5º Capítulo – A defesa da fé e o depósito da fé.
1. A DEFESA DA FÉ.
“Meu propósito não é linsonjear-vos (…) mas
requerer que julgueis os cristãos segundo o justo processo de investigação..
(Justino, o Mártir)
1.1. Introdução:
Conforme
falamos no capítulo anterior, a perseguição aos cristãos no segundo e terceiro
século, não se deram de maneira sistemática. Ou seja, ela não tinha um padrão a
seguir. Os cristãos que sofriam prisões, espancamentos e em outros casos o
martírio, eram aqueles que eram acusados diante dos tribunais, com uma
testemunha da acusação.
Os
cristãos sofriam muitas acusações conforme fora mencionado no capítulo
anterior. Dentro do que refletimos, podemos concluir que, as acusações contra
os cristãos eram de duas espécies: oriunda de rumores populares e outra oriunda
de críticas por parte da classe “culta”.
Os
rumores populares principais eram: “acerca da festa do amor”, “acerca da ceia
do Senhor” e “adoração ao asno crucificado”. Para refutar estas fantasias
alucinógenas, bastava apenas o seu testemunho. No decorrer do momento que eram
acusados, uma avaliação sobre sua conduta moral e vivência social iria refutar
na pratica tal acusação falsa.
Porém,
as acusações derivadas da classe culta é que provocou maior alvoroço e
despertamento da parte dos cristãos. Quando de fato começamos a examinar as
considerações dos homens cultos que escreviam contra a fé cristã. Podemos
perceber não só a questão religiosa sendo colocada em pauta. Mas, visualizamos
a questão do preconceito no plano de fundo da história.
A
mente daquela determinada classe social maquinava da seguinte maneira: “Como
homens e mulheres incultas, desprovidas de conhecimento, podem dizer que são
detentores e conhecedores da verdade?”
Esses
homens que se achavam detentores do saber começaram a escrever uma série de
tratados, confrontando a fé cristã acerca de sua dita verdade. Sua cosmovisão
era que o pensamento cristão era derivado não da cultura grega ou romana, que
em sua opinião eram as coerentes acerca do conhecimento, mas sim que sua
cultura era proveniente dos judeus, incultos, que acreditavam nos contos de
Moisés e seus profetas.
Mas,
o maior agravante nos escritos contra os cristãos, estava no fato da questão
doutrinária. Eles começaram a questionar os rudimentos da fé cristã. Isso
despertou a defesa da fé pelos chamados “apologistas”.
1.2. As heresias e o surgimento dos
“apologistas”.
No
desejo de combater as heresias espalhadas, sugiram os maiores tratados
teológicos do segundo e terceiro século. Os apologistas mais conhecidos são:
“Aristídes, Justino Mártir, Taciano e Teófilo”. Seus tratados são extremamente
importante para nós podemos entender como a igreja tratava acerca dos assuntos
de seus dias na defesa de sua fé. As principais heresias por eles combatidas
foram:
ü A doutrina da Pessoa de Deus – Questionava-se a
onipotência de Deus – da seguinte indagação – Os cristãos e os judeus dizem que
seu Deus é Soberano, Onipotente. Mas contradizem-se, quando dizem que o mesmo
está a todo o momento do seu lado, no seu dia a dia, participando de suas
reuniões nas casas. Ou Deus é um ser que está acima de todos os outros seres,
que está longe, distante de todas as coisas. Ou é um ser incherido e
intrometido na vida dos cristãos?
ü A doutrina da Pessoa de Jesus – Eles faziam as
seguintes ponderações: Esse Jesus não era um malfeitor que foi morto pelos seus
crimes? Esse Jesus não era filho de uma mulher? Se Jesus era filho de Deus, por
que Ele morreu, ao invés de matar as pessoas que ali o estavam crucificando? Se
Deus sabe de tudo, o que ele veio fazer na terra? Os cristãos dizem que haverá
ressurreição. Como haverá ressurreição dos corpos queimados, decapitados, e
outros que sofreram algum tipo de dano?
Como
os irmãos estão tomando conhecimento. Tais questionamentos não podiam ser respondidos
apenas com uma simples negação. Precisava-se se construir um arcabouço
teológico para elucidação de tais questionamentos. Afinal, eles precisavam
também tomar ciência de que os cristãos não eram idiotas e pessoas que eram
enganadas através de uma fábula a cerca de um homem chamado Jesus.
1.3. Fé cristã e cultura pagã.
Os
cristãos por serem acusados de serem pessoas bárbaras e desprovidas de
conhecimento, se sentiram obrigados a discutir a tensão existente entre a sua
fé e a cultura pagã. Naqueles dias o pensamento cristão era muito radical no
que diz respeito a manutenção de sua fé. Toda questão que parecesse ameaçar o
culto único a Deus e a Jesus Cristo, era assunto a ser tratado e a ser
inquerido pelos cristãos.
Com
a rejeição da cultura pagã, gerou-se um conflito acerca das obras produzidas
pelos maiores pensadores humanos existentes. Nessa rela de pensadores entrariam
nada a mais, nada menos que: Sócrates, Platão, Aristóteles, os estóicos, etc.
Se eles aceitassem estavam aderindo a cultura pagã se não, estavam sendo fiéis
aos princípios da fé cristã. Isso gerou dois caminhos na cosmovisão dos
cristãos do século segundo. Uns foram totalmente contra a terem parte com a
filosofia e outros conseguiram conjugar as duas coisas de modo coerente e seguro.
ü Não aderiram a filosofia – Taciano discípulo de
Justino Mártir, em sua obra “Discurso aos Gregos” defendeu a tese de que não
existiria a minima possibilidade de se conjugar a filosofia e a teologia. Outro
que pensava da mesma forma era Tertuliano já no século III, expressou seu
pensamento em uma de suas frases, ou se não, a mais famosa: “Que tem Atenas a
ver com Jerusalém? Ou que tem a ver a Academia com a Igreja?”
ü Aderiram a filosofia – Justino o mestre de
Taciano tinha uma outra cosmovisão a cerca do pensamento de seu discípulo.
Antes de se converter ao Cristianismo Justino procurou a verdade dentro do
pensamento clássico, e não encontrou. Encontrando o mesmo no evangelho. Porém,
esse seu conhecimento da filosofia clássica, deu ao mesmo uma outra cosmovisão
acerca do assunto em questão. O que em nenhum momento interferiu em sua fé, em
sua convicção doutrinária. Isso se demonstra de modo prático com o seu
martírio.
1.4. O pensamento de Justino
Justino
conseguiu enxergar vários pontos em que a filosofia clássica estava de acordo
com sua fé. Abaixo iremos expôr algumas de suas percepções:
ü Um ser supremo – Tanto o pensamento filosófico e
a sabedoria cristã acordavam existir um ser Supremo, que criou e sustenta todas
as coisas pelo seu poder.
ü Vida além da morte – Tanto Sócrates, como Platão
acreditavam na existência da vida após a morte, a semelhança da fé cristã. Não
entraremos na questão de como ela se desdobrava em seu pensamento. Porém o que
estamos fazendo um paralelo é na questão da vida após morte.
ü A existência de outro mundo – Platão em seus
escritos falou sobre a existência de outro mundo que caminha paralelo a este,
encontramos semelhança no pensamento cristão acerca do Reino de Deus.
ü A doutrina do Logos – O pensamento grego
acreditava que toda nossa mente consegue compreender o porquê de alguma maneira
é auxiliada na construção pelo “logos”, ou a “razão universal”. João vai
utilizar-se dessa expressão em seu evangelho. João vai dizer Jesus é a razão do
universo. Justino diz que os pagãos conheceram em parte o conhecimento dado
pelo Logos de Deus.
1.5. Os argumentos apologistas.
Vamos
nesta seção tentar explanar os principais argumentos sobre as acusações que os
cristãos sofriam:
ü Acusação de serem ateus – Os apologistas
respondiam a essa acusação retornando a mesma aos próprios pagãos. Eles diziam
que entre eles (os filósofos) existiam pensadores que acreditavam que deuses
eram inversões humanas, que seus vícios eram os piores praticados. Outro
pensador vai dizer que os gregos invetaram os deuses para darem vasão aos
desejos pecaminosos de sua carne. Outra apologia é ao fato de alguns deuses
serem apenas estátuas que carecem de proteção humana. Sendo assim: Como isso
pode ser considerado um Deus?
ü Ressurreição – Os apologistas respondem a esta questão
apelando para à onipotência divina. Se crermos que Deus fez todos os corpos do
nada, porque não podemos crer que Ele não possa reconstruí-los novamente?
ü Quanto as acusações de imoralidade – Os padrões
de moralidade dos cristãos eram muito altos para serem acusados do mesmo. Por
exemplo; como um cristão poderia matar uma criança em um ritual. Se si quer ele
podia matar? Como os cristãos poderiam praticar imoralidades sexuais. Se si
quer os pensamentos imorais devem ser descartados?
ü As acusações contra o imperador e contra a
sociedade – Eles se defendiam da seguinte forma. Os cristãos não adoravam ao
imperador, mas não só o imperador, mas nenhuma outra criatura na terra. Eles só
poderiam adorar ao Senhor Criador. Mas, que o fato deles não o adorarem não os
fazia súditos menos leais que os demais. Sua submissão era provada até mesmo no
fato de suas orações pela vida do imperador. E por serem cristãos, aplicavam a
Palavra de Deus em suas vidas, e a Palavra de Deus diz que os que estão sujeitas
as autoridades devem estar submissos a ela.
Os
cristãos vivem em uma intensa tensão. Entre uma rica cultura oriunda do
paganismo, mas que deve ser descartada em alguns aspectos. Os cristãos aceitam
a filosofia porém reconhecem na fé cristã a verdade suprema e absoluta para os
povos a sua volta. Encontramos esta
tensão descrita no “Discurso de Diogneto”:
“Os cristãos não se diferenciam dos demais por sua nacionalidade, por
sua linguagem nem por seus costumes (…) Vivem em sues próprios lugares, mas
como transeuntes, peregrinos. Cumprem todos os seus deveres de cidadãos, mas
sofrem como estrangeiros. Onde quer que estejam encontram sua pátria, mas sua
pátria não está em nenhum lugar (…). Se encontram na carne. Vivem na terra, mas
são cidadãos dos céu. Obedecem todas as leis, mas vivem acima daquilo que as
leis requerem. Amam a todos, mas todos os perseguem.”[1]
2. O DEPÓSITO DA FÉ.
“O erro nunca se apresenta em toda sua nua
crueza, a fim de não ser descoberto. Antes veste-se elegantemente, para que os
incautos creiam que é mais verdadeiro do que a própria verdade”.
(Irineu de Leão)
Pelo
evangelho não fazer distinção ente as pessoas, o mesmo cada vez mais ganhava
adeptos de todos os povos e nações. Com tanta gente que se convertia, ia
crescendo a igreja diariamente em diversidade cultural. Estes irmãos ao se
converterm traziam em suas bagagens culturas e costumes que deveriam ser
analisados aos óculos da Palavra de Deus.
A
variedade de culturas sem sombra de dúvidas é enriquecedor. No entanto, nada,
nem mesmo uma cultura, pode contraria os princípios e valores do Livro Sagrado.
Isso de fato era um perigo devido a época em que está se vivendo. Muitas
pessoas não se convertiam somente ao Nesta seção vamos tentar expor alguns
destes perigos detectados a fé cristã:
2.1 GNOSTICISMO.
Sem
sombra de dúvidas o gnosticismo foi o principal inimigo enfrentado pela fé
cristã nos primeiros três séculos de vida da igreja cristã. O gnosticismo foi
um movimento que existiu não somente dentro do seio da igreja, mas também fora
dela. O que dificultava ainda mais o combate do mesmo.
O
gnosticismo não tinha uma doutrina sistemática padrão. Ou seja, eles divergiam
entre eles mesmos, cada um tinha uma particularidade. Seus principais
defensores foram: Brasílides e Valentino. Por sua grande diversidade fica
difícil ao historiador distingui-los entre si.
A
palavra “gnosticismo” vem da palavra grega “gnosis” que significa conhecimento.
Eles diziam serem portadores de uma doutrina derivada de um conhecimento
especial. Sua filosofia era permeada no fato de eles dizerem existir patamares
especiais, aonde os adeptos através de experiências místicas, iam galgando
degraus até chegar ao “aion” absoluto e alcançar a salvação do mundo mau.
Os
gnósticos deram origem a doutrina que ficou conhecida por “docentismo”. Vejamos
um conceito acerca do significado deste termo:
“Em primeiro lugar; podemos mencionar as negações
da humanidade de Jesus Cristo, que seriam o docentismo, o apolinarianismo e o
eutiquismo.
Para os docetas, adeptos de ume heresia surgida
em fins do primeiro século, Cristo não foi plenamente encarnando na carne, pois
a matéria é intrinsicamente má. As epístolas de Colossenses e João argumentam
contra essa noção pré-gnóstica. Esta posição tem reaparecido no ensino dos
evangelistas da prosperidade.”[2]
Com
o pensamento de Jesus não ter a natureza humana. Os gnósticos quebraram uma
série de doutrinas rudimentares da fé cristã: criação, encarnação, morte e
ressurreição, etc. Os principais líderes cristãos dos três primeiros séculos da
igreja se dedicaram a combater esta heresia.
2.2. MÁRCIOM.
Filho
do bispo de Sinope, lugar onde conheceu a fé cristã. Em 144 fundou sua própria
igreja, após ter se espalhado a fama de suas doutrinas heréticas.
Uma de suas doutrinas era a diferenciação do
Jeová do Velho Testamento e o Deus Pai de Jesus do Novo Testamento. Em sua
cabeça o Jeová é um ser que é Justo, o criador do mundo, que por ser um ser
inferior criou um mundo mau, corrompido. Em seu pensamento, Deus (o Pai de
Jesus) não queria criar um mundo de forma corpórea (material) e sim espiritual.
Que Jeová, por maldade ou por ignorância criou. Jesus então teve que vir ao
mundo para salvar –nos de mundo corrompido.
Para Jesus não ser parte da humanidade, que em
sua concepção é mau, por ser matéria. Não veio ao mundo encarnado, através do
nascimento virginal de Maria esposa de José. Em sua concepção Jesus apareceu já
maduro no reinado de Tibério. Para eles o Pai de Jesus, o verdadeiro Deus, é o
avesso do Jeová, Ele é um Deus amoroso, perdoador. E logicamente se Deus é amor,
no final não haverá nenhum julgamento, todos serão perdoados.
Logo se Jeová é diferente do Deus e Pai de Jesus,
o Antigo Testamento não tem serventia para os ensinos deste herege. Sendo
assim, ele se desfaz do Velho Testamento e também só vai adotar para os seus
ensinos e mensagens, o evangelho de Lucas e os escritos de Paulo o apóstolo. Em
sua concepção os apóstolos eram judeus. E por este motivo eles não conseguiram
captar a real mensagem do evangelho transmitido por Jesus. Marciom chegou a
dizer que foram os judeus que incluíram o Velho Testamento e os outros livros
do Novo Testamento no cânon.
2.3. A RESPOSTA DA IGREJA: O CÂNON.
Devido
aos ataques hereges de Márciom. Os líderes das comunidades cristãs começaram a
querem ter respaldos sobre a certeza de que livros eram realmente inspirados e
deveriam ser base para suas ministrações e ensinos.
Os
judeus utilizavam o Velho Testamento como seu livro sagrado. Os cristãos
receberam está herança dos judeus. Naquela época a versão usada tanto pelos
cristãos como pelos judeus do Velho Testamento, era a Septuaginta, que era a
tradução da língua hebraica para o grego.
A
construção da lista do cânon no início não se deu formalmente. Não houve uma
reunião, também não foi convocado um concílio para debater o assunto
inicialmente. Mas através da condução do Espírito Santo sobre sua igreja, foi
havendo um consenso geral (fora os hereges) sobre quais eram os livros a serem
adotados em suas comunidades como inspirados.
O
Antigo Testamento era aceito por todos os cristãos com exceção lógica dos
heréticos gnósticos e marcionitas. Porém, para os cristãos a pessoa de Jesus
era o cumprimento do que Deus iniciou a fazer através de Israel. Jesus era a
promessa cumprida. E por este motivo o Antigo Testamento em nada desmerecia o
Cristianismo. Pelo contrário, ele apontava para a pessoa de Jesus.
O
Novo Testamento foi tomando forma aos poucos. Inicialmente os evangelhos foram
os primeiros escritos que foram aceitos pelas comunidades cristãs. Vejamos o
que diz González:
“Junto aos evangelhos, o livro de Atos e as
epístolas paulinas conseguiram aceitação geral desde muito cedo. Outros livros,
tais como o Apocalipse, a Terceira Epístola de João, e a Epístola de Judas,
demoraram mais tempo em ser universalmente aceitos. Mas já nos fins do século
segundo a maior parte do Novo Testamento tinha vindo formar parte das
Escrituras de todas as igrejas cristãs: os quatro evangelhos, Atos e as
epístolas Paulinas.[3]
2.4. A RESPOSTA DA IGREJA: O CREDO.
Outra
resposta da igreja as heresias como a de Marcion e dos gnósticos foi a
formulação do credo apostólico. Existe uma lenda que remonta a construção do
credo ao tempo dos apóstolos. Porém, o mesmo inicia sua repercussão em meados
do século segundo.
Inicialmente
apareceu como “símbolo da fé”. A palavra símbolo naquele contexto e época não
tem o sentido que tem para nós hoje. O entendimento daquele momento histórico
era que um símbolo era um meio para que houvesse um reconhecimento. Logo o
símbolo da fé era um meio que os Cristãos tinham de se reconhecerem.
Um
exemplo deste fato é o batismo. Existiam três perguntas básicas para o
candidato ao Batismo:
Crês
em Deus Pai Todo Poderoso?
Crês
em Jesus Cristo, o filho de Deus, que nasceu do Espírito Santo e de Maria, a
virgem, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, e morreu, e se levantou de novo
ao terceiro dia, vivo dentre os mortos, e ascendeu ao céu, e se sentou à destra
do Pai, e virá a julgar os vivos e os mortos?
Crês no Espírito Santo, na santa
igreja, e na ressurreição da carne?
Ao observar-nos o texto acima,
podemos entender que trata-se do núcleo do que ficou conhecido como “credo
apostólico”. Outro fato notório era a ênfase na Trindade, isso comprovava a
ortodoxia da práxis do Batismo.
Porém, se observarmos com mais
cuidado, iremos perceber que nas minúcias existia a preocupação com o combate
as heresias de Márcion e dos Gnósticos. No credo que ficou conhecido por nós,
foi incluso dos termos chaves no mesmo. São eles: “a santa igreja” e
“ressurreição da carne”.
“A santa igreja” para denotar o fato
de que a igreja receberá de Jesus o “depósito da fé”. E a mesma era a
autoridade de Deus para a proclamação e expansão do Reino de Deus. E a
“ressurreição da carne” para combater a crença de que a matéria é má. A fé
cristã não é meramente espiritual, mas incluí a ressurreição do corpo.
2.5.
A RESPOSTA DA IGREJA: A SUCESSÃO APÓSTOLICA.
As questões que eram debatidas
sempre eram oriundas do fato de alguém se dizer portador do real evangelho: Os
marcionitas diziam que Paulo era o apóstolo que realmente entendeu o sentido do
cristianismo e expurgou de seus ensinos os preceitos judaicos. Os gnóticos
diziam que Jesus deixou a “tradição secreta” com um dos apóstolos, muitos
diziam ser este Tomé, por causa do evangelho que carregou seu nome. Os cristãos
diziam-se portadores da são doutrina, pois a herdaram dos apóstolos.
Afinal
de contas quem realmente recebeu o verdadeiro evangelho dos apóstolos. É nessa
questão que entra a importância da sucessão apostólica. De forma lógica, se
Jesus tinha algum ensino secreto, ele o teria confiado aos seus apóstolos, pois
foi a eles a quem Ele confiou à direção da sua igreja. E se realmente os
apóstolos tivessem recebido algum segredo, eles dariam continuidade a esta
tradição passando para os seus discípulos diretos, e não para estranhos.
Logo
se os discípulos diretos dos apóstolos negavam terem recebido tais tradições
dos mesmos. Pode-se entender que os hereges dizem ser um ensino secreto, não
passa de uma heresia que deve ser combatida e extirpada do seio igreja. Para
que este raciocínio lógico fosse de fato aceito, era necessário que fosse
comprovado a árvore genealógica. O que não era difícil por que as igrejas
possuíam uma lista de sucessão de seus líderes a contar de seu nascimento.
2.6.
A IGREJA CATÓLICA ANTIGA.
A palavra católica começou a ser
utilizada pelos cristãos autênticos para denotar duas faces do verdadeiro
Cristianismo: a primeira era que a palavra denotava o sentido universal da
igreja, diferentemente dos gnósticos que eram um grupo pequeno e específico. O outro
era o fato da “igreja ser um todo”, ou seja, ela toda tinha consenso sobre o
real evangelho, diferentemente dos marcionitas, que em uma pequena parte,
diziam ter uma revelação especial.
Esta palavra foi empregada para
designar estes fatores acima citados para denotar a autoridade da igreja como
despenseira da fé. Em nossos dias esta
palavra tem sido utilizada para denotar uma porção específica da chamada
“cristandade”, ganhando um outro sentido do qual a mesma fora utilizada a
partir do século segundo.
[1] GONZÁLEZ, Justo. A era dos mártires: uma
história ilustrada do cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. pág.94
[2] FERREIRA, Franklin. MYatt, Alan. Teologia Sistemática: uma análise
histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova.
2007. pg. 487.
[3]
GONZÁLEZ, Justo. A era dos mártires: uma história ilustrada do cristianismo.
São Paulo: Vida Nova, 1995. pg.102.
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