Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2025.
Série de Mensagens –
A gênese da igreja
Tema da Mensagem –
O prólogo
Texto Base –
Atos 1:1-5
INTRODUÇÃO:
Meus queridos
irmãos (as), gostaria de iniciar esta série com uma frase magistral de um dos
maiores escritores vivo em nossos dias. Seu nome é Eugene Peterson, em seu
livro “Maravilhosa Bíblia”, Peterson diz a seguinte frase: “Ao se ajuntar
aos escritores das Sagradas Escrituras, somos instruídos em uma prática de
leitura e escrita infundida de enorme respeito – mais que respeito, profunda
reverência – pelo poder revelador e transformador das palavras”.
Gostaria de iniciar com esta frase
visando salientar a importância que devemos dar ao nosso momento devocional, no
que diz respeito a leitura da Palavra de Deus. Nossas igrejas, vêm sendo tomada
por uma total falta de reverência e descaso no que tange, ao cuidado de sermos
uma comunidade comprometida com o exame das Escrituras.
Muitas pessoas confunde o princípio
da Reforma de livre exame, com livre interpretação. A Bíblia pode ser tida como
mãe de todas as heresias, dependendo de quem for a pessoa que está a examiná-la
e a interpretá-la, se por trás disso estiverem interesses pessoais, interesses
denominacionais, interesses políticos, interesses econômicos, enfim, os mais
diversos interesses pessoais.
A ferramenta utilizada para interpretação de um
texto Bíblico é a hermenêutica. Essa por sua vez, contém em seus parâmetros
alguns atributos necessários para uma boa aplicação.
É partindo dos princípios
hermenêuticos que iremos iniciar nossa série de estudos no livro de Atos dos
Apóstolos. Vejamos alguns dados importantes para considerarmos acerca do mesmo.
·
“É o único que tenta apresentar uma narrativa histórica dos tempos.
Imediatamente, seguintes à ascensão de Jesus Cristo” (Broadus David Hale –
Introdução ao Estudo do Novo Testamento);
·
As informações encontradas nele não se encontram em nenhum outro livro
do Novo Testamento. Alguma informação pode ser colhida das epístolas, acerca da
igreja primitiva; mas, é somente quando colocarmos essas epístolas dentro da
estrutura de Atos que podemos reconstruir, até certo ponto, a história da
igreja que emergia. (Broadus Davi Hale – Introdução ao Estudo do Novo
Testamento);
·
O Evangelho prevê a igreja, e as Epístolas pressupõe a igreja. O livro
de Atos foi escrito para descrever o surgimento o surgimento e o
desenvolvimento da igreja (Broadus David Hale – Introdução ao Novo Testamento);
·
Irineu, por volta de 190 d.C., foi o primeiro a usar o título simples de
“Atos dos Apóstolos”. Provavelmente, este segundo volume de Lucas não tinha um
título, assim como o primeiro volume. Os títulos foram acrescentados
posteriormente, para distinguir esses escritos dos outros escritos do Novo Testamento
e para dar alguma ideia quanto ao conteúdo de cada um. Contudo, há de se ver
que esse título é enganoso. Esse livro não pretende ser obra dos apóstolos; é a
história do crescimento do movimento cristão, conforme visto e entendido por
uma pessoa que estava grandemente interessada em seu desenvolvimento histórico.
(Broadus David Hale – Introdução ao Novo Testamento).
·
O Evangelho (primeiro volume) relata o que “Jesus começou a fazer e a
ensinar (At 1.1), E Atos (segundo volume) descreve o desenvolvimento lógico dos
elementos básicos nesse ministério, que se iniciava. (Brodus David Hale –
Introdução ao Novo Testamento);
AUTORIA DO LIVRO:
Os pais da
igreja, os reformadores, a tradição cristã, indicam como autor do livro de
Atos, “Lucas o médico amado”.
EVIDÊNCIAS INTERNAS:
·
A linguagem e a escrita denunciavam uma erudição de uma pessoa letrada,
e também pelos termos e expressões evidenciavam o costume de um médico;
·
O livro foi escrito por algum companheiro de Paulo. Pois a partir de At
16.10, é aplicado o pronome nós, ao invés de eles. Se formos eliminando as
possibilidades dos companheiros de Paulo, chegaremos ao senso comum, de que
Lucas era o mais adequado a esta posição;
EVIDÊNCIAS EXTERNAS:
·
O prólogo Anti Marcionita ao Evangelho de Lucas, escrito por volta de
160-180 d.C., afirma que Lucas, o médico e companheiro de Paulo, escreveu o evangelho
e “os Atos dos Apóstolos”. (Broadus David Hale - Introdução ao Novo
Testamento);
·
Irineu por volta do ano 185 d.C., atribuiu a Lucas a autoria do texto;
·
Clemente de Alexandria por volta do ano 190 d.C., atribuiu a Lucas a
autoria do texto;
·
Tertuliano e Orígenes no final do segundo século e início do terceiro
século, atribuíram a Lucas a autoria.
·
Eusébio de Cesaréia por volta do ano 325 d.C., também evidência a
autoria Lucas.
DATA:
A maioria dos
estudiosos são unânimes em atribuir a data para antes do ano 70d.C. Isso pelo
fato, da destruição da cidade Jerusalém pelo imperador Nero, era um fato
histórico muito importante para ter sido omitido, caso o livro fosse escrito
após esta data.
Parece haver um senso comum de que
Atos fora escrito por volta do ano 62 d.C. Algumas considerações são válidas
para pensarmos nesta data. São elas:
1.
A maneira abrupta de encerrar pode ser explicada pelo fato de Atos ter
sido escrito antes do aparecimento de Paulo perante Nero. Não é natural um
livro ser terminado desta maneira, se o autor sabia que Paulo havia sido solto;
2.
Em nenhuma parte, o autor insinua a morte de Paulo. Atos termina com uma
nota demasiadamente confiante. Certamente o autor, em algum lugar, teria traído
a si próprio se soubesse da morte de Paulo;
3.
A reação geral das autoridades romanas ao cristianismo torna difícil de
se crer que a perseguição de Nero havia iniciado. Em toda parte, os oficiais
romanos haviam declarado os cristãos inocentes das acusações trazida contra
eles. A perseguição por decreto governamental ainda não começado.
O PRÓLOGO
1º APONTAMENTO – TUDO O QUE JESUS COMEÇOU A FAZER E A ENSINAR.
“O primeiro
relato, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou a ensinar, até o dia em
que foi elevado ao céu, após ter dado orientações, pelo Espírito Santo, aos
apóstolos que escolhera”. (Versos 1 e 2)
John Stott destaca que Atos é o
volume dois do evangelho de Lucas — o relato de tudo o que Jesus continuou a
fazer e ensinar por meio do Espírito Santo e da Igreja. O que Jesus começou a
fazer em seu corpo físico nos Evangelhos, Ele continua a fazer em seu corpo
espiritual — a Igreja — em Atos.
David
Garland reforça que Atos é uma ponte entre a obra de Cristo e a missão da
Igreja, mostrando que o cristianismo não é uma religião estática, mas uma
história em movimento — uma fé que caminha do Cenáculo até os confins da terra.
Lucas
destaca que o Evangelho narrava o que Jesus começou a fazer e ensinar —
implicando que o que vem agora é a continuação de sua obra. Simon Kistemaker
observa que o verbo ‘começar’ indica que o ministério terreno de Jesus não foi
o fim, mas o início do agir divino através dos apóstolos.
Aplicação:
A Igreja não é uma nova iniciativa humana, mas a continuação da missão do
Cristo ressurreto. Somos chamados a prosseguir a história de Jesus no mundo.
Albert Mohler Jr. destaca que a Igreja primitiva não recebeu um programa, mas
uma pessoa — o Espírito Santo — para continuar a obra do Salvador.
2º APONTAMENTO – A REALIDADE DA
RESSURREIÇÃO: O CRISTO VIVO ENSINA O SEU POVO.
“Depois
de ter sofrido, apresentou-se vivo também a eles, com muitas provas
incontestáveis, aparecendo-lhes por quarenta dias e falando das coisas
referentes ao reino de Deus”. (Verso 3)
Lucas
reforça que Jesus se apresentou vivo “com muitas provas incontestáveis”. Howard
Marshall explica que o termo grego ‘tekmērion’
enfatiza a objetividade da ressurreição — uma realidade histórica, não apenas
espiritual. Craig Keener acrescenta que o período de quarenta dias é um tempo
de transição e instrução, no qual o Ressuscitado prepara os discípulos para
compreender o Reino de Deus em sua dimensão espiritual e missional.
Antes
de agir, o discípulo precisa encontrar-se com o Cristo vivo. A missão cristã
não nasce da estratégia, mas do encontro com a ressurreição.
3º APONTAMENTO – A PROMESSA DO PAI: O
PODER DO ESPÍRITO SANTO.
“Enquanto
participava de uma refeição com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim
ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias”. (Versos 4 e 5)
Jesus ordena que os discípulos não
saiam de Jerusalém, mas esperem a promessa do Pai. A expectativa é de
continuidade: a promessa feita por João Batista se cumpre agora. Kistemaker
comenta que o batismo com o Espírito não é privilégio de uma elite, mas
capacitação para todos os que participam da missão de Cristo.
Howard
Marshall vê nisso o marco de uma nova era redentora — o tempo do Espírito. John
Stott reforça: “Sem o Espírito, a Igreja
não passa de um cadáver; com o Espírito, ela é um corpo vivo em missão”.
Albert Mohler Jr. observa que Jesus manda esperar: a Igreja precisa aprender a esperar
em obediência antes de agir em presunção. A ação sem o Espírito é apenas
ativismo religioso.
O
poder do Espírito não é uma emoção, mas a presença de Deus para testemunhar
Cristo. A promessa do Pai é o combustível da missão.
CONCLUSÃO:
Atos
1:1-5 mostra o elo entre o Cristo histórico e o Cristo presente na Igreja.
Jesus começou a obra. O Espírito continua a obra. A Igreja participa dessa
obra. David Garland conclui: “Atos não
termina porque a missão de Deus ainda não terminou. O Espírito continua
escrevendo essa história através de nós”.
O
texto nos chama a três atitudes: reconhecer que a missão é de Cristo, não
nossa; crer no Cristo vivo que age hoje; e esperar e depender do Espírito antes
de agir.
.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário