Rio de janeiro, 27 de
março de 2016.
A
centralidade da cruz.
Todas as religiões e ideologias
geralmente tem seu conceito intimamente ligado a um símbolo. O judaísmo ortodoxo não se utiliza de nenhum
símbolo, pois entendem que a ordem expressa de Deus em não se confeccionar
imagem ou escultura se enquadra nesta questão. Todavia, a grande maioria se
utiliza da estrela de Davi como símbolo da promessa de Deus em que da linhagem
de Davi viria o Messias.
Os budista se utilizam da flor de
Lótus como símbolo da pureza do corpo e da mente. Geralmente é utilizada como
local juntamente com a imagem de Buda, que está sentado acima da mesma. No islã,
a outra fé monoteísta que se levantou no Oriente Médio, é simbolizado pelo
crescente ou meia-lua, pelo menos na Ásia Ocidental. Originalmente o crescente
representava uma fase da lua e era símbolo de soberania em Bizâncio antes da
conquista mulçumana.
“As ideologias seculares deste
século também possuem seus sinais que são universalmente reconhecíveis. O
martelo e a foice do marxismo, adotados em 1917 pelo governo soviético e
retirados de um quadro belga do século dezenove, representa a indústria e a
agricultura. O fato de serem cruzados significa a união de operários e
camponeses, da fábrica e do campo.” A suástica que há milênios atrás era
utilizada como símbolo de prosperidade, foi utilizado por Hitler como símbolo
da intolerância nazista.
O cristianismo teve muitos símbolos
no início, nos primórdios cristãos. Nas catacumbas em Roma encontramos símbolos
ligados ao cristianismo tais como: o pavão (que era um símbolo da
imortalidade), uma pomba (um símbolo do Espírito Santo), o louro dos atletas
(simbolizando a vitória de Cristo), e também um peixe que em grego se escrevia
“ichthys” (que era o acrônimo de Iesus Christos Theou Huios Soter, “Jesus
Cristo Filho de Deus Salvador).
Dr. John Stott faz um comentário
interessante acerca do simbolismo da cruz: “Um emblema cristão universalmente
aceito teria, obviamente, de falar a respeito de Jesus Cristo, mas as
possibilidades eram enormes. Os cristãos podiam ter escolhido a manjedoura em
que o menino Jesus foi colocado, ou banco de carpinteiro em que ele trabalhou
durante sua juventude em Nazaré, dignificando o trabalho manual, ou o barco do
qual ele ensinava as multidões da Galileia, ou a toalha que ele usou ao lavar
os pés dos apóstolos, a qual teria falado de seu espírito de humilde serviço.
Também havia a pedra que, tendo sido removida da entrada do túmulo de José,
teria proclamado a ressurreição. Outras possibilidades eram o trono, símbolo de
soberania divina, o qual João, em sua visão, viu que Jesus partilhava, ou a
pomba, símbolo do Espírito Santo enviado do céu no dia de Pentecostes. Qualquer
destes símbolos teria sido apropriado para indicar um aspecto do ministério do
Senhor. Mas, pelo contrário, o símbolo escolhido foi uma simples cruz. Seus
dois braços já simbolizavam, desde a remota Antiguidade, os eixos entre o céu e
a terra. Mas a escolha dos cristãos possuía uma explicação mais específica.
Desejavam comemorar, como centro da compreensão que tinham de Jesus, não o seu
nascimento nem a sua juventude, nem o seu ensino nem o seu serviço, nem a sua
ressurreição nem o seu reino, nem sua dádiva do Espírito, mas a sua morte e a
sua crucificação. Parece que crucifixo (isto é, uma cruz contendo uma figura de
Cristo) não foi usado até o sexto século.”[1]
Acredito piamente que os irmãos
optaram em escolher como símbolo do cristianismo a cruz simplesmente pelo fato
dela ocupar a centralidade no propósito divino. Jesus veio ao mundo com uma
missão específica: a cruz. Ainda adolescente quando estava no templo e é
interpolado por seus pais sobre seu sumiço Ele responde: “não vê que estou na
casa de meu Pai, cuidando de seus interesses”. (Lc. 2.41-50) Ele tinha ainda
adolescente plena convicção de que possuía uma missão. Por diversas vezes
ensinou sobre a questão de não ser um Messias político, mas sim um servo
sofredor. Quando é levado ao deserto pelo Diabo para ser tentado demonstra que
não veio para os holofotes e sim se abnegar para cumprir sua missão. Quando
Pedro o questiona sobre sua fala de morte, Ele o repreende e diz que Pedro foi
usado pelo inimigo naquele momento que queria a todo custo o afastar da cruz.
Pois sabia que a missão do Mestre era a Cruz.
Hoje celebramos a Páscoa. A
Cristandade mundial celebra a morte e a ressurreição do nosso Senhor. Por sua
morte e ressurreição somos possibilitados novamente a ter comunhão com Deus, e
também vida eterna em seu Reino. Celebramos a vida de Jessus, pois Ele não está
mais naquele túmulo. Ele ressurgiu ao terceiro dia, e foi assunto ao Pai, e
desde então está a sua destra, aguardando o momento de seu retorno glorioso.
Quiçá essa vitória só é celebrada
pelo fato de ter existido uma cruz. E foi lá naquele lugar de vergonha e dor,
naquele lugar de escárnio e tortura, que o Nazareno se fez maldito por nós,
para que nós fossemos feitos bem aventurados aos olhos do Pai Celestial. Toda
vez que você ver uma cruz lembre-se: Ele venceu a morte naquele lugar. Para que
eu e você pudéssemos ter vida, e vida em abundância.
Certo de que a mensagem da cruz é a
mensagem central do evangelho de Jesus:
Seu pastor, Roberto Meireles.
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