segunda-feira, 4 de junho de 2012

Capítulo VIII – A controvérsia Ariana e o Concílio de Nicéia:


Capítulo VIII – A controvérsia Ariana e o Concílio de Nicéia:


1. A controvérsia Ariana.
1.1. INTRODUÇÃO:
            O Cristianismo desde seu nascedouro enfrentou muitas batalhas no que diz respeito à conservação da sã doutrina. Porém, nos três primeiros séculos de vida. A igreja sofreu uma forte perseguição que não permitia o prolongamento e uma maior esmiuçar de suas discussões teológicas. Todavia, com a paz desfrutada após o decreto de Constantino. As discussões e debates teológicos ganharam mais tempo e interesses em seus desdobramentos.
            Quando uma controvérsia começava a tomar uma proporção muito grande. O império ficava em estado de alerta. Haja vista, que estas discursões poderiam gerar possíveis rachas na Igreja; o que não interessava ao império. Pois, sua cosmovisão em relação ao Cristianismo era que o mesmo servia como um “cimento para um muro”.
            Esse fato fica muito evidente com a primeira controvérsia mais longa que teve a intervenção do imperador convocando o primeiro concílio de toda igreja, visando solucionar o problema em debate. Essa controvérsia ficou conhecida como: “Controvérsia Ariana”. E o concílio ficou conhecido como: “Concílio de Nicéia”.
1.2. AS ORIGENS DA CONTROVÉRSIA ARIANA
            As origens da controvérsia Ariana são mais remotas do que período de Constantino. Em capítulos passados estudamos como homens tais quais: Clemente de Alexandria, Orígenes, Justino, entendiam a pessoa de Deus. E como estes homens argumentaram a favor da apologia cristã para defender a existência do mesmo.
            Nós sabemos que no afã de provar aos pensadores de seus tempos que Deus de fato existia, eles se utilizaram das ideias dos grandes pensadores conhecidos pelo permear acadêmico, exemplos: Platão, Sócrates, Aristóteles, etc. Estes pensadores ilustres arrogavam que um Universo tão perfeito não poderia ser obra de um acaso. Que com toda certeza existia um ser superior que criou todas as coisas.
            Dentro desta perspectiva os nossos apologistas defendiam que a semelhança dos filósofos eles criam neste “Ser Supremo” a quem chamamos de Deus. Porém, este argumento possuía um perigo. Os cristãos querendo comprovar a existência de Deus estavam se apegando a argumentações que fugiam das Santas Escrituras. E por este motivo em um determinado momento isso poderia resultar em possíveis erros teológicos se não houvesse o devido cuidado.
            Podemos dar um exemplo da clara distinção em um ponto da concepção dos filósofos acerca da natureza desse ser que é criador e a natureza do nosso Deus apresentado pelas Sagradas Escrituras. Para os filósofos, este ser era estático, imutável, impassível. Para as Escrituras o nosso Deus é Ativo, é transcendente e ao mesmo tempo imanente. Ele chora com os que choram. Ele alegra-se com os que se alegram. Percebemos inicialmente uma grande diferença nestas duas construções teológicas não é verdade?
Elipse: PAIElipse: PAIElipse: PAI            A controvérsia surgiu na cidade de Alexandria entre o presbítero mais conhecido da cidade chamado Ário; e o bispo da cidade chamado Alexandre. A controvérsia se resumia na seguinte questão: “Houve quando o verbo não existia?” Alexandre dizia que o verbo sempre existiu junto do Pai. Ário dizia o contrário. Isso pode parecer simples. Porém, o que estava em jogo era a divindade do Verbo, ou seja: Jesus.
           
Elipse: MUNDO
 







           
Podemos observar que Ário não dizia que Jesus não existia antes de toda criação. O que Ário dizia era que Jesus foi à primeira criatura de Deus. Alexandre dizia que o Pai e o Verbo já coexistiam na Eternidade. Dizendo que o Verbo não teve um início. Ou seja, dizia que o Verbo tinha a mesma essência e substância do Pai.
            Ário também argumentava que com esta alegação de Alexandre ele estava destruindo o monoteísmo cristão e criando dois deuses. Alexandre dizia que a proposta de Ário estava esvaziando Jesus de sua divindade e por Jesus ser Deus, por este motivo Ele era adorado pelos apóstolos e por toda história da igreja. Segundo Alexandre se tirarmos de Jesus sua divindade, o tornaríamos uma criatura, e se Jesus é uma criatura não devemos adorá-lo, pois Ele não é Deus. Isso na concepção de Alexandre era um absurdo e um grande equívoco teológico.
            O embate teológico se tornou público quando o bispo excomungou o presbítero de suas funções eclesiásticas e o proibiu de falar suas doutrinas. Porém, Ário não aceitou tal ato e começou a divulgar seus pensamentos e procurar ajuda de outros bispos e da massa. Logo começou um imenso alvoroço na cidade de Alexandria entre a controvérsia entre Alexandre e Ário. Essa proporção foi aumentando e se expandindo para outras partes do império. Logo se viu que poderia existir a possibilidade de um cisma na igreja oriental.
            Foi nesse contexto que o imperador Constantino interviu pedindo a um bispo de sua confiança chamado de nome Ósio de Córdoba para mediar a questão. O bispo deu o veredito ao imperador dizendo que as raízes do conflito eram profundas demais e não poderia acontecer a reconciliação. Logo Constantino se viu sem saída, e encontrou uma única saída. Convocar um concílio entre todos os bispos da igreja para a resolução do conflito, visando pacificar o problema.
1.3. O CONCÍLIO DE NICÉIA
            Vejamos alguns dados da realização do Concílio:
Local – Cidade Nicéia, na Ásia Menor, perto de Constantinopla.
Ano de Realização – 325 d.C.
Quantidade de Participantes – Estima-se que estiveram presentes cerca de 300 bispos.
            Até algum tempo atrás a maioria destes bispos haviam sofrido as mais duras provações e perseguições. Agora eles se viam reunidos em uma cidade do império, a pedido do imperador, com todas as suas despesas pagas, conhecendo os mais ilustres homens de Deus, homens que às vezes só conheciam de ouvir falar ou através de cartas. Aquele de fato era um momento muito especial na história da igreja.
            O concílio teve adeptos das duas doutrinas e as mesmas foram discutidas de modo acirrado. Até se chegar ao seguinte consenso:
            “Cremos em um Deus Pai todo poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
            E em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus; gerado como Unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus; Luz da Luz; Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não feito; consubstancial com o Pai; mediante o qual todas as coisas foram feitas, tanto as que estão no céus como as que estão na terra; que para nós humanos e para a nossa salvação desceu e se fez carne, se fez homem, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e virá para julgar os vivos e os mortos.
            E no Espírito Santo.
            Aos que dizem, pois, que houve quando o Filho de Deus não existia, e que antes de ser concebido não existia, e que foi feito das coisas que não são, ou que foi formado de outra substância ou essência, ou que é uma criatura, ou que é mutável ou variável, a estes a igreja católica anatematiza.



           
           
            

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