terça-feira, 10 de junho de 2025

3ª Ministração - Ao anjo da igreja em Pérgamo - 08/06/2025

 


Rio de Janeiro, 08 de junho de 2025.  

Série de Mensagens – Ao anjo da igreja

Tema da Mensagem – Ao anjo da igreja em Pérgamo

Texto Base – Apocalipse 2:12-17

INTRODUÇÃO:

O livro e seu conteúdo – O livro foi nominado com a tradução da primeira palavra grega do livro, apokalypsis, que significa “revelação”. Pode ser que você já tenha ouvido alguém falar ou ensinar que o significado de apocalipse seja “destruição”, “fim do mundo”, ou alguma outra coisa parecida. Porém, não é isso que significa. Trata-se da revelação que João recebe da parte de Jesus que o ordena a escrever e a compartilhar com os irmãos. O professor de teologia bíblica do seminário Baltimore, Maryland, nos E.U.A explica de forma muito assertiva o conteúdo do livro de Apocalipse: “Quais são as implicações dessa abordagem? Apocalipse não diz respeito ao anticristo, mas ao Cristo vivo. Não diz respeito a um arrebatamento para fora deste mundo, mas a um discipulado fiel neste mundo. Ou seja, como qualquer outro livro do Novo Testamento, Apocalipse trata sobre Jesus Cristo – “Revelação de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:1) – e sobre segui-lo em obediência e amor. “Se alguém indagar: ‘Por que ler Apocalipse’, a resposta pronta deve ser: ‘Para conhecer melhor a Cristo’. Nesse último livro da Bíblia cristã, Jesus é retratado sobre tudo como: a Testemunha Fiel, que permanece leal a Deus apesar da tribulação; o que está Presente, que caminha entre a comunidade dos seus seguidores, proferindo palavras de conforto e incentivo por meio do Espírito; o Cordeiro que foi morto e agora reina com Deus, o Criador, compartilhando a devoção e adoração que são devidas somente a Deus e; o que virá, cumprirá todo o propósito de Deus e reinará com Deus no meio do seu povo, no novo céu e na nova terra. Apocalipse, portanto, também nos fala sobre sermos fiéis a Deus e obedientes ao Espírito ao seguirmos Jesus, especificamente em: testemunho e resistência fiéis; escuta atenta; uma vida litúrgica (permeada pela adoração) e; esperança missional”.[1]  

Quem é o autor da carta e quando ela foi escrita? Estudiosos modernos têm questionado a autoria da carta que comumente é dada praticamente de forma unânime ao apóstolo João desde os pais da Igreja, com raras exceções tais como Eusébio (325) e Dionísio de Alexandria no terceiro século. O estudioso do Novo Testamento que foi por muitos anos professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Dr. Broadus Davi Hale, em sua obra Introdução ao Novo Testamento faz o seguinte comentário acerca da evidência externa da autoria de João: “Embora Hermas e Inácio possam ter feito uso do Apocalipse, Justino Mártir, no que concerne à evidência preservada, foi o primeiro a declarar explicitamente que o apóstolo João escreveu o Apocalipse (Diaogue With Trypho the Jew, 81). Como Justino viveu em Éfeso em torno de 135 d.C., esta informação é importante. O Cânon Muratoriano (c. 175) contém o Apocalipse e diz que o apóstolo João é o autor. Irineu (c.180), pupilo de Policarpo, escreveu que João, o discípulo do Senhor, viveu na Ásia até os tempos de Trajano” e escreveu o Apocalipse pelo final do reinado de Domiciano (Ad. Haerses, V, xxx, 3). No final do segundo século, Polícrates, Clemente de Alexandria e Tertuliano, todos, testemunharam do apóstolo João como autor do Apocalipse. Orígenes (c.225) escreveu que o João que “se reclinava sobre o peito do Senhor” escreveu tanto o evangelho quanto o Apocalipse (citado em Eusébio, H.E., VI, xxv, 9). Depois de Orígenes, todos os escritores, com duas exceções, aceitam sem contestar a autoria joanina do Apocalipse”.[2]

Um importante centro político e religioso – Pérgamo não era uma cidade comercial tão importante quanto Éfeso e Esmirna, mas era extremamente importante como um centro político e religioso. Após a morte de Alexandre, o Grande, em 333 a.C. Átalo, o último rei de Pérgamo, passou o reino a Roma em seu testamento. Pouco tempo depois, Pérgamo passou a ser a capital da província romana na Ásia. No 29 a.C. foi dedicado um templo "ao divino Augusto e a deusa Roma", e dessa maneira Pérgamo se tornou o principal lugar de adoração ao imperador na Ásia. A adoração ao imperador tornou-se uma prova de sua lealdade a Roma. O culto ao imperador havia se tornado o ponto central da política junto ao império.

 

Uma cidade mergulhada na idolatria - "Pérgamo era também o centro de culto a outros deuses. Na cidade havia uma acrópole de uns 300 metros de altura com muitos templos a deuses pagãos. No topo havia um bonito templo dedicado a Zeus, tendo ao lado um templo da deusa Atenas. Pérgamo também era o centro do culto a Asclépio, o deus-serpente das curas, e seu colégio de sacerdotes-médicos era famoso. Pérgamo, assim era uma fortaleza das religiões pagãs e do culto ao imperador, um ambiente extremamente difícil para uma igreja local." (Ladd, pg. 37)

 

“Escreve ao anjo em Pérgamo: Assim diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes”: (verso 12)

            Osborne vai destacar em seu comentário que essa é a apresentação mais simples da pessoa de Jesus dentre todas as sete cartas por Ele enviadas as sete igrejas da Ásia Menor. A única descrição que Jesus faz é de ser o possuidor da espada afiada de dois gumes.

A “espada afiada de dois gumes” era um símbolo romano de justiça. A espada era usada pelo procônsul romano que residia em Pérgamo. Ele a usava para os julgamentos e inclusive para executar os inimigos do estado. Ao se utilizar deste símbolo o Senhor Jesus está dizendo a sua igreja que o verdadeiro juízo provém d’Ele, pois Ele É o verdadeiro juiz. Muito provavelmente exista uma ligação dessa apresentação de Jesus com a promessa feita em Isaías 11.4.

“Sei onde habitas, onde está o trono de Satanás, mas conservas o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, que foi morto entre vós, onde Satanás habita”. (verso 13)

            Jesus destaca que tem conhecimento de três coisas: o mundo ímpio ao qual eles moravam, Ele também conhecia o testemunho fiel e a perseverança daqueles irmãos em meio as perseguições que sofriam.

            Existem algumas hipóteses para a interpretação do termo “trono de Satanás”. Vejamos: 1) A cidade está localizada em um platô, a certa distância, a acrópole se parecia com um trono; 2) A enorme variedade de ídolos pagãos, templos e santuários poderiam ser os instrumentos de Satanás; 3) O altar a Zeus no cume de um monte que possuía uma enorme proeminência na cidade; 4) A cidade era o centro da adoração a Asclépio, e o símbolo de Asclépio era uma serpente. Satanás também é simbolizado como uma serpente Ap. 12.9; 20.2. Os seguidores dessa seita chamavam-no de “salvador”; 5) A última e em minha opinião a interpretação correta é a de que a cidade possuía um culto ao imperador romano.

           

“No entanto, tenho contra você algumas coisas: você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, o qual ensinou Balaque a armar ciladas contra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual. De igual modo, você tem também os que se apegam aos ensinos dos nicolaítas." (versos 14 e 15)

Ao contrário da igreja de Éfeso que resistiu aos falsos mestres e seus heréticos ensinamentos, um grupo de pessoas em Pérgamo havia sido influenciado pelas falsas doutrinas e haviam se contaminado.

Mais uma vez nos deparamos com "os nicolaítas" um grupo de gentios "convertidos" ao cristianismo que ensinavam que não havia erros em se alimentar as comidas sacrificadas aos ídolos, e praticar sexo antes e fora do casamento. Eles também de acreditavam não ter problemas participar do culto ao imperador, dizendo eles que o culto ao imperador é mais um ato cívico e do que um ato de adoração.

Jesus se utiliza do exemplo de Balaão do Antigo Testamento registrado em Números 22-24, um profeta gentio que foi procurado por Balaque, rei de Moabe para amaldiçoar a Israel, mas Deus não permitiu que isso acontecesse e, ao invés dele proferir maldição o Senhor fez ele proferir bençãos, pois contra o povo de Deus não vale encantamentos ou maldição sem causa.

Todavia, em Números 25:1-3 os israelitas são descritos caindo na imoralidade sexual com as mulheres moabitas e também caindo na idolatria a Baal. Moisés diz em Números 31.16 que as mulheres moabitas foram aconselhadas por Balaão a seduzirem aos israelitas.

Osborne indica que a melhor forma de interpretamos esses versos que descrevem a doutrina de Balaão e a doutrina dos nicolaítas com um só movimento herético. A ideia é que Jesus se utilizou de um exemplo conhecido para condenar a doutrina dos nicolaítas.

O mesmo Grant Osborne salienta o fato da "doutrina dos nicolaítas" ser algo muito mais ligado a práxis da vida cristã do que uma doutrina (teoria). Lembrando que as práticas heréticas ensinadas pelos nicolaítas quebravam duas de quatro proibições impostas no concílio de Jerusalém. (Atos 15)

Eles ensinavam que não havia problema com as imoralidades praticadas no sexo antes e fora do casamento e que também não havia problema no culto ao imperador pois era, no ponto de vista deles, muito mais um ato cívico do que religioso como anteriormente explicado. Além de permitirem o consumo das carnes oferecidas aos deuses pagãos.

Em relação as carnes oferecidas temos uma dificuldade em saber se essa carne era comprada nos supermercados da época, porém tendo sido oferecida antes de ser vendida, ou se realmente eles participavam dos rituais e ali consumiam os alimentos. O apóstolo Paulo trata desses dois casos ao escrever a primeira carta aos Coríntios.

 

"Portanto, arrependa-se! Senão, virei em breve até você e guerrearei contra eles com a espada da minha boca." (verso 16)

Diferente da igreja de Éfeso que lutou contra os falsos mestres e seus ensinos e foi lhe advertido que haviam perdido o seu primeiro amor, mas eles não toleraram os nicolaítas e na luta os levou a esse processo do abandono do primeiro amor. Pérgamo por sua vez tolerava esses hereges e permitia que eles estivessem em seu meio praticando e ensinando suas práticas podendo arrastar outros para apostasia.

Jesus é enfático lhes mandando se arrependerem ou então Ele iria guerrear contra eles. Essa expressão é usada outras vezes no Apocalipse para descrever a luta de Jesus contra o dragão e a besta (11.7; 12.17; 13.7), a luta contra as forças do mal (12.7; 19.11). Jesus se utilizava de uma metáfora, o guerreiro divino, para descrever sua luta contra seus inimigos. No dia da sua vinda e do estabelecimento pleno de seu Reino, Jesus irá trazer juízo e nesse sentido irá fazer guerra contra todos aqueles que não estão ao seu lado lutando contra os inimigos d'Ele, isso mesmo, estar ao lado de Jesus significa estar em guerra junto com Ele.

Não dá para não guerrear, não dá para ser tolerante aos falsos ensinos que expressam práticas que são uma afronta direto à vontade de Deus estabelecida em sua Palavra. Um cristão verdadeiro está armado com a armadura espiritual e em guerra contra os valores desse mundo hostil que é governado pelo diabo e seus anjos malignos, inimigos do cordeiro

 

“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Àquele que vencer darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome escrito nela, conhecido apenas por aquele que a recebe”. (Verso 17)

A mesma expressão é usada novamente "Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas". Essa expressão foi utilizada no evangelho de Marcos 4.9, é um chamado, um alerta, um oráculo para os vencedores, aqueles que permanecem fiéis até o final de suas vidas. Não adianta apenas ouvir as orientações de Jesus, é preciso praticá-las. Só vence na vida cristã quem é obediente!

O maná só pode ser experimentado pelos eleitos, pelos salvos, não é permitido aos incrédulos e idólatras participar do banquete do Senhor. É forte na tradição judaica a figura do maná que será dado aos eleitos na festa do Messias no fim dos tempos. Segundo a tradição judaica Jeremias foi orientado por Deus durante a destruição do templo para guardar a enterrar a arca no Monte Sinai para ela aguardar a retirada com o retorno do Messias no escaton. Jesus também ensina a seus discípulos sobre as bodas do cordeiro. Ele mesmo disse que era o pão vivo que desceu dos céus. Aos seus é dado o direito de experimentar já hoje, ainda neste tempo presente, um antegosto do que está sendo preparado para aquele grande dia na consumação plena do seu Reino.

 

CONCLUSÃO E APLICAÇÃO:

            Fica um alerta para os nossos dias em relação a questão da defesa de nossa fé e os valores pelos quais nos sãos propostos pela nossa regra de fé e prática que é a Bíblia, a Palavra de Deus. Muitos cristãos no desejo de serem tolerantes e respeitosos, acabam sendo coniventes com comportamentos e doutrinas que são diretamente contra os doutrinas e princípios extraídos da Palavra de Deus.

            Urge que nesse tempo sejamos capazes de saber defender a sã doutrina e praticá-la de forma correta em nossas práxis de vida cristã. A princípio, em uma análise superficial, aparentemente falta aos cristãos de nosso tempo convicção de fé que possam lhes guiar os passos em seu cotidiano. São nossas convicções de fé que nos dão concretude para ser fiel até a morte.



[1] GORMAN, Michael J. Lendo Apocalipse com responsabilidade: testemunho e adoração incivil: seguindo o Cordeiro rumo à nova criação. Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2022, pg. 15.

[2] HALE, Broadus David. Introdução ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983, pg. 432

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

2ª Ministração - Ao anjo da igreja de Esmirna - 01/06/2025

 


Rio de Janeiro, 01 de junho de 2025.  

Série de Mensagens – Ao anjo da igreja

Tema da Mensagem – Ao anjo da igreja em Esmirna

Texto Base – Apocalipse 2:8-11

INTRODUÇÃO:

INTRODUÇÃO:

O livro e seu conteúdo – O livro foi nominado com a tradução da primeira palavra grega do livro, apokalypsis, que significa “revelação”. Pode ser que você já tenha ouvido alguém falar ou ensinar que o significado de apocalipse seja “destruição”, “fim do mundo”, ou alguma outra coisa parecida. Porém, não é isso que significa. Trata-se da revelação que João recebe da parte de Jesus que o ordena a escrever e a compartilhar com os irmãos. O professor de teologia bíblica do seminário Baltimore, Maryland, nos E.U.A explica de forma muito assertiva o conteúdo do livro de Apocalipse: “Quais são as implicações dessa abordagem? Apocalipse não diz respeito ao anticristo, mas ao Cristo vivo. Não diz respeito a um arrebatamento para fora deste mundo, mas a um discipulado fiel neste mundo. Ou seja, como qualquer outro livro do Novo Testamento, Apocalipse trata sobre Jesus Cristo – “Revelação de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:1) – e sobre segui-lo em obediência e amor. “Se alguém indagar: ‘Por que ler Apocalipse’, a resposta pronta deve ser: ‘Para conhecer melhor a Cristo’. Nesse último livro da Bíblia cristã, Jesus é retratado sobre tudo como: a Testemunha Fiel, que permanece leal a Deus apesar da tribulação; o que está Presente, que caminha entre a comunidade dos seus seguidores, proferindo palavras de conforto e incentivo por meio do Espírito; o Cordeiro que foi morto e agora reina com Deus, o Criador, compartilhando a devoção e adoração que são devidas somente a Deus e; o que virá, cumprirá todo o propósito de Deus e reinará com Deus no meio do seu povo, no novo céu e na nova terra. Apocalipse, portanto, também nos fala sobre sermos fiéis a Deus e obedientes ao Espírito ao seguirmos Jesus, especificamente em: testemunho e resistência fiéis; escuta atenta; uma vida litúrgica (permeada pela adoração) e; esperança missional”.[1]  

Quem é o autor da carta e quando ela foi escrita? Estudiosos modernos têm questionado a autoria da carta que comumente é dada praticamente de forma unânime ao apóstolo João desde os pais da Igreja, com raras exceções tais como Eusébio (325) e Dionísio de Alexandria no terceiro século. O estudioso do Novo Testamento que foi por muitos anos professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Dr. Broadus Davi Hale, em sua obra Introdução ao Novo Testamento faz o seguinte comentário acerca da evidência externa da autoria de João: “Embora Hermas e Inácio possam ter feito uso do Apocalipse, Justino Mártir, no que concerne à evidência preservada, foi o primeiro a declarar explicitamente que o apóstolo João escreveu o Apocalipse (Diaogue With Trypho the Jew, 81). Como Justino viveu em Éfeso em torno de 135 d.C., esta informação é importante. O Cânon Muratoriano (c. 175) contém o Apocalipse e diz que o apóstolo João é o autor. Irineu (c.180), pupilo de Policarpo, escreveu que João, o discípulo do Senhor, viveu na Ásia até os tempos de Trajano” e escreveu o Apocalipse pelo final do reinado de Domiciano (Ad. Haerses, V, xxx, 3). No final do segundo século, Polícrates, Clemente de Alexandria e Tertuliano, todos, testemunharam do apóstolo João como autor do Apocalipse. Orígenes (c.225) escreveu que o João que “se reclinava sobre o peito do Senhor” escreveu tanto o evangelho quanto o Apocalipse (citado em Eusébio, H.E., VI, xxv, 9). Depois de Orígenes, todos os escritores, com duas exceções, aceitam sem contestar a autoria joanina do Apocalipse”.[2]

  • Uma cidade rica e portuária - A semelhança de Éfeso, a cidade de Esmirna era muito rica e extremamente popular. Esmirna disputava com a cidade de Éfeso o título de cidade mais rica e importante da Ásia naqueles dias.
  • O templo ao imperador Tibério - Em Esmirna foi construído o templo em adoração ao imperador romano Tibério.
  • Uma colônia de judeus ostensiva - Em Esmirna residia uma colônia ostensiva de judeus contra o cristianismo. Inácio, o famoso bispo de Esmirna, foi morto e lançado à fogueira com auxílio dos judeus dessa colônia segundo a tradição. Os cristãos foram impedidos até mesmo de pegarem os restos mortais de seu pastor.
  • Fundação da Igreja e status da igreja - Não temos a informação acerca de quem fundou a igreja em Esmirna. Mas, muito provavelmente possa ter sido o apóstolo Paulo em uma de suas viagens missionárias ou até mesmo no período em que esteve em Éfeso, pois Esmirna geograficamente era próxima. Os estudiosos acreditam que Esmirna era uma igreja saudável e vibrante. Esse fato é evidenciado por ser a única igreja das sete igrejas ao qual Jesus escreve que não recebe nenhuma repreensão.

"Escreve ao anjo da igreja em Esmirna: Isto é o que diz o primeiro e o último, aquele que foi morto e reviveu". (verso 8)

A expressão “Ao anjo escreve...” é extraída dos textos de Ap 1.20 e também em Ap 2.1; 2.8; 2.12; 2.18; 3.1; 3.7; 3.14. Existem muitas especulações sobre o significado da palavra “anjo” usada pelo apóstolo João nos textos acima citado.

            A palavra grega “aggelos” que é traduzida por anjo em nossas versões bíblicas podem possuir pelo menos dois significados. O primeiro pode ser literalmente anjo, ou seja, um ser celestial que é conceituado pela Bíblia como espíritos ministradores que estão sobre as ordens de Deus para servirem a seus propósitos (Hb 1.14). O segundo pode significar um mensageiro, neste caso, um ser humano que está incumbido de transmitir uma mensagem.

            Os estudiosos não são unânimes quanto a interpretação para utilização da palavra usada por João. Para ser muito sincero com os irmãos a percepção que tenho ao ler os comentários destes irmãos é que eles explanam as possíveis interpretações emanadas ao longo da história da igreja, mas que não emitem sua opinião pessoal acerca da interpretação da palavra.

            Porém, alguns conceituados estudiosos tais como: John MacArthur Jr., Hernandes Dias Lopes, Augustus Nicodemos são categóricos em afirmar que a palavra se refere ao pastor de cada uma das igrejas locais aos quais Jesus estava direcionando as cartas.

            As cartas que Jesus direciona as sete igrejas da Ásia Menor possuem aspectos específicos de cada uma daquelas igrejas. As cartas também servem como orientação a igreja de Cristo de todos os tempos.

Essas cartas são direcionadas aos pastores devido eles serem os responsáveis diante de Deus por cada um daqueles rebanhos. O texto bíblico de Hebreus nos revela esse ensinamento: "Obedecei a vossos líderes, sendo-lhes submissos, pois eles estão cuidando de vós, como quem há de prestar contas; para que o façam com alegria e não gemendo, pois isso não vos seria útil." (Hebreus 13.17)

            Partindo desse pressuposto de autoridade estabelecido por Deus muitos pastores manejando versos como o citado tornam-se verdadeiros déspotas e acabam oprimindo o rebanho do Senhor contrariando uma orientação bíblica expressa dada pelo apóstolo Pedro: “Portanto, suplico aos presbíteros que há entre vós, eu que sou presbítero com eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: "pastoreai o rebanho de Deus que está entre vós, cuidando dele não por obrigação, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por interesse em ganho ilícito, mas de boa vontade;" nem como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. Quando o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imperecível coroa da glória”. (1 Pedro 5:1-4)

            Por outro lado, muitos irmãos esquecem que quem constitui um pastor sobre a liderança de uma igreja é o Senhor da igreja, ou seja, o próprio Senhor Jesus. Muitos irmãos acabam confundindo o procedimento amoroso, educado, bondoso com fraqueza. Acabam trazendo um peso a vida do pastor e de sua família levando-os a pastorear o rebanho não por prazer, mas por obediência ao Senhor que ali os colocou.

            A sabedoria bíblica é bem clara enquanto a vontade de Deus para a direção de sua igreja. Jesus é o verdadeiro Pastor da igreja, porém suas ordens e orientações para sua noiva é direcionada aquele a quem Ele constituiu bispo sobre o rebanho d’Ele, ou seja, o pastor local, que aos olhos de Deus é um auxiliar de Jesus, o verdadeiro pastor da igreja.

A função do pastor é transmitir a igreja a orientação de Jesus para o seu rebanho. Vale destacar que tanto o pastor, tanto o rebanho, precisam ser submissos a vontade de Jesus. Sendo assim alguns desafios são estabelecidos.

O desafio do pastor é buscar intensamente a presença de Deus afim de que em Deus ele consiga ouvir e discernir a vontade de Deus para o seu povo, guia-lo dentro da Palavra de Deus, da sã doutrina que foi transmitido pelos apóstolos de Jesus. Essa é a orientação paulina: “O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros” (2 Timóteo 2.2) Um verdadeiro pastor tem a difícil (se encarada de forma carnal impossível) de ser um sucessor dos apóstolos e ser um guardião da sã doutrina afim de que o rebanho não se desvie da Palavra de verdade. 

O desafio do rebanho é se unir ao pastor e ser obediente a este a quem o Senhor deu autoridade para pastorear o rebanho. Isto é, quando este pastor é alguém que dá testemunho com sua vida de que é digno de confiança e cumpre os requisitos descritos pela Palavra de Deus das qualidades exigidas de um ministro do evangelho de Jesus. Qual é a dificuldade em se permitir ser pastoreado, conduzido a vontade de Deus através da vida deste pastor?

Quando pastor e rebanho se submetem ao Supremo Pastor a vontade de Deus é estabelecida e o fardo se torna leve e o jugo se torna suave (Mateus 11.28). Minha sincera oração é que nosso rebanho continue submisso a vontade de seu Supremo Pastor!

A apresentação inicial de Jesus envolve um encorajamento aos irmãos que estavam sendo perseguidos e ameaçados de morte. Jesus garante a seus servos fiéis que assim como ele morreu e reviveu, assim também acontecerá a todos aqueles que n'Ele creem e permanecem fiéis até a morte.

No outro atributo manifesto por Jesus está o fato d'Ele ser um com o Pai e estar presente. Mas não somente presente, mas participante de toda obra realizada pelo Pai antes que todas as coisas pudessem existir. Ser o primeiro e o último invoca a Jesus a questão de sua divindade, pois essa expressão evoca atributos que somente o próprio Deus possui, tais como: eternidade, onipotência, onisciência, etc.

Sendo assim o Senhor Jesus no primeiro momento apresenta-se de forma majestosa e poderosa para trazer a memória de seus seguidores que Ele é Soberano e que Ele está no controle de todas as coisas. Nada pode fugir do seu domínio. Seu desejo é tranquilizar os irmãos e conscientizá-los de que eles não estão só e que Ele, Jesus, está com eles em todo momento e aos que forem fiéis até o fim herdaram a promessa da vida eterna.

“Conheço tua tribulação e tua pobreza, apesar de seres rico, e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, mas não são; pelo contrário, são sinagoga de Satanás." (Verso 9)

O Senhor conhece e acompanha próximo as dificuldades e as lutas econômicas enfrentadas por eles devido as fortes e hostis perseguições sofridas. Muitos irmãos perdiam suas propriedades, tinham dificuldade em ter seu sustento devido ao ambiente hostil da cidade contra os servos fiéis de Jesus, por isso não conseguiam trabalho para angariar seu sustento e o de sua família.

Todavia, Jesus diz em um paradoxo que eles eram ricos. Eles ajuntaram para si tesouro no local direcionado pelo Senhor Jesus no sermão do monte, eles ajuntaram tesouros no Reino dos Céus. Parece também haver uma possível comparação com a igreja em Laodicéia. Local onde os irmãos eram ricos economicamente, mas pobres em seu relacionamento com de Deus e em suas práticas cristãs.

A palavra "blasfêmia" não nos fornece o sentido pelo qual ela é usada. Os estudiosos como Dr. George Eldon Ladd acredita ser uma referência dos pagãos e judeus a um crime de sedição contra o imperador. Essa interpretação tem seu entendimento baseado nas acusações sofridas por Paulo em Tessalônica e também no escrito posterior à morte de Inácio no livro "O martírio de Inácio" onde o texto relata que Inácio foi acusado de sedição.

Essa acusação era oriunda dos judeus que de forma hostil e implacável perseguiam os irmãos. Jesus diz que não verdade eles serviam a Satanás numa alusão a sua fé ser não na pessoa de Deus, mas sim no diabo, pois suas ações e crenças não possuíam bases fundamentadas na lei de Deus.

Eles são chamados pelo Senhor a se identificarem com seu Mestre no sofrimento e nas perseguições. Jesus já havia ensinado no sermão no monte que aqueles que passassem sofrimento e perseguição por amor a Ele são na verdade felizardos. “Bem-aventurados sois, quando vos insultarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, pois a vossa recompensa no céu é grande; porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós”. (Mateus 5:11-12)

"Não temas o que hás de sofrer. O Diabo está para colocar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e passareis por uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida." (verso 10)

            Os judeus possuíam uma grande influência na cidade e pressionavam as autoridades para que fosse desencadeado uma perseguição contra a igreja de Jesus. O Senhor está avisando aos irmãos que esse período seria breve, mas intenso. O Senhor desejava preparar sua igreja para o que estava para acontecer. É por este motivo que Jesus diz aqueles irmãos: “Não temas”, pois Ele sabia o que eles iriam sofrer, mas que Eles tivessem bom ânimo, pois Ele estaria junto com eles até o fim.

            Naqueles dias todo cristão deveria de estar pronto, caso fosse preciso, entregar a sua própria vida por testemunho público de sua fé em Cristo Jesus. A perseguição, as prisões, os espancamentos, e até mesmo o martírio eram vistos como um privilégio para aqueles que sofressem pois evidenciava o seu amor por Jesus.

            O número dez não possui nenhuma conotação simbólica aqui neste texto. Trata-se somente do período de tempo em que os cristãos iriam ser provados naquela localidade, ou seja, não seria uma perseguição geral, mas especificamente na cidade de Esmirna. A promessa da coroa da vida não era apenas para os mártires, mas sim um privilégio que é garantido a todo verdadeiro cristão que permanece firme com o Senhor até o fim de sua vida.

            A coroa que está proposta a ser entregue para todo crente fiel ao Senhor Jesus não é semelhante a uma coroa que o vencedor de uma maratona, ou uma corrida recebia ao vencer a disputa. Essa coroa que era dada ao atleta vencedor era perecível e temporária. A coroa que Jesus dará a todos os seus servos fiéis é imperecível e indestrutível. O prêmio para o crente fiel é a vida eterna!

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte” (verso 11)

A semelhança dos oráculos contidos no Antigo Testamento o apóstolo João recebe do Espírito Santo uma incumbência de revelar a vontade de Deus e exortar aos cristãos não somente daquele tempo presente, mas de todos os tempos, a ouvir e praticar o que o profeta estava revelando da parte do Senhor Jesus.

Todas as sete cartas terminam com uma promessa ao vencedor. Todavia, vale ressaltar que não há vitória sem luta, sem guerra. A vida cristã é um palco de guerra. Tomemos o exemplo da figura do soldado e sua armadura utilizada pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios no capítulo seis para nos ensinar acerca das armas espirituais. O apocalipse revela como os dias serão maus e como será difícil se manter fiel, mas o texto profético também revela a vitória de Jesus e junto a Ele todo aquele que for fiel até a morte, em alguns casos sendo necessário selar seu testemunho com a própria vida. Osborne diz ser uma das mais importantes mensagens do livro o desafio de ser um “vencedor”. Ele relata que o apóstolo João está se utilizando de uma metáfora esportiva e militar, que conota superioridade e vitória sobre um inimigo subjugado.

A segunda morte será esclarecida um pouco mais à frente no próprio livro de Apocalipse. Mas Jesus já havia ensinado aos seus discípulos acerca do inferno. Esse termo é uma conotação da morte eterna, o lugar de condenação que fora preparado para o diabo e seus anjos. (Mt 25:41-42; Ap 20.10)

Alguns estudiosos ao longo do tempo tentaram de alguma forma minimizar o juízo de Deus para aqueles que rejeitam o sacrifício de seu Filho amado. Disseram eles que o “inferno não existe”, “que o verdadeiro inferno é aqui”, “que não haverá inferno que as pessoas que não aceitaram o filho apenas deixaram de existir” (doutrina anaquilacionismo), “haverá possibilidades de expurgar pecados em um lugar chamado purgatório evitando a condenação eterna”. Todavia, nada disso é verdade. O ensino bíblico é que quem não crer no Filho de Deus, em sua obra redentora, será condenado por seus pecados e será lançado nesse lugar que popularmente é conhecido como inferno e, ali junto com o diabo e seus anjos sofrerá a morte eterna e sofrerá a eternidade distante de Deus, sendo incapaz de haver uma alteração de seu estado para todo sempre.

CONCLUSÃO E APLICAÇÃO:

            Essa é uma carta bem apropriada para todos os cristãos que estão passando por algum tipo de provação e sofrimento devido a sua fé em Jesus. O Senhor nunca nos prometeu uma vida de facilidades e bênçãos sem fim, muito pelo contrário, nos advertiu que no mundo enfrentaríamos muitas tribulações, mas que tivéssemos bom ânimo, pois assim como Ele venceu o mundo, junto d’Ele também venceríamos. (Jo 16.33) Vale lembrar as palavras do apóstolo Paulo como esperança para nossas vidas: “Considero que os sofrimentos do presente não se podem comparar com a glória que será revelada em nós”. (Rm 8.18)

            É extremamente oportuna as palavras de Jesus aos irmãos em Esmirna durante o seu período de provação: “Não Temas”.  Continuem firmes meus amados irmãos, em breve estaremos com nosso Senhor e não haverá mais nada que nos produzirá algum tipo de dor ou sofrimento. Todavia, precisamos ser fiéis até a morte ou até o retorno glorioso do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.  



[1] GORMAN, Michael J. Lendo Apocalipse com responsabilidade: testemunho e adoração incivil: seguindo o Cordeiro rumo à nova criação. Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2022, pg. 15.

[2] HALE, Broadus David. Introdução ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983, pg. 432

 

1ª Ministração - Ao anjo da igreja em Éfeso - 01/06/2025

 


Rio de Janeiro, 01 de junho de 2025.  

Série de Mensagens – Ao anjo da igreja

Tema da Mensagem – Ao anjo da igreja em Éfeso

Texto Base – Apocalipse 2:1-7

INTRODUÇÃO:

O livro e seu conteúdo – O livro foi nominado com a tradução da primeira palavra grega do livro, apokalypsis, que significa “revelação”. Pode ser que você já tenha ouvido alguém falar ou ensinar que o significado de apocalipse seja “destruição”, “fim do mundo”, ou alguma outra coisa parecida. Porém, não é isso que significa. Trata-se da revelação que João recebe da parte de Jesus que o ordena a escrever e a compartilhar com os irmãos. O professor de teologia bíblica do seminário Baltimore, Maryland, nos E.U.A explica de forma muito assertiva o conteúdo do livro de Apocalipse: “Quais são as implicações dessa abordagem? Apocalipse não diz respeito ao anticristo, mas ao Cristo vivo. Não diz respeito a um arrebatamento para fora deste mundo, mas a um discipulado fiel neste mundo. Ou seja, como qualquer outro livro do Novo Testamento, Apocalipse trata sobre Jesus Cristo – “Revelação de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:1) – e sobre segui-lo em obediência e amor. “Se alguém indagar: ‘Por que ler Apocalipse’, a resposta pronta deve ser: ‘Para conhecer melhor a Cristo’. Nesse último livro da Bíblia cristã, Jesus é retratado sobre tudo como: a Testemunha Fiel, que permanece leal a Deus apesar da tribulação; o que está Presente, que caminha entre a comunidade dos seus seguidores, proferindo palavras de conforto e incentivo por meio do Espírito; o Cordeiro que foi morto e agora reina com Deus, o Criador, compartilhando a devoção e adoração que são devidas somente a Deus e; o que virá, cumprirá todo o propósito de Deus e reinará com Deus no meio do seu povo, no novo céu e na nova terra. Apocalipse, portanto, também nos fala sobre sermos fiéis a Deus e obedientes ao Espírito ao seguirmos Jesus, especificamente em: testemunho e resistência fiéis; escuta atenta; uma vida litúrgica (permeada pela adoração) e; esperança missional”.[1]   

Quem é o autor da carta e quando ela foi escrita? Estudiosos modernos têm questionado a autoria da carta que comumente é dada praticamente de forma unânime ao apóstolo João desde os pais da Igreja, com raras exceções tais como Eusébio (325) e Dionísio de Alexandria no terceiro século. O estudioso do Novo Testamento que foi por muitos anos professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Dr. Broadus Davi Hale, em sua obra Introdução ao Novo Testamento faz o seguinte comentário acerca da evidência externa da autoria de João: “Embora Hermas e Inácio possam ter feito uso do Apocalipse, Justino Mártir, no que concerne à evidência preservada, foi o primeiro a declarar explicitamente que o apóstolo João escreveu o Apocalipse (Diaogue With Trypho the Jew, 81). Como Justino viveu em Éfeso em torno de 135 d.C., esta informação é importante. O Cânon Muratoriano (c. 175) contém o Apocalipse e diz que o apóstolo João é o autor. Irineu (c.180), pupilo de Policarpo, escreveu que João, o discípulo do Senhor, viveu na Ásia até os tempos de Trajano” e escreveu o Apocalipse pelo final do reinado de Domiciano (Ad. Haerses, V, xxx, 3). No final do segundo século, Polícrates, Clemente de Alexandria e Tertuliano, todos, testemunharam do apóstolo João como autor do Apocalipse. Orígenes (c.225) escreveu que o João que “se reclinava sobre o peito do Senhor” escreveu tanto o evangelho quanto o Apocalipse (citado em Eusébio, H.E., VI, xxv, 9). Depois de Orígenes, todos os escritores, com duas exceções, aceitam sem contestar a autoria joanina do Apocalipse”.[2]

 

Éfeso a principal metrópole da Ásia – Pérgamo era a capital administrativa da província romana da Ásia, mas Éfeso era a cidade mais importante. Ela era conhecida como “a primeira e maior metrópole da Ásia”.  William Barclay em seu comentário relata que um escritor romano a chamava de “A luz da Ásia”. Barclay elenca alguns pontos que contribuíram para que Éfeso chegasse a esse patamar:  

1) O porto de Éfeso - Nos dias de João Éfeso possuía o porto mais importante da Ásia. O porto de Éfeso era a principal entrada para quem rumava destino a Roma. Isso fez de Éfeso a cidade mais rica da Ásia. As riquezas de toda Ásia circulavam e eram comercializada em Éfeso, o que a fez ficar conhecida como a “feira das vaidades”. Barclay comenta que alguns anos mais tarde muitos mártires foram capturados na Ásia e levados a Roma para serem lançados aos leões, Inácio rebatizou a Éfeso de “a porta dos mártires”.

2) Éfeso era uma cidade livre – Algumas cidades do império romano possuíam uma distinção política muito importante: eram chamadas de cidades livres. Isso significava que elas se distinguiam das demais cidades que compunham o império por serem extremamente leais ao império e também por possuírem uma grande importância social e econômica, as distinguindo das demais em relevância aos serviços que ela prestava ao império. As cidades eram chamadas livres por não precisarem alojar tropas do império para resguardar o domínio do império romano. Além disso, Éfeso era uma cidade que possuía assento de tribunais, ou seja, ela possuía a “honra” de receber governadores romanos em seu domínio em visitas periódicas que aproveitavam e julgavam alguns casos locais. Por ser uma cidade pacífica e ordeira, Éfeso era uma das grandes capitais do mundo antigo onde se realizavam jogos atléticos da Ásia. Esses eventos traziam uma gama de pessoas de outras regiões o que alavancava a economia local.  

3) Éfeso era o centro do culto de Ártemis (Diana dos Efésios) – O templo de Ártemis – uma das sete maravilhas do mundo antigo – era localizando na cidade de Éfeso. Em nossa Bíblia Ártemis é traduzida como Diana dos Efésios. Barclay em seu comentário traz as seguintes informações sobre a suntuosidade do templo de Ártemis: O Templo de Ártemis era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Tinha quatrocentos pés de comprimento por vinte de largura (120m x 70m); tinha 120 colunas de 12 m. de altura, que tinham sido dadas de presente para cada uma por um rei; trinta e seis delas estavam ricamente esculpidas e incrustadas. Os templos antigos consistiam principalmente de colunas ao redor de um lugar central, que era o único coberto em todo o edifício. A parte central de Ártemis estava coberto com madeira de cipreste. A imagem da deusa que habitava no santíssimo era uma das mais sagradas de todo mundo antigo. Mas Éfeso além disso, era reconhecida por seus templos dedicados a Roma e aos imperadores Adriano e Severo. Éfeso era um centro importante da religião pagã”.  O texto de Atos dos Apóstolos no capítulo dezenove nos relata como a parte religiosa também influenciava a economia local de Éfeso. Pois a cidade também subsistia fortemente da venda de artefatos religiosos de Ártemis. Porém, quando o apóstolo Paulo chega a cidade e começa a pregar o evangelho e as pessoas começam a compreender sua mensagem e iniciam um processo de libertação dos ídolos a economia local da cidade como essa a enfraquecer e os comerciantes começam a se levantar com furor contra a vida de Paulo.  

4) A famosa superstição de Éfeso – Existiam em Éfeso uma superstição ligada a amuletos que ganharam o nome de as “Letras de Éfeso”. Acreditava-se que estes amuletos podiam vencer o mal, curar enfermidades, gerar filhos em mulheres estéreis, alavancar negócios, vitória nas guerras, trazer segurança em viagens perigosas, etc. William Barclay comenta que as pessoas viam de toda parte do mundo para poderem comprar esses objetos.  

5) A população de Éfeso era diversificada – Haviam muitas “tribos” existentes em Éfeso naquele contexto histórico. A primeira era oriunda dos nativos da região. Também existia a tribo dos descendentes direto dos Atenienses os primeiros colonizadores da cidade. Barcley comenta que também haviam outras tribos de gregos e de judeus.

Idolatria, Prostituição e Violência – O templo de Ártemis era extremamente influente na vida dos cidadãos de Éfeso não só na questão religiosa e econômica. Mas o templo também influenciava na questão da violência e criminalidade na cidade e também na imoralidade sexual. Os criminosos encontravam asilo no templo. Ao estarem na iminência de sofrerem algum revés por seus atos criminosos eles corriam para o templo e lá encontravam um lugar que não podiam ser tocados, ou seja, encontravam um porto seguro. Além da questão de se tornar asilo para criminosos, o templo também era reduto de imoralidade e perversão. Naqueles dias existiam centenas de sacerdotisas que viviam no templo e que na verdade eram prostitutas cultuais. Barclay comenta sobre a triste de um dos filósofos mais populares grego, Heráclito, que ao se deparar com a realidade de Éfeso chora e faz o comentário de que ninguém poderia viver em Éfeso, como ele tinha feito, sem deixar de chorar todo o tempo pela degeneração e a corrupção que imperavam na cidade. Heráclito por isso ganhou o apelido de “o chorão”.  

O evangelho chega a Éfeso - “A igreja em Éfeso aparentemente foi fundada por dois cristãos de destaque, Áquila e Priscila. Junto com Paulo eles tinham vindo de Corinto a Éfeso (At 18.18), e permaneceram ali depois de Paulo viajar a Antioquia. Dois ou três anos depois Paulo voltou à cidade e pregou e ensinou o evangelho por dois anos. Seu trabalho em Éfeso se tornou o centro de evangelismo por toda a província da Ásia, já que não evidências de que Paulo tenha visitado outras cidades da Ásia (At 19.10). Mais tarde o trabalho em Éfeso foi levado avante por Timóteo, o companheiro de Paulo (1Tm 1.3); e, de acordo com as tradições de Irineu e Eusébio, pelo apóstolo João depois da morte de Paulo. Éfeso era sem dúvida alguma uma das cidades a que Paulo escreveu sua carta circular que nós chamamos Éfesios. Inácio, bispo de Antioquia, escreveu nos primeiros anos do segundo século sua primeira e também mais longa carta aos efésios, que ele elogia por sua unidade e conduta cristã irrepreensível, e por viverem em amor e harmonia soba a liderança de seu bispo, Onésimo.”[3] (Ladd, pg.30)

 

“ESCREVE AO ANJO DA IGREJA EM ÉFESO...” (verso 1)

A expressão Ao anjo escreve...” é extraída dos textos de Ap 1.20 e também em Ap 2.1; 2.8; 2.12; 2.18; 3.1; 3.7; 3.14. Existem muitas especulações sobre o significado da palavra “anjo” usada pelo apóstolo João nos textos acima citado.  

A palavra grega aggelos que é traduzida por anjo em nossas versões bíblicas podem possuir pelo menos dois significados. O primeiro pode ser literalmente anjo, ou seja, um ser celestial que é conceituado pela Bíblia como espíritos ministradores que estão sobre as ordens de Deus para servirem a seus propósitos (Hb 1.14). O segundo pode significar um mensageiro, neste caso, um ser humano que está incumbido de transmitir uma mensagem.  

Os estudiosos não são unânimes quanto a interpretação para utilização da palavra usada por João. Para ser muito sincero com os irmãos a percepção que tenho ao ler os comentários destes irmãos é que eles explanam as possíveis interpretações emanadas ao longo da história da igreja, mas que não emitem sua opinião pessoal acerca da interpretação da palavra.  

Porém, alguns conceituados estudiosos tais como: John MacArthur Jr., Hernandes Dias Lopes, Augustus Nicodemos são categóricos em afirmar que a palavra se refere ao pastor de cada uma das igrejas locais aos quais Jesus estava direcionando as cartas.  

As cartas que Jesus direciona as sete igrejas da Ásia Menor possuem aspectos específicos de cada uma daquelas igrejas. As cartas também servem como orientação a igreja de Cristo de todos os tempos.  

Essas cartas são direcionadas aos pastores devido eles serem os responsáveis diante de Deus por cada um daqueles rebanhos. O texto bíblico de Hebreus nos revela esse ensinamento: "Obedecei a vossos líderes, sendo-lhes submissos, pois eles estão cuidando de vós, como quem há de prestar contas; para que o façam com alegria e não gemendo, pois isso não vos seria útil." (Hebreus 13.17)

Partindo desse pressuposto de autoridade estabelecido por Deus muitos pastores manejando versos como o citado tornam-se verdadeiros déspotas e acabam oprimindo o rebanho do Senhor contrariando uma orientação bíblica expressa dada pelo apóstolo Pedro: Portanto, suplico aos presbíteros que há entre vós, eu que sou presbítero com eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: "pastoreai o rebanho de Deus que está entre vós, cuidando dele não por obrigação, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por interesse em ganho ilícito, mas de boa vontade;" nem como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. Quando o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imperecível coroa da glória”. (1 Pedro 5:1-4)

Por outro lado, muitos irmãos esquecem que quem constitui um pastor sobre a liderança de uma igreja é o Senhor da igreja, ou seja, o próprio Senhor Jesus. Muitos irmãos acabam confundindo o procedimento amoroso, educado, bondoso com fraqueza. Acabam trazendo um peso a vida do pastor e de sua família levando-os a pastorear o rebanho não por prazer, mas por obediência ao Senhor que ali os colocou.  

A sabedoria bíblica é bem clara enquanto a vontade de Deus para a direção de sua igreja. Jesus é o verdadeiro Pastor da igreja, porém suas ordens e orientações para sua noiva é direcionada aquele a quem Ele constituiu bispo sobre o rebanho d’Ele, ou seja, o pastor local, que aos olhos de Deus é um auxiliar de Jesus, o verdadeiro pastor da igreja.  

A função do pastor é transmitir a igreja a orientação de Jesus para o seu rebanho. Vale destacar que tanto o pastor, tanto o rebanho, precisam ser submissos a vontade de Jesus. Sendo assim alguns desafios são estabelecidos.  

O desafio do pastor é buscar intensamente a presença de Deus afim de que em Deus ele consiga ouvir e discernir a vontade de Deus para o seu povo, guia-lo dentro da Palavra de Deus, da sã doutrina que foi transmitido pelos apóstolos de Jesus. Essa é a orientação paulina: “O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros” (2 Timóteo 2.2) Um verdadeiro pastor tem a difícil (se encarada de forma carnal impossível) de ser um sucessor dos apóstolos e ser um guardião da sã doutrina afim de que o rebanho não se desvie da Palavra de verdade.   

O desafio do rebanho é se unir ao pastor e ser obediente a este a quem o Senhor deu autoridade para pastorear o rebanho. Isto é, quando este pastor é alguém que dá testemunho com sua vida de que é digno de confiança e cumpre os requisitos descritos pela Palavra de Deus das qualidades exigidas de um ministro do evangelho de Jesus. Qual é a dificuldade em se permitir ser pastoreado, conduzido a vontade de Deus através da vida deste pastor?

Quando pastor e rebanho se submetem ao Supremo Pastor a vontade de Deus é estabelecida e o fardo se torna leve e o jugo se torna suave (Mateus 11.28). Minha sincera oração é que nosso rebanho continue submisso a vontade de seu Supremo Pastor!

“ASSIM DIZ AQUELE QUE TEM AS SETE ESTRELAS NA MÃO DIREITA E ANDA NO MEIO DOS SETE CANDELABROS DE OURO” (Verso 1)

Jesus se apresenta como aquele que possui o pleno controle e poder sobre as “Sete Estrelas” - O verso vinte do primeiro capítulo do livro nos explica que as sete estrelas são uma referência aos líderes da igreja e o mesmo verso explica que os “Sete candelabros de Ouro” são uma referência as sete igrejas. O número sete na Bíblia possui uma simbologia de totalidade, de plenitude. Sendo assim Jesus está dizendo que Ele possui pleno controle sobre sua igreja, Ele é o verdadeiro líder de sua igreja e que está sempre presente no meio dela tomando conhecimento de seu procedimento, de suas obras.

Vale destacar o fato de que Jesus diz segurar em suas mãos o controle de nossas vidas. É extremamente reconfortante saber que Jesus nos tem nas palmas de suas mãos e nada e ninguém pode nos tirar de lá. Estamos seguros pois sabemos que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor. 

“CONHEÇO TUAS OBRAS, TEU TRABALHO E TUA PERSEVERANÇA. SEI QUE QUE NÃO SUPORTAS OS MAUS E QUE PUSESTE À PROVA OS QUE SE DIZEM APÓSTOLOS, MAS NÃO SÃO, E DESCOBRISTE QUE SÃO MENTIROSOS. TENS PERSERADO E SOFRESTE POR CAUSA DO MEU NOME; E NÃO TE DESANIMASTE” (versos 2 e 3)

Por estar presente na vida de sua igreja, Jesus pode afirmar que conhece a obra dos irmãos, conhece a vida dos irmãos. Por esse motivo devemos estar alertas e vigilantes. Tendo consciência de que Ele tem conhecimento de os nossos procedimentos, não somente procedimentos, mas também conhece os desejos do nosso coração. Todos um dia estaremos diante d’Ele iremos prestar contas de nossas vidas e devemos ter a convicção plena de que nada poderemos esconder de sua pessoa. A reflexão válida diante deste fato é: Quais serão as obras que Ele está presenciando de cada um de nós?

Era comum no mundo antigo pregadores itinerantes se serem recebidos nas igrejas e compartilharem ensinos. Todavia, as igrejas possuíam uma recomendação de Paulo para “examinar os espíritos” que significava que os irmãos precisavam analisar se o ensino estava de acordo com a sã doutrina. Jesus diz que os irmãos em Éfeso permaneceram fiéis a sã doutrina e que por isso chegaram a sofrer, pagaram um preço por se manterem fiéis. O Senhor relata que estes falsos apóstolos eram mentirosos. Desde daqueles dias a igreja luta para manter-se fiel a sã doutrina. Por isso devemos zelar e sempre ouvir a voz do pastor da igreja que é o responsável diante de Deus de orientar o rebanho na sã doutrina. Sempre irão surgir modas, ventos de doutrina, criados por falsos mestres com intuito de desviar o povo de Deus da sã doutrina.

“TENHO CONTRA TI, PORÉM, O FATO DE QUE DEIXASTE O TEU PRIMEIRO AMOR. LEMBRA-TE DE ONDE CAÍSTE, ARREPENDE-TE E VOLTA ÁS OBRAS QUE PRATICAVAS NO PRINCÍPIO. SE NÃO TE ARREPENDERES, LOGO VIREI CONTRA TI E TIRAREI O TEU CANDELABRO DO SEU LUGAR.” (VERSOS 4 E 5)

Jesus faz uma exortação a igreja dizendo que eles ao enfrentarem lutas contra os falsos mestres acabaram se esfriando na fé. Aqueles irmãos acabaram tendo boa doutrina, mas seu relacionamento com o Senhor se tornou frio e sem vida. A orientação que vem jungida a exortação é para aquele fizessem uma retrospectiva em sua memória e lembrassem onde perderam o prazer da comunhão com o Senhor. O desejo de Jesus é que eles pudessem ter um diagnóstico do que os afastou e o que os afastava da presença d’Ele. Tomando conhecimento disso pudessem se arrepender e novamente tornarem a se relacionar com Ele de forma saudável e apaixonada. 

“Há uma solene advertência à igreja, caso ela não se arrependa. Jesus disse: ”e, se não, venho a ti e removerei do seu lugar o candeeiro” (2:5). Candeeiro é feito para brilhar. Se ele não brilha, ele é inútil, desnecessário. A igreja não tem luz própria. Ela só reflete a luz de Cristo. Mas, se não tem intimidade com Cristo, ela não brilha; se ela não ama, não brilha, porque quem não ama está nas trevas. John Stott afirma que nenhuma igreja tem lugar seguro e permanente neste mundo. Ela está continuamente sendo julgada. O juízo começa na casa de Deus. Antes de julgar o mundo, Jesus julga a igreja. A igreja de Éfeso deixou de existir. A cidade de Éfeso deixou também de existir. Hoje, só existem ruínas e uma lembrança de uma igreja que perdeu o tempo da sua visitação”. (Hernandes Dias Lopes, pg. 72)

“MAS TENS A TEU FAVOR QUE ODEIAS AS OBRAS DOS NICOLAITAS, AS QUAIS EU TAMBÉM ODEIO”. (verso 6)

Os nicolaítas eram um grupo de cristãos que ensinavam de forma herética falsas doutrinas. Eles ensinavam que era lícito relações sexuais antes e fora do casamento, ensinavam também que era possível comer comidas sacrificada aos ídolos. Hernandes Dias Lopes faz um comentário interessante dizendo que eles queriam viver o melhor dos aspectos da vida cristã e o melhor da vida mundana. A igreja de Éfeso perseverou na sã doutrina e não permitiu que esses falsos crentes carnais pudessem proliferar em seu meio esses ensinos heréticos.

N.T.Wright aconselha em sua obra comentando a perícope: “... O ponto principal que podemos extrair dessa menção aos “nicolaítas” é que a Igreja deve estar sempre atenta a indivíduos ou grupos que tentam ensinar novas ideias estranhas ou introduzir novas práticas estranhas. Isso não significa que Deus nunca tenha coisas novas para a Igreja aprender. Longe disso! Mas essas coisas novas virão de um estudo da escritura cheio de oração e repleto do espírito, e não por mera inovação”.[4]

“QUEM TEM OUVIDOS OUÇA O QUE O ESPÍRITO DIZ ÀS IGREJAS. AO QUE VENCER, EU LHE PERMITIREI COMER DA ÁRVORE DA VIDA, QUE ESTÁ NO PARAÍSO DE DEUS”. (verso 7)

 A semelhança dos oráculos contidos no Antigo Testamento o apóstolo João recebe do Espírito Santo uma incumbência de revelar a vontade de Deus e exortar aos cristãos não somente daquele tempo presente, mas de todos os tempos, a ouvir e praticar o que o profeta estava revelando da parte do Senhor Jesus.

Todas as sete cartas terminam com uma promessa ao vencedor. Todavia, vale ressaltar que não há vitória sem luta, sem guerra. A vida cristã é um palco de guerra. Tomemos o exemplo da figura do soldado e sua armadura utilizada pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios no capítulo seis para nos ensinar acerca das armas espirituais. O apocalipse revela como os dias serão maus e como será difícil se manter fiel, mas o texto profético também revela a vitória de Jesus e junto a Ele todo aquele que for fiel até a morte, em alguns casos sendo necessário selar seu testemunho com a própria vida. Osborne diz ser uma das mais importantes mensagens do livro o desafio de ser um “vencedor”. Ele relata que o apóstolo João está se utilizando de uma metáfora esportiva e militar, que conota superioridade e vitória sobre um inimigo subjugado

Ao vencedor será dado de comer da árvore da vida. Adolf Pohl comenta que provavelmente exista um contraste entre a comunhão com o verdadeiro Deus e os ídolos pagãos. No mundo antigo muitas vezes a comunhão é acompanhada de banquetes envolvendo comida. Os nicolaítas eram conhecidos pelo incentivo ao consumo de comida sacrificada aos ídolos. A árvore da vida será dada por consumo para todo aquele que permanecer fiel ao Senhor Jesus que possui autoridade dada por Deus para dar acesso ao paraíso de Deus, um lugar ao qual Deus irá restaurar os padrões iniciais do Éden.

Grant R. Osborne faz uma aplicação teológica extraordinária. Ele faz um link entre à arvore da vida com a cruz (madeira extraída de uma árvore) em que Jesus foi crucificado possibilitando a humanidade seu retorno ao paraíso de Deus para poder novamente se alimentar da árvore da vida. Uma vez que após a queda a humanidade foi impedida de continuar a se alimentar do fruto da árvore da vida.

CONCLUSÃO E APLICAÇÃO:

A igreja de Éfeso teve êxito em enfrentar as ameaças doutrinárias e os falsos mestres de seus dias. Lutou em prol da sã doutrina e preservou o bom deposito que havia recebido da parte do Senhor. Isso nos serve de bom exemplo. Nossos dias ainda são mais desafiadores ainda pela facilidade de disseminação através principalmente das redes sociais. A internet deu voz também para muita gente totalmente sem bom senso e preparo. A semelhança dos irmãos que permaneceram firmes na sã doutrina precisamos nos esforçar em cada vez mais buscar ao Senhor e estudar a sua Palavra.

 Todavia, ao embates e esforços dos irmãos em Éfeso podem ter contribuído para um esfriamento em seu relacionamento com o Senhor Jesus. Jesus os adverte para que se arrependessem e retornassem ao primeiro amor, as primeiras obras. Eles precisavam restaurar um relacionamento saudável com o Senhor e uns com os outros. É impossível vier o evangelho sem comunhão, sem proximidade, sem compartilhamento de vida. Precisamos tomar muito cuidado com o nosso relacionamento com Deus para que os nossos relacionamentos fraternos sejam chafurdados do amor que emana do coração do Pai.


[1] GORMAN, Michael J. Lendo Apocalipse com responsabilidade: testemunho e adoração incivil: seguindo o Cordeiro rumo à nova criação. Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2022, pg. 15.

[2] HALE, Broadus David. Introdução ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983, pg. 432

 

[3] LADD, George Eldon. Apocalipse: Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980, pg. 30.

[4]

3ª Ministração - Ao anjo da igreja em Pérgamo - 08/06/2025

  Rio de Janeiro, 08 de junho de 2025.   Série de Mensagens – Ao anjo da igreja Tema da Mensagem – Ao anjo da igreja em Pérgamo Tex...