Projeto – “De bem com a Bíblia” – Fevereiro de 2024
Professor
– Roberto da Silva Meireles Rodrigues
Livro –
Gálatas.
1º AULA – INTRODUÇÃO:
Dou as boas vindas a todos que
decidiram embarcar conosco nessa viagem rumo às profundezas da Palavra de Deus.
O desejo de partir nessa aventura se deu pela práxis no ministério pastoral. Nutrindo
no coração o cuidado pelas ovelhas e por este motivo orientando-as, mergulharem
nas Escrituras para o amadurecimento cristão para não serem levadas por nenhum
vento de doutrina, daí surgiu então à ideia de criar o “De Bem com a Bíblia”.
Já a decisão pelo estudo da carta do
apóstolo Paulo aos Gálatas surgiu de uma enquete que possuía a opção de escolha
além de Gálatas obviamente, Filipenses e Colossenses. Mas confesso que Gálatas a enquete me deixou
muito feliz e motivado. Minha monografia no seminário falou sobre a liberdade
cristã tendo como pressuposto Gl 5.1.
Sem sombras de dúvidas a epístola de
Paulo aos Gálatas é considerada pelos estudiosos uma preciosidade teológica. Calvino
em seu comentário chega a dizer que ao ler a epístola imagina como se estivesse
ouvindo raios e trovões tamanha veemência do apóstolo na defesa do verdadeiro
evangelho.
Cabe a nós levantarmos a nossa voz
contra esse falso evangelho existente em nossos dias. Urge que voltemos a
ensinar sã doutrina, combatendo esse emaranhado místico que têm sido derramados,
travestido de “evangelho”. A voz profética da Palavra de Deus precisa voltar a
bradar em nossos arraias e, sendo necessário, faremos de forma categórica e enfática
como Paulo fez ao escrever aos crentes da Galácia.
“A
Epístola de Paulo aos Gálatas foi chamada a “Carta Magna” da liberdade cristã.
Martinho Lutero declarou-se, ele próprio, comprometido com esta carta e usou-a,
como Paulo o fez, em sua batalha pela verdade do evangelho, a batalha pela
liberdade cristã. John Bunyan, o autor de O Peregrino, preferia o comentário de
Lutero sobre Gálatas a todos os outros livros, exceto a Bíblia. Explosivo em
sua natureza, Gálatas é o manifesto de Paulo contra a perversão da graça de
Deus. A contínua batalha entre o legalismo e a graça de Deus é definida neste
livro. O legalismo é a religião do mundo que escraviza os homens em sua tentativa
de alcançar a justiça que é um dom a ser recebido. Na história da literatura,
poucos livros influenciaram mais profundamente as mentes dos homens, deram
forma a história tão significativamente ou continuaram a falar como tal
relevância às necessidades da vida.”[1]
“A
carta de Paulo aos Gálatas é a sua epístola mais polêmica. Seu tom apologético
é vivo, e suas palavras são contundentes. Paulo havia evangelizado os gálatas,
que alegremente receberam a palavra do evangelho. Depois que Paulo se foi,
vieram mestres judaizantes, dizendo que o cristianismo era apenas um tipo de
judaísmo melhorado, e que os cristãos gentios também deviam guardar a lei, se
quisessem ser salvos (At 15.1,5). Os gálatas os estavam seguindo e com isso se
desvivam da verdade do evangelho. A epístola de Paulo aos Gálatas diz respeito
a esta controvérsia judaizante, em função da qual se reuniu o Concílio de
Jerusalém (At 15.1-35).”[2]
“A
carta aos Gálatas teve um papel fundamental na história da igreja. Ao lado de
Romanos, essa missiva é um dos esteios da gloriosa doutrina da justificação
pela fé. Foi pela descoberta de seu bendito conteúdo que Lutero deflagrou a
Reforma do século 16. Para Lutero, durante a Reforma, Gálatas foi a fortaleza
de onde, entrincheirado, ele combateu a violência e todos os erros da Roma
papal. Foi pela leitura do prefácio dessa carta, escrita por Lutero, que John
Wesley teve sua genuína experiência de conversão depois de vários anos nas
lides da pregação. Wesley ficou tão empolgado com o comentário de Lutero sobre essa
epístola que chegou a dizer que era o principal livro da literatura universal.
Lutero a considerava o melhor dos livros da Bíblia. Essa carta tem sido chamada
“o grito de guerra da Reforma”. [3]
POR QUE ESTUDAR GÁLATAS?
“Em
que evangelho você tem confiado? Na Galácia do ano 50 d.C., a igreja teve de
escolher dentre dois “evangelhos” – dois modos de viver, de pensar, de definir
como ser aceito diante de Deus.
De
um lado, havia mestres dizendo a esses cristãos recém-convertidos que o
desempenho deles era importante. Claro, que precisavam confiar em Cristo e na
sua morte; mas depois, se de fato quisessem permanecer aceitáveis para Deus,
precisavam ser circuncidados e continuar obedecendo às leis de Deus. O que
contava era o esforço deles.
Do
outro lado, estava Paulo, o missionário plantador de igrejas que fundara a
igreja da Galácia poucos anos antes. Ele os chamou de “insensatos” e afirmou
que tinham se deixado seduzir (3.1). Disse que o evangelho para o qual estavam
se voltando na verdade não era evangelho coisa nenhuma (1.7).
Alertou-os
também para o fato de que o único desempenho que importava era o de Cristo: sua
vida, morte e ressurreição. A fé nele, argumentava Paulo, era tudo de que qualquer
um necessitava para ser verdadeiramente aceitável para Deus. Esforços pessoais
não valiam nada – e confiar neles os colocaria debaixo da “maldição” divina
(3.10). Saber qual “evangelho” estavam seguindo era importante.
Ainda
hoje, os cristão enfrentam a escolha
entre o evangelho que proclama “somente a Cristo” e o falso evangelho que
advoga “Cristo mais alguma coisa”. O evangelho que propõe “Cristo mais alguma
coisa” pode não se apresentar na nossa cultura com a mesma aparência que tinha na
Galácia, mas continua sendo uma mensagem atraente, uma visão lisonjeira, uma
inversão do verdadeiro evangelho... Ainda letal, portanto.
Como
escreveu à igreja da Galácia, Paulo sabia que abrir mão do verdadeiro evangelho
é abandonar e perder o próprio Cristo, perdendo assim a salvação, a bênção e a
liberdade que ele concede. O evangelho é importante. Paulo sabia que tudo
estava em jogo.
E
tudo ainda está em jogo... Paulo nos perguntará repetidas vezes: em que
evangelho você está confiando?”[4]
AUTOR:
“A
carta afirma ter sido escrita por Paulo (1.1), e a afirmação soa verdadeira. A
carta é o extravasamento de um evangelista e pastor preocupado com ensinos
falsos trágicos que haviam surgido no meio de seus convertidos. No dizer de
Kümmel, “que Gálatas é uma epístola genuína e autêntica é inquestionável”. Não
é fácil ter certeza sobre onde Paulo estava quando escreveu a carta, mas não se
questiona seriamente que ele a escreveu.” [5]
“...Esta
epístola, talvez mais do que qualquer das Epístolas paulinas, leva as marcas
profundas da personalidade do autor, e está totalmente em harmonia com o que se
possa razoavelmente esperar do apóstolo Paulo. Realmente, nunca houve disputa
acerca desta Epístola, nem na igreja primitiva, nem na Reforma, nem entre os
críticos radicais de Tübingen no século passado, nem mesmo no recente ataque
feito contra as Epístolas de Paulo pelos computadores. Gálatas permaneceu sendo
uma testemunha sólida a muitas facetas do caráter do grande apóstolo aos
gentios.”[6]
“Gálatas é o mais
genuíno do genuíno que temos de Paulo. A autoria paulina de Gálatas é um
consenso praticamente unânime entre todos os estudiosos ao longo dos séculos.
Até mesmo os críticos mais radicais subscrevem essa convicção. O próprio herege
Marcion colocou Gálatas na proa de sua lista das cartas paulinas. Merrill
Tenney afirma com razão que a Epístola aos Gálatas é aceita como paulina tanto
pelos críticos conservadores como pelos críticos radicais.”[7]
DESTINATÁRIOS E DATA:
“O
nome “Galácia” (1:2) abrange ma larga área da antiga Ásia Menor, sendo a parte
central da Turquia moderna. O nome deriva de um bando errante de gauleses ou
celtas (Galatai e de
Keltai) que
se estabeleceram em torno de Ancira, no início do terceiro século antes de
Cristo. Em 25 a.C., toda a área, desde o Mar Negro até quase a costa do Mar
Mediterrâneo, foi transformada, por Augusto, na Província Romana da Galácia. Na
metade do segundo século da era cristã, a administração foi reorganizada e a
área dividida, e mais uma vez somente a parte setentrional (étnica) conservou o
nome de Galácia (W.M. Ramsay, The Church in the Roman Empire Before A.D. 170 –
A igreja no Império Romano antes de 170 d.C., p.III). Durante o primeiro
século, o termo “Galácia” poderia ser usado de duas maneiras: para designar a
província política ou a área étnica mais antiga. Portanto, há um problema em
que se determinar o que Paulo tinha em mente quando endereçou esta carta “às
igrejas da Galácia”. Estavam elas localizadas no território original do norte
da Galácia (Galácia étnica) ou na parte sul da província política romana, em
torno de Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe? Estas cidades, no sul da
Galácia, foram evangelizadas por Paulo e Barnabé na Primeira Viagem Missionária
(At. 13.:14). Não existe nenhuma evidência direta, em Atos, de que Paulo tenha
trabalhado na área norte, embora Lucas escreva que Paulo “passou através da
região da Galácia” (At. 16:6; 18:23). A teoria de que a carta foi enviada às
igrejas gálatas étnicas é denominada a Teoria da Galácia do Norte pelos
estudiosos do Novo Testamento. A visão que insiste que Paulo escreveu às
igrejas da Primeira Viagem Missionária é chamada a Teoria da Galácia do Sul.
Uma vez que a data está envolvida em qualquer seja a opinião aceita, alguns
fatos em favor de ambas as teorias serão consideradas.”[8]
Não
existe um concenso entre os estudiosos sobre uma data específica que a epístola
tenha sido escrita. A probabilidade é que Gálatas tenha sido a primeira carta
escrita pelo apóstolo Paulo. A epístola pode ter sido escrita entre 49 d.C à 55
d.C.
OCASIÃO E PROPÓSITO:
O apóstolo Paulo cita no texto
1.6-10 indica a ocasião em que a carta foi escrita. “Estou muito surpreso em ver que vocês estão passando tão depressa
daquele os chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual na verdade,
não é outro. Porém, há alguns que estão perturbando vocês e querem perverter o
evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo do céu pregue a vocês
um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema. Como
já dissemos, e agora repito, se alguém está pregando a vocês um evangelho
diferente daquele que já receberam, que esse seja anátema. Por acaso eu
procuro, agora, o favor das pessoas ou o favor de Deus? Ou procuro agradar
pessoas? Se ainda estivesse procurando agradar pessoas, eu não seria servo de
Cristo.” (Gálatas 6:6-10)
“...Numa
tentativa de desacreditar, a validade do evangelho de Paulo, esses falsos
mestres estavam fazendo ataques maliciosos à integridade de Paulo como apóstolo
(1.10). Paulo rapidamente agiu, mediante as informações, escrevendo a Epístola
aos Gálatas no calor da reação da notícia. Era costume de Paulo, ao escrever,
acompanhar a saudação com uma expressão de graças, em apreciação por seus
leitores. Nesta carta, ele não segue esse costume, mas imediatamente começa,
após a saudação, a queixar-se com os Gálatas e a denunciar os “pervertedores do
evangelho”. Esta carta é a mais inflamada de todas de Paulo, pois ele sabia que
tal heresia tinha de ser combatida no momento inicial de seu surgimento antes
de ela assegurar um lugar firme na posição doutrinária das igrejas.” [9]
Dr. Augustus Nicodemus em seu
comentário sobre a carta aos Gálatas defende que Paulo tinha alguns objetivos
claros em escrever a carta: 1) Defender sua autoridade apostólica. (Gl 1.10 –
2.21); 2) Combater o ensino dos judaizantes (Gl 3.1 – 4.31); 3) Enfatizar
novamente a doutrina da justificação pela fé.
Dr. John Mac.Arthur em seu comentário
Bíblico diz: “Como já observado, o tema
central de Gálatas (tal como de Romanos) é a justificação pela fé. Paulo defende
essa doutrina (que é o cerne do evangelho) tanto em sua ramificação teológica
(caps.3;4) como prática (caps.5;6). Ele também defende sua posição como
apóstolo (caps.1;2), já que, assim como em Corinto, os falsos mestres tentavam
ser ouvidos por seu ensinamento herético, minando a credibilidade de Paulo.”[10]
TEMA TEOLÓGICOS:
O estúdio teólogo do Novo Testamento
Dr. I. Howard Marshall os principais temas teológicos tratados na epístola pelo
apóstolo Paulo são: 1) a história da salvação e o evangelho; 2) justificação;
3) A cruz e seus efeitos; 4) A mensagem de Paulo e as Escrituras judaicas:
Abraão; 5) A mensagem de Paulo e as Escrituras judaicas: a lei; 6) O Espírito.
BIBLIOGRAFIA:
AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. A
Graça (II) / Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1999.
CALVINO, João. Gálatas.
São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 2007
CARSON, D. A. / MOO, Douglas J. /
MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São
Paulo, SP: Vida Nova, 1997.
GUTHRIE, Donald. Introdução
e comentário de Gálatas. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984.
HALE, Broadus David.
Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001.
HALLEY, Henry Hamptom.
Manual Bíblico de Haley. São Paulo: Editora Vida, 2001.
HENDRIKSEN, William.
Comentário do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019.
KELLER, Timothy.
Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015.
LOPES, Hernandes Dias.
Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011.
LUTERO, Martinho.
Martinho Lutero: obras selecionadas, v.10 – Interpretação do Novo Testamento –
Gálatas – Tito. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia,
2008.
MacARTHUR, John. Comentário
Bíblico MacArthur: desvendando a verdade de Deus, versículo a versículo. Rio de
Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.
NICODEMUS, Augustus.
Livrem em Cristo – A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo, SP:
Vida Nova, 2016.
STOTT, John R.W.
A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007.
WRIGHT, N.T.
Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson,
2023.
[1]
HALE, Broadus David. Introdução ao
estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001, pg.247.
[2] LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011, pg.11.
[3] LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011, pg.13.
[4] KELLER, Timothy.
Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015, pg. 9.
[5] CARSON, D. A. / MOO, Douglas J. / MORRIS, Leon. Introdução
ao Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 1997, pg. 320.
[6]
GUTHRIE, Donald. Introdução e
comentário de Gálatas. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984, pg.13.
[7] LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São
Paulo, SP: Hagnos, 2011, pg.13.
[8] HALE, Broadus David.
Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001, pg.249.
[9] HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001, pg.250.
[10] MacARTHUR, John. Comentário
Bíblico MacArthur: desvendando a verdade de Deus, versículo a versículo. Rio de
Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019, pg. 1614
Excelente
ResponderExcluir🙌🏿
ResponderExcluir