Comentário de Lutero sobre Gálatas 5.1
Lutero ao comentar sobre o verso um
do capítulo cinco do livro de Gálatas ele diz: “A vigilância e a persistência
são necessárias, a fim de que conservais a liberdade para a qual Cristo nos
libertou. Aqueles que estão seguros e estão dormindo não são capazes de
conservá-la”.
Ele faz um paralelo com a fala de
Pedro em sua primeira epístola no capítulo cinco no verso de número oito. Na
concepção de Lutero o “estais pois firmes” de Paulo aos Gálatas é semelhante ao
“Sede sóbrios e vigilantes” de Pedro. Haja vista que o inimigo de nossas almas
possui sempre o ardente desejo de destruir nossa fé.
Nosso irmão Martinho levanta a
hipótese de que existe uma condição para aqueles gozam da liberdade que há no
evangelho de Cristo Jesus. Pelo que pude perceber em seu texto, Lutero vincula
a condição a vigilância e sobriedade de uma vida piedosa, ou seja, uma vida de
acordo com os preceitos da Palavra de Deus.
O termo liberdade na concepção de
Martinho está intimamente à questão sotereológica. Ele chega a afirmar “Pois
Cristo não nos libertou não política, não carnal, mas teológica ou
espiritualmente”, isto é, para que a nossa consciência seja livre e alegre e
não tema a ira vindoura”.[1]
Para o célebre reformador alemão
somos livres da lei, do pecado, da morte, e do diabo por desfrutar desta
liberdade da ira futura de Deus. É a salvação em Cristo Jesus que nos
proporciona estar libertos das cargas opressoras lançadas por estes males
contra nossas vidas.
No entendimento dele a grandeza da
liberdade conquista na cruz por Jesus e nos oferecida em troca apenas da fé, e
por sua vez, jamais será compreendida por pessoas que apenas conseguem conceber
a idéia de uma fé meritocrática, baseada cumprimentos de leis, regimes,
rituais, etc.
Na concepção de
Lutero o tema é de muita relevância, é um tema de relevância eterna. Ele
expressa isso ao dizer: “Não se trata, aqui, de uma questão de pouca ou de
nenhuma importância. É uma questão de uma liberdade infinita e eterna ou de uma
escravidão infinita e eterna”.
Sendo assim, percebemos de modo
nítido que a concepção de liberdade cunhada por Lutero está intimamente ligada
a salvação. Ou seja, aqueles que são salvos da ira vindoura estão livres da
escravidão neste tempo presente e também na ira futura de Deus. E, por sua vez aqueles
que preferiram creditar em seus esforços mediante a guarda da lei, em colocar
seu coração em acreditar que serão salvos da ira futura através de seus méritos
pessoais, serão escravos deste pensamento neste tempo presente e sofrerão com a
ira futura de Deus. Haja vista que a justiça de Deus se manifestou em Cristo Jesus como diz
o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos.
[1] LUTERO,
Martinho. Martinho Lutero: obras
selecionadas, v. 10. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre:
Concórdia, 2008. pg. 433.
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