Esta apostila será utilizada no curso que será ministrado no seminário básico na PIB em Oswaldo Cruz no 1º semestre do ano de 2012.
Breve
Apresentação da Disciplina:
Gostaria de iniciar nossa disciplina
pedindo a Deus nosso Pai que, abençoe a vida de cada um de nós. Todos nós somos
sabedores de que ao nos dispormos para estudarmos a Palavra de Deus é certo que
enfrentaremos muitos obstáculos. Mas como bem disse Jesus: “Tende bom ânimo. Eu
venci o mundo!”. E se Ele venceu. Nós que somos seus cooperadores na expansão
de seu Reino. Também venceremos. Por isso tenha certeza de que Deus estará com
você e lhe dará a vitória final. Mesmo a despeito de qualquer situação que o
irmão (a) possa passar.
Para o conhecimento dos irmãos e
aprofundamento no aprendizado. Nossa apostila é praticamente baseada no tomo de
10 volumes a cerca da história da igreja, editado pela editora Vida Nova, do
autor Justo L. González.
Muitas pessoas ainda possuem a
seguinte concepção: “Não sei por que temos que estudar história? Não vivemos do
passado e sim do presente!”
Esse não deve ser o pensamento que
deve nos nortear. Conhecer o passado nos faz entender melhor o que somos hoje
no presente, e para podermos planejar o futuro. Gosto muito da observação de
Justo Gonzalez diz ele: “Portanto,
não se trata aqui de um interesse antiquário em tempos passados que nunca
voltarão, mas trata-se antes de uma necessidade urgente de conhecer esses
tempos passados que seguem presentes ainda entre nós – limitando nossas opções,
determinando nossas perspectivas, e assinalando-nos o caminho em direção ao
futuro.”
Ao estudarmos história eclesiástica,
ou seja, história da Igreja. Estamos estudando a origem de nossa fé. Estamos
entendendo não só a trajetória da Igreja no decorrer dos séculos. Mas também, estamos
entendendo melhor a nós mesmos. Pois somos parte desta história. Coloque o
cinto de segurança a máquina do tempo será ligada. É hora de viajarmos pelos
séculos e voarmos na linda história deste povo de Deus, chamado igreja. Que
possamos juntos crescer na graça e no conhecimento de Cristo Jesus nosso
Senhor.
Pr. Roberto da Silva Meireles
Rodrigues
Sumário:
Capítulo
I – Cristianismo e história - A Plenitude dos tempos.
Capítulo
II – A igreja de Jerusalém e a missão aos gentios.
Capítulo
III – Os primeiros conflitos com o estado e a perseguição no século segundo.
Capítulo
IV – Os mestres da igreja.
Capítulo
V – A perseguição do século terceiro.
Capítulo
VI - O impacto de Constantino.
Capítulo
VII – A reação Monástica e Cismática.
Capítulo
VIII – A controvérsia Ariana e o Concílio de Níceia.
Capítulo
IX – Agostinho e o seu legado teológico.
Capítulo
X – O papado.
Capítulo
XI – As cruzadas.
Capítulo
XII – Atividades teológicas (Anselmo de Canterbury, Pedro Abelardo, São Tomás
Aquino, etc.).
Capítulo
XIII – Matinho Lutero: o caminho para a Reforma.
Capítulo
XIV – Martinho Lutero: Sua teologia e o seu legado.
Capítulo
XV – Ulrico Zuínglio e a Reforma na Suíça.
Capítulo
XVI – Menno Simons e o movimento Anabatista.
Capítulo
XVII – João Calvino: sua teologia e seu legado.
Capítulo
XVIII – A reforma Católica.
Capítulo
I – Cristianismo e História – A
plenitude dos tempos.
“Naqueles dias foi publicado um
decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para
recensear-se.”
(Lucas 2:1)
Como podemos observar no versículo
acima citado. O evangelista Lucas está narrando um evento histórico dentro de
seu livro. O que nos revela que a história de Deus e de seu povo é permeada de
acontecimentos que se deram de forma paralela, e que são grandes arcabouços
para a construção de um melhor entendimento e aprendizado do contexto em que os
livros foram inscritos. E nos viabiliza saber as riquezas dos fatos que
circundavam os eventos Bíblicos.
O
Cristianismo não é um mero evento a parte da história. Todavia, o “Dono” da
história, se fez presente na história, para nos revelar na história, as coisas
que estão além da história.
Quando nos deflagramos diante da
Bíblia. Encontramos em todo o seu conteúdo fatos históricos que revelam a
manifestação de Deus para a humanidade. Como por exemplo: No Antigo Testamento
os primeiros cinco livros, denominados Pentateuco. Apontam a revelação de Deus
ao seu povo. E como, Ele, gerou um povo e o guiou a história do mesmo, no
decorrer da história humana. Isso nos é evidente não somente nos cinco livros
mais durante todo o Antigo Testamento. Deus se fez presente na vida de seu
povo, e ainda se faz, pois está na condução do mesmo até o ponto auge da
história que será concretizada com a Parousia.
O Novo Testamento nos revela a
pessoa do próprio Deus vivenciando a história de forma humana. Os evangelhos
por diversas vezes nos revelam que Jesus não é um fato de nossa imaginação ou
derivação de alguma fábula humana. Porém, o Deus homem, realmente encarnou,
viveu, sofreu, se alimentou, enfim: esteve entre nós com todas atribuições que
nós seres humanos sofremos, com exceção do pecado.
O evangelista João vai dizer ao se
referir a este evento histórico da seguinte maneira: “o que era desde o
princípio é também o que temos ouvido, o que temos visto como nossos olhos, o
que temos contemplado, e as nossas mãos apalparam”. (I João 1.1) Ao lermos este
texto e sabermos o contexto histórico em que o mesmo está inserindo. Nos acende,
uma lâmpada na mente que nos clareia toda a construção do pensamento. Haja
vista que o apóstolo estava combatendo uma seita chamada “gnosticismo” que não
acreditavam que Jesus estivesse literalmente encarnado e sendo assim distorciam
os ensinamentos a cerca da pessoa de Jesus. O que derivaria em uma total
desconstrução naquilo em que, a teologia sistemática chama de Cristologia.
O Novo Testamento nos revela a
pessoa de Jesus. Como o mesmo concretizou o plano que recebeu de Seu Pai. Os
principais fatos de sua encarnação foram: sua morte de cruz, sua ressurreição dos
mortos e sua assunção aos céus. Porém, a história não parou por aí. Ele mesmo
disse que enviaria o Consolador que iria nos guiar em toda a verdade.
Dr. Lucas escreveu dois tratados. O
primeiro sobre os atos de Jesus, que ficou conhecido como o evangelho segundo
Lucas. E escreveu também os atos do Espírito Santo, que ficou conhecido como
Atos dos Apóstolos. Este livro que chamamos Atos dos Apóstolos nos narra a
chamada história e desenvolvimento da igreja primitiva. Porém, quando olhamos
com cuidado para o final do livro de Atos. Percebemos que Paulo esta pregando
em Roma e o texto da uma pausa. Detalhe, ele parecer pausar na construção e não
finalizar o mesmo. Até porque, a história dos atos do Espírito Santo através da
igreja não se findaram. Eles continuam a acontecer em nossos dias, através de
todo aquele que confessa o Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente
salvador.
Gonzalez vai dizer de forma
categórica:
“A história da
humanidade é a história dos atos do Espírito Santo entre os homens e as
mulheres que nos precederam na fé”.
Às vezes, no curso
desta história haverá momentos em que nos será difícil ver a ação do Espírito
Santo. Haverá quem utilizará a fé da igreja para enriquecer-se ou para
engradecer seu poderio pessoal. Outros haverá que se esquecerão do mandamento
do amor e perseguirão aos seus inimigos com uma fúria indigna do nome de
Cristo. Em alguns períodos parecerá que toda igreja abandonou por completo a fé
Bíblica, e teremos de nos perguntar até que ponto igreja pode verdadeiramente
chamar-se cristã. Em tais momentos, talvez nos convenha recordar dois pontos
importantes.
O primeiro destes
pontos é que a história da igreja que estamos narrando é a história dos feitos
do Espírito santo, sim: mas é a história desses atos entre as pessoas pecadoras
como nós... O Segundo ponto que devemos recordar é que foi precisamente através
desses pecadores e dessa igreja, que aparece às vezes totalmente descarrilhada,
que o evangelho chegou até nós. Ainda através dos séculos mais escuros da vida
da igreja, nunca faltarão cristãos que amaram, estudaram, conservaram e
copiaram as Escrituras e que desse modo as fizeram a chegar aos nossos dias...
Nós também somos parte da história
deste povo. Nós também somos parte dos Atos do Espírito Santo. Nós também somos
igreja do Senhor. Cabe-nos uma reflexão: Talvez seja por desconhecer a história
que muitos líderes (pastores) estão destruindo igrejas de grande tradição
histórica. Pois estes líderes se acham estar acima da história. Pois eles não
sabem que, quem cuida da história é o próprio Deus da história.
A Bíblia por diversas vezes irá se retratar há
algum evento histórico. O que nos dará maiores subsídios para entendermos o
contexto e até obtermos através de evidências externas maiores informações a
cerca do mesmo.
Plenitude dos tempos:
Nosso Deus por estar no controle da
história. Ele enviou o seu Filho Amado no melhor momento histórico existente
para sua encarnação. A Bíblia vai chamar este momento de “Plenitude dos
Tempos”. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes da Galácia vai utilizar-se
exatamente desta expressão: “Mas, vindo à
plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido de soba
a lei.” (Gálatas 4:4).
Para nós entendermos o que significa
dizer: “Plenitude dos tempos”. Precisamos entender o contexto histórico que fez
com que, o momento histórico da encarnação de Jesus, tomasse tal adjetivação.
Vamos analisar um pouco do cenário histórico para os irmãos entenderem melhor o
que nós estamos tratando:
Os Judeus na Palestina:
A Palestina sempre foi alvo de muita
disputa e guerra. A terra onde nasceu o Cristianismo e onde nosso Mestre Jesus
deu seus primeiros passos, sempre fora alvo de muita cobiça. Alguns fatores
favoreceram para que isso ocorresse. Como por exemplo o fator Geográfico. Vamos
explicar melhor o que é o fator Geográfico:
- Fator
Geográfico – A Palestina estava localizada justamente na rota comercial que
uniam o Egito e a Mesopotâmia, e a Arábia com a Ásia Menor. E por este
motivo que no Velho Testamento vamos ver diversas nações sempre quererem
se apoderar daquelas terras.
No
século IV a.C. quando as tropas de Alexandre o Grande invadiram a Palestina e a
tomaram-na dos Persas. Alexandre então iniciou um processo de implantação da
cultura grega. Alexandre não tinha apenas a intenção de dominar todas as
regiões do mundo. Sua filosofia era migrar toda humanidade para cultura grega.
Porém, isso nunca foi possível. Pois nenhuma cultura pode permanecer a mesma
sempre. Toda cultura sofre alterações. A cultura grega se misturou a dos povos
dos lugares onde as hostes macedônicas dominavam. A este processo deu-se o nome
de helenimo. O helenismo favoreceu ao rápido crescimento do império romano,
como também favoreceu ao crescimento do evangelho. Haja vista que em um aspecto
geral, toda a bacia do mediterrâneo conhecia o idioma, a cultura, a moeda, etc.
Um aspecto interessante para
comentarmos é que: diferentemente de todos os demais povos a sua volta. O povo
judeu não se abria, para outras culturas que pudessem influenciar em sua fé. O
judaísmo via no helenismo uma ameaça a fé no verdadeiro e único Deus.
Sabendo este fator a cerca do
pensamento judeu sobre o helenismo. Podemos entender o porquê de tantas
revoltas e revoluções aconteceram na história de Israel. Quando Alexandre
morreu, seu império se dividiu. Veja o que Justo Gonzalez comenta:
“Alexandre morreu no
século IV a.C, e seguiram então longos anos de instabilidade política. A
dinastia dos Ptolomeus, fundada por um dos generais de Alexandre, se apoderou
do Egito, enquanto que os Selêucidas, de semelhante origem, se fizeram donos da
Síria. De novo a Palestina resultou ser a maçã da discórdia nas lutas entre os
Ptolomeus e os Selêucidas... Por isso, a história da Palestina, desde a
conquista de Alexandre até destruição de Jerusalém, no ano de 70 d.C., pode se
ver como um conflito constante entre pressões do helenismo por uma parte e a
fidelidade dos judeus a seu Deus e suas tradições por outra.
O ponto culminante
dessa luta foi a rebelião dos Macabeus. Primeiro o sacerdote Matatias e depois
seus três filhos Jônatan, Judas e Simeão, se rebelaram contra o helenismo dos
Selêucidas, que pretendiam impor deuses pagãos entre os judeus. O movimento
teve algum êxito. Mas João Hircano, o filho de Simeão Macabeu, começou a se
amoldar aos costume dos povos circunvizinhos e a favorecer as tendências
helenistas. Quando alguns judeus mais restritos se opuseram a esta política,
desatou-se a perseguição. Por fim, no ano de 63 a.C. o romano Pompeu conquistou
o país e depôs o último dos Macabeus, Aristóbulo II... Mas, até a própria
tolerância romana não podia compreender a obstinação dos judeus, que insistiam
em render culto somente a seu Deus e que se rebelavam ante a menor ameaça
contra sua fé. Herodes fez todo o possível para introduzir o helenismo no país.
Com esse propósito fez construir templos em honra a Roma e a Augusto em Samaria
e Cesáreia. Mas, quando se atreveu a colocar uma águia de ouro na entrada do
Templo, os judeus se sublevaram e Herodes teve de recorrer à violência. Seus
sucessores seguiram a mesma política helenizante, fazendo construir novas
cidades de estilo helenista e trazendo gentios para viverem nelas.
Mediante a exposição destes fatores
parece ficar mais nítido para nós o fato do povo judeu ter se tornado tão
legalista. Os fariseus a vertente do judaísmo mais comum, mais ligada ao povo,
era detalhista no cumprimento da lei não querendo fazer com que o povo vivesse
de aparências, mas pelo contrário, seu objetivo era trazer ao povo de forma
mais cotidiana a aplicação da lei. Mas em muitas vezes eles perderam o foco
deste processo.
Nos dias de Jesus além dos fariseus
existiam outros partidos dentro do judaísmo. Vamos pontuar cada um deles
visando uma melhor elucidação:
Os
Fariseus – Era uma facção do judaísmo que era mais popular. Estes não desfrutavam
das benesses da aristocracia. Além disso suas crenças diferenciavam da tradição
judaica. Eles acreditavam em anjos e também na doutrina da ressurreição. Nos
evangelhos nós podemos constatar que Jesus repreende mais aos fariseus. Isto se
dá pelo menos por dois motivos: O primeiro era porque esta seita representava a
maioria dos judeus, já comentamos acima que eles eram populares. E em segundo
lugar, Jesus os criticava não pelo fato deles serem zelosos em cumprir a lei,
mas sim porque a lei tomou lugar de proeminência em suas vidas. Quando a
essência da lei sempre era o bem estar da humanidade. A lei foi criada para o
homem, e não o homem para a lei.
Os
Saduceus – Sua maioria era composta pelos aristocratas. Que por causa do poder
e status vivia a mercê de Roma. Geralmente era deste grupo que era escolhido o
sumo sacerdote e também os sacerdotes que se encarregavam do serviço do templo.
Por serem uma espécie de “grupo fiel aos antepassados”, não criam na doutrina
da ressurreição e nem na existência de anjos.
Os
Zelotes – Estes por sua vez estavam mais envolvidos com as políticas sociais do
que propriamente com espiritualidade. Eles eram extremamente contra o domínio
de Roma sobre o seu povo. E por este motivo estavam sempre envolvidos em alguma
rebelião ou uma tentativa de tal.
Os
Essênios – Eles eram um grupo separatistas. Alguns estudiosos acreditam que
foram deles os rolos, ou pergaminhos, que foram descobertos no mar Morto
recentemente. Existi uma teoria também que João o Batista tenha sido criado no
deserto pelos essênios. Eles eram separatistas pois, queriam guardar os
preceitos de seus pais sem serem influenciados pelos gentios. Segundo Flávio
Josefo o grande historiador além deles querem nas doutrinas tradicionais do
judaísmo. Eles também acreditavam, em doutrinas sigilosas que só podiam saber
quem fazia parte daquela comunidade.
Porém o fato é que todos estes
grupos têm pelo menos dois fatores em comum. São eles: O monoteísmo ético e a
esperança escatológica. O monoteísmo ético era a doutrina Bíblica que existe
somente um Deus, e que este Deus requer para si adoração, e que seus fiéis
guardem e pratiquem os seus ensinamentos. De modo que a justiça de seu nome
seja propagado para o louvo de seu próprio nome. Já a esperança escatológica
era a crença de que Deus enviaria um Messias que restauraria o reino de Israel
e reinaria com amor, justiça e paz sobre o mesmo.
Todas as seitas judaicas dependiam
do templo para a propagação de sua fé. Com exceção da seita dos fariseus.
Acredita-se que os fariseus foram derivados do grupo que fora exilado na
Babilônia e não tinham o templo para centralizarem sua fé e seus sacrifícios.
Então eles redirecionaram sua fé para a Lei.
Na época de Jesus existiam muitos
judeus espalhados pela face da terra. A sua grande maioria não podia estar nem
pelo menos uma vez por ano indo ao templo, como lhes era de costume. Então
também direcionavam sua fé para a Lei.
E em 70 d.C. quando o imperador Tito
invadiu Jerusalém e derrubou o templo. A seita dos saduceus e as demais não conseguiram
resistir ao golpe final. O único grupo que conseguiu sobreviver a todos estes
fatores foram os fariseus. Os judeus de nossos dias são frutos desta seita
chamada fariseu. Que conseguiu remodelar sua forma de existir para subsistir.
O Judaísmo da dispersão
Este judaísmo foi essencial para a
vida e propagação da fé cristã. Os judeus que estavam espelhados pelo império
Romano devido à diáspora, tinham algumas características muito particulares que
auxiliaram a expansão da fé cristã.
Alguns fatores que podemos citar que
favoreceram a fé cristã foi por exemplo: A tradução do Antigo Testamento para o
grego, que recebeu o nome de Septuaginta, ou seja a tradução dos setenta e dois.
A maioria dos judeus abriram mão do hebraico e passaram a utilizar o grego como
seu idioma do cotidiano o que favoreceu a entrada da cultura helenista entre
eles.
Depois que Alexandre o grande
difundiu a cultura grega por toda a bacia oriental do Mediterrâneo, o grego passou a ser
a língua oficial para a comunicação internacional. Quando os cristãos proclamavam
a Palavra de Deus, eles se utilizavam do idioma grego e da tradução grega do
Antigo Testamento. Estes foram os fatores que favoreceram a igreja a pregação
do evangelho.
O Mundo Greco-Romano:
A fé cristã também se favoreceu e em
outras ocasiões foi prejudicada pelos fatores políticos e culturais ocasionados
pelo mundo greco-romano. De início podemos falar a cerca de algo favoreceu a fé
cristã, a política e a cultura.
O império Romano conseguiu uma
unidade política e cultural que nunca antes fora visto. Podemos ver este privilégio
sendo desfrutado pelos nossos irmãos do primeiro século da seguinte forma: em
suas viagens marítimas. Quando começamos a estudar a vida do apóstolo Paulo podemos
ver como o mesmo esteva a perigo de naufrágios, tempestades, etc. Algum tempo
atrás era impossível navegar naqueles mares sem ser atacado por piratas que
infectavam os mares do Mediterrâneo.
Outra forma que podemos encontrar os
cristãos tirando proveitos eram os caminhos construídos pelos Romanos para
ligarem uma cidade à outra. Estes caminhos favoreceram as viagens missionárias
de Paulo o Apóstolo, mas também foram essenciais para os mercadores leigos, que
se tornaram grandes missionários na propagação do evangelho. Em muitos casos o
evangelho fora anunciado em uma região nova não por um dos apóstolos ou outros
discípulos dos mesmos. Mas sim por pessoas que estavam exercendo sua profissão,
tais quais: escravos, mercadores e outras pessoas que viajavam por algum outro
motivo.
Já o aspecto negativo da cultura
fora que muitas vezes Roma pretendeu unificar a fé religiosa. A ideia de Roma
era fazer do sincretismo religioso e do culto ao imperador um pressuposto para
fé religiosa. Um exemplo claro deste fato é o Panteão Romano, que significa:
templo de todos os deuses. Como os cristãos e os judeus não cultuavam a outro
deus que não fosse o verdadeiro Deus. Por diversas vezes foram perseguidos e
humilhados. Porém, o fator principal para a perseguição foi o culto ao
imperador. Quando os cristãos e os judeus se recusavam a prestar culto ao
imperador. Eram tidos como desleais ao mesmo. E aí já não se fala da esfera
religiosa e sim política.
Os cristãos também encontraram na
filosofia um auxílio para pregação de sua mensagem. A filosofia platônica
argumentava que existia um ser supremo, imutável, perfeito, que era a suprema
bondade e beleza. Ao contrário dos deuses pagãos segundo Platão e Sócrates que
eram criações humanas. E os dois ainda acreditavam na imortalidade da alma.
Platão também vai dizer que existe um mundo além deste que conhecemos hoje.
Outra filosofia que serviu de ajuda
a pregação do evangelho foi o estoicismo. Segundo eles, todo ser humano possui
dentro de si uma razão que nos diz como deve ser o nosso procedimento moral. Estas
filosofias ajudaram aos cristãos a anunciarem a sua fé se utilizando da cultura
e em algumas vezes se defendo da política que lhe fora imposta. Usando estes
exemplos na tentativa de provar que não havia nenhum tipo de rebeldia de sua
parte, apenas era uma opção religiosa.
Conclusão:
Gostaria
de encerrar este capítulo me apropriando das palavras de González:
“A “plenitude do tempo”
não quer dizer que o mundo estivesse pronto a se tornar cristão, como uma fruta
madura pronta para cair da árvore, mas quer dizer que, nos desígnios inescrutáveis
de Deus, havia chegado o momento de enviar o seu filho ao mundo para sofrer
morte de cruz, e de espalhar os discípulos por esse mesmo mundo, a fim de que
eles também dessem um testemunho custoso de sua fé no Crucificado.”
Bibliografia:
CAIRNS, Earle E. Cristianismo através dos séculos:
uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova,
2008.
GONZÁLEZ, Justo L.
A era dos Mártires – Vol. I: uma história
ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. Págs. 177.
HURLBUT, Jesse Lyman.
História da Igreja Cristã. São Paulo:
Vida, 2ª edição, 2007. Págs. 303.
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