DURAN, Márcio
Silva. Teologia da Simplicidade. Rio
de Janeiro: MK Ed. 2007. 136p.
A literatura que analisamos é fruto de sua tese de mestrado, no curso de
pós-estudos, oferecido pelo Seminário Teológico Betel no Rio de Janeiro, a
temática da especialização é ministérios globais.
Duran inicia seu livro fazendo uma
breve introdução acerca de todo extenso conteúdo que será trabalhado pela sua
pessoa em tal obra. A introdução ao tema proposto já nos gera grande entusiasmo
em nos aprofundarmos na temática a ser tratada, exaurindo, lendo, e, examinado
os textos. Mas, também, em experimentarmos de forma prática um estilo de vida
simples em nosso cotidiano.
O primeiro capítulo do livro o autor
traça um panorama da real situação do país em que vivemos. Não somente do nosso
país, mais também de todo o mundo. Sua formação no campo das ciências econômicas,
o capacita para uma concatenação bela acerca dos dados estatísticos e suas
implicações no desenvolvimento social.
Sua percepção econômica o faz
vislumbrar coisas que até então para nós “leigos”, são aparentemente ocultas, e
de grande dificuldade de entendimento. Jungido a este pressuposto. O mesmo faz
uma análise da sociedade no que diz respeito à política neoliberal conjugada
com o capitalismo, conforme dito pelos Titãs: “capitalismo selvagem”. E, como,
estes fatores estão tornando cada vez mais acirrada a desigualdade social em o
nosso país.
Márcio após ter explanado as
pressuposições sociais e econômicas. Como todo bom cristão bíblico ortodoxo, se
volta para a Bíblia. Haja vista que é impossível a construção do pensamento
teológico de outro ponto de partida a não ser a Bíblia. E tendo a Bíblia como
pressuposto para sua construção paradigmática. Encontra na mesma resposta de
Deus ao povo, com o ano do Jubileu. O ano do jubileu consistia na repartição de
terras. Era uma espécie de reforma agrária naqueles dias. O intuito do Senhor
nosso Deus era não deixar que ficasse em poucas mãos o poderio econômico
gerando desigualdades sociais, e por consequência: fome, miséria, escravidão,
etc.
Como possível saída para este
cenário tão conturbado e nebuloso apresentado acima o mesmo um estilo de vida
mais simples. Mais parecido com a vivência Neotestamentária de Jesus e os
apóstolos. Em nosso humilde entendimento parece-nos que sua proposta perpassa
em: o rico, ter em sua vida a concepção inserida no padrão perdoador de dívida
contida no ano do jubileu, dividindo o poder financeiro concentrado em suas
mãos. E o pobre, após se livrar de tal escravidão. Viver de forma simples de
acordo com suas posses e bens, para que não caia de novo no mesmo engodo
maldito do ciclo mórbido gerado por uma política dirigida pela economia.
Sua cosmovisão acerca da temática
tratada é encontrar no estilo de vida simples o padrão Bíblico como uma
possível saída para tal quadro situacional encontrado em o nosso país e no
mundo.
No segundo capítulo o autor narra à
construção histórica sobre o pressuposto levantado pelo mesmo acerca da
temática vida simples. O mesmo aponta o congresso de Lausanne I como o
despertar para a questão. E pontua de forma sistémica tanto o seu conteúdo, como
a história da discrição do congresso, o Congresso Internacional de Vida
Simples.
No conteúdo do tema tratado no
congresso existe uma forte ênfase nos seguintes assuntos: Deus está ao lado dos
pobres, a espiritualização dos textos que tratam do assunto pobreza e
apontamentos para a construção de uma vida mais simples, de famílias mais
simples, igrejas mais simples e por consequência disso, sociedade mais simples
e com uma sensibilidade maior na ajuda ao pobre.
No terceiro capítulo do livro o
autor vai tratar de como a construção de uma vida simples deve-se de fato, ser
aplicada em uma contribuição a uma sociedade mais igualitária, no que diz
respeito à economia, lazer, etc. Márcio vai apontar a junção entre a
evangelização e a contribuição social, como um padrão Bíblico. Na verdade, não
diretamente Márcio irá apontar este fato, mas sim, o consenso de pensadores no
congresso supracitado pelo autor em seu livro.
O mesmo narra a dificuldade
existente para jungir estas duas esferas da vida cristã: a evangelização e o
bem estar social comunitário. As junções destes dois fatores proporcionam, a
cosmovisão de se enxergar o homem em um ser totêmico, ou seja; integral. Aqui
de fato o autor se posiciona contra a questão soterológica da teologia da
libertação e defende que não somente deve ser evidenciada a construção de um
bem estar social, mas é necessário que o homem pecador encontre em Cristo Jesus
salvação para sua vida.
O capítulo 4 leva propriamente dito
o título do livro. Duran traça as três teologias que são tratadas e exauridas
ao longo de toda a sua obra e faz um paralelo ao pensamento Karl Barth e Lutero
de que teologia deve desencadear na práxis. Tendo feito isso discorre sobre
como as mesmas; teologia da libertação, teologia da prosperidade e a teologia da
simplicidade, são de fato não só construção acadêmica, mas são desdobradas na
práxis do dia a dia.
O autor tenta conceituar
simplicidade. Mas pelo que entendemos não consegue de fato chegar a uma
definição sistemática. Haja vista como sistematizar uma coisa que é tão
profunda e ao mesmo tempo tão pratica, como sistematizar uma coisa que é tão
simples, e ao mesmo templo complexa?
É um paradoxo que se explica pelo mesmo. Pelo menos, o leitor pesquisador teve
esta impressão ao examinar o texto.
Duran cita o excelente livro:
Celebração da simplicidade, escrito pelo ilustre Richar Foster. Conforme
anteriormente falamos, Foster vai se utilizar da construção paradoxal para
tentar a construção de uma possível tentativa de elucidação do que na verdade é
teologia da simplicidade.
Foster vai dizer que a verdadeira
simplicidade ela emerge de dentro para fora. Ela é interior, depois de ser exterior.
Ela não é meramente uma mudança de vestuário, ou alguma outra coisa parecida.
Mas é de fato fruto de uma verdadeira mudança de interior.
O mesmo termina traçando uma crítica
a teologia da prosperidade que não possuí respaldo nenhum bíblico para poder de
fato ser considerada como uma teologia. É assim chamada como um apelido. Essa
malfadada teologia é um engodo para todo e qualquer cristão genuíno. Depois de
dito isso, o autor aponta para a pessoa de Jesus como resposta de simplicidade
ao mundo carente e necessitado de sua ajuda.
Pastor Márcio agora se volta para a
história da igreja onde encontra grandes heróis da igreja tais como: São
Francisco de Assis, George Muller e Madre Teresa de Calcutá. E se utiliza da
vida destes grandes homens para também ajudar alicerçar a construção do
pensamento acerca da teologia da simplicidade.
Conclusão:
É um prazer poder reler uma tão
excelente obra. Um das matérias que em nosso tempo de seminarista mais mexeram
com o meu coração e mente. Lembro-me que na ocasião que tomamos conhecimento do
Pr. Márcio Duran e de sua construção teológica. Fomos agraciados pelo senhor
para a construção de um texto chamado: “teologia do jumentinho”, onde de fato
queríamos enfatizar que Jesus é o nosso Rei, o dono de fato de nossas vidas.
Nosso intuito fora mostrar a
identificação que temos com o jumentinho. Um jumentinho sem guia, não sai do
lugar. Um jumentinho sem guia não tem vontade. Um jumentinho sem guia, não sabe
o que fazer. Que possamos ser como um jumentinho em que Jesus montou e foi
glorificado ao entrar na cidade santa.
Minha oração é que Ele conduza de fato as nossas vidas a uma vida de
simplicidade. Construída não de forma exterior, mas de forma interior.
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