Capítulo VIII – A controvérsia Ariana e o Concílio de Nicéia:
1. A controvérsia Ariana.
1.1. INTRODUÇÃO:
O
Cristianismo desde seu nascedouro enfrentou muitas batalhas no que diz respeito
à conservação da sã doutrina. Porém, nos três primeiros séculos de vida. A
igreja sofreu uma forte perseguição que não permitia o prolongamento e uma
maior esmiuçar de suas discussões teológicas. Todavia, com a paz desfrutada
após o decreto de Constantino. As discussões e debates teológicos ganharam mais
tempo e interesses em seus desdobramentos.
Quando
uma controvérsia começava a tomar uma proporção muito grande. O império ficava
em estado de alerta. Haja vista, que estas discursões poderiam gerar possíveis
rachas na Igreja; o que não interessava ao império. Pois, sua cosmovisão em
relação ao Cristianismo era que o mesmo servia como um “cimento para um muro”.
Esse
fato fica muito evidente com a primeira controvérsia mais longa que teve a
intervenção do imperador convocando o primeiro concílio de toda igreja, visando
solucionar o problema em debate. Essa controvérsia ficou conhecida como:
“Controvérsia Ariana”. E o concílio ficou conhecido como: “Concílio de Nicéia”.
1.2. AS ORIGENS DA CONTROVÉRSIA ARIANA
As
origens da controvérsia Ariana são mais remotas do que período de Constantino.
Em capítulos passados estudamos como homens tais quais: Clemente de Alexandria,
Orígenes, Justino, entendiam a pessoa de Deus. E como estes homens argumentaram
a favor da apologia cristã para defender a existência do mesmo.
Nós
sabemos que no afã de provar aos pensadores de seus tempos que Deus de fato
existia, eles se utilizaram das ideias dos grandes pensadores conhecidos pelo
permear acadêmico, exemplos: Platão, Sócrates, Aristóteles, etc. Estes
pensadores ilustres arrogavam que um Universo tão perfeito não poderia ser obra
de um acaso. Que com toda certeza existia um ser superior que criou todas as
coisas.
Dentro
desta perspectiva os nossos apologistas defendiam que a semelhança dos
filósofos eles criam neste “Ser Supremo” a quem chamamos de Deus. Porém, este
argumento possuía um perigo. Os cristãos querendo comprovar a existência de
Deus estavam se apegando a argumentações que fugiam das Santas Escrituras. E
por este motivo em um determinado momento isso poderia resultar em possíveis erros
teológicos se não houvesse o devido cuidado.
Podemos
dar um exemplo da clara distinção em um ponto da concepção dos filósofos acerca
da natureza desse ser que é criador e a natureza do nosso Deus apresentado
pelas Sagradas Escrituras. Para os filósofos, este ser era estático, imutável,
impassível. Para as Escrituras o nosso Deus é Ativo, é transcendente e ao mesmo
tempo imanente. Ele chora com os que choram. Ele alegra-se com os que se
alegram. Percebemos inicialmente uma grande diferença nestas duas construções
teológicas não é verdade?







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Podemos observar que Ário não dizia que Jesus não
existia antes de toda criação. O que Ário dizia era que Jesus foi à primeira
criatura de Deus. Alexandre dizia que o Pai e o Verbo já coexistiam na
Eternidade. Dizendo que o Verbo não teve um início. Ou seja, dizia que o Verbo
tinha a mesma essência e substância do Pai.
Ário
também argumentava que com esta alegação de Alexandre ele estava destruindo o
monoteísmo cristão e criando dois deuses. Alexandre dizia que a proposta de
Ário estava esvaziando Jesus de sua divindade e por Jesus ser Deus, por este motivo
Ele era adorado pelos apóstolos e por toda história da igreja. Segundo
Alexandre se tirarmos de Jesus sua divindade, o tornaríamos uma criatura, e se
Jesus é uma criatura não devemos adorá-lo, pois Ele não é Deus. Isso na
concepção de Alexandre era um absurdo e um grande equívoco teológico.
O
embate teológico se tornou público quando o bispo excomungou o presbítero de
suas funções eclesiásticas e o proibiu de falar suas doutrinas. Porém, Ário não
aceitou tal ato e começou a divulgar seus pensamentos e procurar ajuda de
outros bispos e da massa. Logo começou um imenso alvoroço na cidade de
Alexandria entre a controvérsia entre Alexandre e Ário. Essa proporção foi
aumentando e se expandindo para outras partes do império. Logo se viu que
poderia existir a possibilidade de um cisma na igreja oriental.
Foi
nesse contexto que o imperador Constantino interviu pedindo a um bispo de sua
confiança chamado de nome Ósio de Córdoba para mediar a questão. O bispo deu o
veredito ao imperador dizendo que as raízes do conflito eram profundas demais e
não poderia acontecer a reconciliação. Logo Constantino se viu sem saída, e
encontrou uma única saída. Convocar um concílio entre todos os bispos da igreja
para a resolução do conflito, visando pacificar o problema.
1.3. O CONCÍLIO DE NICÉIA
Vejamos
alguns dados da realização do Concílio:
Local – Cidade Nicéia, na Ásia Menor, perto de
Constantinopla.
Ano de Realização – 325 d.C.
Quantidade de Participantes – Estima-se que
estiveram presentes cerca de 300 bispos.
Até
algum tempo atrás a maioria destes bispos haviam sofrido as mais duras
provações e perseguições. Agora eles se viam reunidos em uma cidade do império,
a pedido do imperador, com todas as suas despesas pagas, conhecendo os mais
ilustres homens de Deus, homens que às vezes só conheciam de ouvir falar ou
através de cartas. Aquele de fato era um momento muito especial na história da
igreja.
O
concílio teve adeptos das duas doutrinas e as mesmas foram discutidas de modo
acirrado. Até se chegar ao seguinte consenso:
“Cremos
em um Deus Pai todo poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
E
em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus; gerado como Unigênito do Pai, isto
é, da substância do Pai, Deus de Deus; Luz da Luz; Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro; gerado, não feito; consubstancial com o Pai; mediante o qual todas
as coisas foram feitas, tanto as que estão no céus como as que estão na terra;
que para nós humanos e para a nossa salvação desceu e se fez carne, se fez
homem, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e virá para julgar os vivos e
os mortos.
E
no Espírito Santo.
Aos
que dizem, pois, que houve quando o Filho de Deus não existia, e que antes de
ser concebido não existia, e que foi feito das coisas que não são, ou que foi
formado de outra substância ou essência, ou que é uma criatura, ou que é
mutável ou variável, a estes a igreja católica anatematiza.
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