sábado, 22 de março de 2014

Resumo do Livro: "A Gênese da predestinação da história da teologia cristã" - Autor Thiago Titillo

TITILLO, Thiago Veloso. A Gênese da predestinação da história da teologia cristã: uma análise Bíblica do pensamento Agostiniano sobre o pecado e graça. São Paulo: Fonte Editorial, 2014.


            Antes de entrarmos propriamente no conteúdo da obra, vale apresentar o autor da mesma e sua formação acadêmica. O Pr. Thiago Velozo Titillo é pastor Batista, membro da PIB em Botafogo, onde atua auxiliando o pastor Márcio (pastor titular) nos ministérios de educação cristã e casais. É casado com Daniellly Titillo e pai de uma linda princesa chamada Yasmim. O mesmo é bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Betel no Rio de Janeiro, Licenciado em Letras pela Universidade Estácio de Sá e também pós-graduando em Teologia Bíblica e Sistemática-Pastoral pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro. É professor na Faculdade de Teologia de Wintteberg, da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, e do Colégio Souza Marques.
            O tratado realizado por Titillo é fruto de sua monografia no curso de bacharel em teologia no Seminário Teológico Betel. A presente obra trata de um profundo desejo do seu autor em relação à sua posição teológica acerca da sotereologia. O mesmo fora defensor da doutrina cunhada por Agostinho e defendida pelos principais expositores da reforma protestante, doutrina essa que ficou conhecida como “calvinismo”.
            A pesquisa realizada pelo autor, fez com que o mesmo mudasse sua opinião acerca de sua posição sobre o assunto. Sua pesquisa teve como metodologia avaliar a evolução do pensamento teológico de Agostinho de Hipona, o conhecido teólogo africano, haja vista que suas pressuposições teológicas foram bases para a construção do pensamento dos principais nomes da reforma: Martinho Lutero e João Calvino.
            Thiago inicia sua obra conceituando os termos chaves de sua pesquisa: predestinação e livre-arbítrio. Titillo utilizou-se de uma grande carga filosófica para elucidação dos termos chaves, deixando seu leitor clarificado quanto às devidas diferenças entre os termos e suas mais diversas ramificações.
            Após, apontou os conceitos de pecado e graça sobre o prisma da teologia evangélica conservadora. Dadas as explicações sobre os conceitos de pecado e graça, ele parte para elucidar os termos clássicos que diferenciam as duas cosmovisões sotereológicas: monergismo e sinergismo. Lançados esses alicerces, pois sem estes não seria possível a compreensão das explicações dos sistemas teológicos: pelagianismo, agostianismo e semipelagianismo.
            Realizado as explicações inicias dos termos chaves, dos conceitos teológicos acerca da graça e pecado, e também dos sistemas teológicos, Thiago se engaja em examinar a construção do pensamento de Agostinho acerca do pecado e da graça. Para isso, ele analisa as três controvérsias em que o bispo de Hipona se lança ao embate. São elas: a controvérsia maniqueísta, a controversa donatista e a controvérsia pelagiana.
            Ao analisar os documentos escritos pelo próprio Agostinho, o autor da obra chega à conclusão de que o famoso bispo mudou sua concepção acerca dos conceitos estudados. E, essa mudança, se deu pelo fato das controvérsias que Agostinho teve que se lançar para defender os pressupostos cristãos.
            Na controvérsia maniqueísta Agostinho se lançou a combater do dualismo cósmico defendido por esta seita gnóstica. Já na controvérsia donatista o monge teve que tentar apaziguar o cisma que a igreja estava sofrendo, o mesmo fora eleito pela liderança de sua igreja a ser o principal defensor da verdadeira fé cristã. Todavia, chega a um determinado tempo em que os argumentos de Agostinho se esvaem e ele decide agir de forma arbitrária para inibir a facção que surge no seio da igreja. Para isso constrói sua teologia sobre a posição do Estado como o braço de Deus junto à igreja para cristianizar a população. Sem falar que fora nessa controvérsia que ele cunhou a sua concepção da regeneração através do batismo (se ele cunhou antes, pelo menos ele desenvolveu melhor a doutrina dos sacramentos em meio à disputa com os donatistas). Por último, enfrentou o herege Pelágio com suas teses sobre a possibilidade do homem se justificar diante de Deus e com a possibilidade de viver sem pecado, sem o auxílio da graça para tal feito. Essas controvérsias, na concepção do autor, foram essenciais para a construção da doutrina determinista de Agostinho.
            O monge ponderou acerca das questões: se o Estado e a Igreja podem determinar que as pessoas se convertessem ao cristianismo, logo não a nada de errado em Deus determinar quem possa ou não ser salvo, o que é um grande passo para cunhar sua concepção da graça irresistível. Na questão pelagiana, Agostinho constrói seu pensamento acerca do pecado original (depravação total do homem), constrói o pensamento da necessidade da graça para a salvação do homem, o que fora encontrado nos pais da igreja, não da forma extremista que foi adotada pelo bispo hiponense.
            Nos capítulos finais Titillo analisa o pensamento destas doutrinas nos principais pais da igreja do ocidente e do oriente. São eles, da igreja oriental: Justino, Irineu e Orígines. Da igreja ocidental: Tertuliano, Cipriano e Ambrósio. E chega à conclusão de que a concepção cunhada por Agostinho não era encontrada em seus antecessores.
            Realizado os apontamentos dos pais. Thiago se lança em examinar os cânones dos sínodos, enfatizando o Concílio de Éfeso (431) e o Sínodo de Orange (529). Após uma análise meticulosa dos mesmos, a conclusão do autor é a mesma: não há uma defesa do pensamento determinista-agostiniano nos documentos cunhados nestes eventos específicos.
            O autor conclui sua obra testificando por fontes históricas que Agostinho mudou sua concepção sobre o pecado e a graça, sendo extremamente influenciado pelas controvérsias nas quais se engajou. Thiago aproveita também para refutar alguns teólogos calvinistas que citam a doutrina como pré-agostiniana.
            Endosso a obra em questão com louvor por suas fontes bibliográficas, pela metodologia utilizada pelo autor para a conclusão de sua tese e também pelo extremo zelo cientifico do autor ao examinar os anais históricos com vistas à construção de uma cosmovisão Bíblica-Teológica-Histórica do assunto supracitado. A leitura da obra do Pr. Thiago Titillo é de extrema importância e relevância aos acadêmicos no campo da teologia. Sem dúvidas, uma grande contribuição para a igreja evangélica brasileira. Termino congratulando o autor por sua excelente obra.


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