Rio
de Janeiro, 19 de abril de 2023.
Série de Mensagens
– O mais puro evangelho
Tema da Mensagem
– As implicações do evangelho de Jesus.
Texto Base
– Romanos 1.5-7
Introdução:
- No
primeiro versículo do capítulo um o apóstolo Paulo se apresenta a igreja
de Roma e mostra suas credenciais apostólicas;
- Os
versos de dois a quatro o apóstolo Paulo faz um pequeno resumo sobre qual
era as verdadeiras boas novas anunciadas por ele;
- Agora
dos versos cinco ao sete Paulo faz umas descrição das implicações deste
evangelho que ele pregava na vida daquele que crê;
“Por
meio dele viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para
obediência da fé, entre todos os gentios.” (verso 5)
- “...graça e
apostolado...” – Os estudiosos apontam para duas
possibilidades interpretativas. 1) A primeira é que o apóstolo Paulo está
falando de duas coisas distintas que ele recebeu do Senhor, a graça que foi
o seu presente imerecido, ou seja, a salvação e, a segunda, a vocação, o
apostolado aos gentios. 2) para alguns estudiosos o apóstolo está apenas
relatando que recebeu a vocação pela graça, ou seja, ele não era merecedor
de ter sido chamado pelo Senhor para exercer tal vocação. Particularmente,
acredito que a segunda possibilidade seja a mais coerente com o pensamento
que o apóstolo está desenvolvendo no contexto do texto;
- “... para
obediência da fé...” – Essa expressão parece o
motivo de muitos pensamentos diferentes entre os estudiosos. Todavia, não
consigo acreditar de forma alguma que o apóstolo está se contradizendo em
relação à doutrina da justificação pela fé. Alguns estudiosos acreditam
que Paulo está usando uma figura de linguagem chamada “hindíadis”, que
nada mais é do que retórica, são dois substantivos jungidos que são
impossíveis de serem separados, os dois estão ligados na essência do seu
significado um ao outro. O exegeta bíblico Douglas J. Moo faz o seguinte o
comentário: “À luz disso, entendemos
as palavras “obediência”e fé “como se interpretando mutuamente: a
obediência sempre envolve a fé, e a fé sempre envolve obediência. No
entanto, isso não significa que os dois termos são equivalentes ou que
seus campos semânticos se sobreponham, como muitos intérpretes recentes
acreditam, sublinhando a natureza holística das relevantes palavras hebraica
(emûnâ) e grega (pistis). Paulo mantém uma distinção semântica entre fé,
de um lado, e obediência ou “obras”, de outro. Fé e obediência não devem
ser consideradas equivalentes, compartimentalizadas ou classificadas como estágios
separados da experiência cristã. Paulo chamava homens e mulheres a uma fé
sempre inseparável da obediência, pois o salvador em que cremos não é nada
menos do que nosso Senhor; e Paulo os chamava a uma obediência que nunca
poderia ser separada da fé, pois podemos obedecer a Jesus como Senhor
apenas quando nos entregamos a ele em fé. Como Karl Barth o expressa: “A
fé não é obediência, mas, assim como a obediência não é obediência sem fé,
a fé não fé sem obediência. Elas são inseparáveis, do mesmo modo que o
raio e o trovão o são em uma tempestade.” Dessa perspectiva, a expressão
captura a dimensão completa da tarefa apostólica de Paulo, uma tarefa que
não se limitava a evangelização inicial, mas também incluía a edificação e
o firme estabelecimento de igrejas.”[1]”Apologética:
Tudo pela graça, de Charles Haddon Spurgeon. Nesta obra (1894), Spurgeon
ilustra o conceito de obediência da fé ao observar que justificação sem
santificação não é salvação verdadeira. “Seria o mesmo que chamar um
leproso de limpo e deixá-lo morrer dessa doença. Seira o mesmo que perdoar
uma rebelião e deixar que o rebelde continue sendo inimigo do rei [...]
Isso poderia, até mesmo, conter a corrente por um tempo, mas deixaria
aberta a fonte da corrupção, a qual, cedo ou tarde, rebentaria com poder
redobrado.”[2]
- “... por amor do
seu nome...” – O apóstolo Paulo aqui expressa
que o seu desejo não é uma glória pessoal, pois não é pelo seu nome, mas
sim para que o nome de Jesus seja reconhecido e adorado entre as nações.
- “... entre todos
os gentios.” – “Ao declarar o propósito de seu apostolado, Paulo expõe outros
aspectos do evangelho. Diz que este tem como alvo alcançar todas as nações
(ARA, todos os gentios). Isso parece implicar que os cristãos de Roma eram
predominantemente gentios, sendo que ele os menciona especificamente. E
vocês também estão entre os chamados para pertencerem a Jesus (6). Logo
adiante, no entanto, Paulo irá descrever o evangelho como “o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego”
(1.16). O que ele está afirmando é que o evangelho é para todos; sua
extensão é universal. Ele mesmo era um judeu patriota, que amava o seu
povo e almejava ardentemente a sua salvação (9.1ss.;10.1). Ao mesmo tempo,
fora chamado para ser apóstolo aos gentios. Nós também, se quisermos
dedicar-nos à missão mundial, precisamos libertar-nos de todo orgulho,
seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o evangelho
de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção. Este é um tema de suma
importância em Romanos.”[3]
“Entre
esses se encontram também vocês que foram chamados para pertencerem a Jesus
Cristo.” (verso 6)
- O
apóstolo Paulo neste verso especificamente se dirige aos irmãos que estão
em Roma e nos dá o possível entendimento de que eles também são gentios
quando diz “entre esses se encontram também vocês...”;
- “... foram
chamados para pertencerem a Jesus Cristo.”
– O apóstolo Paulo nos evidencia que assim como o seu chamado ao apostolado
foi pela graça de Deus, assim também Deus chamou aos romanos para
receberem a salvação e pela fé responderam de forma positiva a este
chamado.
“A
todos os amados de Deus que estão em Roma, chamados para ser santos. Que a
graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês.”
(verso 7)
- “A todos os amados
de Deus que estão em Roma...” – O apóstolo
Paulo continua a especificar os destinatários da carta. Todavia, vale
ressaltar que não há problemas em ele não se referir aos irmãos em Roma
usando também a palavra “igreja”, em outras ocasiões ele também não usa a
palavra.
- “A todos os amados
de Deus... chamados para ser santos...” – Essas são
expressões que o Senhor usa no Antigo Testamento para referir-se a Israel.
C.Marvin Pate vai dizer: “Paulo,
aplica aos cristãos gentios em Roma três designações veterotestamentárias
para Israel: “chamados” (cf. Dt 4.37; 10.15; Is 41.9; 48.12), “amados”
(cf. Dt 4.37; 10.15; cf. Tb. Dt 7.8; 23.5) e “santos” (cf. Êx 19.5,6; Lv
19.2; Dt 7.6). Com isso, o apóstolo aos gentios comunica que eles fazem
parte do povo de Deus tanto quanto Israel.”[4]
- “Que
a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com
vocês.” – Essa é a forma da saudação encontrada na maioria das
epístolas escritas por Paulo: Colossenses, 1Tessalonicenses, em 1 e
2Timóteo a expressão ganha o acréscimo da palavra misericórdia. Hendicks
destaca em seu comentário: “O que
vemos em Romanos etc., é que a forma grega de saudação foi combinada com a
forma judaica. O grego diz Chaire! (“Alegria e você!”). O judeu diz
Shalom! (“Paz!”). Entretanto, essas duas saudações não só foram unidas por
Paulo, mas foram ao mesmo tempo, transformadas numa só saudação
distintamente cristã. Observe, a este respeito, que chaire foi
transformada em charis (graça).”[5]
Hendicksen ainda destaca em seu comentário que a graça de estar em Cristo
é que produz a paz como um estado (salvação) e também uma condição
interior, uma sensação, sentimento de paz. Essas benesses podemos
desfrutar por desfrutarmos de uma tão grande salvação que nos foi
proporcionada através do sacrifício de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo.
Conclusão:
- “Como notamos ao
comentar o versículo 4, a importância da cristologia nesse parágrafo
introdutório não deve ser ignorada. Paulo compartilha com seus leitores
romanos a convicção de que Jesus é o centro do evangelho. Ele é o Messias
prometido de Israel (“semente de Davi”), o Filho de Deus, o Senhor.
Confessar o evangelho hoje exige nossa subscrição à visão exaltada que
Paulo tem de Jesus; não fazer isso é o que produz muitas heresias.
Entretanto, a atenção de Paulo, como também vimos, está especialmente na
atividade desse Jesus: sua vinda à terra como o Messias; sua exaltação por
meio da ressurreição à condição de Senhor de todos; seu poder concedido
como Filho de Deus. É o que Jesus fez, não somente quem ele é, que torna o
evangelho as “boas-novas”. Mas tenha certeza disto: o que Jesus fez não
pode ser separado de quem ele é. Nossa época é uma época sem muito
interesse pela teologia. No entanto, a teologia correta – nesse caso, a
pessoa de Jesus – é vital para a salvação e conduta cristãs.”[6]
- “Em resumo, aqui se encontram seis
verdades fundamentais acerca do evangelho. Sua origem é Deus o Pai e sua
essência é Jesus Cristo, seu Filho. Sua autenticidade é provada pelas
Escrituras do Antigo Testamento e seu alvo é abranger todas as nações. Nosso
propósito imediato ao proclamá-lo é levar as pessoas à obediência pela fé,
mas o nosso propósito final é a glória suprema do nome de Jesus Cristo. Ou
poderíamos sintetizar essas verdades dizendo que a boa nova é o evangelho
de Deus, sobre Cristo, segundo as Escrituras, para as nações, para a
obediência por fé, por causa do Nome – o nome de Cristo.”[7]
[1] MOO, Douglas J. Romanos: comentário exegético. São Paulo, SP: Vida Nova, 2023, pg. 57.
[2]
PATE,
C. Marvin.
Romanos. São Paulo, SP: Vida Nova, 2015, pg.21.
[3] STOTT, John. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 2007, pg.53.
[4]
PATE,
C. Marvin.
Romanos. São Paulo, SP: Vida Nova, 2015, pg.20.
[5] HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Romanos. São
Paulo: Cultura Cristã, 2011, pg. 67.
[6] Idem, pg.59.
[7] STOTT, John. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 2007, pg.55.
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