Rio de Janeiro, 09 de Maio
de 2012.
Local - PIB em Rocha
Miranda.
Estudo realizado na
“Quarta com Deus”, por ocasião da série de mensagens: “Parábolas do Reino: Sapienciais
da Eternidade para uma vida abundante.”
Texto base – Lucas
12.13-21.
4ª Ministração – No
Reino de Deus o pouco é muito, e o muito é pouco.
- INTRODUÇÃO:
Para
dar continuidade a nossa série de mensagens, iremos hoje falar sobre a
cosmovisão de Jesus acerca da acumulação de bens. Durante muito tempo em nossas
vidas cristãs esse assunto foi deixado de lado pelo simples fato de queremos
espiritualizar, ou até mesmo, tentarmos dar uma elucubração para o não
cumprimento de uma coisa que é, em minha cosmovisão Bíblica, um princípio.
Antes
de entrarmos propriamente no texto gostaria de elucidar aos irmãos sobre
algumas ponderações acerca do que estamos explanando:
ANTES DA QUEDA
– Quando Deus cria o homem em Gênesis 1.26-29, antes da queda a ordem de Deus
expressa é que sempre no plural, indicando a coletividade, e na coletividade a
igualdade é emanada a todos. Nós não encontramos no plano inicial do Éden
alguém com mais propriedade ou possuindo mais bens que o outro.
“E
Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a
terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus,
e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos
tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e
toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.”
(Gênesis 1.26-29)
DEPOIS DA QUEDA – O ANO DO JUBILEU
– Depois da queda do homem em Gênesis 3, começamos a encontrar relatos de
dominação do rico sobre o pobre. Essa dominação e por consequência exploração
do que têm menos posse, por aquele que tem mais posse. O Senhor deu ao povo
leis, visando corrigir tais injustiças sociais que se tornaram frutos da
avareza e do egoísmo humano em sua satisfação pessoal.
O ano do Jubileu é um grito de
liberdade do oprimido. Ficou conhecido como o ano da libertação, o ano
aceitável do Senhor. Por nesse período, o escravo era livre, os trabalhadores
ficam livres de sua obrigações trabalhistas, as terras que fora adquiridas
pelos mais afortunados, são devolvidas ao seu antigo dono, ou pelo menos alguém
da parentela do mesmo. Isso tudo visando a não acumulação de bens nas mãos de
poucas pessoas.
O problema é que nós resolvemos
espiritualizar tudo. E quando olhamos este texto o olhamos o alegorizando para
o Novo Testamento, com a libertação através da pessoa de Jesus, porém, o texto
em seu contexto de origem deve ser analisado para nos servir de princípio para
nos balizar acerca de uma cosmovisão social mais justa e menos capitalista
neoliberal.
“E
santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os
seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão,
e cada um à sua família.” (Levítico 25:10)
Essa explanação inicial nos dá o
entendimento de que acumulação de bens, e o colocar o coração nos mesmos tira o
homem do foco para o qual Deus o criou. Vamos analisar agora as palavras de
Jesus e o que Ele, queria ensinar com a explanação da mesma.
Um homem surge no meio da multidão e
levanta uma questão. Depois de levantar a questão, o homem pede ao Senhor Jesus
que julgue a mesma. Jesus o responde dizendo: “Que Ele não o havia sido
constituído juiz daquela causa”.
Um
dia Jesus será juiz de toda a terra. Mas naquele momento, Ele estava focado em
sua missão. E não podia perder tempo com disputas mesquinhas. Disputas como
estas deveriam ser encaminhada as entidades civis.
A
questão é que o homem estava enxergando Jesus como enxergava aos fariseus e
mestres da lei, que viviam julgando o povo, e alguns deles, ainda se utilizavam
de tais fatos para proveitos pessoais. Jesus vai mais longe, e diz: “E manda as
pessoas que estão o ouvindo a terem cuidado com a avareza”. Dando a entender
que aquele homem era avarento e estava com o coração naquela herança.
Sua
aproximação de Jesus se deu pelo fato interesseiro, da possibilidade do mesmo
resolver suas causas pessoais e econômicas sociais. Porém, Jesus se aproveita
desta situação e conta uma parábola sobre um homem que estava com os seus
negócios indo de vento em polpa.
E
começou a colocar sua esperança e sua vida nos bens materiais. Sua intenção
passou a se regozijar em suas conquistas. Ele perdeu a visão temporária da
vida. Por maior que fosse seu patrimônio, um dia, ele iria morrer. A questão
levantada por Jesus é: “O que adiantará tudo isso (patrimônio, riquezas, poder,
etc.) quando Deus pedir a tua alma?”
Ai
está; a equação resolvida. O problema na acumulação de bens, é que: ela traz
consigo muitas coisas sutis e malignas, tais como: individualismo, miséria,
fome, desigualdade social, egoísmo, etc.
Aprendamos com Jesus a cosmovisão do
Reino de Deus. Vamos questionar a afirmação acima e ver as possíveis respostas
encontradas no texto:
Problemática - Por que no Reino de
Deus, o pouco é muito, e o muito é pouco?
1ª Resposta – No Reino de Deus, o
servo do Rei, vive da dependência de seu Rei.
Na
parábola que Jesus nos conta. Encontramos um homem que estava totalmente
dependente de seus recursos e bens materiais. Era um homem que não se lembrava
de Deus, e nem ao menos pensava na possiblidade de uma vida futura, sua visão
era que a vida se dava somente nesta esfera terrena.
Mas sua confiança estava depositada
nos recursos por ele ajuntados. Sua confiança estava em ter ele, o que comer o
resto de sua vida. Sua confiança estava nele saber que não precisava mais
trabalhar para poder obter o seu sustento, ou o sustento dos seus.
Esse pensamento está na contramão da
proposta apresentada por Jesus no sermão da montanha, e em seus demais
ensinamentos. É comprovado em nossos dias que o homem neste presente século, em
muitos casos, está se fartando de comer, se vestindo com as melhores roupas, está
tendo os melhores carros, as melhores casas, os melhores celulares, os melhores
computadores, etc. Eles pensam no auto de sua arrogância: “Eu Tenho tudo! Por
que eu preciso de Deus?”
A perspectiva do Reino de Deus é
exatamente ao contrário a esta. É perspectiva da dependência do Deus do Reino,
é a perspectiva da dependência do Rei do Reino, é orar pedindo ao Rei o pão
nosso de cada dia, é levar a ele cinco pães e dois peixes para alimentar uma
multidão, é ofertar apenas duas moedinhas, quando as mesmas são tudo o que se
tem. É ter a certeza que eu tenho mais valor do que um pássaro, do que um lírio
do campo. E por este motivo a confiança de tal homem reside não em suas forças,
em sua inteligência, nos seus bens, etc.
Mas
sua confiança reside no Rei do Reino, que mesmo sem este homem ser merecedor,
Ele prepara uma mesa farta. Ele, a semelhança de um pastor faz com suas
ovelhas; Ele as leva a pastos verdejantes. A semelhança de uma galinha, Ele,
protege o seus pintinhos debaixo de suas asas.
Parece-nos uma perspectiva bem
diferente não é verdade?
2ª Resposta – No Reino de Deus, o
servo do Rei, entesoura-se com os tesouros reais do Reino.
Quando passamos a fazer parte do
Reino de Deus nossos valores e padrões são modificados. Nossos tesouros não
são: ouro, prata, joias, terras, carros, brilhantes, etc. Nosso maior valor
está em poder ser herdeiro da promessa de poder fazer parte do Reino. Isso
consiste em o nosso coração está na Eternidade, e em, os seus valores.
Sendo assim, fica fácil para nós
entendermos as Palavras do Apóstolo aos gentios quando ele diz: Porque o reino
de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito
Santo (Romanos 14.17). Nosso coração está em fazer a vontade do Pai.
Estamos
preocupados em buscar o Reino de Deus e sua justiça (Mateus 6.33). Nós não
estamos preocupados em juntar tesouro onde à “traça e a ferrugem consomem, e onde
os ladrões minam e roubam” (Mateus 6.20). Nosso coração não está ansioso em
saber o que havemos de comer ou o que havemos de vestir (Mateus 6.31). Apenas
descasamos no nosso provedor, que é o nosso Rei, o dono do Reino.
Na
verdade nós estamos ajuntando tesouro no Reino dos céus. Mas afinal de contas o
que é ajuntar tesouro no Reino dos céus?
Ajuntar
tesouros no Reino dos céus consiste em; comer e beber a vontade de Deus.
Ajuntar tesouro no Reino dos céus consiste em; ajudar ao necessitado. Ajuntar
tesouro no Reino dos céus consiste em; visitar os presos. Ajuntar tesouro no
Reino dos céus consiste em; combater a corrupção. Ajuntar tesouro no Reino dos
céus consiste em; ser honesto em meio a uma geração corrompida e sem valores.
Ajuntar tesouro no Reino dos céus consiste em; ter um coração desprendido capaz
de ter tudo em comum, e não ter nada em nada, a não ser no Senhor.
3ª Resposta – No Reino de Deus, o
servo do Rei, não liga para os bens do Rei. Por que ele ama ao Rei.
Um dos personagens Bíblicos com que
eu mais identifico é Davi. Esse cara entendeu de fato o que amar ao Rei. Deus
escolheu Davi para que ele fosse rei de Israel após Ele ter negado a Saul pelo
seu coração altivo e insubmisso. O que nos parece é que Saul perdeu a visão de
que o reino de Israel não era seu, e que existe um Rei, que governa com justiça
e equidade, e que a vontade desse Rei, deve ser cumprida.
Após esse episódio triste, da
rejeição de Saul. O jovem pastorzinho de ovelhas Davi, é ungido rei pelo
profeta Natã, e alguns anos mais tarde virá a se tornar rei sobre toda a
Israel. Por várias vezes ele foi tentado a exercer o seu poder sobre aqueles
que o desafiavam, ou que queriam o seu trono, o que até mesmo tentavam o matar.
Porém, pelo seu coração não está no trono. Ele deixou que o Senhor fosse o seu
bem maior.
Quando Davi estava no pasto com
ovelhas antes de ser rei: Deus era o seu bem maior.
Quando
Davi estava no palácio servindo a Saul: Deus era o seu bem maior.
Quando
Davi estava governando somente Judá: Deus era seu bem maior.
Quando
Davi comete vários erros: Ele se arrepende por que Deus era o seu bem maior.
Quando
Davi é ungido rei sobre todo o Israel: Deus era o seu bem maior.
Quando
Absalão usurpa seu trono: Deus era o seu bem maior.
Quando
Absalão morre nas mãos de Joabe: Deus era o seu bem maior.
Quando
chega a sua velhice: Deus era o seu bem maior.
Quando chega a hora de sua sucessão com Salomão:
Deus era o seu bem maior.
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