quinta-feira, 28 de março de 2024

5º AULA – INVENÇÃO HUMANA?

 


Projeto – “De bem com a Bíblia” – março de 2024

Professor – Roberto da Silva Meireles Rodrigues

Livro – Gálatas.

5º AULA – INVENÇÃO HUMANA?

“Eu afirmo a vocês, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é a mensagem humana, porque eu não o recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu o recebi mediante revelação de Jesus Cristo. (versos 11 e 12)”.

“Eu afirmo a vocês, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é a mensagem humana...” (Verso 11)

            O apóstolo Paulo agora passa da motivação do evangelho para a origem do evangelho. O desejo do apóstolo é asseverar que o evangelho que por ele é anunciado não é algo de origem humana, um conjunto de doutrina, ou conceitos filosóficos, ou alguma outra coisa semelhante. Paulo deseja deixar claro que a origem de seu evangelho é única e exclusivamente divina, que jamais homem algum poderia pensar ou criar algo semelhante.

 “Eu afirmo a vocês...” - Essa forma de se expressar é usada por Paulo em outros momentos de seus escritos quando ele deseja chamar atenção para o assunto que ele deseja tratar. Como por exemplo: “Por isso, quero que entendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: “Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: “Senhor Jesus!”, senão pelo Espírito Santo.” (1Co 12.3); “Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho que anunciei a vocês, o qual vocês receberam e no qual continuam firmes.” (1Co 15:1) “Também, irmãos, queremos que estejam informados a respeito da graça de Deus que foi concedida às igrejas da Macedônia.” (2Co 8.1)

            Donald Guthrie chama atenção para o apóstolo Paulo se dirigir aos seus leitores como “irmãos”. Segundo Donald o apóstolo deseja destacar o fato de que não existe uma falta de amor fraternal para com eles e, sim, o desejo do apóstolo de corrigi-los doutrinariamente. Guthrie desta a quantidade de vezes que o apóstolo se remete aos gálatas como “irmãos”, total de 8 vezes.

            “... Eis aí a razão por que o evangelho de Paulo era o padrão pelo qual os outros evangelhos deviam ser medidos. O seu evangelho era (literalmente, versículo 11) “não... segundo o homem”; não era “invenção humana” (BLH). “Eu o preguei”, Paulo poderia dizer, “mas não o inventei. Também não o recebi de um homem, como se fosse uma tradição já aceita, passada de uma geração a outra. Também não me foi ensinado, como se precisasse aprender de mestres humanos”. Pelo contrário, ele veio “mediante revelação de Jesus Cristo”. Isto provavelmente significa que ele lhe foi revelado por Jesus Cristo. Alternativamente, o genitivo poder ser objetivo, caso em que Cristo é a substância da revelação, como no versículo 16, e não o seu autor. Seja qual for o caso, o sentido geral é explícito. Assim como no versículo 1 ele afirmou ser divina a origem de sua comissão apostólica, agora ele afirma ser de origem divina o seu evangelho apostólico. Nem a sua missão nem a sua mensagem derivam de homem algum; ambas lhe vieram diretamente de Deus e de Jesus Cristo.”[1]  

“... porque eu não o recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu o recebi mediante revelação de Jesus Cristo. (verso 12)”.

            O apóstolo deseja deixar muito claro que ele não recebeu o evangelho de homem algum, isso é independente da forma como possamos imaginar que isso tenha acontecido. Todavia, sua ênfase é que ele não recebeu nem por meio de tradição (pai para filho) e nem por meio de ensinamentos, como por exemplo Lucas em Atos dos Apóstolos diz que Paulo foi instruído no judaísmo por Gamaliel. Paulo assevera que o evangelho fora recebido por ele diretamente da pessoa do Senhor Jesus Cristo.

            “Ele afirma que não era nada disso: seu evangelho veio a ele “por meio de uma revelação de Jesus, o Messias”, di’ apokalypseos Iesou Christou. Assim, a palavra traduzida como “revelação” é apokalypsis, “apocalipse”, e o genitivo “de Jesus, o Messias” indica o conteúdo da revelação. Criaram-se várias especulações a respeito da palavra “apocalipse” neste versículo, como se esse termo grego do século 1 tivesse algum vínculo automático com as teorias do final do século 19 e do início do século 20 a respeito de um suposto movimento judaico chamado “apocalíptico”. Mas a ideia não é essa. No mundo de Paulo, um “apocalipse” equivale ao que acontece quando algo que não se podia ver antes de repente se torna visível: quando algo escondido atrás de um anteparo é subitamente revelado. Do mesmo modo que a era vindoura agora coincide com a era presente, com os seguidores de Jesus vivendo desconfortavelmente presos bem no meio da junção delas, assim o céu e a terra (o espaço de Deus e o espaço humano) passam a coincidir. Os livros judaicos que hoje, segundo a classificação moderna, reconhecemos como “apocalípticos” geralmente “revelam”, tanto na forma como no conteúdo realidades temporais (o que tem sido e o que há de vir) que não normalmente visíveis no tempo presente. A história de Paulo se concentra em um momento no qual o Jesus que está entronizado no céu de repente se torna visível ao seu olho nu aqui na terra, um momento no qual o futuro de Deus chegou ao presente, de modo que, agora, segundo o ponto de vista de Paulo, se trata de um acontecimento no passado por meio do qual tudo mudou. Acho que Paulo parte do princípio de que seus ouvintes já sabiam disso. Entretanto, ele prossegue nos cinco próximos versículos explicando o que aconteceu e conferindo a esse acontecimento um significado rico e profundo.”[2]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA:

AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. A Graça (II) / Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1999.

CALVINO, João. Gálatas. São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 2007

CARSON, D. A. / MOO, Douglas J. / MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 1997.

GUTHRIE, Donald. Introdução e comentário de Gálatas. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984.

HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001.

HALLEY, Henry Hamptom. Manual Bíblico de Haley. São Paulo: Editora Vida, 2001.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019.

KELLER, Timothy. Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015.

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011.

LUTERO, Martinho. Martinho Lutero: obras selecionadas, v.10 – Interpretação do Novo Testamento – Gálatas – Tito. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia, 2008.

MacARTHUR, John. Comentário Bíblico MacArthur: desvendando a verdade de Deus, versículo a versículo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.

MacGRATH, Alister. Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

NICODEMUS, Augustus. Livrem em Cristo – A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo, SP: Vida Nova, 2016.

POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 1999.

STOTT, John R.W. A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007.

WRIGHT, N.T. Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2023.

 

 



[1] STOTT, John R.W. A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007, pg.31.

[2] WRIGHT, N.T. Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2023, pg.92.

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