Um pastor para o dia a dia.
Tenho experimentado na pele o ofício pastoral e a difícil missão que nos foi incumbida pelo Senhor Jesus, mestre que nos recrutou a tão excelente ofício sagrado. Quando ainda estamos nos seminário a cosmovisão que temos é que quando estivermos no ministério tudo será melhor. Teremos mais tempo para estudar. Poderemos dar mais atenção aos nossos familiares. Estaremos à plena disposição dos irmãos para abençoar suas vidas.
Porém, o fato é que: Tudo isso é uma doce ilusão. Na pratica todo este sonho romântico de conto de fadas cai por terra e dá lugar a uma constante batalha diária contra o tempo, contra satanás, contra nossa carne, contra muitas coisas que se colocam como empecilho ao agir do Senhor em nosso ministério, em nossa família e em nossa igreja.
O ministério pastoral requer de nós algo que humanamente é impossível. Nossas emoções disparam de um extremo ao outro. Pela manhã podemos estar em um velório. Confortando e chorando com os que choram, e a noite, podemos estar celebrando um casamento, se alegrando com os que se alegram. Porém, compartilhamos e sentimos as emoções dos dois extremos. E aquele que está impenetrável às emoções, não traz em seu corpo o verdadeiro cheiro de ovelha.
O cotidiano do ofício pastoral requer de nós muito mais do que um sermão. É bem mais fácil pregar. É bem mais fácil ensinar. É bem mais fácil liderar. Às vezes pregamos um sermão no domingo desafiando a igreja a andar pelas águas caso o mar não se abra. E no dia seguinte um irmão querido de nossa comunidade vai ao seu gabinete pedir oração e abrir o coração pois está com suspeita de câncer. Foi bem mais fácil falar do púlpito para aquele irmão no domingo que Deus poderia fazer o milagre na vida dele. Mas diante dele, falta-nos as palavras, pensamos duas, três vezes antes de aconselharmos pois somos sabedores das consequências de nossas palavras.
Certa vez fizeram uma pergunta a Gregório de Nazianzo e ele respondeu: “Seria bem melhor responder isso do púlpito”. E é verdade é bem mais fácil falar de púlpito.
Mas o grande desafio de um pastor em nossos dias ultrapassa a questão somente do púlpito. Em minha humilde e singela opinião o grande desafio do ofício pastoral se dá no dia a dia. É lá que se diferencie o pastor que dá a sua vida pelas suas ovelhas. É no dia que separamos aquele que ama daquele que é profissional. É lá que separamos os que são vocacionados dos que ouviram um “psiu”. É lá é que somos desafiados a sermos a semelhança de Jesus. Nosso ministério é o reflexo do que foi o do nosso Mestre.
Em Mateus capítulo 14 o evangelista começa a narrar uma série de acontecimentos que vão de um extremo ao outro. Primeiro Herodes mana matar o primo querido de Jesus, João o Batista. Imagino a tristeza ocasionada pela perda de uma pessoa tão querida. Logo depois Jesus vai para outro extremo. Ele multiplica os pães e os peixes, e sacia a fome de muitas pessoas. Ele pode ver a alegria estampada no rosto das pessoas por um milagre tão maravilhoso. Porém, logo depois Ele manda que seus discípulos o encontrem do outro lado do mar, porém enquanto ele vai orar os discípulos estão em apuros pelos ventos que atacam o barco, seus amigos estavam em apuros e precisavam de sua ajuda, outro extremo. Será que há alguma semelhança?
Mas esta cena nos remota o grande diferencial do ministério de Jesus. No versículo 23 diz o texto sagrado que Jesus foi orar. Nosso ministério cumprirá os propósitos Eternos se, a semelhança de Jesus nós estivermos aos pés do Senhor. Se estivermos andando com Ele e compartilhando as nossas necessidades, as necessidades dos nossos familiares, as necessidades de nossas ovelhas, a necessidade das pessoas que estão ao nosso redor.
Que possamos assim como Jesus sermos pastores do dia a dia, caminhar lado a lado dos que choram e dos que se alegram. De modo que aqueles que se acheguem a nós sintam em nós cheiro de ovelha. Sendo sabedores que não podemos nada em nós mesmos. Mas que podemos tudo com Ele que nos fortalece!
Amorosamente Nele, que nos permite sermos privilegiados por uma tão excelente vocação!
Roberto da Silva Meireles Rodrigues, pastor de ovelhas.
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