observarem as mudanças e os paradigmas quebrados fixados nestes ideias chegaram a expressar a seguinte frase acerca das igrejas reformadas Suíças: “quatro paredes limpas e um sermão”. Já as igrejas Luteranas na Alemanha continuaram com muitos símbolos católicos medievais e também com sua administração realizadas pelos chamados bispos, mesmo Lutero afirmando que a função dos mesmos eram meramente administrativas e não espiritual.
Zuínglio fora um exímio pregador e escritor. Suas obras mais conhecidas são: Da providência de Deus (1531), Da religião verdadeira e falsa (1525), Explicação da religião de Zuínglio (1530) e Exposição breve e clara da fé cristã (1531). A obra “da religião verdadeira e falsa” é considerada com o primeira obra dogmática (sistemática) reformada.
O célebre reformador morreu no dia 11 de Outubro de 1931, ao envolver-se em uma guerra contra os católicos da Suíça. Ele e vários outros ministros protestantes foram a frente de batalha, que ficou conhecida como: “A segunda guerra de Kappel”. Zuínglio morreu em meio a luta junto de outros soldados de Zurique sua cidade.
1.2. A TEOLOGIA DE ZUÍNGLIO
A semelhança de Lutero o reformador suíço enfatizava o ensino das Escrituras como autoridade final para a fé e práticas cristãs. Lutero acreditava que na Bíblia existia “um cânon dentro do cânon”, ou seja: as partes na Bíblia que não enfatizavam a Cristo eram secundárias. Já Zuínglio acreditava que toda a Escritura era inspirada sem diferenças em seu conteúdo. Lutero dava uma ênfase nos evangelhos por apresentar a Cristo, comparando as Escrituras a Jesus nesse sentido. Já Zuínglio não separava nenhuma porção das Escrituras como mais inspirada que outra.
Existiam algumas semelhanças em relação a forma de elucidação das Escrituras ao homem. Todos eles (Lutero, Zuínglio e Calvino) entendiam que era impossível ter o entendimento das Escrituras sem a iluminação do Santo Espírito. Sendo assim, o Espírito e as Escrituras andam juntos dentro deste aspecto.
Zuínglio pela sua formação acadêmica humanista pensava diferentemente de Lutero, que acreditava que o pensamento teológico não possuía nenhuma ligação com os filósofos. A semelhança dos pais apostólicos, Zuínglio acreditava que toda verdade provinha de Deus. E, sendo assim, seja a origem em que a mesma possuir, se o pensamento for verdade, ela é oriunda de Deus e que merece ser examinada. Uma prova deste fato é que no livro “Da providencia” o reformador suíço aproveita a teologia natural para explicar a existência de Deus.
O pensamento acerca da Soberania de Deus em Zuínglio ocupava o espaço em toda a sua teologia. Já na cosmovisão de Lutero se dava somente no que tange a doutrina sotereológica. Seu pensamento argumentava o seguinte: “Se Deus é Deus, é lógico que todas as coisas estão debaixo de sua autoridade e permissão”.
Acerca de sue pensamento sotereológico, nosso célebre pensador acreditava que Deus é que predestinava os eleitos e repudiava os demais. Sendo assim, ele não se utilizava da expressão “eleição para reprovação” para se remeter as demais pessoas que soberanamente o Senhor havia rejeitado em sua eleição.
No tocante a lei x evangelho, o reformador suíço tinha uma ênfase totalmente diferente de Lutero. Zuínglio acreditava que somente através da lei nós poderíamos saber a melhor forma para podermos servir melhor ao Senhor. A teologia reformada inicia através desse pensamento de Zuínglio uma forte ênfase na santificação e discipulado, totalmente contrário a Lutero.
ZUÍNGLIO SE OPÕE A LUTERO A RESPEITO DO
SACRAMENTO
Para Zuinglio o nome sacramento era
uma forma errônea sobre a concepção das ordens que Jesus ordenara a sua igreja.
Em sua concepção, era impossível algo material conceder algum tipo de Graça, ou
até mesmo poder corporificar o sangue e o corpo de Cristo. Um dos seus versos
favoritos sobre esta questão é: “O
espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que vos
tenho dito são espírito e são vida”. (João 6.63)
A divergência de pensamento se dava exatamente neste sentido. Para Zuínglio a ceia do Senhor e o Batismo apenas eram simbolismos da fé cristã. Mais tarde estes símbolos receberiam o nome de ordenanças.
O
BATISMO NA COSMOVISÃO DE ZUÍNGLIO
Sua concepção de Batismo era uma forma de testemunho público de fé. Por este motivo ele não cria que o Batismo era uma forma de Deus conceder alguma Graça ou até mesmo salvação. Sua percepção era que só podia ser Batizado quem de fato já havia crido e confessado Cristo Jesus como seu único e suficiente salvador.
Porém, o nosso querido reformador acreditava no batismo infantil como um ato simbólico de participação da criança que já nascera inserida no povo de Deus. Sua ideia possuía a semelhança da circuncisão da Antiga Aliança. Quando uma criança era circuncidada ela automaticamente era inserida e vista como parte do povo Hebreu. Assim também uma criança que nascera de pais cristãos precisa exteriorizar as crenças de seus pais simbolizando que a mesma também fazia parte de tal comunidade de fé.
Essa sua percepção o fez discordar do movimento Anabatista que começou a rebatizar todo aquele cristão que havia se batizado quando criança. Pois, na concepção do movimento Anabatista aquele batismo não possuí validade. Haja vista que para que o Batismo seja realizado a pessoa antes deve ter se arrependido de seus pecados e posto sua fé única e exclusivamente em Cristo Jesus. O Batismo é o ato público dessa fé já absorvida e que agora é exposta.
A CEIA DO SENHOR NA COSMOVISÃO DE ZUÍNGLIO
A ceia do Senhor na cosmovisão de Zuínglio é um memorial. É quando a igreja do Senhor se reúne para uma refeição visando lembrar-se do que Cristo fizera na cruz do Calvário e também alimentar a esperança de que um dia Ele voltará e nos levará para o seu Reino Eterno e lá poderemos partilhar de suas bodas.
Vejamos o que Zuínglio diz:
“Comer o corpo de Cristo espiritualmente não é outra coisa senão confiar, de corpo e alma na misericórdia e na bondade de Deus em Cristo, ou seja, ter a certeza, a fé inabalável, de que Deus perdoará os nossos pecados e nos outorgará a alegria da bem-aventurança eterna por causa de seu Filho, que foi feito inteiramente nosso e oferecido em nosso nome para reconciliar a justiça divina para nós.”[8]
Na concepção de Zuinglio todo cristão que pertencente ao corpo de Cristo deveria participar da Ceia do Senhor demonstrando ao seu irmão de fé e ordem sua ligação e comprometimento com Cristo e com sua Igreja.
Conclusão:
Talvez fosse o momento de muitos historiadores reverem seus conceitos acerca da importância desse homem para a história da teologia cristã. Suas contribuições foram muitas para a construção sistemática da chamada fé reformada. Que por ironia levou o nome de outro reformador. Infelizmente as pessoas se dirigem para Zuínglio somente como um pensador que divergiu de Lutero em relação aos Sacramentos e suas mais diversas facetas teológicas.
Hoje sua influência teológica é claramente encontrada nos movimentos reformados, Anabatistas, Batistas e outros cristãos que foram altamente influenciadas em sua eclesiologia e teologia pelos pensamentos desse célebre pensador cristão.
Para a maioria dos estudiosos da
história da igreja; João Calvino foi o mais importante sistematizador entre
aqueles que encabeçaram o movimento reformado. Enquanto Lutero foi o homem
responsável por incendiar o movimento através do fogo que ardia em seu coração
pela salvação em Cristo Jesus. Calvino foi à cabeça pensante do movimento, no
que tange a dar ao mesmo, forma e corpo.
Lutero devido a sua angústia e
luta contra o pecado e pela seu histórico em relação a sua cosmovisão acerca da
pessoa de Deus Pai. Denotou muito de seu tempo, estudo e esforços para
esclarecimento da doutrina da justificação e salvação. Porém, Calvino se prendeu
somente a estes temas. O reformador de Genebra conseguiu ampliar o seu
horizonte e sistematizou muito daquilo que o próprio Lutero já havia publicado
em seus textos, como também os outros reformadores, Zuínglio, Melancton, etc.
1.3. BREVE
BIOGRAFIA DE CALVINO
João Calvino nasceu em 10 de
julho de 1509, na França, mas especificamente na cidade de Noyon. Nesta data, o
nosso monge (Martinho Lutero) já havia realizado suas primeiras conferências na
cidade de Winttenberg. Calvino era oriundo de uma família de classe média. Seu
pai trabalhava como secretário do bispo e procurador da biblioteca da catedral.
Foi através dos contatos de seu pai que João teve a oportunidade ter seus
estudos custeados.
Foi estudar em Paris onde se
deparou com a forte ênfase do humanismo clássico e também contra as suas
oposições. Foi lá que tomou conhecimento das doutrinas e pensamentos de Wyclif,
Huss e Lutero. Porém, em seus escritos pessoais, o mesmo relata que sua mente
estava ainda totalmente escrava do papado.
Em 1529, João encerrou os seus
estudos em Paris, tendo já nessa época se tornado Mestre em Artes. Foi então
que decidiu dedicar-se a jurisprudência. Afim de se aprimorar foi estudar em
Orleans e em Bourges, sob a tutela dos dois mais famosos juristas da época:
Pierre de I’Estoile e Andrea Alciati.
Pierre seguia os métodos
tradicionais no estudo da interpretação das leis, enquanto o segundo era um
extremo defensor do humanismo. Em um determinado dia, os dois se reuniram para
um debate de suas ideias e pensamentos. Como mediado estava jovem Calvino. O
reformador tomou partido de Pierre e desde já demonstrava a ênfase que iria
perseguir durante sua carreira acadêmica.
Após este debate, Calvino se uniu
a um grupo de humanista para estudar e se aprimorar em seus estudos. Em 1530,
receberá a licença para advogar, mas mesmo assim se dedicava a preparação de um
comentário sobre a obra de Sêneca, De Clementia. Em 1532, seu comentário sobre
a obra foi publicado. Sua obra fora bem recebida, mas não ocupou o lugar de
destaque entre os mais ilustres humanistas.
A CONVERSÃO
Diferentemente de Lutero –
Calvino nos fala muito pouco sobre sua os temores de sua alma anteriormente a
sua decisão de largar a igreja romana e seguir o protestantismo que estava
fervilhando por muitas partes da Europa.
Os historiadores e estudiosos
acreditam que sua conversão se deu ao fato de seu aprofundamento no estudo das
Escrituras Sagradas. Que por sua vez causaram imenso contraste com o pensamento
humanista em que o próprio João Calvino estava submerso. Acredita-se que as
Escrituras o conduziram a convencer-se de seus pecados e necessidade de colocar
sua fé em Cristo, encontrando então, a doutrina celebre da justificação pela
fé.
AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ
Nosso célebre pensador desde sua
decisão sentiu-se compelido pelo Senhor em dedicar sua vida em aprofundar-se
nas doutrinas Bíblicas para produzir tratados teológicos que de fato viessem a
clarificar a fé de todo aquele que encontrasse em Cristo a salvação para sua
vida.
Logo após ter deixado de lado o sustento
que seu pai recebia da igreja romana. Começou a ser perseguido por Francisco I,
e se refugiou em uma cidade chamada Basileia. Nesta cidade escreveu seu
primeiro tratado teológico acerca do estado da alma após a morte. Quando pode
contemplar sua primeira obra completa. Sentiu-se desafiado por Deus a continuar
produzindo para a edificação do Reino de Deus.
Mesmo tendo claro em sua mente a
convicção de seu chamado para realização de tal feito. João Calvino nunca se
imaginou sendo um dos grandes nomes que encabeçariam a reforma protestante.
Calvino começou a escrever seus
tratados tendo em mente que os mesmos seriam esboços iniciais para clarificar a
fé. Haja vista que a maioria dos escritos existentes tinham cunhos apologistas
e não buscavam sistematizar a fé buscando a otimização do aprendizado de cada
crente em Cristo Jesus. A esse breve manual da fé ele deu o nome de Institutas
da Religião Cristã.
A primeira edição surgiu em
Basiléia, no ano de 1536, um livro de 516 páginas. Seu formato visava dar aos
seus donos a possiblidade de carrega-lo para toda e qualquer parte. Os bolsos
das calças eram grandes e largos e possibilitavam tal coisa. Seu conteúdo se
dividia em 6 capítulos. Os primeiros quatro capítulos tratavam sobre a lei, o
Credo, o Pai Nosso e os Sacramentos. Os últimos dois capítulos trataram de
temas polêmicos. Tratavam de resumo da posição cristã protestante acerca dos
Sacramentos e sobre a liberdade cristã.
A obra foi um verdadeiro sucesso!
Devido ao fato da mesma ter sido escrita em Latim facilitou para que outras
pessoas de nacionalidades pudessem ter acesso e entendimento da mesma. Após
esta publicação Calvino se empenhou em continuar a escrever acerca da fé
cristã.
Calvino tinha em mente em
escrever esboços simples sobre a fé cristã. Porém a obra tomou uma grande
proporção. O manual inicial com 516 páginas deu lugar a um compêndio de 4
obras, sendo o somatório de capítulos de 80.
González
em seu livro tece o seguinte comentário sobre essa questão:
“Esse texto definitivo dista muito de ser o pequeno manual de doutrina
que Calvino tinha tido em mente publicar quando da primeira edição, pois os
seis capítulos de 1536 haviam se tornado em quatro livros com um total de 80
capítulos. O primeiro livro trata sobre Deus e sua revelação, assim como da
criação e da natureza do ser humano, porém sem incluir a queda e a salvação. O
segundo livro trata sobre Deus como redentor e o modo em que se nos dá a
conhecer primeiramente no Antigo Testamento, e depois sem Jesus Cristo. O
terceiro livro trata sobre como, pelo Espírito, podemos participar da graça de
Jesus Cristo e dos frutos que ele produz. Por último, o quarto livro, trata dos
“meios externos” para essa participação, isto é, fala-nos sobre a igreja e os
sacramentos. Por toda obra se manifesta um conhecimento profundo, não só das
Escrituras, mas também de antigos escritores cristãos, particularmente Santo
Agostinho, e as controvérsias teológicas do século XVI. Sem dúvida alguma, esta
foi a obra-prima de teologia sistemática protestante em todo o século.”[9]
1.4. CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA
1.4.1. O DEUS TRINO
A semelhança de Lutero e
Zuínglio, em seus primeiros tratados Calvino não se empenhou em formular novas
concepções teológicas acerca da Trindade. Como, seus colegas reformadores,
apenas repetiu as formulações dos pais apostólicos e dos concílios que trataram
acerca deste assunto.
Porém, por Calvino não ter dado
ênfase no assunto. Um homem chamado Pierre Caroli o acusou de Arianista. Nosso
célebre reformador teve muita dificuldade em desmentir a mentira diabólica proferida
a seu respeito. Foi por este motivo que Calvino se debruçou em defender sua
compreensão ortodoxa acerca da Trindade. Vejamos suas colocações acerca da
mesma:
“Quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus
entende-se uma essência única e simples, em que compreendemos três pessoas ou
hipóstases...”[10]
Calvino se utilizou das expressão
“essência, persona, trindade, hipóstases” devido ao herege Ário ter se
utilizado de nomenclaturas bíblicas para urrar suas heresias contra a
santíssima Trindade. Foi por este motivo que Calvino se utilizou de nomes que
não se encontravam na Bíblia, para de forma clara se posicionar contra as
heresias deste pervertido teológico ao qual fora dito crer em suas doutrinas.
O propósito do Trinitarismo de
Calvino, como o de Atanázio, era soteriológico. Ele queria afirmar de forma
categórica a doutrina da encarnação de Cristo de forma corpórea, cumprindo e
satisfazendo a justiça de Deus em sua missão terrena. Seus pressupostos
Bíblicos para afirmação da doutrina da Trindade se deram na manifestação da
Trindade no Batismo de Jesus e também nas doxologias Paulinas.
O mestre Calvino tinha muita
dificuldade em argumentar a doutrina da trindade tendo como pressuposto
argumentos tais como: o nome em hebraico que a pessoa de Deus as vezes é
apresentado no Antigo Testamento , a tríplice manifestação de louvor dos
serafins, as afirmações de Jesus “eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Ele as
considerava provas refutáveis.
1.4.2. A CRIAÇÃO
Calvino se remetia a criação como
“o teatro da Glória de Deus”. Ele enxergava em todo o mundo criado uma forma de
Deus testemunhando o seu poder e divindade aos seres humanos. Porém ele não
acreditava que a revelação de Deus na natureza era suficiente para levar ao
homem a salvação.
Ele cria que o homem ao olhar
para natureza, ser iluminado pelo Espírito, e orientado pelas Escrituras
encontram em Cristo salvação para suas vidas. Ou seja, Calvino não cria em uma
teologia natural, mas sim em uma teologia da natureza.
[1] GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 2005. Pg. 50.
[2] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo:Vida, 2001. Pg.391.
[3] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo:Vida, 2001. Pg.392.
[4] GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova. 1993. Pg.62.
[5] GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova. 1993. Pg.62.
[6] GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1995. Pg. 66.
[7] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Vida. 2001. Pg. 407.
[8] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Vida. 2001. Pg. 417.
[9] GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1995. Pg.111.
[10]
GEORGE, Thimoty. Teologia dos Reformadores. São Paulo:
Vida Nova. 1993. 199pg.
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