Rio de Janeiro, 12 de abril de 2023.
Série de Mensagens
– O mais puro evangelho
Tema da Mensagem
– O cumprimento da promessa
Texto Base
– Romanos 1.2-4
“...que
ele, no passado, prometeu por meio de seus profetas nas Escrituras Sagradas.”
(verso 2)
- A
promessa a qual o apóstolo Paulo refere-se é a que o Senhor fez a Abraão: “O Senhor disse a Abrão: - Sai da tua
terra, da sua parentela e da casa de seu pai e vá para a terra que eu lhe
mostrarei. Farei de você uma grande nação, e o abençoarei, e engrandecerei
o seu nome. Seja uma benção! Abençoarei aqueles que o abençoarem e
amaldiçoarei aqueles que o amaldiçoar. Em você serão benditas todas as famílias
da terra.” (Gênesis 12.1-3)
- “Comentaristas
concordam que, aqui, “profetas” se refere a todo o Antigo Testamento.
Assim, Paulo diz que de modo profético, o Antigo Testamento dá testemunho
do evangelho de Deus. Isso pode ser observado já em Gênesis 12.1-3, onde
Deus promete abençoar os descendentes de Abraão (os judeus), bem como as
nações do mundo (os gentios). De fato, essa é a interpretação que Paulo
faz de Gênesis 12.1-3 (cf. Rm 4.9-12; Gl 3.6-9). Essa dupla promessa da
bênção de Deus sobre judeus (a restauração de Israel) e gentios (a
conversão das nações) é tratada como promessa escatológica em Isaías
40-66. A dupla promessa é explicada claramente em Romanos 1.3-4, com
referência a Israel, e em 1.5-7, com referência aos gentios. Jesus Cristo
é aquele que Deus designou para garantir o cumprimento das duas promessas.”[1]
- Stott
vai dizer que o evangelho não é um conjunto de coisas inventadas por eles.
Muito pelo contrário, o evangelho é a revelação do próprio Deus a raça
humana. O evangelho só é boa notícia se ele for realmente o evangelho de
Deus, da revelação que o próprio Deus faz de si mesmo a humanidade caída
em seus delitos e pecados;
“Este
evangelho diz respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da
descendência de Davi...” (verso 3)
- “Este
evangelho diz respeito a seu Filho...” – O evangelho de Deus é o próprio
Senhor Jesus Cristo, sem a obra realizada por Jesus não haveria boas novas
da parte de Deus para a humanidade;
- “...segundo
a carne...” – Os comentaristas são praticamente unanimes em dizer que o
apóstolo aqui começa a tratar sobre a encarnação de Jesus. Os estudiosos
comentam que os versos 3 e 4 parecem fazer parte ou de um cântico ou de um
credo da igreja primitiva;
- A
doutrina da encarnação de Jesus – “...segundo a carne”, ou seja, Ele
precisava ser um representante da raça humana para que os pecados da raça
humana fosse expiado, o apóstolo Paulo sabe que era preciso ser dessa
forma. Talvez seja por este motivo que ele chame de Jesus de segundo “Adão”,
já que o primeiro falhou o segundo não falhou segundo o ensino de Paulo.
Aqui podemos salientar uma doutrina fundamental para fé cristã: o
nascimento virginal de Jesus. O teólogo sistemático Wayne Grudem destaca
pelo menos três áreas da importância dessa doutrina: 1) Mostra que em
última análise a salvação deve vir do Senhor; 2) O nascimento virginal
possibilitou a união plena da divindade e da plena humanidade em uma só
pessoa; 3) O nascimento virginal também torna possível a verdadeira
humanidade de Cristo sem a herança do pecado. Richard J. Sturz ressalta: “Embora haja certo consenso quanto ao
fato de Jesus ser o único revelador de Deus, há um outro elemento único de
sua revelação que não tem sido tão explorado. Jesus também é o único
revelador do que é o homem. Como humanos, nenhum de nós sente que seja
necessário haver um que nos revele o que somos. Engano. Sendo formados
dentro de uma ideologia cultural, o entendimento que temos de nós mesmos
está comprometido antes do nascimento. E mais, as circunstâncias em que
vivemos tentam mudar nossa maneira de ver as coisas, conformando-a à outra
maneira de compreender a natureza humana.”[2]
- “...
veio da descendência de Davi.” – O apóstolo Paulo está fazendo uma clara
alusão ao Senhor Jesus ser o cumprimento da promessa de Deus a Israel
acerca do messias. Jesus é o descendente de Davi que irá reinar para
sempre sobre à casa de Israel.
“...e
foi designado do Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela
ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor.” (verso 4)
- “...e
foi designado do Filho de Deus com poder...” – Paulo não está ensinando
que Jesus tornou-se o filho de Deus somente após sua ressurreição. Mas o
que ele exprime em seu ensinamento é que agora Jesus mudou de estado.
Antes ele estava em um estado de humilhação, totalmente submisso a sua
missão e as limitações de seu corpo físico mortal. Agora, pela
ressurreição dentre os mortos, Jesus está em seu estado de exaltação. Ele
agora governa junto com o Pai sem nenhuma limitação, mas com todo poder.
- “...com
poder...” – Comenta Douglas Moo: “O
que Paulo está afirmando, então, é que o filho preexistente, que ingressou
na experiência humana como Messias prometido, foi designado com na base na
ressurreição (ou, talvez, no momento dela) para uma posição nova e mais
poderosa em relação ao mundo. Em virtude de sua obediência à vontade do
Pai (p. ex., Fp 2.6-11) e por causa da revelação escatológica do poder
salvador de Deus no evangelho (1.1,16), o Filho obtém uma condição nova e
exaltada como “Senhor” (v.4b). Filho de Deus desde a eternidade, ele se
torna Filho de Deus “em poder”, “capaz [dynatai] de salvar completamente
os que chegam a Deus por meio dele” (Hb 7.25);”[3]
- “...segundo
o espírito de santidade...” – Paulo está enfatizando a obra de obediência
realizada pelo Senhor Jesus na dependência total ao Espírito Santo,
vivendo uma vida de santidade. O que o possibilitou a viver uma vida reta,
digna, santa diante de Deus e dos homens e o lhe permitiu ser um
sacrifício perfeito, sem mácula, sem manchas, sem qualquer motivo que
pudesse prejudicar seu feito redentor.
Conclusão:
- John
Stott diz: “A essência do evangelho
é Jesus Cristo. Paulo faz referências, diretas e indiretas, ao nascimento
(descendente de Davi), à morte (pressuposta pela ressurreição), à
ressurreição dentre os mortos e ao reinado (no trono de Davi) de Jesus
Cristo. Aqui está um afirmação equilibrada tanto da humilhação como da
exaltação, tanto da fraqueza como do poder do Filho de Deus: sua
descendência humana remonta a Davu e a sua condição divina de filho no
poder, estabelecida na ressurreição e dádiva do Espírito. Esse é o Cristo,
fraco e poderoso, encarnado e exaltado, que possui e governa nossa vida.”[4]
- Martinho
Lutero e sua teologia dialética - A construção do pensamento de Lutero
sempre se dava de forma paradoxal entre dois pontos extremos. A dialética
tinha o entendimento de que a verdade só poder ser alcançada quando
contrastada com outra verdade. Martinho em toda a sua construção teologia
se utilizou desta concepção para a construção de seu pensamento. A Bíblia
está repleta destes paradoxos: “Deus e o mundo, liberdade e escravidão,
Deus oculto e Deus revelado, etc”. Lutero jamais se desfazia de algum dos
lados. Ele sempre se utilizava da tensão e nunca se desfazia da mesma para
a construção de seus pensamentos. Por exemplo: Não poderíamos entender o
evangelho se não fosse pela lei, que revela nossa incapacidade de viver
corretamente e assim aponta-nos para Cristo. Nesse caso a polaridade
lei-evangelho é entendida conjuntamente: tanto a lei quanto o evangelho
são essências a salvação.
[1] PATE, C. Marvin. Romanos. São Paulo, SP: Vida Nova, 2015, pg.18.
[2] STURZ, Richard J. Teologia Sistemática. São Paulo, SP: Vida Nova,
2012, pg. 265.
[3] MOO, Douglas J. Romanos: comentário exegético. São Paulo, SP: Vida
Nova, 2023, pg. 50.
[4]
STOTT, John.
Lendo Romanos com John Stott: volume 1. Viçosa, MG: Ultimato, 2018, pg. 16.
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