Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2025.
Série de Mensagens
– A gênese da igreja
Tema da Mensagem
– Eles foram comissionados
Texto Base
– Atos 1:6-8
INTRODUÇÃO:
O texto que
estamos analisando possui uma das cenas mais decisivas de toda a história da
igreja. Jesus está prestes a ascender aos céus. Os discípulos, ainda marcados
por expectativas políticas e nacionalistas, perguntam sobre o “restabelecimento
do reino a Israel”. A resposta de Cristo não apenas corrige sua compreensão, mas
estabelece a missão, a identidade e a vocação da igreja em
todos os tempos.
Segundo John Stott, este texto funciona como “um índice para todo o livro de Atos”—o evangelho começa
em Jerusalém, avança pela Judeia e Samaria e alcança os confins da terra.
Especificamente
o texto de Atos 1.8 não é apenas uma promessa missionária, mas a própria estrutura teológica da expansão do Reino. Cristo não condena a pergunta dos
discípulos, mas redireciona seu entendimento, mostrando que o Reino se manifesta
primeiramente no avanço espiritual do evangelho, não em projetos políticos.
Esse texto é
essencial porque responde três perguntas fundamentais: 1) Qual é o foco do Reino de Deus? 2) qual é a missão da igreja? 3) de onde
vem o poder para cumpri-la?
1º APONTAMENTO – A PERGUNTA
DOS DISCÍPULOS (V.6)
Os discípulos ainda pensavam em
categorias nacionais e políticas. Vale destacar que eles esperavam uma
restauração política semelhante ao reinado de Davi. Ao examinar o texto
acredito que a pergunta dos discípulos é honesta, mas teologicamente
inadequada: eles ainda não haviam entendido que o Reino de Deus é universal,
espiritual e redentivo.
Vale ressaltar que o judaísmo do
século I tinha forte esperança de libertação nacional, por isso a dúvida dos
discípulos reflete expectativas culturais profundas. Nossa tendência humana é tenta
reduzir o evangelho a agendas menores—política, moralismo, autoajuda—mas o
Reino de Cristo não se limita a isso.
Jesus não ridiculariza a
pergunta, mas mostra que eles esperam o Reino no tempo errado, na dimensão
errada e pela força errada.
2º
APONTAMENTO – A RESPOSTA DE JESUS SOBRE OS TEMPOS (V.7)
Aqui, Jesus corrige a ansiedade
dos discípulos sobre cronologias e eventos futuros. A resposta de Jesus nos
deixa claro que ele não apoia especulações escatológicas: o foco da igreja não
é prever datas, mas cumprir sua missão.
Deus é Soberano da história—Ele
conduz o plano, não a igreja. O interesse de Jesus é coibir a excessiva
curiosidade e redirecionar os discípulos para aquilo que é revelado. O ensino é
claro: a igreja não controla o tempo da restauração, mas controla sua
obediência na missão.
3º
APONTAMENTO – O CORAÇÃO DA PASSAGEM: PODER, TESTEMUNHO E ABRANGÊNCIA (V.8)
Este é o
verso-chave de toda a missão cristã. Podemos extrair desse verso três características
da missão: Poder, testemunho e abrangência. Vamos analisar essas três
características ensinadas por Jesus.
“Recebereis
poder…” — A Fonte da Missão
O poder não
é político, militar ou cultural, mas espiritual, dado pelo Espírito Santo. Sem
o Espírito, o cristão é “como uma ferramenta sem mão". A missão da igreja
é impossível sem capacitação do alto. A igreja não avança pela eloquência,
estratégias ou riqueza, mas pelo poder sobrenatural do Espírito.
“Sereis
minhas testemunhas…” — A Identidade da Missão
A igreja
não é chamada apenas a falar sobre Cristo, mas a testemunhá-Lo com a vida e a
palavra. Testemunhar implica fidelidade: A igreja existe para tornar Cristo
conhecido. Testemunhar é proclamar, viver e demonstrar o Cristo ressuscitado. Testemunhar
é representar Cristo no mundo.
“Jerusalém… Judeia e Samaria… confins da
terra” — A Expansão da Missão
Os
comentaristas concordam que este verso é um mapa missionário: 1) Jerusalém — o
lugar onde estamos; Judeia e Samaria — lugares próximos, mas muitas vezes
resistentes ou culturalmente diferentes; os confins da terra — todo o mundo,
sem limites.
Segundo Keener,
“confins da terra” ecoa Isaías 49:6: o Messias é luz para todas as nações. A
igreja só é fiel quando vive em movimento. Isso refuta todo exclusivismo étnico
ou religioso: o Reino é global.
APLICAÇÕES
PRÁTICAS PARA NOSSAS VIDAS:
·
Abandone
expectativas terrenas e estreitas. O Reino de Cristo não é político,
ideológico ou nacionalista;
·
Pare de
especular sobre datas e eventos. Jesus não nos chamou para
adivinhar o futuro, mas para anunciar o evangelho;
·
Busque o
poder do Espírito. Sem Ele, a igreja é impotente; com Ele, é
invencível;
·
Assuma
sua identidade de testemunha. Se Cristo mudou sua vida,
outros precisam saber;
·
Enxergue o
campo missionário começando onde você está. Sua “Jerusalém” é sua casa, sua
igreja, seu bairro;
·
Expanda
sua visão para além das fronteiras. O evangelho é global; nosso
chamado também.
CONCLUSÃO:
O texto nos
apresenta a igreja como um povo enviado,
empoderado e governado pelo Cristo ressurreto. Não
somos chamados a aguardar passivamente a restauração final do Reino, mas a
participar ativamente da sua expansão espiritual até o dia em que Cristo
voltar.
Que
vivamos como testemunhas fiéis, cheias do Espírito, levando o nome de Jesus da nossa Jerusalém aos confins da terra.
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