sábado, 17 de setembro de 2016

A centralidade da cruz.

Rio de janeiro, 27 de março de 2016.
A centralidade da cruz.

          Todas as religiões e ideologias geralmente tem seu conceito intimamente ligado a um símbolo.  O judaísmo ortodoxo não se utiliza de nenhum símbolo, pois entendem que a ordem expressa de Deus em não se confeccionar imagem ou escultura se enquadra nesta questão. Todavia, a grande maioria se utiliza da estrela de Davi como símbolo da promessa de Deus em que da linhagem de Davi viria o Messias.
            Os budista se utilizam da flor de Lótus como símbolo da pureza do corpo e da mente. Geralmente é utilizada como local juntamente com a imagem de Buda, que está sentado acima da mesma. No islã, a outra fé monoteísta que se levantou no Oriente Médio, é simbolizado pelo crescente ou meia-lua, pelo menos na Ásia Ocidental. Originalmente o crescente representava uma fase da lua e era símbolo de soberania em Bizâncio antes da conquista mulçumana.
            “As ideologias seculares deste século também possuem seus sinais que são universalmente reconhecíveis. O martelo e a foice do marxismo, adotados em 1917 pelo governo soviético e retirados de um quadro belga do século dezenove, representa a indústria e a agricultura. O fato de serem cruzados significa a união de operários e camponeses, da fábrica e do campo.” A suástica que há milênios atrás era utilizada como símbolo de prosperidade, foi utilizado por Hitler como símbolo da intolerância nazista.
            O cristianismo teve muitos símbolos no início, nos primórdios cristãos. Nas catacumbas em Roma encontramos símbolos ligados ao cristianismo tais como: o pavão (que era um símbolo da imortalidade), uma pomba (um símbolo do Espírito Santo), o louro dos atletas (simbolizando a vitória de Cristo), e também um peixe que em grego se escrevia “ichthys” (que era o acrônimo de Iesus Christos Theou Huios Soter, “Jesus Cristo Filho de Deus Salvador).
            Dr. John Stott faz um comentário interessante acerca do simbolismo da cruz: “Um emblema cristão universalmente aceito teria, obviamente, de falar a respeito de Jesus Cristo, mas as possibilidades eram enormes. Os cristãos podiam ter escolhido a manjedoura em que o menino Jesus foi colocado, ou banco de carpinteiro em que ele trabalhou durante sua juventude em Nazaré, dignificando o trabalho manual, ou o barco do qual ele ensinava as multidões da Galileia, ou a toalha que ele usou ao lavar os pés dos apóstolos, a qual teria falado de seu espírito de humilde serviço. Também havia a pedra que, tendo sido removida da entrada do túmulo de José, teria proclamado a ressurreição. Outras possibilidades eram o trono, símbolo de soberania divina, o qual João, em sua visão, viu que Jesus partilhava, ou a pomba, símbolo do Espírito Santo enviado do céu no dia de Pentecostes. Qualquer destes símbolos teria sido apropriado para indicar um aspecto do ministério do Senhor. Mas, pelo contrário, o símbolo escolhido foi uma simples cruz. Seus dois braços já simbolizavam, desde a remota Antiguidade, os eixos entre o céu e a terra. Mas a escolha dos cristãos possuía uma explicação mais específica. Desejavam comemorar, como centro da compreensão que tinham de Jesus, não o seu nascimento nem a sua juventude, nem o seu ensino nem o seu serviço, nem a sua ressurreição nem o seu reino, nem sua dádiva do Espírito, mas a sua morte e a sua crucificação. Parece que crucifixo (isto é, uma cruz contendo uma figura de Cristo) não foi usado até o sexto século.”[1]
            Acredito piamente que os irmãos optaram em escolher como símbolo do cristianismo a cruz simplesmente pelo fato dela ocupar a centralidade no propósito divino. Jesus veio ao mundo com uma missão específica: a cruz. Ainda adolescente quando estava no templo e é interpolado por seus pais sobre seu sumiço Ele responde: “não vê que estou na casa de meu Pai, cuidando de seus interesses”. (Lc. 2.41-50) Ele tinha ainda adolescente plena convicção de que possuía uma missão. Por diversas vezes ensinou sobre a questão de não ser um Messias político, mas sim um servo sofredor. Quando é levado ao deserto pelo Diabo para ser tentado demonstra que não veio para os holofotes e sim se abnegar para cumprir sua missão. Quando Pedro o questiona sobre sua fala de morte, Ele o repreende e diz que Pedro foi usado pelo inimigo naquele momento que queria a todo custo o afastar da cruz. Pois sabia que a missão do Mestre era a Cruz.
            Hoje celebramos a Páscoa. A Cristandade mundial celebra a morte e a ressurreição do nosso Senhor. Por sua morte e ressurreição somos possibilitados novamente a ter comunhão com Deus, e também vida eterna em seu Reino. Celebramos a vida de Jessus, pois Ele não está mais naquele túmulo. Ele ressurgiu ao terceiro dia, e foi assunto ao Pai, e desde então está a sua destra, aguardando o momento de seu retorno glorioso.
            Quiçá essa vitória só é celebrada pelo fato de ter existido uma cruz. E foi lá naquele lugar de vergonha e dor, naquele lugar de escárnio e tortura, que o Nazareno se fez maldito por nós, para que nós fossemos feitos bem aventurados aos olhos do Pai Celestial. Toda vez que você ver uma cruz lembre-se: Ele venceu a morte naquele lugar. Para que eu e você pudéssemos ter vida, e vida em abundância.
            Certo de que a mensagem da cruz é a mensagem central do evangelho de Jesus:
            Seu pastor, Roberto Meireles.



[1] STOTT, John. A Cruz de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 2006, pg.19.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os Benefícios da Presença de Deus (Série de Mensagens - Alívio)

Rio de Janeiro, 14 de setembro de 2025. Série de Mensagem – Alívio Tema da Mensagem – Os Benefícios da Presença de Deus. Texto Base ...