Rio de Janeiro, 18 de Abril de 2012.
Local - PIB em Rocha Miranda.
Estudo realizado na “Quarta com Deus”.
Série de mensagens – “Do monte, para os nossos corações.
Tema – Os pobres e os chorões.
Texto base – Mateus 5. 1-12
1ª Ministração – Os pobres e os chorões.

INTRODUÇÃO:
Estamos diante de um grande desafio. Expor o sermão do monte; remete-nos de fato, a olhar para dentro de nós mesmos, e impele-nos a reavaliar nossas vidas e nossas atitudes diante do Senhor. John Sott vai comparar o sermão do monte a um manifesto. Um manifesto escrito com base nas Palavras e ensinamentos do próprio mestre o Senhor Jesus Cristo.
Ainda citando John Stott, e assim o faremos muitas vezes. Pois seu comentário das bem-aventuranças, chamado de: “Contra cultura”, é sem sombra de dúvidas, um dos melhores comentários sobre o texto que está sendo exposto. Diz Sott: Que para entendermos de fato a se o sermão do monte é realmente relevante aos nossos dias, devemos fazer três perguntas: 1ª Pergunta - “O Sermão é autêntico? Ou seja: Foi realmente Jesus que o proferiu, ou é apenas uma paráfrase de um de seus discípulos de seu ensinamento?” 2ª Pergunta – “O Sermão é relevante?” e a 3ª e última pergunta – “O sermão é prático?”
As respostas para todas estas perguntas se centraliza no fato da Palavra de Deus ser atemporal e acultural, ou seja: Ela não está limitada há tempo e culturas. Ela transcende estas questões aos quais, nós seres humanos estamos vinculados. Pois afirmação que o próprio Jesus faz é: “passarão céus e terra, mas minhas Palavras não vão passar”. (Mateus 24.35)
A Bíblia ela não precisa buscar fora de si mesma razão para se autenticar. Haja vista que a Bíblia é um livro de fé, e não um livro científico. Devemos buscar nela mesmo o que ela diz sobre si mesma. Ela diz sobre si mesma que é a vera Palavra de Deus, inerrante, infalível, etc. (II Tm. 3.16; II Pe. 1.20).
Tendo esclarecido estas questões iniciais vamos propriamente dito ao contexto em que Jesus proferiu o sermão. O evangelho de Mateus relata o sermão no início do ministério de Jesus. O sermão se encontra logo após o seu batismo e o episódio da tentação. O texto inicia dizendo que Jesus chama seus discípulos a um monte e começa a ensiná-los mais profundamente sobre as implicações de ser um cidadão do Reino dos Céus.
Jesus profere um sermão maravilhoso. Stott vai dizer que mesmo que muitas pessoas continuem a exaurir o texto, e a escrever seus comentários sobre o mesmo. Nem assim, acabaria o interesse pela novidade que o mesmo proporciona. Utilizando a mesma expressão do saudoso teólogo: “inexauríveis”, ou seja, jamais poderá ser exaurido em sua totalidade.
Pois bem, vamos realizar mais alguns esclarecimentos para que possamos adentrar a explanação do texto em questão. Precisamos também entender que Jesus ao proferir o sermão não estava dizendo aos seus discípulos que existiriam pessoas que se enquadrariam na sua fala, e outras que não se enquadrariam. Ou seja, não havia descrições de algumas pessoas. Seu ensinamento é de fato para todos os cristãos. Todos devem colocar em prática no seu dia-a-dia os ensinamentos encontrados no texto.
Podemos utilizar como explicação para este fato também o texto de Gálatas onde o apóstolo Paulo fala sobre os fruto do Espírito Santo. Todo crente deve crescer em todos os aspectos citados por Paulo em sua carta. Já diferentemente dos dons espirituais. Que são distribuídos pelo Espírito sobre sua igreja. Ou seja, é Ele que determina.
Outra coisa que precisamos saber é que Jesus ao utilizar a expressão: “bem aventurados”, Ele não está se dirigindo a uma condição emocional. Mas Ele está descrevendo a cosmovisão de que Deus tem sobre todo aquele: servo e serva que se enquadra dentro destas alusões.
Outra coisa que vale a pena ser ressaltado é as promessas contidas em cada bem-aventurança. Estas promessas são para o presente ou para o futuro? Meu entendimento é que se aplicam para o presente, e também para o futuro. Até por que somos sabedores que nossas ações neste tempo presente possuem implicações eternas.
Outra questão que geralmente é levantada: O sermão do monte não ensina salvação pelas obras? De modo nenhum seria a minha resposta. A pressuposição humana em querer auto justificar cega o entendimento de que Jesus quer alcançar duas questões teológicas dentro deste aspecto: A primeira é que a justificação é feita pela fé. Haja vista que os padrões morais são altíssimos para serem totalmente seguidos. E sendo assim, revela ao pecador que o mesmo por si só jamais irá conseguir justificar-se diante de Deus. O segundo é que sendo o pecador justificado por Cristo é desafiado agora pelo texto a um processo de santificação. É que os puritanos resumem da seguinte maneira: a lei nos envia a Cristo para sermos justificados, e Cristo nos manda de volta à lei para sermos santificados.
Vamos analisar de inicio duas das bem aventuranças. Que segundo João Crisóstomo: “são uma espécie de cadeia de ouro”.
1ª Bem-aventurança – Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus. (Verso 3)
Ser pobre em espírito implica em reconhecer diante de Deus seu atual estado de miséria devido ao pecado. É reconhecer diante de Deus sua insignificância, sua insuficiência em alcançar padrões morais tão elevados, é reconhecer sua dependência de Deus e em Deus alcançar tudo, ou seja: sustento, alegria, paz, santidade, etc.
Calvino ao explicar esta expressão ele diz o seguinte: “Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”. É essencial entendermos esta verdade para nos tornarmos verdadeiros pobres em espírito. Reconhecermos que não podemos fazer nada para nos justificar diante de Deus. Mas também para, buscarmos em Deus uma dependência para continuarmos o seu verdadeiro.
Por isso o Reino é concedido aos fracos, por serem fracos são fracos, e buscam em Deus forças. Por isso o Reino de Deus é das criancinhas. Simples, humildes, sem nada a oferecer a um adulto cheio de conhecimento pré-formatado e condicionado.
Um bom exemplo de repreensão a pessoas que não se tornaram pobres em Espírito é a repreensão de Jesus à igreja de Laodicéia em Apocalipse 2.14-21. Dizendo que aqueles irmãos estavam altivos. Haviam se esquecido de sua insuficiência diante de Deus para sua própria justificação. Achavam que seus bens poderiam de alguma forma viabilizar algo no Reino de Deus.
Como você se enxerga neste aspecto?
2ª Bem-aventurança – “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados”. (Verso 4)
Stott vai se referir ao entendimento deste texto como uma grande paradoxo, “feliz os infelizes”. Na verdade a ideia de John é elucidar o fato de que a vida cristã é um contraponto entre estar alegre pela salvação em Cristo, mas ao mesmo tempo um quebrantamento diante de Deus pela miséria pecaminosidade humana.
Talvez essa seja uma coisa que nos falta. O prantear diante de Deus pelos nossos pecados. Josias ao encontrar o livro da lei em II Crônicas 34, rasga suas vestes e chora diante de Deus reconhecendo os erros do seu povo e os seus próprios erros. Esdras quando se depara diante do pecado de seus irmãos ele chora diante de Deus pedindo ao Senhor perdão e logo depois fala ao povo, o conclamando ao arrependimento.
O famoso missionário David Brained em sua devocional declara a seguinte expressão: "Em minhas devoções matinais minha alma desfez-se em lágrimas, e chorou amargamente por causa da minha extrema maldade e vileza.”
O Salmista vai dizer que “torrentes de águas nascem de seus olhos”. Ao mesmo tempo como o arrependimento traz um choro de tristeza. Ele nos alegra. Stott está certo dentro da pequenez cosmovisão deste mero pregador.
Conclusão:
Que o Senhor nos ajude a aplicarmos a sua Palavra em nossos corações.
Roberto da Silva Meireles Rodrigues
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