segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VIDA ETERNA NO QUARTO EVANGELHO - LADD - TEOLOGIA DO NOVO




Introdução:

Ladd inicia este capítulo diferenciando a ênfase do evangelho de João para com os evangelhos sinóticos. No quarto evangelho tema central é a vida eterna, e já, nos evangelhos sinóticos o tema central é o Reino de Deus.
O evangelista João transmite este tema como algo que é desfrutado em uma experiência no tempo presente através da pessoa de Jesus Cristo. Esta menção de desfrutar do Reino futuro neste tempo presente não é encontrada nos Sinópticos e nem na teologia judaica.

Os Elementos Lingüísticos

O termo grego zoe aionios (vida eterna) é utilizado pelo apóstolo João para descrever o conceito de uma vida abundante. O adjetivo aionios não está ligado a uma qualidade de vida, mas sim a uma designação de uma duração interminável: ou seja, uma vez participante deste privilégio, é impossível perdê-lo.

O Contexto Histórico Judaico

No contexto do Vetero Testamentário não encontramos a idéia de vida como um perspectiva eterna. Ladd cita o livro de Daniel 12:2 como exceção a esta regra e mesmo assim dentro da tradução dos Setenta. A idéia judaica de vida era algo voltado para um completo bem estar terreno, Ladd é categórico ao fazer esta afirmação:
“O sentido básico de “vida” no Antigo Testamento não é imortalidade ou vida após a morte, mas um completo bem estar do ser na existência terrena. Entretanto, esse bem estar completo do ser não é considerado como um fim em si mesmo, mas como um dom de Deus”.

No período intertestamentário, a posição judaica passa a ser acrescentada de que o fim da vida não acarreta o fim da existência humana. Surgindo assim a idéia do Seol, como um estado intermediário, em que os mortos aguardam a ressurreição.
Ladd que o conceito do evangelho de João a cerca da vida eterna, não era novidade a linguagem judaica. No entanto os mesmos usavam outro termo diferente para dar este conceito. O termo utilizado era: “a vida do século futuro”.

A vida no gnosticismo

Para entendermos o conceito de vida no gnosticismo precisamos saber o que o mesmo tem como princípio para emissão de conceitos e valores. Vejamos uma breve explicação:
“Gnosticismo era talvez a heresia mais perigosa que ameaçava a igreja primitiva durante os primeiros três séculos. Influenciado por filósofos como Platão, o Gnosticismo é baseado em duas premissas falsas. Primeiro, essa teoria sustenta um dualismo em relação ao espírito e à matéria. Os Gnósticos acreditam que a matéria é essencialmente perversa e que o espírito é bom. Como resultado dessa pressuposição, os Gnósticos acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum porque vida verdadeira existe no reino espiritual apenas.Segundo, os Gnósticos acreditam que possuem um conhecimento elevado, uma “verdade superior”, conhecida apenas por poucos. O Gnosticismo se origina da palavra grega gnosis, a qual significa “saber”, pois os Gnósticos acreditam que possuem um conhecimento mais elevado, não da Bíblia, mas um conhecimento adquirido por algum plano místico e superior de existência. Os Gnósticos se enxergam como uma classe privilegiada e mais elevada sobre todas as outras, por seu conhecimento superior e mais profundo de Deus.”
(fonte: http://www.gotquestions.org/Portugues/Gnosticismo-Cristao.html)
Mediante a este pressuposto o entendimento de vida do gnosticismo era que o alcance da vida se dava quando o homem conseguia repelir suas paixões carnais. O mesmo ao entrar em uma esfera chamada gnosis ele podia retornar a verdadeira essência da vida

A vida nos Sinópticos
Os evangelhos Sinópticos assim como judaísmo tratam a questão como algo escatológico. Sempre com uma visão futurísticas. Isso é nítido, um bom exemplo se dá no encontro de Jesus com o jovem rico em Marcos 10:17.

A vida Eterna em João: O aspecto escatológico
O quarto evangelho continua apresentando a vida como algo escatológico. Compreendemos isso nitidamente nos relatos de João, no entanto faz uma alusão a duas eras. É evidenciado a partir deste conceito algo único do autor dentre os chamados evangelhos.

A vida Eterna: O presente e o futuro
O evangelista João traz um ensinamento que não encontramos nos evangelhos sinópticos de forma clara e evidente. O conceito de vida se dá em uma esfera futura. No entanto, esta vida futura já foi outorgada ao crente neste tempo presente. Ladd é extremamente categórico ao afirmar que a missão de Jesus foi trazer a experiência da vida futura há um tempo de vida presente. Trazer algo que transcende um manifestar natural, há uma esfera real e ao alcance em uma vida no tempo presente, ou seja: Agora. Como diria Caio Fábio: “No tempo que se chama hoje!”.
Ladd faz uma declaração linda a cerca deste tratado, ele diz assim:
“Essa vida que habita em Jesus não é outra senão a vida do século futuro, um fato que é ilustrado pela ligação feita entre o recebimento da vida na era presente, e o usufruir dela no futuro. Beber da água vida que Jesus dá significa que o individuo terá, dentro dele, uma fonte de vida que jorrará para a vida eterna escatológica (Jo 4:14).”

O evangelista João entrelaça o presente e o futuro como algo inseparável, algo que não há como deixar de ser desassociado.
Dentro deste sentido vida eterna no quarto evangelho assemelha-se ao discurso dos Sinópticos a cerca do Reino de Deus. Porém o quarto evangelho nos enxergar que através do futuro de Cristo nos experimentamos o Reino futuro em um tempo presente.

A natureza da Vida Eterna: O conhecimento de Deus.
Tanto Dodd quanto Piper são enfáticos em dizer que o conhecimento de Deus trago por Jesus é um fator decisivo para o conceito de vida eterna. Para isso precisamos entender quais são os pensamentos a cerca deste conceito.

O conhecimento no Pensamento Grego:
O conhecimento no pensamento grego permeia duas esferas. São elas: A esfera filosófica e a gnóstica.
A esfera filosófica – “No conhecimento filosófico, conhecimento significa a contemplação de seu objeto, para que possa descrever suas qualidades essenciais. A mente, ao fazer uso da razão, pode perceber a essência permanente daquilo que observa. O conhecimento é a apreensão da realidade suprema.”
A esfera gnóstica – A literatura hermética uma de suas principais linha de regra, nos dá o entendimento que algo que não é racional. “Antes e a direta percepção de Deus pela mente (nous), não pelo uso de um raciocínio rigoroso, mas por meio da intuição direta e da iluminação interior”
O conhecimento no Antigo Testamento
O entendimento do termo conhecimento no Antigo Testamento é diferente. Seu significado está ligado diretamente a uma experiência, em lugar de uma contemplação ou êxtase. O conhecimento de Deus dentro da perspectiva Vetero Testamentária tem o sentido de envolvimento, relacionamento, comunhão, preocupação.
O conhecimento em João
O quarto evangelho traz a idéia de conhecimento em uma relação baseada em uma experiência. Algo que traz uma relação íntima, mútua, entre o Pai e o Filho, entre Jesus e seus discípulos. O fator que diferencia os discípulos de Jesus do mundo e que seus discípulos o conhecem.
Ladd faz um apontamento interessante a cerca deste conceito. Diz ele:
“O conhecimento de Deus é mediado pela fé, não pela supressão dos sentidos do corpo. Os homens demonstram ignorância de Deus em virtude de terem se entregado aos prazeres do corpo, mas em virtude terem rejeitado Jesus, Além do mais, o conhecimento de Deus não leva à uma absorção do ser humano por Deus, mas a uma vida de amor e de obediência.”

A visão de Deus
A visão de Deus encontrada no quarto evangelho não é uma visão mística apresentada pela literatura hermética, mas sim de um reconhecimento pessoal de que Cristo é o mediador entre Deus e os homens. “Se vós me conheceres... e o tendes visto. (Jo 14:7).”
O conhecimento da verdade
O conhecimento da verdade é definida segundo Ladd pelo conhecimento de Deus, logo tendo-se o conhecimento de Deus se têm em paralelo o conhecimento da verdade.

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