TITILLO,
Thiago Veloso. A Gênese da predestinação
da história da teologia cristã: uma análise Bíblica do pensamento Agostiniano
sobre o pecado e graça. São Paulo: Fonte Editorial, 2014.
Antes de entrarmos propriamente no
conteúdo da obra, vale apresentar o autor da mesma e sua formação acadêmica. O
Pr. Thiago Velozo Titillo é pastor Batista, membro da PIB em Botafogo, onde
atua auxiliando o pastor Márcio (pastor titular) nos ministérios de educação
cristã e casais. É casado com Daniellly Titillo e pai de uma linda princesa
chamada Yasmim. O mesmo é bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Betel
no Rio de Janeiro, Licenciado em Letras pela Universidade Estácio de Sá e
também pós-graduando em Teologia Bíblica e Sistemática-Pastoral pela Faculdade
Batista do Rio de Janeiro. É professor na Faculdade de Teologia de Wintteberg,
da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, e do Colégio Souza Marques.
O tratado realizado por Titillo é
fruto de sua monografia no curso de bacharel em teologia no Seminário Teológico
Betel. A presente obra trata de um profundo desejo do seu autor em relação à
sua posição teológica acerca da sotereologia. O mesmo fora defensor da doutrina
cunhada por Agostinho e defendida pelos principais expositores da reforma
protestante, doutrina essa que ficou conhecida como “calvinismo”.
A pesquisa realizada pelo autor, fez
com que o mesmo mudasse sua opinião acerca de sua posição sobre o assunto. Sua
pesquisa teve como metodologia avaliar a evolução do pensamento teológico de
Agostinho de Hipona, o conhecido teólogo africano, haja vista que suas
pressuposições teológicas foram bases para a construção do pensamento dos
principais nomes da reforma: Martinho Lutero e João Calvino.
Thiago inicia sua obra conceituando
os termos chaves de sua pesquisa: predestinação e livre-arbítrio. Titillo
utilizou-se de uma grande carga filosófica para elucidação dos termos chaves, deixando
seu leitor clarificado quanto às devidas diferenças entre os termos e suas mais
diversas ramificações.
Após, apontou os conceitos de pecado
e graça sobre o prisma da teologia evangélica conservadora. Dadas as
explicações sobre os conceitos de pecado e graça, ele parte para elucidar os
termos clássicos que diferenciam as duas cosmovisões sotereológicas: monergismo
e sinergismo. Lançados esses alicerces, pois sem estes não seria possível a
compreensão das explicações dos sistemas teológicos: pelagianismo, agostianismo
e semipelagianismo.
Realizado as explicações inicias dos
termos chaves, dos conceitos teológicos acerca da graça e pecado, e também dos
sistemas teológicos, Thiago se engaja em examinar a construção do pensamento de
Agostinho acerca do pecado e da graça. Para isso, ele analisa as três
controvérsias em que o bispo de Hipona se lança ao embate. São elas: a
controvérsia maniqueísta, a controversa donatista e a controvérsia pelagiana.
Ao analisar os documentos escritos
pelo próprio Agostinho, o autor da obra chega à conclusão de que o famoso bispo
mudou sua concepção acerca dos conceitos estudados. E, essa mudança, se deu
pelo fato das controvérsias que Agostinho teve que se lançar para defender os
pressupostos cristãos.
Na controvérsia maniqueísta
Agostinho se lançou a combater do dualismo cósmico defendido por esta seita
gnóstica. Já na controvérsia donatista o monge teve que tentar apaziguar o
cisma que a igreja estava sofrendo, o mesmo fora eleito pela liderança de sua
igreja a ser o principal defensor da verdadeira fé cristã. Todavia, chega a um
determinado tempo em que os argumentos de Agostinho se esvaem e ele decide agir
de forma arbitrária para inibir a facção que surge no seio da igreja. Para isso
constrói sua teologia sobre a posição do Estado como o braço de Deus junto à
igreja para cristianizar a população. Sem falar que fora nessa controvérsia que
ele cunhou a sua concepção da regeneração através do batismo (se ele cunhou
antes, pelo menos ele desenvolveu melhor a doutrina dos sacramentos em meio à
disputa com os donatistas). Por último, enfrentou o herege Pelágio com suas
teses sobre a possibilidade do homem se justificar diante de Deus e com a
possibilidade de viver sem pecado, sem o auxílio da graça para tal feito. Essas
controvérsias, na concepção do autor, foram essenciais para a construção da
doutrina determinista de Agostinho.
O monge ponderou acerca das
questões: se o Estado e a Igreja podem determinar que as pessoas se convertessem
ao cristianismo, logo não a nada de errado em Deus determinar quem possa ou não
ser salvo, o que é um grande passo para cunhar sua concepção da graça
irresistível. Na questão pelagiana, Agostinho constrói seu pensamento acerca do
pecado original (depravação total do homem), constrói o pensamento da
necessidade da graça para a salvação do homem, o que fora encontrado nos pais
da igreja, não da forma extremista que foi adotada pelo bispo hiponense.
Nos capítulos finais Titillo analisa
o pensamento destas doutrinas nos principais pais da igreja do ocidente e do
oriente. São eles, da igreja oriental: Justino, Irineu e Orígines. Da igreja
ocidental: Tertuliano, Cipriano e Ambrósio. E chega à conclusão de que a
concepção cunhada por Agostinho não era encontrada em seus antecessores.
Realizado os apontamentos dos pais.
Thiago se lança em examinar os cânones dos sínodos, enfatizando o Concílio de
Éfeso (431) e o Sínodo de Orange (529). Após uma análise meticulosa dos mesmos,
a conclusão do autor é a mesma: não há uma defesa do pensamento determinista-agostiniano
nos documentos cunhados nestes eventos específicos.
O autor conclui sua obra
testificando por fontes históricas que Agostinho mudou sua concepção sobre o
pecado e a graça, sendo extremamente influenciado pelas controvérsias nas quais
se engajou. Thiago aproveita também para refutar alguns teólogos calvinistas
que citam a doutrina como pré-agostiniana.
Endosso a obra em questão com louvor
por suas fontes bibliográficas, pela metodologia utilizada pelo autor para a
conclusão de sua tese e também pelo extremo zelo cientifico do autor ao
examinar os anais históricos com vistas à construção de uma cosmovisão
Bíblica-Teológica-Histórica do assunto supracitado. A leitura da obra do Pr.
Thiago Titillo é de extrema importância e relevância aos acadêmicos no campo da
teologia. Sem dúvidas, uma grande contribuição para a igreja evangélica
brasileira. Termino congratulando o autor por sua excelente obra.
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