Rio de janeiro, 10 de abril de 2020.
Devocionais da Semana da Paixão
6º Devocional da Semana da Paixão - A via dolorosa, o Calvário e o Sepulcro.
Textos bases: Mt. 26.36-75; 27.1-66; 28.1-61; Mc. 14.32-72; 15.1-47; Lc. 22.39-56; Jo. 1-40; 19.1-42.
A quinta feira ainda não havia chegado a seu fim. Nosso Senhor se dirige com seus discípulos ao jardim do Getsêmani, ao chegar, se dirigi a um lugar mais adiante e leva consigo os seus amigos mais íntimos: Pedro, Tiago e João. Ele pede para que eles fiquem e vigiem e orem juntos. Ele os deixa e dá alguns passos à frente e derrama sua alma diante do Senhor. Nesse momento o evangelho de Mateus relata que Jesus começa a entristecer-se e a angustiar-se. Ele revela a seus discípulos toda a sua fragilidade humana, revela sua vulnerabilidade naquele momento. Diferente de muito de nós que jamais deseja demonstrar seus lapsos de fraquezas e momentos de inseguranças. Nosso Senhor descortina sua alma a seus discípulos e nos ensina como ser humanos, e a conviver com a fragilidade de nossa humanidade.
Ele ora ao Pai pedindo que se possível passasse d’Ele aquele cálice de dor. Todavia, entende que é necessário que Ele sofra e passe por toda humilhação e dor que estás prestes a passar, Ele procura forças e graça no Pai, o filho totalmente submisso ao Pai lhe pede forças para a conclusão de sua missão. Ao levantar de sua oração, nosso Senhor se dirige aos discípulos e os encontra dormindo. Ele os repreende e pede para que eles fiquem atentos, pois o traidor já está chegando com seu comboio para prendê-lo.
Judas, o traidor chega ao jardim com uma multidão armada para prender Jesus. O Iscariotes havia combinado com os líderes religiosos que iria entregar Jesus com um beijo, e assim ele faz. Ao aproximar-se de Jesus ele lhe saúda com um beijo que após este ato os homens se dirigem até a Jesus. O afoito Pedro tomando sua espada corta a orelha de um dos homens chamados Malco, o Mestre o repreende dizendo que não queria violência. Ele já havia ensinado a seus discípulos que o amor vence o ódio, e que ódio se combate com o bem, não pagando mal com mal.
Daquele instante em diante estava sendo escrita a história dos julgamentos de maior atrocidade jurídica da humanidade. Jesus foi julgado em seis tribunais, três de ordem religiosa e três de ordem civil. Jesus foi julgado diante de Anás, o antigo sumo sacerdote; Caifás, o atual sumo sacerdote, e o Sinédrio. Nestes julgamentos "eclesiásticos", Ele foi acusado de blasfêmia por ter alegado ser o Filho de Deus, o Messias.
Existiam diversos fatores que precisam ser elencados acerca desse julgamento dos líderes religiosos judaicos: eles não podiam realizar um julgamento durante a noite; eles não poderiam realizar um julgamento durante a festa da Páscoa; se uma vez dito como verdadeiramente culpado o acusado ainda teria mais 1 dia de vida; todo criminoso tinha direito a defesa e o Senhor não teve. Literalmente uma injustiça após a outra. As testemunhas que acusaram Jesus foram compradas pelas autoridades judaicas.
Os judeus encaminharam Jesus a Pilatos, que o encaminhou a Herodes, que o devolveu a Pilatos. Nosso Senhor foi acusado agora de desordeiro, malfeitor, acusado formalmente de sedição. Pilatos reconhece a inocência de Jesus, mas não querendo desagradar os líderes judeus com medo de uma revolta prefere se abster da decisão e entrega Jesus para decisão do povo. Por ocasião da Páscoa um prisioneiro era solto, Pilatos tenta esse argumento para soltar o Senhor, pois ele percebe que na verdade se trata de inveja dos líderes religiosos da pessoa de Jesus. Porém, a multidão incitada pelos líderes pede que soltem Barrábas, um outro prisioneiro.
Diante de todas estas injustiças o Senhor é entregue nas mãos dos soldados para ser preparado para crucificação horas depois. Neste momento ele sofre as mais duras penalidades físicas e emocionais. O texto profético de Isaías 53, se cumpre nesse momento em sua vida. O servo sofredor, humilhado, como ovelha muda é ultrajado, levado pelos seus algozes para o matadouro para entregar sua própria vida.
Como o Senhor já havia pronunciado, os discípulos após a prisão, fogem, eles se escondem por medo de serem presos e terem o mesmo destino de seu Mestre. Os soldados o coroam com uma coroa de espinhos, o vestem de um manto vermelho e debocham. A cruz lhe é entregue e, agora Ele precisa carregá-la até o Calvário onde Ele será executado.
Esse caminho é conhecido como a “Via Crucis”, esse caminho não é reconhecido de forma unânime por historiadores e estudiosos como de fato o caminho percorrido por Jesus até o Calvário, todavia existe uma forte tradição que o reconhece. Esse caminho é composto por 14 estações e todos eles marcam as humilhações e os flagelos recebidos por Jesus nos becos e vielas de Jerusalém rumo ao Calvário do lado de fora da cidade. Essa vila dolorosa foi enfrentada por Jesus rumo ao cumprimento da sua missão. A via dolorosa pode nos servir de exemplo de perseverança para o cumprimento da missão, mesmo que tenhamos que passar por nossas vias dolorosas precisamos continuar rumando ao cumprimento de nossa missão, mesmo que seja preciso também encarar o nosso Calvário.
Chegando ao monte da Caveira, os soldados fixam seus pés e suas mãos na cruz, e as 9h da sexta feira inicia-se o momento da crucificação. Nosso Senhor é mantido na cruz por seis horas, às 15h Ele consuma sua obra entregando seu Espírito a Deus. Jesus proferiu algumas palavras na cruz. Todas elas repletas de ensinamentos preciosos.
Uma oração de perdão: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34).
Uma Resposta para um pecador arrependido: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43).
O cuidado com a família: “Mulher eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí a tua mãe” (João 19:26,27).
Ele se fez maldito por nós. Uma declaração que contém a sua dor: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni” (Mt 27:46).
Uma demonstração de sua humanidade: “Tenho sede” (João 19:28).
Um brado de vitória. Sua missão está cumprida: “Está consumado” (Jo 19:30).
Deus aceita o seu sacrifício e Ele expressa essa certeza: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46).
Após sua morte o corpo de Jesus é retirado a pedido de José de Arimateia a Pilatos. José, assim como Nicodemos, eram discípulos secretos de Jesus, homens que tiveram a oportunidade de serem reconhecido por Jesus e terem se tornado seus discípulos pessoais. Todavia, não quiseram abrir mão de suas posições de prestígios e poder perante a sociedade e aos líderes religiosos de sua época. José prepara um túmulo para Jesus que nunca antes havia sido usado e Nicodemos prepara seu embalsamento. Talvez você seja um discípulo secreto de Jesus, é tempo de mudar essa posição e assumir verdadeiramente um compromisso com Ele antes que não haja mais tempo.
Após tudo isso os discípulos estão com medo, Maria e as outras mulheres choram a perda e aparentemente parece que tudo está acabado. Parece que o sonho acabou. Aquela era a sexta-feira mais tenebrosa da história da humanidade e também das histórias de suas vidas. Assim como aqueles discípulos e as mulheres estavam vivendo dias maus, eles também iriam presenciar o momento mais glorioso, mais iluminado, o momento em que a morte morreu em Jesus; o momento em que Jesus abriu o caminho da eternidade para o homem, novamente Ele possibilita ao homem se aproximar de Deus.
Estamos vivendo dias tenebrosos, dias nublados. Mas o Ressurreto logo aparecerá e nos dará a vitória. A sexta-feira não será para sempre, em breve chegará o domingo e junto dele, o brilho e a força da vida possibilitada pelo Ressurreto. Creia nisso, confie nisso e descanse o seu coração de que a sexta-feira irá terminar e o domingo irá brilhar em breve!
Certo de que em Cristo nossa sexta-feira logo terminará:
Seu amigo e pastor, Roberto da Silva Meireles Rodrigues.
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