
A beleza da cruz.
Em uma noite, estando eu no seminário, o sono e o cansaço dominaram meu corpo. Na tentativa de manter-me alerta, levantei-me para pegar um café na cantina e lavar o rosto. Ao passar pelos corredores do seminário, ouvi a voz do Pr. Henrique falando sobre o contraste da Teologia da Cruz de Lutero e a Teologia da Glória. Interrompi meu trajeto rumo à cantina para ouvir as palavras daquele grande homem de Deus. O assunto chamou tanto à minha atenção, que esqueci que estava a caminho da cantina para comprar um cafezinho.
O Pr. Tinoco costuma nos dizer que Teologia se faz por ouvido, e naquela noite que comprovei este sapiencial. As palavras ditas nesta aula arrancavam de meu coração e de meus lábios aleluias e Glórias a Deus nas Alturas. O cabedal do Pr. Henrique sobre o assunto o tornava ainda mais precioso e junto à unção do Espírito Santo tornava o tema explorado mais vívido. A cada palavra, queimava em meu coração um ardente desejo de viver mais e mais a simplicidade do evangelho da cruz.
Nos dias de Lutero, o plano daqueles que se enquadravam na antagônica e egocêntrica Teologia da Glória era construir a Basílica de São Pedro, o que demonstraria toda pompa e poder da Igreja Romana, elevando os méritos do Cristianismo de indulgências e das práticas das barganhas em conquistar, ter, adquirir, possuir. Meu Deus!... parece tão atual estas idéias.
Sua intenção era arrancar do Eterno o salvo conduto ao paraíso e por seus méritos pessoais retalhar, renunciar, anular os méritos do sacrifico de Jesus na cruz pela salvação da humanidade. Certa feita, em uma exposição bíblica que falava a cerca do preço do discipulado, expondo o que Jesus disse em Mc 8:31-38 sobre a necessidade de negar-se a si mesmo, uma irmã expressou: “Esse negócio de cruz... Minha vida já é por si só um sofrimento!”
Bonhoeffer compreendeu o sentido da cruz e expressou da seguinte maneira: “A cruz não é desventura nem pesado destino; é o sofrimento da união exclusiva com Cristo. A cruz não é sofrimento casual, mas sofrimento necessário. A cruz não é sofrimento relacionado com a existência natural, mas com o fato de pertencermos a Cristo. A cruz não é essencialmente apenas sofrimento, mas sim sofrimento e rejeição – rejeição no sentido rigoroso, rejeição por amor a Jesus Cristo, e não em conseqüência de qualquer outra atitude de ou confissão.¹”
Ao olharmos a rude cruz não visualizamos algo atraente. Não vemos algo belo, algo que reflita por si mesmo uma beleza própria. A cruz só tem o seu significado por que um dia... Um dia não, melhor dizendo: antes da fundação do mundo, o cordeiro de Deus ofereceu-se a si mesmo pelos seus.
A cruz nos lembra morte, renúncia, dor, abstinência, humilhação. A cruz nos lembra o Filho do homem sofredor. Sim, a cruz nos lembra o servo sofredor descrito pelo profeta Isaías. Mas este servo sofredor transformou o sentido, a cor, a simples cruz em uma ferramenta utilizada por Deus para alcançar e consumar o plano da redenção. Nós só conseguimos entender o plano da redenção olhando para cruz. Só conseguimos enxergar o propósito do cristianismo olhando a cruz e entendendo a humilhação do Filho do Homem.
Ele não foi inerte ao meu pecado, Ele não fingiu não ter visto meu sofrimento, Ele não deu as costas às minhas necessidades. Ele não deixou que o pecado me separasse Eternamente de Deus.
Nisto consiste a beleza da cruz, em que Ele sendo o mais puro, Ele sendo O Perfeito, Ele sendo o Eterno, Ele sendo o Inalcançável, Ele sendo o Inatingível, se fez próximo e tangível. Mesmo “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:6-8).
O apóstolo João expressou a maravilha da encarnação da seguinte maneira: “O que era desde o princípio, o que vimos como os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida. Porque a vida foi manifesta, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (I Jo 1:1-2).
Esta é a beleza da cruz: O Deus homem morto pelos pecados de uma humanidade morta em seus pecados! E a cruz ainda continua sendo loucura como diria o apóstolo dos gentios.
É neste fato que reside a beleza da cruz: “Deus escolhe as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.”(I Co 1:28-29).
Nele, em que aquilo que é vil e sem valor, se torna instrumento para salvação eterna.
Soli Deo Glória
Roberto Meireles
Em uma noite, estando eu no seminário, o sono e o cansaço dominaram meu corpo. Na tentativa de manter-me alerta, levantei-me para pegar um café na cantina e lavar o rosto. Ao passar pelos corredores do seminário, ouvi a voz do Pr. Henrique falando sobre o contraste da Teologia da Cruz de Lutero e a Teologia da Glória. Interrompi meu trajeto rumo à cantina para ouvir as palavras daquele grande homem de Deus. O assunto chamou tanto à minha atenção, que esqueci que estava a caminho da cantina para comprar um cafezinho.
O Pr. Tinoco costuma nos dizer que Teologia se faz por ouvido, e naquela noite que comprovei este sapiencial. As palavras ditas nesta aula arrancavam de meu coração e de meus lábios aleluias e Glórias a Deus nas Alturas. O cabedal do Pr. Henrique sobre o assunto o tornava ainda mais precioso e junto à unção do Espírito Santo tornava o tema explorado mais vívido. A cada palavra, queimava em meu coração um ardente desejo de viver mais e mais a simplicidade do evangelho da cruz.
Nos dias de Lutero, o plano daqueles que se enquadravam na antagônica e egocêntrica Teologia da Glória era construir a Basílica de São Pedro, o que demonstraria toda pompa e poder da Igreja Romana, elevando os méritos do Cristianismo de indulgências e das práticas das barganhas em conquistar, ter, adquirir, possuir. Meu Deus!... parece tão atual estas idéias.
Sua intenção era arrancar do Eterno o salvo conduto ao paraíso e por seus méritos pessoais retalhar, renunciar, anular os méritos do sacrifico de Jesus na cruz pela salvação da humanidade. Certa feita, em uma exposição bíblica que falava a cerca do preço do discipulado, expondo o que Jesus disse em Mc 8:31-38 sobre a necessidade de negar-se a si mesmo, uma irmã expressou: “Esse negócio de cruz... Minha vida já é por si só um sofrimento!”
Bonhoeffer compreendeu o sentido da cruz e expressou da seguinte maneira: “A cruz não é desventura nem pesado destino; é o sofrimento da união exclusiva com Cristo. A cruz não é sofrimento casual, mas sofrimento necessário. A cruz não é sofrimento relacionado com a existência natural, mas com o fato de pertencermos a Cristo. A cruz não é essencialmente apenas sofrimento, mas sim sofrimento e rejeição – rejeição no sentido rigoroso, rejeição por amor a Jesus Cristo, e não em conseqüência de qualquer outra atitude de ou confissão.¹”
Ao olharmos a rude cruz não visualizamos algo atraente. Não vemos algo belo, algo que reflita por si mesmo uma beleza própria. A cruz só tem o seu significado por que um dia... Um dia não, melhor dizendo: antes da fundação do mundo, o cordeiro de Deus ofereceu-se a si mesmo pelos seus.
A cruz nos lembra morte, renúncia, dor, abstinência, humilhação. A cruz nos lembra o Filho do homem sofredor. Sim, a cruz nos lembra o servo sofredor descrito pelo profeta Isaías. Mas este servo sofredor transformou o sentido, a cor, a simples cruz em uma ferramenta utilizada por Deus para alcançar e consumar o plano da redenção. Nós só conseguimos entender o plano da redenção olhando para cruz. Só conseguimos enxergar o propósito do cristianismo olhando a cruz e entendendo a humilhação do Filho do Homem.
Ele não foi inerte ao meu pecado, Ele não fingiu não ter visto meu sofrimento, Ele não deu as costas às minhas necessidades. Ele não deixou que o pecado me separasse Eternamente de Deus.
Nisto consiste a beleza da cruz, em que Ele sendo o mais puro, Ele sendo O Perfeito, Ele sendo o Eterno, Ele sendo o Inalcançável, Ele sendo o Inatingível, se fez próximo e tangível. Mesmo “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:6-8).
O apóstolo João expressou a maravilha da encarnação da seguinte maneira: “O que era desde o princípio, o que vimos como os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida. Porque a vida foi manifesta, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (I Jo 1:1-2).
Esta é a beleza da cruz: O Deus homem morto pelos pecados de uma humanidade morta em seus pecados! E a cruz ainda continua sendo loucura como diria o apóstolo dos gentios.
É neste fato que reside a beleza da cruz: “Deus escolhe as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.”(I Co 1:28-29).
Nele, em que aquilo que é vil e sem valor, se torna instrumento para salvação eterna.
Soli Deo Glória
Roberto Meireles
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