sexta-feira, 30 de outubro de 2009

VIVENDO NA CONTRAMÃO

VIVENDO NA CONTRAMÃO
“Jakob Hutter, líder dos Anabatistas Morávios, escreveu a seguinte carta ao governador da Moravia, em favor dos irmãos e irmãs aflitos que haviam sido afugentados de suas terras:
Assim, agora nos encontramos no deserto, sob o céu aberto, numa região despovoada. Aceitamos isso pacientemente, louvando a Deus porque ele nos tornou dignos de sofrer por seu nome. [...] Contudo, temos entre nós viúvas e órfãos, muitas pessoas doentes e crianças pequenas e desamparadas, que são incapazes de caminhar ou viajar. Seus pais e mães foram assassinados por aquele tirano Ferdinando, inimigo da justiça divinal!¹
O próprio Hutter foi executado à espada em 1536, após uma longa tortura no cavalete. Baltazar Hubmaier estava sendo preparado para o fogo, tendo enxofre e pólvora esfregados em seus cabelos e em sua longa barba, ele clamou: “Ah, salguem-me bem, salguem-me bem! Ao serem acesos os feixes, repetiu em latim as palavras que Jesus havia pronunciado na cruz: “In manus tuas, Domine, commendo spiritum meum”.²
Muitos mártires tiveram seus corpos queimados, suas cabeças decepadas, humilhados em uma cruz, outros foram esquartejados e seus membros jogado aos leões. Enfim, estes doaram suas vidas. Cumpriram o que Paulo expressou em Romanos 12:1-2. “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Cumpriram não porque foram decapitados, esquartejados, crucificados, mortos por feras. Mas sim por que creram de todo o seu coração, força, alma e entendimento conforme o próprio Cristo disse em Marcos 12:29-30. Andaram na contramão do sistema de seus dias.
Suas vidas foram ofertas de amor ao serviço cristão. Em nada tiveram suas vidas como preciosas, só queriam cumprir o ministério que receberam do Senhor Jesus (Atos 20:24). Entristeço-me com a situação do evangelicalismo brasileiro. Os estrangeiros e satanás nos vêem como esgoto de porcaria teológica. Vomitam em nós a teologia da prosperidade. Estão sempre poluindo a fonte de águas vivas, com autoritarismo e falsa piedade. Desculpe-me o termo, mas não encontro outro; suas vidas são como comida azeda que tentam alimentar a um DEUS FAMINTO. Tentam alimentá-Lo com ofertas que Ele rejeita, pois anteriormente disse: “Procuro verdadeiros adoradores (Jo 4:23).”
Reverendo Augsuto Nicodemos está certo ao afirmar: “É evidente a crise gigantesca em que em que os evangélicos se encontram: identificação quanto aos rumos teológicos, multiplicidade de teologias divergentes, falta de liderança com autoridade moral e espiritual, derrocada doutrinária e moral de líderes que um dia foram reconhecidos como referência, ascensão de líderes totalitários que se autodenominaram pastores, bispos e apóstolos, conquista gradual das escolas de teologia pelo liberalismo teológico, ausência de padrões morais que pautem ao menos a disciplina eclesiástica, depreciação da doutrina, mercantilização de várias editoras evangélicas que passaram a publicar livros de linha não evangélica, surgimento das chamadas igrejas emergentes. Como resultado, cada vez mais pessoas procuram igrejas para se sentirem bem, para buscarem solução imediata de seus problemas, sem querer refletir nas questões mais profundas a cerca da existência e da eternidade, migrando de uma comunidade para outra sem qualquer compromisso ou engajamento com a vida cristã.”³
A grande questão é: Onde queremos chegar como ditos “evangélicos brasileiros”?
A sociedade clama por um Deus que para eles é ausente e inoperante. Isso porquê: Deus se manifesta a sociedade hoje através de sua igreja que é seu corpo vivo e manifesto as nações. No entanto, o “evangelicalismo brasileiro”, é omisso as questões sociais, políticas, espiritual e muitas outras ramificações que podemos encontrar dentro de uma sociedade organizada. Talvez seja por este motivo a sociedade tenha esta falsa impressão de Deus.
Os líderes deste movimento que têm “sucesso” são aqueles que possuem em seu currículo coisas tais como: Uma mega igreja, um vasto rol de membros, onde as ovelhas são contadas como boi, por cabeça, e não como as ovelhas contadas pelo bom pastor. Que de 100 ao perder uma, senti sua falta. E vai atrás da mesma. Sua vida de santidade é analisada pelos “milagres”, que pelo mesmo fora realizado e também por seus méritos em “sacrificar-se a si mesmo” em prol de uma pseudo santificação.
No dia 22/10/2009 em uma café literário no Seminário Teológico Betel. O Dr. Augustus Nicodemos ao ser questionado como deveríamos proceder para uma reforma. O mesmo fez as seguintes perguntas ao plenário:
“Onde pregaríamos as 95 teses por nós afirmadas?”
“Quem seria aquele que representaria o “evangelicalismo brasiliero”, assim como Lutero representava em seus dias a voz da insatisfação do meio em que estava inserido?”
“Como conseguiríamos chegar em um consenso doutrinário, para formularmos um pacto, uma vez que as ramificações doutrinárias hoje são divergentes entre si, e em alguns casos contrariam até as Escrituras Sagradas?”
A nojenta teologia da riqueza tem recrutado milhões de adeptos pelo Brasil afora. Um pregador chamado Paul Washer diz que estes são o juízo de Deus, a um povo que prefere cavar cisternas rotas, que não retêm as águas (Je 2:13). Ou seja, o povo gosta disso; Gosta de ser alvo de engano, gosta de ser moeda de troca, gosta de ser maltrado, gosta de ser usurpado. E pior que isso, eles pedem a Deus líderes assim.
É infelizmente tenho que concordar com ele. A grande questão continua sendo: Onde queremos chegar como ditos “evangélicos brasileiros”?
As palavras de Judas irmão do Senhor em sua epístola são de extrema relevância aos nossos dias, diz ele:
“Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que andariam segundo suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito. Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna. (Judas 17-21)”.
Pedro ao negar Jesus foi conduzido a uma tentação daquilo que traria para ele um maior conforto e uma certa segurança. Pois caso se disse ser discípulo de Jesus, ele certamente seria alvo das insatisfações dos maldizentes do Cristo. No entanto, o Mestre não desistiu de Pedro, mesmo ele tendo voltado a pescar, mesmo ele tendo se desiludido com o “movimento cristão” de sua época. Jesus estava a sua espera para junto a ele, acender e voltar a encaminhá-lo ao caminho de justiça.
E depois destas coisas o livro de Atos narra um Pedro ousado na presença de Seu Senhor. Um Pedro que não somente viveu mais também morreu em prol de sua missão. Quem sabe Jesus não está a nos esperar na arreia, para junto a Ele ceiarmos e traçarmos um novo rumo ao nosso movimento evangélico.
Nele, em que é fonte de Esperança e Graça,
RobertoMeireles DP II - Benefícios
Bibliografia:
1 - George, Timothy. Teologia dos reformadores. 1°Edição, São Paulo. Editora Vida Nova.
2 - George, Timothy. Teologia dos reformadores. 1°Edição, São Paulo. Editora Vida Nova.
3 – Nicodemos, Augustus. O que estão fazendo com a Igreja, ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro. 1°Edição,São Paulo, 2008. Editora Mundo Cristão.

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