Rio de Janeiro, 04 de Março de 2018.
Tema – Pentecostes
Série de Estudos em Atos dos Apóstolos
Texto Base – Atos 2.1-4
Introdução:
O texto que
nos está proposto para nossa reflexão é um texto que provocou e provoca durante
séculos da história da igreja inúmeras discordâncias doutrinarias. Todavia, o
que pouco se percebe e pouco se aplica, é o conteúdo bíblico tão rico contido
neste texto acerca do iniciar das obras do Espírito Santo sobre a vida do povo
de Deus.
Diferente
dos outros três evangelistas. Lucas, o médico amado, enfoca muito a importância
e os Atos do Espírito Santo em seus escritos. Em seu evangelho ele narra quando
Jesus é batizado por João o Batista, e como a pomba, que simboliza o Espírito
Santo desceu sobre ele, para que ele pudesse iniciar seu ministério. Durante
todo o decorrer da vida de Jesus ele foi “cheio” do Espírito Santo, “guiado”
pelo Espírito Santo, viveu “no poder” do Espírito Santo e foi “ungido pelo
Espírito Santo”. (Lc. 3.21-22; 4.1; 14,18)
John Stott
em seu comentário sobre o livro de Atos dos Apóstolos vai tecer o seguinte
comentário: “Sem o Espírito Santo, o
discipulado cristão seria inconcebível, impossível, até. Não pode haver vida sem
o doador da vida, nem entendimento sem o Espírito da verdade, nem comunhão sema
unidade do Espírito, nem caráter semelhante a Cristo sem o seu fruto, nem
testemunho efetivo sem o seu poder. Assim como um corpo sem respiração é um
cadáver, a igreja sem o Espírito é morta”. [1]
O dia de
Pentecostes era o inaugurar de um novo tempo. O Espírito Santo agora iria guiar
sua igreja na sua Palavra da Verdade. O Espírito Santo estava agora derramado
no coração dos seus filhos os capacitando e orientando para toda boa obra do
ministério.
Podemos
destacar quatro objetivos no dia de pentecostes: 1) Foi o ato final do
ministério de Jesus até a sua segunda volta a terra. Agora Ele havia derramado
o Espírito sobre a vida de seus discípulos cumprindo sua promessa. 2) O
Espírito Santo trouxe para os apóstolos a ferramenta que eles precisavam para o
cumprimento de seu ministério. 3)O Pentecostes inaugurou um novo tempo. Foi o
iniciar da era do Espírito sobre o comando da igreja. 4) O Pentecostes tem sido
interpretado pelos estudiosos do Novo Testamento como o primeiro “reavivamento”
da história da igreja.
Tentarei
expor o texto Bíblico de forma expositiva. Sendo assim, lerei o texto e
explicarei o mesmo a parti das regras da exegese e da hermenêutica.
Tempo e Local do acontecimento – A
Bíblia não nos deixa claro o local que aconteceu o fenômeno. Não temos a
certeza se o mesmo aconteceu no cenáculo que fora narrado a reunião do capítulo
anterior ou se fora realizado em algum outro lugar alugado pelos apóstolos,
como eles tinham o costume de fazer. Todavia, já o tempo em que o acontecimento
ocorreu a Bíblia diz. O texto relata que a descida do Espírito sobre os apóstolos
se deu exatamente no dia de Pentecostes. Vale agora explicar o que é o dia de
Pentecostes.
Pentecostes – Pentecostes era uma das
três festas em que o judeu celebrava todo ano em Jerusalém. Todo judeu migrava
para a cidade e então celebravam as três festas. A festa do Pentecostes também
era chamada festa da colheita ou a festa das semanas. Pentecostes significa
(quinquagésimo) porque ela acontecia exatamente cinquenta dias após a Páscoa.
Os judeus pouco tempo antes dos dias de Jesus começaram também a fazer um link
com cinquenta dias após a entrega da Lei para Moisés no Sinai.
“É,
portanto, tentador encontrar um simbolismo duplo, de ceifa e de entrega da lei,
no dia de Pentecostes. Certamente houve uma grande ceifa de três mil almas
naquele dia, os primeiros frutos da missão cristã. Crisóstomo escreve que
“havia chegado a hora de lançar a foice
da palavra, pois aqui, tal como uma foice afiada, desceu o Espírito”.
Certamente, também, os profetas do Senhor: “porei dentro de vós o meu Espírito”
e “na mente lhes imprimirei minhas leis, também no coração lhes inscreverei”,
pois o Espírito Santo faz quando entra nos nossos corações é escrever a lei a
sua lei, como Paulo ensinou claramente. Mesmo assim, Lucas não explica o
simbolismo. Sendo assim, não podemos saber se isso era importante para o autor,
apesar da tradição judaica associar o vento, o fogo e as vozes com o monte
Sinai, os três fenômenos que descreverá logo em seguida”.[2]
Os três fenômenos
(vento, fogo e vozes) – Lucas diz que este fenômeno aconteceu de repente. O
Espírito de Deus foi derramado sobre eles e a Bíblia diz que aconteceram três
fenômenos. Primeiro veio uma voz do céu como um vento impetuoso, e encheu toda
a casa onde estavam assentados. Segundo, apareceram visivelmente línguas como
de fogo, e pousou sobre cada um deles. E o terceiro fenômeno foi que todos
ficaram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas.
Em um
primeiro momento esses fenômenos pareciam ser naturais. Mas na verdade eles não
eram nada naturais. Eles eram sobrenaturais, tanto na sua origem como no seu
caráter. Eles não apenas sentiram, não foi algo meramente sensorial. Foi
extremamente significativo.
Esses três
sinais eram um simbolismo de uma nova era do Espírito. João Batista associou o
vento ao fogo como uma obra que o Espírito iria realizar. Se olharmos por este
prisma pode-se interpretar que o vento na verdade significa poder. O que Jesus
havia lhes prometido para que eles pudessem testemunhar sobre sua morte e
ressurreição. Já a visão do fogo, poderia significar pureza. Semelhantemente ao
profeta Isaias quando foi tocado pela brasa viva e foi purificado os discípulos
foram purificados pelo toque do Espírito naquele momento. E as línguas podem ser
entendidas como um sinal da universalidade do evangelho.
Dois dos
três fenômenos não mais acontecem durante a narrativa de Lucas. O fenômeno que
volta a acontecer na narrativa do autor é o de falar em outras línguas. O que
na opinião deste que vos escreve, e por consequência lhes falará, é uma forma
de comprovação de que o mesmo Espírito está envolvido e realizando a mesma obra
que iniciou no Pentecostes. Ele acontece algumas outras vezes comprovando que é
o mesmo movimento que está acontecendo.
Conclusão:
O
Pentecostes inaugurou uma nova era. A igreja de Jesus agora é guiada pelo Santo
Espírito para o cumprimento de sua missão. É o Espírito Santo que continua a
obra até o retorno do Senhor Jesus em sua glória para podermos desfrutar das
mansões celestiais. A igreja deve estar em constante comunhão com o Espírito e
buscando seu poder e sua graça para cumprir cabalmente a corrida que lhe está proposta.
Bibliografia:
MARSHALL, I. Howard.
Atos, introdução e comentário. Ed. Vida Nova: São Paulo. pp. 400.
STOTT, John R. W.
A mensagem de Atos, Ed. ABU. São
Paulo, 1990. pp.462.
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