quarta-feira, 18 de abril de 2012

1ª Ministração – Introdução e conceitos.



Rio de Janeiro, 18 de Abril de 2012.

Local - PIB em Rocha Miranda.


Estudo realizado na “Quarta com Deus”, por ocasião da série de mensagens: “Parábolas do Reino: Sapienciais da Eternidade para uma vida abundante.”
Texto base – Marcos 1.15-15
1ª Ministração – Introdução e conceitos.
  1. INTRODUÇÃO:
Na opinião dos mais conceituados estudiosos do Novo Testamento, o tema mais tratado por Jesus nos evangelhos Sinópticos[1] é o Reino de Deus. Ao iniciarmos uma leitura dos evangelhos. Podemos verificar que de fato: isso é uma verdade.
O texto que acabamos de ler. Revela-nos o Senhor Jesus iniciando seu ministério falando sobreo Reino Deus. Porém, quando falamos sobre o Reino de Deus, a impressão que temos é que falamos de algo que não é conhecido. Parece que estamos trazendo ao conhecimento de todos: um novo ensinamento, uma nova doutrina, algo novo. Quando de fato isso não é verdade.
Visando clarificar o entendimento dos irmãos tentaremos esclarecer de inicio: O que é o Reino de Deus? O que Jesus queria dizer quando falava sobre o Reino de Deus? Qual o interesse desse assunto para a nossa vida cristã em hodiernos? E algumas outras problemáticas existentes no permear de nossa cosmovisão.
1.1 A VISÃO DO VELHO TESTAMENTO SOBRE O REINO DE DEUS.
            O Velho Testamento apresenta o Senhor como Rei em muitos textos. Essa expressão de Deus como Rei Veterotestamentária implica diretamente na questão do atributo divino da Soberania. Ou seja, desde o Antigo Testamento os israelitas já conheciam e reconheciam a Soberania de Deus sobre sua nação e sobre todos os povos da terra. Vejamos alguns textos que nos respaldam enquanto a esta afirmação:
“O Senhor reinará eternamente” (Êxodo 15.18).
“Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel. O Senhor, o seu Deus, está com eles; obrado de aclamação do Rei está no meio deles” (Números 23.21).
“E Ezequias orou ao Senhor: “Senhor, Deus de Israel, que reina em teu trono, entre os querubins, só tu és Deus sobre todos os reinos da terra. Tu criaste os céus e a terra”” (II Reis 19.15).
“O Senhor assentou-se soberano sobre o dilúvio; o Senhor reina soberano para sempre” (Salmos 29.10).
“Eu Sou o Senhor, o Santo de vocês, o Criador de Israel e o seu Rei” (Isaías 43.15).
            Mas o Velho Testamento apresenta também o Senhor que se tornará Rei. Essa conotação Veterotestamentária apresenta a descrição profética acerca da pessoa do Messias, que teve o seu cumprimento na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Vejamos alguns textos que nos respaldam o quanto a isso:
“A lua ficará humilhada, e o sol, envergonhado; pois o Senhor dos Exércitos reinará no monte Sião e em Jerusalém, glorioso na presença dos seus líderes! (Isaías 24.23).”
“Pois o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso rei; e ele nos salvará.” (Isaías 33.33).
“Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação, que dizem a Sião: O seu Deus reina!” (Isaías 52.7).
“O Senhor anulou a sentença contra você, ele fez retroceder os seus inimigos. O Senhor, o Rei de Israel, está em seu meio; nunca mais você temerá perigo algum”. (Sofonias 3.15).
“O Senhor será rei sobre toda a terra. Naquele dia haverá um só Senhor e o seu nome será o único nome”. (Zacarias 14.9).
            Como anteriormente mencionamos, os israelitas criam que Deus era Soberano e por este motivo reinava sobrea vida de sua nação (Israel) e sobre os povos vizinhos. Porém, ao lermos os versículos acima supracitados podemos entender que Israel nutria a esperança sempre do rompimento divino na história buscando a salvação de seu povo.
            Essa percepção de salvação não era somente um fato de um futuro próximo, mas também de um futuro escatológico. Ou seja, em muitas mensagens proféticas o juízo de Deus se daria de fato neste tempo presente. E, em outros casos, em um parecer final de Deus na história. Porém, de uma forma não tão clara, Israel aguardava a vinda do Reino de Deus. Vejamos o que diz Dr. Ladd:
“De qualquer modo, em toda a extensão do judaísmo, a vindo do Reino de Deus foi aguardada como um ato de Deus – talvez utilizando agentes humanos – para derrotar os inimigos ímpios de Israel e reunir este povo disperso, vitorioso sobre seus inimigos, em sua terra prometida, unicamente sob o domínio de Deus”.[2]

1.2   O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO BASILEIA TOU THEOU (REINO DE DEUS).
Segundo Dr. Ladd a melhor maneira de entendermos o real sentido desta expressão “Basileia Tou Theou” é da forma pela qual o Senhor Rei e Soberano em nossas vidas neste tempo presente, mas se tornará de fato e de forma plena na consumação do mundo em sua Parousia[3].
            Jesus ao encarnar implantou o Reino de Deus entre nós. Ao romper as esferas temporais, Jesus trouxe a possibilidade obtermos valores que são Eternos, neste tempo presente. Através de seu sacrifício Ele nos possibilitou sermos salvos hoje, mas também sermos salvos no futuro, ou em sua Parousia, ou pela nossa morte.
            Diferentemente do Antigo Testamento onde ocorriam manifestações do Reino de Deus em períodos específicos. Através da pessoa de Jesus o Reino de Deus foi implantando na esfera temporal para ser consumado na esfera Eterna.
           
1.4 O DUALISMO CÓSMICO (O JÁ MAIS AINDA NÃO)
            Ao entendermos que o Reino de Deus sempre esteve presente no Antigo Testamento em paralelo a este presente século. Tendo irrupções em momentos específicos da história por Deus como nos seguintes episódios: dilúvio, êxodo, cativeiro babilônico, etc.
            Fica fácil entender a implicação do Reino de Deus entre nós. O Reino sempre existiu de fato e de direto no governo e na Soberania do Senhor Deus, ou seja, Deus sempre esteve no controle da história na Eternidade. Porém, ao próprio Deus encarnar ele trouxe a Eternidade para o tempo presente, apontando para uma consumação futura. A encarnação possibilitou a implantação do Reino de Deus e a ressurreição possibilitou a esperança na consumação do mesmo.

1.5  O REINO COMO UM DOM PRESENTE.
            Jesus ao falar sobre a o Reino ele colocou em paralelo ao ensino da Eternidade. Vejamos o que Ladd diz:
“Em resposta a pergunta do mancebo as condições de herdar a vida Eterna (Mc. 10.17), Jesus referiu-se a entrar no Reino (10.23,24) e receber a vida eterna (10.30) como se esses fossem conceitos sinônimos. O Reino é um dom que o Pai se agrada em conferir ao pequeno rebanho dos discípulos de Jesus (Lc.12.32).”[4]
            Jesus disse que o Reino deve ser recebido a semelhança das crianças. As crianças no ensino de Jesus denotam a confiança no Pai, denotam uma atitude responsiva, denotam a satisfação em receber uma dádiva (um presente), ela se encaixam perfeitamente no sermão do monte quando o Senhor Jesus diz que os que pedem recebem e os buscam acham (Mateus 7.7).
            Devemos ter um coração como o de uma criança para sermos gratos ao nosso Deus por podermos fazer parte do grupo de discípulos de Jesus a quem é permitida a entrada no Reino dos Céus.
            Creio que seja por este motivo que Lewis expressou a euforia da dádiva do presente do Reino através dos olhos dos quatro reis ao entrar em Nárnia. O olhar de uma criança ao receber um presente de fato demonstra a veracidade acerca de um presente que ganhou.
1.8 O DOM DA SALVAÇÃO.
            O dom da salvação se encontra nos evangelhos de duas formas: a salvação escatológica e a comunhão com Deus. Hoje podemos experimentar estas duas esferas mesmo neste tempo presente. Somos salvos e por este motivo Jesus nos propicia através de seu sacrifício entrarmos na presença do Pai e desfrutarmos de Sua Santa Presença.
            No futuro, ou em nossa morte, ou através da vinda do Senhor Jesus iremos desfrutar da salvação da morte, ressuscitando em um corpo glorificado que desfrutará de uma plena comunhão no céu com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
            Podemos perceber que alegria da salvação é experimentada neste tempo presente através da parábola do filho pródigo, a dracma perdida, o encontro de Jesus com Zaqueu e alguns outros textos dos evangelhos. E em relação a comunhão basta nos olharmos para o fato de Jesus participar da comunhão (refeições) com os pecadores no tempo presente.

1.9 O DOM DO PERDÃO.
            Ao olharmos a atitude de Jesus em algumas passagens ao falar sobre o perdão, nós podemos verificar como os líderes religiosos ficavam irados, pois segundos eles, “quem era Jesus para perdoar pecados”, afinal de contas, só Deus, têm esse poder.
            Quando Jesus em Marcos 2 utiliza a expressão Filho do Homem, ele está se referindo a figura messiânica de Daniel 7.13, e Ele diz que essa promessa messiânica se cumprira n’Ele, Jesus.
            Ladd vai dizer que “Jesus não ensinou uma nova doutrina acerca do perdão; Ele trouxe aos pecadores perdidos uma nova experiência de perdão”. Quando Jesus disse a mulher na casa de Simão que seus pecados estavam perdoados. Ele não disse que Deus a estava perdoando, ou falou sobre a salvação em Deus. Ele foi taxativo: “Os teus pecados estão perdoados”. (Lc. 7.48)
            Jesus em sua encarnação propiciou a humanidade, aquilo que os profetas no Antigo Testamento haviam prometido somente no futuro, como benção escatológica do Reino Eterno de Deus.
1.10 A DÁDIVA DA JUSTIÇA.
            Nos ensinos de Jesus a justiça não é alcançada pelos méritos humanos, por uma busca da perfeição através de uma ética e moral intocáveis. Mas os ensinos de Jesus nos aponta a justiça como algo outorgado como Graça através da entrada do individuo no Reino de Deus. Por este motivo ele diz que nós devemos buscar primeiro o Reino de Deus e sua Justiça (a justiça é Deus e não nossa).
            De modo que automaticamente ao buscarmos o Reino de Deus somos justificados pelo Deus do Reino, que somente Ele, e através de seus próprios méritos, podemos alcançar tal Graça diante de Deus.
            Ter a justiça excedida dos escribas e fariseus, não significa sermos padrões taxativos de justiça. Mas significa sermos participantes de Reino que é Justo, por que o seu Rei é Justo. Aleluia!
            E com esta cosmovisão que devemos olhar para o texto de Lc. 18.14, sobre a parábola do Escriba e Publicano em suas respectivas orações. Diz Jesus que o Escriba que se achava irrepreensível perante a prática da lei, não foi justificado pela mesma, e não foi justificado por Deus, devido ao seu coração altivo e suficientemente soberbo. Já o publicano, que não se achava merecedor de nada, indigno, pecador. Saiu daquele lugar, justiçado pelo próprio Deus, que o faz por Ser Justo e Bom.
            Ao olharmos para todos os ensinamentos de Jesus nos evangelhos sobre justiça. Podermos sempre sinalizar que o padrão exigido por Jesus é alto de mais. E por este motivo impossível de pecadores como nós alcançarmos tal justiça. A não ser que, Deus nos capacite para o mesmo.

1.10 CONCLUSÃO.
            Gostaria de finalizar este estudo com as palavras do Dr. George Eldon Ladd que diz:
“A missão de Jesus não significou um novo ensinamento, mas um novo evento. Ela trouxe aos homens uma prova real e presente da salvação escatológica. Jesus não prometeu o perdão dos pecados; Ele os conferiu. Ele não somente assegurou aos homens a comunhão futura; mas convidou-os a comunhão com sua própria pessoa como aquele que inaugurou o Reino. Não somente prometeu-lhes vindicação no dia do juízo; mas conferiu-lhes uma justiça presente. Não apenas ensinou-lhes um livramento escatológico do mal físico; mas veio demonstrar o poder remidor do Reino, livrando os homens da enfermidade e até da morte.
Este é o significado da presença do Reino com uma nova era de salvação. Receber o Reino de Deus, submeter-se ao domínio de Deus, significa receber a dádiva do Reino e entrar no gozo de suas bênçãos. A era do cumprimento é agora, mas o tempo da consumação ainda espera o século futuro.”[5]
            Nele, que é o Deus do Reino:
            Pr. Roberto da Silva Meireles Rodrigues.

BIBLIOGRAFIA:
CARSON, D.A. MOO, Douglas J. MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.
FERREIRA, Franklin. MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.
JEREMIAS, Joachim. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos.2003.




[1] A palavra Sinópticos quer dizer  “ver em conjunto”, ela é derivada do grego (synopsis). Foi utilizada pela primeira vez por um teólogo alemão chamado J.J.Griesbach, devido à semelhança encontrada nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas acerca do ministério de Jesus.
[2] LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos.2003.pg. 89.
[3] É o termo teológico utilizado para descrever a volta de Cristo de forma escatológica. A palavra no grego tem o seguinte significado “pará” (ao lado) e “ousia” (estando), significando “estando ao lado” de forma literal.
[4]  LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos.2003.pg. 102.

[5] LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos.2003.pg. 110.

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