sexta-feira, 30 de agosto de 2013

3ª Ministração - Teologia da simplicidade sobre a perspectiva de Márcio Duran.

Instituto Bíblico da Primeira Igreja Batista em Rocha Miranda
Curso Básico em Teologia – Módulo: Tópicos em Teologia
Professor: Roberto da Silva Meireles Rodrigues

I. Teologia da simplicidade sobre a perspectiva de Márcio Duran.


          A pretensão deste tópico de nossa disciplina é exaurir o conteúdo emanado pelo autor, Márcio Duran, em sua obra intitulada, “Teologia da Simplicidade”, editado pela MK Publicações. É evidente que o livro acima supracitado será pressuposto para o conteúdo de simples tratado como que também indicado para os alunos e leitores deste para um maior aprofundamento no tema sugerido.
          A obra em questão é de autoria do Pr. Márcio Duran Silva. O autor, possuí em seu currículo acadêmico os seguintes parâmetros: Formado em Teologia pelo Seminário Teológico Betel, formado em economia pela UERJ, Pós-Graduado em Administração de Empresas e Gestão de Negócios pela FGV, e mestrado pelo Seminário Teológico Betel em Ministérios Globais. A literatura que analisamos é fruto de sua tese de mestrado, no curso de pós-estudos, oferecido pelo Seminário Teológico Betel no Rio de Janeiro, a temática da especialização é ministérios globais.
            Duran inicia seu livro fazendo uma breve introdução acerca de todo extenso conteúdo que será trabalhado por sua pessoa em tal obra. A introdução ao tema proposto já nos gera grande entusiasmo em nos aprofundarmos na temática a ser tratada, exaurindo, lendo, e, examinado os textos. Mas, também, em experimentarmos de forma prática um estilo de vida simples em nosso cotidiano.
            O primeiro capítulo do livro o autor traça um panorama da real situação do país em que vivemos. Não somente do nosso país, mais também de todo o mundo. Sua formação no campo das ciências econômicas, o capacita para uma concatenação bela acerca dos dados estatísticos e suas implicações no desenvolvimento social.
            Sua percepção econômica o faz vislumbrar coisas que até então para nós “leigos”, são aparentemente ocultas, e de grande dificuldade de entendimento. Jungido a este pressuposto. O mesmo faz uma análise da sociedade no que diz respeito à política neoliberal conjugada com o capitalismo, conforme dito pela conhecida banda pop, Titãs: “capitalismo selvagem”. E, como, estes fatores estão tornando cada vez mais acirrada a desigualdade social em o nosso país.
            Márcio após ter explanado as pressuposições sociais e econômicas. Como todo bom cristão bíblico ortodoxo, se volta para a Bíblia. Haja vista que é impossível a construção do pensamento teológico de outro ponto de partida a não ser a Bíblia. E tendo a Bíblia como pressuposto para sua construção paradigmática. Encontra na mesma resposta de Deus ao povo, com o ano do Jubileu. O ano do jubileu consistia na repartição de terras. Era uma espécie de reforma agrária naqueles dias. O intuito do Senhor nosso Deus era não deixar que ficasse em poucas mãos o poderio econômico gerando desigualdades sociais, e por consequência: fome, miséria, escravidão, etc.
            Como possível saída para este cenário tão conturbado e nebuloso apresentado acima o autor aponta um estilo de vida mais simples como um possível víeis. Mais parecido com a vivência Neotestamentária de Jesus e os apóstolos. Em nosso humilde entendimento parece-nos que sua proposta perpassa em: o rico, ter em sua vida a concepção inserida no padrão perdoador de dívida contida no ano do jubileu, dividindo o poder financeiro concentrado em suas mãos. E o pobre, após se livrar de tal escravidão. Viver de forma simples de acordo com suas posses e bens, para que não caia de novo no mesmo engodo maldito do ciclo mórbido gerado por uma política dirigida pela economia.
            Sua cosmovisão acerca da temática tratada é encontrar no estilo de vida simples o padrão Bíblico como uma possível saída para tal quadro situacional encontrado em o nosso país e no mundo.
            No segundo capítulo o autor narra à construção histórica sobre o pressuposto levantado pelo mesmo acerca da temática vida simples. O mesmo aponta o congresso de Lausanne I como o despertar para a questão. E pontua de forma sistémica tanto o seu conteúdo, como a história da discrição do congresso, o Congresso Internacional de Vida Simples.
            No conteúdo do tema tratado no congresso existe uma forte ênfase nos seguintes assuntos: Deus está ao lado dos pobres, a espiritualização dos textos que tratam do assunto pobreza e apontamentos para a construção de uma vida mais simples, de famílias mais simples, igrejas mais simples e por consequência disso, sociedade mais simples e com uma sensibilidade maior na ajuda ao pobre.
            No terceiro capítulo do livro o autor vai tratar de como a construção de uma vida simples deve-se de fato, ser aplicada em uma contribuição a uma sociedade mais igualitária, no que diz respeito à economia, lazer, etc. Márcio vai apontar a junção entre a evangelização e a contribuição social, como um padrão Bíblico. Na verdade, não diretamente Márcio irá apontar este fato, mas sim, o consenso de pensadores no congresso supracitado pelo autor em seu livro.
            O mesmo narra a dificuldade existente para jungir estas duas esferas da vida cristã: a evangelização e o bem estar social comunitário. As junções destes dois fatores proporcionam, a cosmovisão de se enxergar o homem em um ser totêmico, ou seja; integral. Aqui de fato o autor se posiciona contra a questão soterológica da teologia da libertação e defende que não somente deve ser evidenciada a construção de um bem estar social, mas é necessário que o homem pecador encontre em Cristo Jesus salvação para sua vida.
            O capítulo 4 leva propriamente dito o título do livro. Duran traça as três teologias que são tratadas e exauridas ao longo de toda a sua obra e faz um paralelo ao pensamento Karl Barth e Lutero de que teologia deve desencadear na práxis. Tendo feito isso discorre sobre como as mesmas; teologia da libertação, teologia da prosperidade e a teologia da simplicidade, são de fato não só construção acadêmica, mas são desdobradas na práxis do dia a dia.
            O autor tenta conceituar simplicidade. Mas pelo que entendemos não consegue de fato chegar a uma definição sistemática. Haja vista como sistematizar uma coisa que é tão profunda e ao mesmo tempo tão pratica, como sistematizar uma coisa que é tão simples, e ao mesmo templo complexa? É um paradoxo que se explica pelo mesmo. Pelo menos, o leitor pesquisador teve esta impressão ao examinar o texto.
            Duran cita o excelente livro: Celebração da simplicidade, escrito pelo ilustre Richar Foster. Conforme anteriormente falamos, Foster vai se utilizar da construção paradoxal para tentar a construção de uma possível tentativa de elucidação do que na verdade é teologia da simplicidade.
            Foster vai dizer que a verdadeira simplicidade ela emerge de dentro para fora. Ela é interior, depois de ser exterior. Ela não é meramente uma mudança de vestuário, ou alguma outra coisa parecida. Mas é de fato fruto de uma verdadeira mudança de interior.
            O mesmo termina traçando uma crítica à teologia da prosperidade que não possuí respaldo nenhum bíblico para poder de fato ser considerada como uma teologia. É assim chamada como um apelido. Essa malfadada teologia é um engodo para todo e qualquer cristão genuíno. Depois de dito isso, o autor aponta para a pessoa de Jesus como resposta de simplicidade ao mundo carente e necessitado de sua ajuda.
            Pastor Márcio agora se volta para a história da igreja onde encontra grandes heróis da igreja tais como: São Francisco de Assis, George Muller e Madre Teresa de Calcutá. E se utiliza da vida destes grandes homens e mulheres para também ajudar alicerçar a construção do pensamento acerca da teologia da simplicidade.

Conclusão:
            É um prazer poder reler uma tão excelente obra. Um das matérias que em nosso tempo de seminarista mais mexeram com o meu coração e mente. Lembro-me que na ocasião que tomamos conhecimento do Pr. Márcio Duran e de sua construção teológica. Fomos agraciados pelo senhor para a construção de um texto chamado: “teologia do jumentinho”, onde de fato queríamos enfatizar que Jesus é o nosso Rei, o dono de fato de nossas vidas.
            Nosso intuito fora mostrar a identificação que temos com o jumentinho. Um jumentinho sem guia, não sai do lugar. Um jumentinho sem guia não tem vontade. Um jumentinho sem guia, não sabe o que fazer. Que possamos ser como um jumentinho em que Jesus montou e foi glorificado ao entrar na cidade santa.
Minha oração é que Ele conduza de fato as nossas vidas a uma vida de simplicidade. Construída não de forma exterior, mas sim de forma interior.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O que estamos semeando?

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2013.

O que estamos semeando?



            Como todos sabem neste final de semana eu recebi de Deus a minha preciosa herança. A Laís chegou cheia de vitalidade e vigor para, alegrar os nossos dias e também para dar a sociedade mais sabor e luz. E foi exatamente quando estávamos no hospital, após a operação, que me inspirei para escrever esta pastoral.
            Explico melhor: assim que a Vivian saiu da cirurgia, estávamos no quarto esperando a técnica de enfermagem para a realização dos exames de rotina - aferição da pressão, observação do curativo, verificação da medicação, etc. Foi quando adentrou ao recinto em que estávamos uma técnica de enfermagem, que trabalhou comigo no hospital da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.
Naquela época eu trabalhava no setor de Recursos Humanos do hospital. Mais precisamente, na parte de admissão de novos colaboradores e na folha de pagamento. E, naquela época, realizei a admissão daquela técnica, e também resolvi, em outras ocasiões, erros que haviam acontecido em seus soldos. Como por exemplo: faltas indevidas, descontadas por erro do cartão de ponto e etc.
Quando ela me reconheceu e conversamos um pouco sobre o hospital e as pessoas que lá trabalharam conosco, usei o verbo no passado. Como ela também não trabalhava mais na instituição, nitidamente se tornou mais cordial e prestativa. Não que antes não tenha sido. Mas, é evidente que o tratamento passou a ser mais pessoal.
Por que estou dizendo isto? Para que possamos pensar sobre o que estamos semeando com nossas ações e palavras. “O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes da Galácia disse: Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá”. (Gálatas 6:7)
Há dez anos atrás, eu havia semeado boas ações na vida daquela colega de trabalho, e dez anos depois colhi a mesma boa ação, no cuidado para com a minha esposa. Devemos estar mais atentos sobre as sementes que estamos lançando no solo da vida, para não nos espantarmos, quando chegar o tempo de realizar a colheita.
Neste domingo estamos iniciando a nossa campanha de missões nacionais. Sendo assim, vamos semear na obra missionária. Ore por missões, sustente financeiramente a obra missionária. Seja você mesmo um missionário no solo onde está. Seja resposta de Deus para esta geração, que está à procura de respostas.
Queria estimulá-los e conclamar-los a sermos semeadores. Semeiem as sementes do Reino de Deus onde passarem. As sementes do Reino podem ser: amor, generosidade, fidelidade, bondade, perdão, etc. Lembre-se das palavras do Mestre no sermão do monte: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”. (Mateus 7.12)
            Vale apena ser um semeador do Reino. Assim como no tempo certo eu pude colher aquilo que eu plantei, no tempo ideal você também irá fazer uma boa colheita. Vale lembrar das palavras de Paulo, o apóstolo: E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.(Gálatas 6:9-10)
            Certo de que em Cristo semearemos sementes do Reino de Deus:

            Seu pastor, Roberto Meireles.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Como é que não tendes fé?

COMO É QUE NÃO TENDES FÉ?




       
Esta semana que passou foi uma das semanas mais intensas de minha vida ministerial. Estive acompanhando muitos irmãos que tem passado pelos mais diversos tipos de lutas em suas vidas. Alguns travando pelejas em sua área emocional, outros no âmbito familiar, outros no campo das finanças, alguns também tendo dificuldades em sua vida cristã. Diante de nós eclodiram inúmeros desafios. Alguns que nos fez sentir extremamente inútil. Isso pelo fato de que não havia nada em nosso alcance que poderia ser feito para ajudar. É claro excluindo a oração e o ombro amigo. Clamei ao Senhor intercedendo e pedindo: ajuda e orientação do grande Eu Sou. Confesso que estava me sentindo como os discípulos em meio àquela imensa tempestade que abateu o barco em que estavam. Foi então que o Eterno me levou ao texto deste episódio para ensinar-me uma grande lição. 

Ao começar a ler o texto à pergunta de Jesus aos discípulos soltou-me aos olhos: “Como é que não tendes fé?” Fiquei indagando-me: “O que será que levou Jesus a realizar esta pergunta aos discípulos?” Talvez uma resposta a esta pergunta seja o fato dos discípulos estarem acompanhando Jesus durante toda a sua dinâmica ministerial e por poder presenciar todas as coisas tremendas que ele já realizara, mas mesmo assim não foram suficientes para gerar no coração deles quem de fato era o Senhor.

Quando os discípulos estão em meio às turbulências da tempestade. As vozes ecoam o seguinte questionamento a Jesus: "Mestre não te importa que perecemos?" Duas palavras devem ser percebidas e destacas por denotarem um pouco do que vai no coração dos discípulos. A primeira Palavra "Mestre" - Os discípulos na hora de sua angústia declaram o que pensavam a respeito de Jesus. A semelhança de qualquer rabino dos tempos de Jesus, assim era o tratamento que era dado a eles, "Mestre". Porém, Jesus não era um Mestre, mesmo exercendo o ensino. Ele estava muito acima de categorizações humanas acerca de uma figura religiosa. Ele é o próprio Criador! Quando estamos em dificuldades em nossas vidas. Nossa boca irá denunciar o que se encontra em nosso coração acerca da pessoa do nosso Deus. Os discípulos haviam conhecido o Mestre Jesus, mas ainda não o Senhor Jesus. 

A segunda Palavra "importa" - Os discípulos acusaram Jesus por Ele não estar se importando com suas vidas. Que tamanha injustiça, não é verdade? A começar somente pelo fato dele ter deixado sua Glória para habitar entre nós para morrer pelos nossos pecados. Fora, os muitos sinais e maravilhas feitos a favor de todas as pessoas ao seu redor. Ao ponto do texto nos denotar que Jesus estava exausto pela dinâmica ministerial. Duas coisas aprendemos: a primeira é que as vezes as pessoas irão nos acusar de não nos importarmos, e nós não podemos nos abater acerca destas acusações. Haja vista que o perpassa em nossos corações é abençoar a todos a semelhança de Jesus. Na hora e no momento certo tudo será esclarecido. Por este motivo, continue amando. Segunda coisa, os discípulos foram ingratos com Jesus mesmo mediante a tudo o que Ele fizera por eles. Que nós não sejamos ingratos com o nosso Senhor. Nossos lábios sempre devem ter um cântico de adoração ao seu Nome por tudo o que Ele É e por tudo o que Ele tem feito.

O homem de Nazaré faz a mesma pergunta a cada um de nós neste dia: “Como é que não tendes fé?” Nos momentos difíceis, nos momentos de tempestade, nos momentos de dor. Lembre-se meu amado irmão: “Jesus está no barco da sua vida!”

Certo de quem em Cristo já temos fé para clamá-lo:



Seu pastor, Roberto Meireles.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sobre o estudo teológico e sua finalidade - Tópicos em Teologia

Instituto Bíblico da Primeira Igreja Batista em Rocha Miranda
Curso Básico em Teologia – Módulo: Tópicos em Teologia
Professor: Roberto da Silva Meireles Rodrigues





I. Sobre o estudo teológico e sua finalidade:

Em os nossos dias existe um pensamento que influência a igreja evangélica brasileira de que não precisamos estudar teologia para ser um cristão genuíno. Existe um grande equívoco em relação a esta questão. Em minha singela opinião este fator é oriundo do movimento neopentecostal que deriva muito de suas práticas em experiências místicas, colocando estas em pé de igualdade a Palavra de Deus.

Existem também outras argumentações para que não se deixe de lado o estudo teológico. O Pr. Henrique Ribeiro de Araújo pontua alguns deles: “Deus pode ser conhecido? Como Deus pode ser conhecido?” Ao levantar estas problemáticas o próprio Henrique responde as mesmas dizendo: “É pressuposto no estudo teológico que Deus pode ser conhecido por ter Se dado a conhecer ao ser humano, mesmo que este possa conhecê-lo de forma apenas, limitada. Cristo e sua Palavra são a forma especial de Deus revelar-se ao homem. Sua Palavra é fonte primaz para o estudo sobre seu relacionamento com o universo. A razão, a tradição, e a experiência, jungidas e submetidas à Escritura, também são fontes de fazer teológico.”

Dr. Alister McGrath conceitua teologia da seguinte maneira: “A maioria dos termos técnicos vem da língua grega. As palavras que terminam com “logia” são baseadas na palavra grega logos, que significa algo como “conversa” ou “discussão”. Assim como “biologia” significa “conversa sobre a vida” (da palavra grega bios, “vida”). “Teologia” é, portanto, “conversa sobre Deus” (da palavra grega theos, “Deus”). De certa forma, todos somos teólogos, na medida em todos queremos falar sobre Deus. Só que não é tão simples assim”.

1ª Finalidade de se estudar teologia - A teologia serve para que nós tenhamos um conhecimento da pessoa de Deus a partir de sua própria concepção de si mesmo, manifesto através de sua Palavra e através sua maior revelação de si mesmo, Cristo Jesus nosso Senhor. Já diziam os teólogos neotestamentários que Jesus é a exegese da pessoa de Deus. Ou seja, Jesus descortinou o que mais profundo poderíamos conhecer da pessoa de Deus.

Muitas pessoas estão sendo enganadas simplesmente pelo fato de não conhecerem a Palavra de Deus. Certa feita em seu ministério o carpinteiro de Nazaré disse: “errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. (Mt. 22.29) O profeta Oséias já havia bem dito que devemos conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor. (Os.6.3)

Devemos mergulhar em conhecer a Palavra de Deus para ter o melhor conhecimento possível do mesmo para uma prática de vida agradável ao mesmo. Não podemos enquadrar-nos no que diz o apóstolo Tiago em sua epístola: “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito”. (Tiago 1.22-25)

O saber teológico não é um mero aprendizado por aprendizado. O labor teológico deve nos aproximar cada vez mais da pessoa de Jesus Cristo nosso Senhor. O nosso pensar e estudar teologia nos aponta para um relacionamento profundo com o Senhor e não somente pura elucubração acerca de algum tema específico, em nosso caso, a pessoa de Deus.

Mas uma vez cito Henrique de Araújo quando o mesmo cita o apóstolo Paulo como sendo um grande estudioso das Escrituras e do saber teológico e como o mesmo foi eficiente em sua prática de vida cristã. Sendo o mesmo responsável por escrever treze cartas do Novo Testamento e também o maior missionário da história da igreja. O nosso saber teológico tem por finalidade nos aproximar do querer de Deus para as nossas vidas de forma prática. Uma teologia dissociada da prática de vida é uma tentativa maligna de desvirtuar o querer Eterno.

2ª Finalidade de se estudar teologia – O estudo teológico nos tornar capazes de termos pressupostos Bíblicos doutrinários para a defesa de nossa fé. Em os nossos dias precisamos de homens e mulheres capacitados para de forma apologética defender a sã doutrina. Paulo escreveu ao seu filho na fé Timóteo dizendo que no fim dos tempos existiriam doutores que iriam distorcer a verdade divina. (II Tm. 4.2-4).

Cada vez mais cresce o número de teólogos que se enveredam pela malfadada teologia liberal, pela malfadada teologia da prosperidade, pela malfadada teologia relacional, pela malfadada teologia empírica, enfim: cada vez mais cresce em os nossos dias pressupostos teológicos que não encontram balizamento Bíblico teológico. Todavia, só poderão combater estes equívocos teológicos aqueles que estiverem devidamente preparados para enfrentar tal coisa.

É extremamente necessário que o verdadeiro e piedoso cristão possa mergulhar no estudo teológico. Este deve saber os rudimentos de sua fé para que possa ter solidez doutrinária Bíblica para a sustentação e amadurecimento de sua prática de vida cristã.

Conclusão:

Apontamos aos irmãos apenas algumas razões para labor teológico. Nossa intenção não foi exaurir o assunto, mas incentivar aos irmãos a serem amantes da teologia, pois a mesma quando bem aplicada nos fará sempre aproximarmos do nosso alvo, Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador.



Auxílio para publicação de livro

Meus amados irmãos!



Estamos engajados na publicação de nosso primeiro livro editado. Porém, como não temos uma editora para a publicação do mesmo, estamos querendo realizar de uma produção própria. Todavia, estamos precisando levantar recursos para editar o mesmo.
Como é de conhecimento dos irmãos que navegam em nosso blog. Estamos sempre dispondo nossos escritos e pensamentos visando abençoar o Reino. E esse continua sendo o desejo do nosso coração na edição deste livro. E, também realizar um sonho pessoal.
Caso o Eterno toque em seu coração para se engajar nesta causa. Segue abaixo nossos dados para o depósito:

Banco Santander
Agência - 2005
C/C - 01002991-1
Roberto da Silva Meireles Rodrigues

Abraços desse servo do Senhor Jesus:
Roberto Meireles, pastor.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Apontamentos - Crer é também pensar - John Stott

STOTT, John. Crer é também pensar. São Paulo: ABU, 2001.



“"A mente cristã tem-se deixado secularizar num grau de debilidade e de forma tão despreocupada sem paralelos na história cristã. Não é fácil achar as palavras certas para exprimir a completa perda de moral intelectual na Igreja do século vinte. Não se pode caracterizar este fato sem recorrer a uma linguagem que parecerá ser histérica e melodramática. Não existe mais uma mente cristã. Ainda há, certamente, uma ética cristã, uma prática cristã e uma espiritualidade cristã... Mas na condição de ser que pensa, o cristão moderno já sucumbiu a secularização." Pg. 22

“Subestimar a mente é soterrar doutrinas cristãs fundamentais. Deus nos criou seres relacionais; será justo negarmos a humanidade que Ele nos deu? Deus conosco se comunicou; não procuraremos entender suas palavras? Deus renovou nossa mente por intermédio por sua Palavra; não seremos prudentes, construindo nossa casa sobre esta rocha?” Pg. 26

“A repetição dos termos conhecimento, sabedoria, percepção e entendimento é mesmo impressionante. Não resta dúvida que o apóstolo considerava tais pontos a própria base da vida cristã.” (comentário sobre os seguintes textos: II Pe. 1.5; I Co. 2.6; 3.1-2; Hb. 5.11; 6.3; Ef. 1.17-19; 3.14-19; Fp. 1.9-11; Cl. 1.9-10) Pg. 28.

“Bastam estes exemplos* para mostrar que Israel não cultuava a Deus na forma de uma divindade distante ou abstrata, mas como o Senhor da natureza e das nações, como alguém que se revelara através de atos concretos, criando e mantendo o seu mundo, e redimindo e preservando o seu povo. Israel tinha bons motivos para adorá-lo pela sua bondade, por suas obras e por “todos os seus benefícios”. (Sl. 103.2)
*(Salmos: 104, 105, 107, 136)

“Noutras palavras, Paulo não podia admitir nenhuma oração, nenhum culto, em que a mente permanecesse estéril ou inativa. Ele insistiu que em todo culto verdadeiro a mente tem de ser completamente empenhada, de modo a dar frutos. O prazer dos coríntios para com o culto ininteligível era algo infantil. Quanto ao mal, disse-lhes para serem como crianças e inocentes o quanto fosse possível, mas acrescentou: “no modo de pensar, sejam adultos”. Pg. 33

“Fé não é credulidade. Ser crédulo é ser ingênuo, completamente desprovido de qualquer critica, sem discernimento, até mesmo irracional, no que crê. Porém é um grande erro supor que a fé e a razão são incompatíveis. A fé e a visão são postas em oposição, uma à outra, nas Escrituras. Pelo contrário, a fé verdadeira é essencialmente racional, porque se baseia no caráter e nas promessas de Deus. O crente em Cristo é alguém cuja mente medita e se firma nessas certezas.” Pg. 33.

“Para começarmos, precisamos ter um quadro bem claro do tipo de pessoa que Deus pretende que sejamos. Temos de conhecer a lei moral de Deus e os mandamentos. Como expressou John Owen: “o bem que a mente não é capaz de descobrir, a vontade não pode escolher, nem as afeições podem se apegar”. Portanto, “na Escritura o engano da mente comumente se apresenta como o princípio de todo o pecado”.
“O melhor exemplo disso pode-se encontrar na vida terrena do nosso Salvador. Por três vezes o diabo aproximou-se dele e o tentou no deserto da Judéia. Nas três vezes Ele reconheceu ser má a sugestão que lhe fizera Satanás e contrária à vontade de Deus. Três vezes Ele se opôs à tentação com a palavra gegraptai: “está escrito”. Jesus não deu margem a qualquer discussão ou argumentação. A questão já estava decidida, logo de partida, em sua mente. Pois a Escritura estabelecera o que é certo. Este claro conhecimento bíblico da vontade de Deus é o segredo básico de uma vida reta.” Pg. 39

“E o tipo de comida que nossas mentes receberem determinará que tipo de pessoa seremos. Mentes sadias têm um apetite sadio. Temos de satisfazê-las com alimento saudável, e não com drogas e venenos intelectuais perigosos”. Pg. 40

“A intenção do apóstolo nesta enxurrada de perguntas não é apenas fazer-nos sentir envergonhados por nossa ignorância. É antes fazer com que nos recordemos dessas grandes verdades que nos dizem respeito, as quais de fato nos são bem conhecidas; e que falemos entre nós sobre elas até o ponto em que se apoderem de nossas mentes e moldem o nosso caráter. Não se trata de ótimos e autoconfiança de Norman Vicent Peale, cujo método procura conseguir que façamos de conta que somos algo que não somos. O método de é nos lembrar do que realmente somos, porque assim nos fez Deus em Cristo”. Pg. 42

“No seu argumento está implícito que a nossa proclamação do Evangelho tem de ter um conteúdo sólido. É nossa responsabilidade apresentar de forma completa a pessoa divina e humana de Jesus Cristo, e sua obra de salvação, de modo que por meio desta “pregação de Cristo” Deus desperte a fé no ouvinte. Tal pregação evangelística está longe de sua trágica caricatura, tão comum hoje em dia, a saber: um apelo emocional e anti-intelectual por “decisões”, quando os ouvintes têm apenas uma confusa noção sobre o que devam decidir e por quê.” Pg. 45.

“Sempre que nosso conhecimento se torna árido ou acaba com o nosso entusiasmo e nos deixa frios, alguma coisa de errado aconteceu. Pois toda vez que Cristo nos expõe as Escrituras e d’Ele recebemos algum ensinamento, nos deve arder o coração. Quanto mais conhecemos a Deus, mais devemos amá-lo. Creio ter sido o bispo de Handley Moule quem disse que deveríamos nos precaver tanto com uma teologia sem devoção com também contra uma devoção sem teologia”. Pg. 56.


“O ministro puritano Thomas Manton, que outrora foi o capelão de Oliver Cromwell, comparou o cristão desobediente a uma criança que sofre de raquitismo: “O raquitismo torna as cabeças grandes e os pés fracos. Não apenas devemos discutir quanto à palavra e falar a respeito dela, mas também guardá-la. Não sejamos nem só ouvidos, nem só cabeça, nem só língua, mas os pés têm de se exercitar”.” Pg.57

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Um jovem chamado Jesus

Rio de Janeiro, 18 de Agosto de 2013.

Um jovem chamado Jesus


            O evangelho de Lucas é considerado pelos estudiosos neotestamentários como um dos evangelhos mais rico em detalhes. A narrativa do evangelho de Lucas nos apresenta uma forte tendência em enriquecimento histórico-cronológico das ações de Jesus, enquanto tabernaculando entre nós, mortais.
            Por Lucas ser tão minucioso ele não poderia deixar de registrar a idade com a qual o nosso Bom Mestre iniciou o seu ministério. O medico amado vai nos dizer que Jesus iniciou o seu ministério com aproximadamente trinta anos de idade. (Lc. 3.23) Jesus iniciou o seu ministério de acordo com o costume de sua época e de seu povo.
Alguns versos na Bíblia nos apontam esta tradição. O profeta Ezequiel inicia o seu ministério profético com a mesma idade (Ez. 1.1). O sacerdote tinha idade para iniciar o ministério e também para terminar sua carreira. E a idade apresentada era justamente a idade de trinta anos (Nm. 4.3).
Você deve estar se perguntando: “Por que o pastor está falando tudo isso?” Eu lhe respondo: “Para que você, que é jovem, entenda a tamanha importância que carrega. E você que é adulto não desmereça nunca a mocidade de alguém”.  
Todo jovem gosta da palavra revolução. Um dos significados que o dicionário dá a palavra é: “grande transformação”. Como essa palavra é apropriada para nós jovens. Reparem que propositadamente me incluo, afinal de contas, também sou jovem. Mas, voltando ao assunto, foi o jovem carpinteiro de Nazaré que iniciou a maior revolução de todos os tempos.
Jesus iniciou o movimento de revolução do Reino de Deus. Foi Ele mesmo que trouxe até nós o Reino através de sua vinda a esta terra, sua morte e ressurreição. Proporcionou-nos a possibilidade de engajarmos em sua causa. Após sua ascensão aos céus o movimento da revolução do Reino de Deus foi passado para os seus também jovens apóstolos. E você meu jovem? Ainda possui alguma dúvida de que Deus gosta de se utilizar de jovens para a expansão do seu movimento de revolução?
O Eterno Deus conta com você, jovem, para realizar a verdadeira revolução. A revolução iniciada pelo jovem Jesus. A revolução do Reino de Deus. Na revolução deste Reino Ele deseje que você se engaje de todo o seu coração levando consigo a bandeira e os postulados de uma era de esperança. Uma era que não haverá choro, fome, solidão, sofrimento, morte. Uma era onde só acontecerão coisas boas, justas e santas.
Um jovem chamado Jesus continua a chamar jovens revolucionários, para revolucionarem o mundo sendo sinais do seu Reino presente aqui neste tempo. Neste dia em que comemoramos o dia do jovem Batista, que você, meu caro jovem, seja um revolucionário do Reino deste jovem chamado Jesus.
Certo de que Cristo nos chama a revolução do seu Reino:
Seu jovem pastor, Roberto Meireles.


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Capítulo I - Introdução e desenvolvimento do Livro de Atos dos Apóstolos

Breve Apresentação da Disciplina:


            Gostaria de iniciar nossa disciplina pedindo a Deus nosso Pai que, abençoe a vida de cada um de nós. Todos nós somos sabedores de que ao nos dispormos para estudarmos a Palavra de Deus é certo que enfrentaremos muitos obstáculos. Mas como bem disse Jesus: “Tende bom ânimo. Eu venci o mundo!”. E se Ele venceu. Nós que somos seus cooperadores na expansão de seu Reino. Também venceremos. Por isso tenha certeza de que Deus estará com você e lhe dará a vitória final. Mesmo a despeito de qualquer situação que o irmão (a) possa passar.
            Para o conhecimento dos irmãos e aprofundamento no aprendizado. Nossa apostila será construída tendo como pressuposto o livro: “Introdução ao Novo Testamento”, de autoria do Dr. Broadus David Hale, editado atualmente pela Hagnos. Trata-se de um clássico.
            Nosso conteúdo programático não tem por pretensão exaurir todo o Novo Testamento. No entanto nós teremos um semestre pela frente para introduzir aos irmãos no estudo ao Novo Testamento. Nossa função será aguçar nos amados irmãos o amor pelo Novo Testamento, o que por consequência gerará em um amor maior pela pessoa que é figura central, não só do Novo Testamento, mas de toda a Bíblia, Jesus Cristo o Filho de Deus.
            Que o Espírito Santo de Deus nos ilumine a mente e o coração para melhor compreendermos suas verdades eternas.
            De seu cooperado em Cristo Jesus:
            Pr. Roberto da Silva Meireles Rodrigues




Capítulo I  – Introdução e desenvolvimento do Livro de Atos dos Apóstolos

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
(Atos dos Apóstolos 1.8)
            O livro de Atos dos apóstolos é um livro singular dentro do Novo Testamento. Ele é singular por ser o único livro no Novo Testamento que descreve de forma histórica a continuação do movimento iniciado por Jesus após sua ascensão aos céus. Conforme antes estudamos no evangelho de Lucas. Temos o conhecimento de que o livro de Atos dos Apóstolos é o segundo volume deste mesmo autor. Sendo o primeiro uma narrativa sobre a pessoa de Jesus Cristo e o segundo uma narrativa sobre as obras do Espírito Santo através de sua igreja.
            O livro de Atos tem um conteúdo que nenhum outro livro do Novo Testamento possui. As epístolas de Paulo nos fazem entender algumas particularidades, mas não nos dão o exato entendimento do desenvolvimento da igreja. O livro de Atos é um tratado rico em detalhes do desenvolvimento da igreja. O cenário do Novo Testamento nos é mais claro devido ao livro de Atos. Se apenas tivéssemos as epístolas e os outros livros do Novo Testamento não conseguiríamos remontar a história do desenvolvimento da igreja primitiva em suas primeiras décadas de vida.
            Os livros do Novo Testamento ao serem escrito não possuíam títulos. Porém, com o passar dos anos, os estudiosos foram acrescentando títulos para haver uma melhor separação de um livro para o outro e também para clarificar ao leitor o conteúdo do mesmo. Broadus David Hale diz que o primeiro a utilizar o título “Atos dos Apóstolos” foi Irineu em 190 d.C. O estudioso do Novo Testamento que fora citado neste mesmo parágrafo comenta que Lucas não tinha a pretensão de descrever o Atos dos Apóstolos especificamente, mas sim em fazer uma narrativa histórica do movimento da igreja primitiva. Porém, gosto de pensar como Justo González que diz que Atos dos Apóstolos é a narrativa dos Atos do Espírito Santo através de sua igreja amada.
Autoria – A grande maioria dos estudiosos admite que a autoria do livro de Atos dos Apóstolos é de Lucas o médico amado. Sendo este o segundo tratado como anteriormente já dito. Lucas é citado como autor do livro no Irineu em 185 d.C., Clemente de Alexandria em 190 d.C., Tertuliano e Orígenes ambos no final do terceiro século e Eusébio de Cesárea em 325 d.C.
Data – O livro de Atos é datado por volta de 70 d.C. à 71 d.C.     O entendimento de que o livro de Atos é uma continuação do primeiro tratado escrito por Lucas, entendemos que o mesmo fora escrito após Marcos ter escrito o seu evangelho. Haja vista que Lucas se utilizou do texto de Marcos para escrever o seu evangelho. Se Marcos foi escrito após as mortes de Paulo e Pedro. É bem possível que o evangelho de Marcos tenha sido escrito após o fim da guerra Judaico-Romana (66 a.C. à 70 d.C.) e o livro de Atos após a destruição de Jerusalém.
Propósito – Dr. Broadus aponta o seguinte propósito para o livro de Atos dos Apóstolos: “O primeiro volume foi acerca da vida e ministério de Jesus, conforme visto e interpretado a partir de uma perspectiva teológica. Atos é uma continuação da história da obra de Deus, através de Jesus Cristo, de trazer os homens a si. Foi visto, no capítulo sobre o terceiro Evangelho, que o propósito do primeiro volume de Lucas-Atos foi, pelo menos, quádruplo: 1) Dar certeza das coisas em que se cria; 2) dar uma narrativa ordenada dos eventos; 3) interpretar o problema judaico-cristão em suas ramificações; e 4) interpretar a aparente demora da volta do Senhor Jesus Cristo”.[1]

Seis seções:
“C. H. Turner assinalou que Atos se divide em seis seções e que cada uma delas termina com o que se poderia chamar um relatório dos progressos realizados.
As seis seções são as seguintes:
(a) 1:1—6:7: fala-nos da Igreja de Jerusalém e da pregação de Pedro; e finaliza com um resumo: “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.”
(b) 6:8—9:31; descreve a divulgação do cristianismo através da Palestina e o martírio de Estêvão, que foi seguido pela pregação em Samaria. Finaliza com um resumo: “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo.” Atos (William Barclay) 9 (c) 9:32—12:24; inclui a conversão de Paulo, a extensão da Igreja ao Antioquia, e a aceitação de Cornélio, o gentio, na Igreja por meio de Pedro. Seu resumo é: “E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.”
(d) 12:25—16:5; fala da propagação da Igreja na Ásia Menor e da viagem de pregação por Galácia. Finaliza: “Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número.”
(e) 16:6—19:20; relata a expansão da Igreja na Europa e a tarefa de Paulo nas grandes cidades gentis como Corinto e Éfeso. Seu resumo é: "Assim crescia e prevalecia poderosamente a palavra do Senhor."
(f) 19:21—28:31; fala-nos da chegada de Paulo a Roma e de sua prisão ali. Termina com uma descrição de Paulo “pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo”.”[2]

Breve esboço dos nove primeiro capítulos do livro
- Prólogo – 1.1-5
- A ascensão de Jesus – 1.6-11
- Os discípulos em Jerusalém – 1.12-14
- A escolha de Matias – 1.15-26
- A descida do Espírito Santo – 2.1-4
- O Fenômeno dos idiomas – 2.5-13
- Pedro e a ministração da Palavra – 2.14-36
- Uma multidão se converte (três mil batismos) – 2.37-41
- Princípios para uma igreja viva I – 2.42-47
- A cura de um homem doente do físico e da Alma – 3.1-10
- Pedro e João no templo – 3.11-26
- Pedro e João presos – 4.1-22
- Quando uma igreja ora – 4.23-31
- Princípios para uma igreja viva II - 4.32-35
- Aparece um homem chamado Barnabé – 4.36-37
- Uma igreja com problemas – 5.1-11
- As maravilhas seguiam os apóstolos – 5.12-16
- A prisão dos apóstolos – 5.17-32
- O conselho de Gamaliel – 5.33-42
- A instrução dos diáconos – 6.1-7
- O testemunho de Estevão – 6.8-15
- Estevão um arauto do evangelho – 7.1-53
- A morte de Estevão – 7.54-60
- A igreja sofre a primeira perseguição – 8.1-3
- O diácono Filipe prega em Samaria – 8.4-8
- Simão o mágico – 8.9-13
- Pedro e João em Samaria – 8.14-25
- Filipe e o eunuco – 8.26-40
- A conversão de Saulo – 9.1-9
- A visita de Ananias – 9.10-19
- Saulo prega em Damasco – 9.20-25
- Saulo em Jerusalém e Tarso – 9.26-30
- O crescimento da igreja – 9.31
- A cura de Eneias – 9.32-35
- A ressurreição de Dorcas – 9.36-43


Bibliografia:
CAIRNS, Earle E. Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 2008.
GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HALE, Broadus David. Introdução ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983.
HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Vida, 2ª edição, 2007. Págs.




[1] HALE, Broadus David. Introdução ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983, pg. 133.

[2] BARCLAY, William. Comentário Bíblico do Novo Testamento.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Aprendendo a ser pai com Deus Pai.

Rio de Janeiro, 11 de Agosto de 2013.

Aprendendo a ser pai com Deus Pai.


            O Instituto Bíblico que estamos realizando em nossa comunidade gerou novamente em meu coração um ardor em elucubrar sobre as coisas concernentes ao Altíssimo. E, esta semana, estava lembrando-me do conceito de Deus dentro da teologia sistemática.
            A teologia sistemática é uma sistematização acerca do que a Bíblia diz sobre uma determinada doutrina cristã. Os chamados teólogos sistemáticos nos ensinam que uma das formas de tentarmos entender o ser de Deus é através de seus atributos revelados em sua Palavra. Alguns destes atributos de Deus nos são comuns. Ou seja: nós, por sermos sua imagem e semelhança, temos ou podemos ter algo em nós análogo a tais atributos.
            Mas por que disse tudo isso? Vou lhe explicar agora: hoje comemoramos o dia dos pais. E, em um dia em que se comemora o dia dos pais, acho extremamente interessante nós olharmos para o nosso Pai celestial e aprendermos com Ele a exercer a paternidade como Ele exerce com cada um de nós que somos seus filhos. Mediante isso, gostaria de destacar alguns atributos de Deus que podemos aprender e vivenciar em nossas vidas, visando nos tornarmos melhores pais para os nossos filhos.
            O apóstolo João, em sua epístola, vai nos dizer que Deus é amor (I Jo 4.8). O nosso Pai celestial é um paizão extremamente amoroso. Ele está sempre ao nosso lado, transferindo para cada um de nós o seu cuidado, o seu carinho, sua atenção, seu zelo, seu perdão, sua compreensão, seu afeto, seu tempo, etc. Podemos olhar para esse amor de nosso Deus Pai, e da mesma forma que nós somos amados por Ele, também amarmos nossos filhos.
            O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios, vai nos lembrar de que a salvação é graça de Deus. Ou seja, nós não merecíamos ser salvos e nem poderíamos de forma alguma realizar algo que nos justificasse diante de Deus para nos tornarmos salvos. Porém, Deus por sua vontade enviou Cristo ao mundo para morrer e ressuscitar, para que assim pudéssemos ser cobertos com a justiça de Cristo: mediante os méritos de Jesus podemos encontrar salvação eterna. É por isso que costumamos conceituar graça como “favor imerecido”.
            Como pais podemos tirar um grande ensinamento para as nossas vidas deste atributo divino. Em muitos momentos na vida de nossos filhos, talvez eles não mereçam nada de nossa parte. Porém, se quisermos ser pais à semelhança do nosso Deus e Pai, devemos estar dispostos a – de forma graciosa – estender as mãos e toma-los em nossos braços, oferecendo-lhes graça.
            Poderíamos continuar citando alguns atributos de nosso Deus e Pai, os quais serviriam de grande ensinamento para nossas vidas. Incentivo você a ter esse desejo no seu coração. Que neste dia dos pais, você que é pai, possa desejar ser pai como o nosso Deus e Pai.
Parabéns a você pai pelo seu dia, lembre-se sempre da tamanha responsabilidade que você carrega: ser um espelho para o seu filho do nosso Pai celestial.
            Certo de que em Cristo somos filhos amados de nosso Deus Pai,
            Seu pastor, Roberto Meireles.
           



sábado, 3 de agosto de 2013

O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE O DIACONATO

O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE O DIACONATO


O Senhor Jesus afirmou: "Se alguém quiser me servir, siga-me; e onde eu estiver, lá estará também o meu servo. Se alguém me serve, o Pai o honrará." (Jo.12.26). E o apóstolo Paulo diz: "Os que servirem bem como diáconos irão adquirir lugar de honra e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus." (I Tm.3.13).

A palavra "diácono" não foi traduzida, foi transliterada, isto é, tomada exatamente como se escreve na língua grega - diakonos - e transposta para a nossa língua, e assim, nos habituamos a ouvi-la sem saber o seu significado. Ela aparece três vezes no versículo do evangelho de João acima citado, significando que todo aquele que segue a Jesus deve ver a si mesmo como um simples servo ou escravo. Mais tarde, na igreja primitiva, a palavra passou a designar um cargo específico: o ofício de diácono. Esta função é tida por Paulo como de muita honra e de muita confiança. E, de fato, é; por essa razão as igrejas têm que agir com muito cuidado na escolha daqueles que vão ocupá-la. Portanto, é importante definir bem esse ofício e as exigências para exercê-lo. Infelizmente muitos têm uma noção errada a respeito do diaconato e por isso é bom ver o que a Bíblia diz sobre o assunto.     
  
I. A origem do diaconato está em Jesus

O modelo perfeito do diácono é Jesus. Em Mc.10.35-45 temos o episódio em que Tiago e João pedem a Jesus para sentar-se ao lado dele na sua glória, o que revoltou os demais apóstolos e deu a Jesus uma oportunidade para ensinar que se alguém quiser tornar-se importante na sua igreja precisará tornar-se servo de todos, pois "o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos." (v.45 - o verbo aqui usado é da mesma raiz da palavra "diácono"). De modo que, se alguém quiser ser um verdadeiro diácono, não espere ser reconhecido pelo cargo que ocupa, mas sim por sua prontidão em servir.

Em Fp.l2.5-7, lemos o seguinte: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo". Jesus não buscou os seus direitos nem os seus interesses pessoais, mas foi capaz de renunciar a tudo para dar-se a si mesmo por nós. O objetivo dele não era a sua própria glória, honra e satisfação, mas servir à humanidade, e para isto humilhou-se profundamente, até o ponto de morrer em nosso lugar.

Cremos que foi com base no exemplo de Jesus que a igreja primitiva deu o título de "diácono" a esse ofício tão importante, que trará honra a pessoa que o exerce somente se esta tiver um verdadeiro propósito de servir, de viver uma verdadeira vida de serviço.

II. Há um sentido em que todos os crentes são diáconos

Usando o mesmo verbo acima citado (da raiz da palavra "diácono"), o apóstolo Pedro exorta seus leitores a servir uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu (I Pd.4.10). Nesse sentido, então, todos os crentes são diáconos, pois estão na mesma condição de servirem uns aos outros naquilo que Deus os capacitou a fazer.

Também o Senhor Jesus, falando sobre o juízo final, diz que aqueles que em seu nome tiverem prestado algum serviço aos necessitados, receberão o reconhecimento por esse gesto. O serviço, nesse caso, é alimentar o faminto, dar água ao que tem sede, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, acolher os estrangeiros, que são deveres de todos os crentes (Mt.25.31-44). Na mesma direção, o evangelista Marcos se refere às mulheres que seguiam a Jesus e o serviam (Mc.15.41).

Portanto, não devemos pensar que apenas os diáconos são responsáveis por atender as diversas necessidades das pessoas, pois esta é uma tarefa de todos na igreja, cada um de acordo com o dom e os recursos que recebeu do Senhor. Nesse sentido todos somos diáconos. Na verdade os diáconos, como oficiais da igreja, devem atuar como líderes dessas atividades de serviço.

III. Há um outro sentido em que os apóstolos e seus colaboradores (missionários e pastores) também são diáconos

Paulo usa esta palavra para referir-se a si mesmo em I Co.3.5 e II Co.3.6; 6.4. E usa-a também para referir-se a Timóteo (I Ts.3.2), a Tíquico (Cl.4.7) e a Epafras (Cl.1.7). A palavra é usada por Paulo para referir-se até mesmo a Cristo (Rm.15.8). Conforme o contexto o termo é traduzido por “ministro” ou por “servo”, sempre com o fim de qualificar pregadores e mestres, chamados e enviados por Deus para fazer a obra missionária, que era de proclamação e ensino.

Seja qual for o ministério para o qual o Senhor nos chamar, tal ministério somente poderá ser exercido como um serviço a outros. Portanto, não se trata primariamente de uma posição de honra e autoridade, se bem que inclua isto. Aliás, uma outra palavra grega que é usada para “ministro” é “hiperetes” (I Co.4:1) cujo sentido primitivo referia-se aos remadores que ficavam na parte de baixo de um grande navio. Nem Apolo, nem Pedro, nem Paulo, nem qualquer outro, fosse qual fosse a sua função na igreja, era tão importante que devesse ser considerado mais do que um simples remador de segunda classe (hiperetes) ou um servidor de refeições (diakonos), funções que nos tempos bíblicos eram ocupadas por escravos. Na verdade somos todos “despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pd.4.10).

É claro que, tanto no ponto anterior como neste, o uso que se faz da palavra diácono é geral, pois tratava-se de termo bastante comum na época, podendo significar o servente de uma refeição (Jo.2.5,9), o servo de um mestre (Mt.22.13), o servo de um poder espiritual, bom ou mau (Cl.1.23 e II Co,11.15), o servo de Deus (II Co.6.3) ou de Cristo (II Co.11.23). Portanto, a palavra era empregada genericamente para falar de qualquer pessoa que prestasse serviço a alguém, que estivesse a serviço de alguém, numa posição de subordinação. Na igreja primitiva, fica claro que todos são diáconos (servos) num sentido geral, inclusive os apóstolos e os pastores (também chamados de presbíteros ou bispos).                    

IV. O diaconato como um ministério específico

Em Atos 6.1-7, bem no início da igreja, temos o embrião do ministério diaconal, uma amostra do seu futuro perfil. Houve problemas com a distribuição de ajuda às viúvas da igreja de Jerusalém, tendo sido uma parte delas prejudicada, talvez por falta de tempo dos apóstolos para cuidar desse assunto. A igreja foi então convocada para escolher sete irmãos idôneos e experientes para cuidar dessa distribuição e, naturalmente, de outros assuntos semelhantes. Os apóstolos passaram a cuidar exclusivamente da função pastoral em si, que consistia na pregação e na assistência espiritual. Estes sete, entretanto, ainda não são chamados de diáconos, apesar de o trabalho a eles atribuído ser chamado de serviço ("diaconia").

Com o crescimento e a evolução da igreja primitiva surgiu um ofício específico, com o título de "diácono", por causa da essência dessa função, que é o serviço aos necessitados, uma ministração basicamente material. Em Fp.1.1, Paulo dirige-se à igreja de Filipos, saudando seus bispos e diáconos. Em Rm. 16:1-2, ele fala de Febe, uma diaconisa da igreja de Cencréia, a quem recomenda e elogia. Em I Tm.3.8-12, ele faz uma lista de requisitos para se consagrar pessoas ao diaconato. É preciso lembrar que as igrejas do Novo Testamento geralmente não tinham templo e, portanto, não tinham patrimônio a ser administrado, uma área com a qual os diáconos de hoje têm muito envolvimento, pois modernamente quase não há igrejas sem templo.  

Portanto, a função dos diáconos era cuidar dos necessitados e carentes entre os membros da igreja. É bom tomar cuidado para não ver o diaconato como uma função secundária. Naquela altura da existência da igreja, o diaconato já se estabelecera como um ofício a ser exercido por pessoas altamente qualificadas, escolhidas e consagradas para tanto. Paulo dá a essas pessoas um tratamento especial, considerando-as como autoridades juntamente com os pastores. Na verdade estas são as duas únicas classes de oficiais da igreja mencionadas no Novo Testamento: pastores e diáconos.


V. A necessidade do diaconato

Uma pergunta que surge de vez em quando é: Por que a igreja tem diáconos? Evidentemente, a igreja não irá consagrar pessoas ao diaconato apenas para dar-lhes um título. A resposta a esta questão, em primeiro lugar, está na sua necessidade. No texto acima de Atos 6.1-7, aprendemos que foi necessário designar pessoas para a função especial de liderar a ministração às viúvas da igreja (e cremos que também a outras pessoas na mesma condição de carência). Jesus disse: "Sempre tereis os pobres convosco." (Jo.12.8), aludindo ao fato de que permanentemente teremos entre nós pessoas a quem precisaremos ajudar. Certamente o diaconato surgiu da necessidade de organizar essa ajuda na igreja primitiva. Apesar de não haver na Bíblia nenhuma "descrição de cargo" referente ao diaconato, isto é, de não termos maiores informações sobre essa função, fica subentendido que a razão do surgimento do diaconato foi essa.

Nas igrejas batistas, por extensão, tornou-se praxe os diáconos cuidarem também das necessidades dos pastores e suas famílias, e da ministração da Ceia do Senhor. Já que sempre será necessário que alguém cuide da família pastoral em nome da igreja, e que algumas pessoas ajudem a servir os elementos da Ceia, entendem os batistas que os diáconos são as pessoas mais indicadas para fazê-lo. Observamos, entretanto, que não há nenhum dispositivo bíblico estabelecendo essa prática. 

Em segundo lugar, ainda respondendo à pergunta acima formulada, afirmamos que há uma razão bíblica para o diaconato. O ofício é explicitamente mencionado na Bíblia, inclusive listando as qualificações exigidas para o seu exercício (Fp.1:1, I Tm.3.8-12). Aliás, como já dissemos acima, só havia duas classes de oficiais na igreja primitiva: pastores (também chamados de bispos ou presbíteros) e diáconos, que são ofícios estritamente funcionais, essenciais ao trabalho da igreja. Portanto, em vista da necessidade antes referida, oficializou-se a função do diaconato, cujo ocupante recebeu o título altamente sugestivo de "diácono", e as igrejas passaram a separar pessoas para esse ofício.   

VI. Os requisitos para o diaconato

Em I Timóteo 3:8-13, o apóstolo Paulo instrui seu discípulo, o pastor Timóteo, sobre como tratar da escolha dos candidatos ao diaconato. No versículo 10 ele diz explicitamente que os candidatos “devem primeiramente passar por experiência; depois, se considerados irrepreensíveis, exerçam o diaconato.” Na língua original, “passar por experiência” (ou “ser provados”, como em outras traduções) quer dizer “ser testado como um metal precioso”. Isto é, os candidatos devem submeter-se a uma avaliação da igreja e seus líderes acerca do seu caráter e conduta. Ao ordená-los diáconos, a igreja assume a responsabilidade por tal julgamento. De fato, é bom que os candidatos passem por um período de observação após a sua indicação. Entretanto, a igreja pode entender que os mesmos já demonstraram anteriormente que possuem, efetivamente, todos os requisitos para a função, e assim dispensar esse tempo de observação.

Somente depois de julgados “irrepreensíveis” é que os candidatos devem exercer o diaconato. Originalmente esta expressão significa “não poder ser agarrados”. O que Paulo quer dizer é que os candidatos não devem apresentar, na sua vida passada ou presente, nenhum defeito óbvio de caráter ou de conduta que os maliciosos de dentro e de fora da igreja possam explorar, para desacreditá-los. Não podem estar sujeitos a qualquer censura ou crítica justa. Para essa avaliação é preciso ter critérios objetivos, por isso Paulo relaciona uma série de requisitos que devem ser preenchidos pelos candidatos. Veja a seguir:

I. Respeitabilidade

“Os diáconos devem ser respeitáveis” (vs.8 e 11 – algumas traduções trazem "sérios"), referindo-se a pessoas de princípios e comportamento elevados, dignas de respeito por seu temperamento equilibrado e por sua postura moral correta; pessoas que são conhecidas pelo seu bom senso e pela coerência entre seus atos e suas palavras.  


II. Sinceridade

“De uma só palavra” (v.8- algumas traduções trazem "não de língua dobre") e “não caluniadoras” (v.11 – algumas traduções trazem "não maldizentes").

Os diáconos devem ser destituídos de toda e qualquer ambiguidade, isto é, não podem pensar uma coisa e dizer outra; ou, por outro lado, não podem dizer uma coisa a uma pessoa sobre determinado assunto e dizer outra coisa a outra pessoa sobre o mesmo assunto, mostrando ter “duas palavras”. Também precisam ter muito cuidado ao lidar com as diversas situações que encontram em seu trabalho de visitação, a fim de não se tornarem difamadores, principalmente as diaconisas. É interessante notar que a palavra usada no original para caluniadoras é “diabolos”, que significa basicamente “aquele de acusa”. 

III. Temperança ou Domínio Próprio

"Não dados a muito vinho" (v.8 - literalmente “não acompanhantes do vinho”), "temperantes" (v.11 – uma outra tradução traz “moderadas”)..

Paulo não proibia a bebida inteiramente, mas sim seu uso excessivo, ou a escravidão a ela, o vício. Numa sociedade em que o vinho era usado como alimento, e até como remédio, temos aqui uma clara condenação da embriaguez, que era um dos problemas mais comuns na antiguidade. O testemunho bíblico é fortemente contrário a bebida forte. A aplicação prática desse ensino na sociedade atual é a total abstinência. A expressão “não inclinado” significa não só que não devemos dar atenção ao vinho, mas também que não devemos dar a nossa aprovação. Por extensão, esta recomendação de temperança se aplica a toda espécie de excesso ou exagero, seja no comer, no vestir, no falar ou em qualquer outra atividade.  


IV. Desambição

"Não cobiçosos de torpe ganância” (v.8 – uma outra tradução diz “não dominados pela ganância”), "fiéis em tudo" (v.11).

Não deviam se apegar ao dinheiro ao ponto de ter sua integridade questionada. A ganância é um dos pecados característicos dos falsos mestres. A advertência contra a avareza aparece em todas as listas de qualificações para a liderança. Os diáconos corriam o risco de transformar seu ofício em um meio de tirar proveito pessoal, pois ficavam expostos à tentação de usar os recursos materiais que administravam na assistência aos necessitados. Por isso precisavam ser fiéis em tudo.  

V. Fidelidade

"Guardando o mistério da fé numa consciência pura" (v.9 – outra tradução diz: “Devem permanecer no mistério da fé com consciência pura), "Fiéis em tudo" (v.11).

O foco aqui é a pureza de consciência. É preciso haver uma certeza interior a respeito do mistério da fé, que é o propósito eterno de Deus revelado em Cristo, a verdade revelada no evangelho, especialmente a doutrina da salvação. Entretanto, tal fé e sua compreensão só podem ser mantidas salutarmente onde houver obediência ativa e conscienciosa. Aquele que deseja recomendar aos outros a verdade do evangelho (ou mistério da fé), deve exemplificá-la conscientemente na sua própria conduta, de modo a gerar neles confiança em sua pessoa. Portanto, a fidelidade aqui referida é a verdade do evangelho que é refletida no comportamento dos candidatos, principalmente no trato daquilo que lhe for confiado.

VI. Conduta exemplar com relação a família

“Maridos de uma só mulher” (v.12).

Esta exigência tem um forte pano de fundo cultural. A poligamia naquela época era extremamente comum e a infidelidade conjugal era praticamente um hábito, algo tido como implícito no casamento. Por outro lado, permanecer solteiro após a morte do cônjuge ou o divórcio era considerado meritório, o que não significava necessariamente manter-se sexualmente puro. Por tudo isso havia muitos convertidos que, infelizmente, não estavam livres das complicações provocadas por relacionamentos anteriores, em virtude da poligamia, da infidelidade, da viuvez ou do divórcio.  Cremos que o ensino de Paulo aqui é que se requer dos candidatos ao diaconato que estejam livres dessas complicações e que sejam conhecidos por sua absoluta fidelidade ao cônjuge. A igreja deve evitar escolher para a função uma pessoa com problemas nessa área da vida.

“Governar bem os filhos e a própria casa” (v.12)

O caráter de um diácono é melhor contemplado no âmbito da sua própria família, na maneira de liderá-la e de relacionar-se com ela. Suas habilidades de líder, seu caráter e sua conduta serão melhor revelados por meio de uma família bem estruturada e marcada por relacionamentos saudáveis, em que estejam preservados os papéis dos pais e dos filhos, em que haja respeito e admiração, em que haja ética e santidade.      


Concluindo este nosso estudo, voltamos a citar o que Paulo disse a Timóteo (I Tm.3.13): “Os que servirem bem como diáconos irão adquirir lugar de honra e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.” Uma conseqüência natural de uma vida de bons serviços é ser reconhecida e honrada. Os diáconos que desempenharem corretamente a sua função receberão a honra e o reconhecimento daqueles a quem servem. Ao mesmo tempo, em virtude do resultado do seu trabalho e da aprovação dada ao mesmo tanto pelo Senhor como pela igreja, estarão cada vez mais seguros de sua relação com Jesus Cristo e testemunharão com firmeza de sua fé nele. 

Estudo elaborado pelo Pr. Sylvio Rafael Macri

5º Capítulo - A defesa da fé e o depósito da fé.

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