domingo, 31 de março de 2013

“Presentes da Graça”


Rio de Janeiro, 31 de Março de 2013.

Local – Primeira Igreja Batista em Rocha Miranda.
Texto Bíblico – Mateus 27.27-44
Tema – Presentes da Graça

“Presentes da Graça”



            Nosso coração está jubiloso. É a primeira celebração da Páscoa que estou junto aos irmãos como vosso pastor. Confesso que meu coração neste momento está permeado com um mix de sentimentos: júbilo, senso se responsabilidade, amor, compaixão, um orgulho no bom sentido, senso de incapacidade diante de tamanho desafio, etc.
            Há mais de dois mil anos atrás o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo estava se dirigindo ao Gólgota, estava se dirigindo rumo à cruz, em seu coração não havia espaço para dúvidas em relação ao que Ele deveria fazer. O apóstolo Pedro nos dá exatamente essa certeza quando diz que antes da fundação do mundo o cordeiro já havia sido imolado. (I Pe. 1.19-20)
            Nesta noite eu gostaria de convidá-los para uma viagem no túnel do tempo. Vamos retornar ao momento em que Jesus está sendo preparado para ser crucificado. Iremos relembrar todo o seu sofrimento: os soldados romanos encravando em sua cabeça os espinhos; encravando os pregos em suas mãos; debochando e cuspindo em sua face; cobrindo com um manto escarlate e escarnecendo sobre o mesmo ser o rei dos judeus; a cruz pesada sendo carregado até o monte da crucificação cada um destes momentos, era um grito do coração de Deus a humanidade: “É por vocês. Eu os amo. E, sou capaz de suportar esse peso por amor de vocês”.
            Particularmente, sou apaixonado por um clássico da literatura evangélico mundial escrito por Max Lucado, o nome desse livro é: Ele escolheu os cravos. Neste livro Lucado nos faz pensar sobre alguns objetos que as vezes nos são esquecidos. Ele refresca a nossa memória e nos faz lembrar as aplicações de cada um deles. Esta noite eu gostaria de examinar junto com vocês alguns objetos e como próprio Max diz em sua obra: “Estaria o monte da crucificação cheio de presentes de Deus? Podemos examiná-los? Abramos estes presentes da graça como se — ou talvez, quem sabe - pela primeira vez. E, ao tocá-los — ao sentir a madeira da cruz e passar os dedos pela trança da coroa de espinhos — pare e ouça. Provavelmente você o ouvirá sussurrar: "Eu fiz isto por você. "
1º Presente da Graça – As vestes de Jesus. (v. 28)
            A Bíblia em diversos momentos fala acerca das vestes enfatizando a ligação da mesma com o caráter da pessoa ao qual a se refere. Um bom exemplo disso são as vestes que Elias e João Batista usavam que denotavam a sua austera e sem nenhum tipo de luxo pessoal.
            O evangelho de João nos dá um detalhe interessante sobre as vestes de Jesus. Diz o texto que: “A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.”
(João 19.23)
João fez esta descrição propositadamente. Ele queria demonstrar uma particularidade do caráter de Jesus. A semelhança da túnica que não tinha nenhuma costura do alto a baixo, o caráter de Jesus não possuía nenhum remendo. Era perfeito!
            E somente alguém sem nenhum defeito; somente alguém sem nenhum pecado, culpa ou mancha poderia saciar a justiça de Deus para um sacrifício expiatório e substitutivo por toda a humanidade. Que se encontra em total depravação em contra ponto a santidade do bendito e Eterno Deus.
            Mas as vestes de Jesus também foram lhe tiradas, demonstrando o quanto Ele fora humilhado e exposto diante dos seus familiares, amigos, diante de todos. Os soldados deixaram Jesus despido. Se para nós humanos, mortais pecadores já é uma grande humilhação. Imaginem para o Criador do Universo, o Santo de Israel. Todavia, ao saber deste fator, você possa ouvir a voz de Jesus com mais nitidez dizendo: “Eu fiz isso por você!”

Ilustração do Jantar e a obrigação do Paletó! (Extraído do livro – Ele escolheu os cravos – Max Lucado – Ed. CPAD)

Maitre não mudaria de idéia. Ele não se importava que esta fosse nossa lua-de-mel. Não importava que a noite no chique restaurante do Country Clube fosse um presente de casamento.
Ele não se importava com o fato de que Denalyn e eu tivéssemos ido sem almoçar para guardar um lugarzinho para o jantar. Tudo isto era nada comparado ao vultuoso problema.
Eu não estava usando paletó.
Eu não sabia que precisaria de um. Pensei que camisa social fosse o suficiente. Ela estava limpa e passada. Mas o senhor black-tie com sotaque francês estava impassível. Ele acomodou todas as outras pessoas. Sr. e Sra. Cortês sentaram-se a uma mesa. Sr. E Sra. Muito Obrigado também se sentaram. Mas e quanto ao Sr. E Sra. Sem Paletó?
Se eu tivesse outra opção, não teria implorado. Mas não tinha.
A hora estava avançada. Os outros restaurantes já haviam fechado, e estávamos famintos.
— Deve haver algo que você possa fazer — implorei. Ele olhou para mim, então para Denalyn, e expressou um longo sinal que encheu suas bochechas. — Está bem, deixe-me ver.
Ele desapareceu no guarda-objetos e emergiu com um paletó.
— Vista isto — eu vesti.
As mangas eram muito curtas. Os ombros muito apertados. E a cor era verde-limão. Mas eu não reclamei. Já tinha o paletó, e estava seguindo em direção à mesa.
Não conte a ninguém, mas eu o tirei quando a comida chegou.
Com todo o inconveniente da noite, conseguimos um jantar maravilhoso e uma parábola ainda melhor. Eu precisava de um paletó, mas tudo que eu tinha era uma oração. O camarada era muito gentil para virar-me as costas e muito elegante para abaixar o padrão. Assim, a mesma pessoa que requereu o paletó deu-me o paletó, e conseguimos a mesa.
Não foi isto que aconteceu com a cruz? Os assentos à mesa de Deus não estão disponíveis para os desleixados. Mas quem dentre nós é melhor do que isto? Rude moralidade. Desalinhado com a verdade. Descuidado com as pessoas. Nossas vestes morais estão em desordem. O padrão para sentar à mesa de Deus é alto, mas o amor de Deus para com seus filhos é ainda maior. Então Ele oferece um presente.

2º Presente da Graça – Coroa de espinhos. (v.29)
            Os espinhos nas Escrituras Sagradas simbolizam as consequências do pecado. Após a queda o Senhor fala a seguinte frase a Adão: “Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo”. (Gênesis 3.17-18)
            A desobediência na Bíblia resulta em espinhos: “Espinhos e laços há no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe dele”. (Provérbios 22.5) Max destaca algumas características do espinho: pontiagudos, duros e cortantes. E o pecado não possui essas mesmas características? Ele não corta a nossa relação com Deus? Ele não nos deixa duros e cria barreiras (pontiagudos) na relação com Deus?
            A coroa de espinhos na cabeça de Jesus era um símbolo externo da dor que invadia o seu nobre e incorruptível coração. Ele que não tinha nenhum pecado; Ele que nunca antes tinha experimentado a dor da solidão, da amargura, da vergonha, do medo, agora experimentar tudo isso de uma única vez.
            Será que ainda não estamos conseguindo ouvir de forma nítida o seu grito: “Eu fiz isso por você!”

3º Presente da Graça – Cuspiram-no. (v.30)
            O cuspe daqueles soldados em Jesus nos faz lembrar quem de fato somos nós. Desde que preferimos ser com Deus no Éden em nós habita uma natureza depravada e má. Essa natureza nos leva sempre a sermos tendenciosos ao pecado. Paulo expressou isso escrevendo aos Romanos quando disse: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”. (Romanos 7.19)
            Salomão disse que não há nenhum justo sobre a terra, não há ninguém que nunca peque. (Eclesiastes 7.20) Na verdade aqueles soldados representam: eu e você. Nossa natureza corrompida e má nos faz optarmos pelo pecado e como consequência do mesmo nos afastamos de Deus.
            O belo desta narrativa não está no cuspe. O cuspe é apenas mais um detalhe da Graça. É apenas, mais uma das muitas, demonstrações de amor que o Emanuel, o Deus homem, deu de amor por mim e por ti. Talvez com a elucidação desta mensagem de amor. Você possa ouvir agora no seu coração a voz dele dizendo: “Eu aguentei isso por amor a você!”

Ilustração da bela e a fera (Extraído do livro – Ele escolheu os cravos – Max Lucado – Ed. CPAD)

Você conhece a história. Houve um tempo em que seu rosto era bonito e seu palácio agradável. Mas isto foi antes da maldição, antes das trevas caírem sobre o castelo do príncipe. E, quando a escuridão tomou conta, ele sucumbiu. Recluso em seu castelo
rebelde, com um focinho reluzente e grandes caninos.
Porém tudo mudou quando a mocinha chegou. Fico pensando, o que teria  acontecido à Fera caso a Bela não tivesse aparecido?
Melhor ainda, o que teria acontecido caso ela não tivesse se importado? Quem a teria culpado? Ele era tão... digamos, animalesco! Pêlos longos. Babão. Frustrado. E ela era tão bela.
Estonteante. Uma bondade contagiante. Se duas pessoas se encaixassem exatamente nesta descrição, não seriam elas exatamente a Bela e a Fera? Quem a teria culpado caso ela não tivesse se importado? Mas ela se importou. E, porque a Bela amou a Fera, a Fera tornou-se linda.
A história é familiar, não apenas por tratar-se de um conto de fadas. É familiar porque nos faz lembrar de nós mesmos. Há uma fera dentro de cada um de nós.

4º Presente da Graça – A cruz. (v. 32)
            Esse presente da Graça que separamos é sem sombra de dúvidas o mais conhecido e o mais comentado entre todos os outros. Porém, penso que às vezes é pronunciado sem que a pronúncia e a pessoa que o pronunciou tenham a real dimensão do que essa cruz significou para história da humanidade.
            A cruz está em todo lugar. Ela está em forma de um pingente em um cordão, em cima de uma lápide, em igrejas, em frente a casas, nas entradas de alguns comércios. Ela se tornou um símbolo universal da fé cristã. Porém, não nos parece estranho termos um instrumento de morte como símbolo de nossa fé?
            Max faz um comentário no livro em que estamos nos utilizando para a confecção desta mensagem. Lucado vai dizer que outras religiões possuem símbolos muito mais otimistas, por exemplo: o judaísmo com a estrela de Davi, a lua crescente do islã, a flor de loto do budismo.
Por que o nosso então é um símbolo de morte? Não lhe parece estranho! Você andaria por ai com uma cadeira elétrica pendurada no pescoço? Você pediria que colocasse em sua lápide um pelotão de fuzilamento? Você pintaria em frente a sua causa alguns instrumentos de tortura tal como o chicote, por exemplo?
A cruz por si só não tem valor algum. Na verdade se olharmos simplesmente para cruz de fato nós a enxergaremos a mesma sem a sua essência. Ao olharmos a rude cruz não visualizamos algo atraente. Não vemos algo belo, algo que reflita por si mesmo uma beleza própria. A cruz só tem o seu significado por que um dia... Um dia não, melhor dizendo: antes da fundação do mundo, o cordeiro de Deus ofereceu-se a si mesmo pelos seus. A cruz lembra-nos de morte, renúncia, dor, abstinência, humilhação.
A cruz lembra-nos o Filho do homem sofredor. Sim, a cruz nos lembra-nos o servo sofredor descrito pelo profeta Isaías. Mas este servo sofredor transformou o sentido, a cor, a simples cruz em uma ferramenta utilizada por Deus para alcançar e consumar o plano da redenção. Nós só conseguimos entender o plano da redenção olhando para cruz. Só conseguimos enxergar o propósito do cristianismo olhando a cruz e entendendo a humilhação do Filho do Homem.
Ele não foi inerte ao meu pecado, Ele não fingiu não ter visto meu sofrimento, Ele não deu as costas às minhas necessidades. Ele não deixou que o pecado me separasse Eternamente de Deus. Nisto consiste a beleza da cruz, em que Ele sendo o mais puro, Ele sendo O Perfeito, Ele sendo o Eterno, Ele sendo o Inalcançável, Ele sendo o Inatingível, se fez próximo e tangível. Mesmo “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:6-8).
O apóstolo João expressou a maravilha da encarnação da seguinte maneira: “O que era desde o princípio, o que vimos como os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida. Porque a vida foi manifesta, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (I Jo 1:1-2). Esta é a beleza da cruz: O Deus homem morto pelos pecados de uma humanidade morta em seus pecados! E a cruz ainda continua sendo loucura como diria o apóstolo dos gentios.
É neste fato que reside à beleza da cruz: “Deus escolhe as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.”(I Co 1:28-29)
Se você for abrir o seu coração a cruz você ouvirá a voz dele dizendo a você: “Eu fiz isso por amor você. Quero passar toda a Eternidade ao seu lado!”

Conclusão:
            Todos estes presentes da Graça de Deus: as vestes de Jesus, a coroa de espinhos, o cuspe e a cruz. Demonstram o quanto o Senhor te ama e quanto Ele deseja que você passe a Eternidade ao seu lado. E, por te amar por demais. Ele deseja que você faça essa escolha. Diante de tudo isso que você ouviu, diante de todos esses presentes que o Senhor Jesus lhe deu. Qual será sua resposta a Ele?
            Minha sincera oração é que você dê ouvidos ao som do amor e peça ao Senhor Jesus que faça morada em seu coração e lhe dê a vida Eterna.
            Certo de que Cristo nos ama:
            Pr. Roberto da Silva Meireles Rodrigues.

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