Rio
de Janeiro, 01 de fevereiro de 2015.
O Paradoxo da Imperfeição
Muitos escritores já usaram sua pena
para descrever a cerca do cristão, sendo atacado, ou acusado, por alguém. Tais
acusadores alegam que ele deve ser um ser perfeito, sem máculas. Alguém em quem consigamos enxergar a aureola
por cima de sua cabeça. Alguns destes escritos marcaram meu pensar sobre esta
questão: “Super Crentes, de Paulo Romeiro”, “Salvos da perfeição, de Elenai
Cabral”, “Pode ou não pode, de Ricardo Gondim”, e alguns outros. Sem mencionar as
mensagens de Caio Fábio, Ed Rene Kivitz, Ricardo Gondim, etc.
Não
tenho a pretensão de fazer nenhuma espécie de adendo às contribuições na
construção do pensamento destes grandes pensadores. Todavia, gostaria de alguma
forma através de minha humilde pena expressar o que está inundando o meu
coração neste momento de minha vida.
O
dicionário Houasis da língua portuguesa define paradoxo como: “Pensameto, proposição ou argumento que
contraria princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento
humano, ou desafia a opinião concebida, a crença ordinária e compartilhada pela
maioria; aparente falar de nexo ou de lógica; contradição; raciocínio
aparentemente bem fundamentado e coerente, embora esconda contradições
decorrentes de uma análise insatisfatória de sua estrutura interna...”
A
questão de Deus amar o imperfeito aparentemente nos apresenta um paradoxo. Como
pode um ser perfeito amar alguém imperfeito. Como pode alguém perfeito voltar
sua atenção, seu afeto, seu amor, seu prazer, a alguém tão cheio de falhas e
limitações. Acredito que foi pensando sobre esse paradoxo que o salmista
exclamou: “Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem,
para que o visites?” (Salmo 8.4) Senhor, que é o homem, para que o
conheças, e o filho do homem, para que o estimes?(Salmos 144.3)
Gondim expressa algo interessante em
seu artigo “a masmorra da perfeição” ele diz: “Imperfeição, longe de qualquer parentesco com pecado, é condição
humana. Admitir isso não significa humildade, mas simples constatação. Nunca
humano algum vai conseguir desvencilhar-se de sua condição deficiente. O que é
bom, pois crescimento e maturidade se iniciam a partir dessa admissão... Quando
falo de imperativos, lembro que Graça nunca pode deixar de ser o norte cardeal
da espiritualidade cristã. Graça ensina que Deus não só tolera os erros
humanos, Deus celebra os limites da nossa imperfeição. Ele conhece a finitude
de homens e mulheres e a enorme complexidade de viver. E não nos odeia por
pisarmos os cadarços de nossos sapatos existenciais. Deus reconhece o valor do
erro nos processos pedagógicos.”
Acredito
que o cerne de Deus amar-nos mesmo sendo imperfeitos, é que Ele, o Altíssimo,
sabe muito bem quem somos: “Como um pai
se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois
ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Salmos 103.13-14)
Nossa limitação é conhecida por Deus,
que escolheu nos amar, mesmo sendo Ele Deus perfeito, e nós humanos imperfeitos.
É essa verdade que Paulo escrevendo aos Filipenses tenta nos transmitir
dizendo: “De sorte que haja em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus,
não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso,
também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na
terra, e debaixo da terra”. (Filipenses 2.5-10)
O
que tenho percebido é que, muitas vezes sistemas religiosos, sociais,
políticos, tem nos escravizado. Acorrentando de forma patológica seres humanos
aos seus “esquemas perfeitos de mundo das ideias”.
O nosso Emanuel escolheu nos amar, mesmo
sendo quem somos. E Ele continua acreditando, que no decorrer da vida cristã poderemos
amadurecer e dar frutos de justiça para sua honra e glória.
Minha sincera oração é que você, através
do Altíssimo, experimente o verdadeiro sentido do amadurecer, pela graça de
Jesus. Longe dos sistemas cartesianos religiosos, que ao invés de libertar,
escravizam.
Certo de que em Cristo há aperfeiçoamento
para minha imperfeição:
Seu
pastor imperfeito, Roberto Meireles.
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