Projeto – “De bem com a Bíblia” – março de 2024
Professor
– Roberto da Silva Meireles Rodrigues
Livro
– Gálatas.
5º AULA – INVENÇÃO HUMANA?
“Eu afirmo a vocês,
irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é a mensagem humana, porque eu
não o recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu o recebi mediante
revelação de Jesus Cristo. (versos 11 e 12)”.
“Eu afirmo a vocês,
irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é a mensagem humana...” (Verso
11)
O
apóstolo Paulo agora passa da motivação do evangelho para a origem do
evangelho. O desejo do apóstolo é asseverar que o evangelho que por ele é
anunciado não é algo de origem humana, um conjunto de doutrina, ou conceitos
filosóficos, ou alguma outra coisa semelhante. Paulo deseja deixar claro que a
origem de seu evangelho é única e exclusivamente divina, que jamais homem algum
poderia pensar ou criar algo semelhante.
“Eu afirmo a vocês...” - Essa forma de se expressar é usada por Paulo em
outros momentos de seus escritos quando ele deseja chamar atenção para o
assunto que ele deseja tratar. Como por exemplo: “Por isso, quero que
entendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: “Anátema, Jesus!
Por outro lado, ninguém pode dizer: “Senhor Jesus!”, senão pelo Espírito
Santo.” (1Co 12.3); “Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho que anunciei a
vocês, o qual vocês receberam e no qual continuam firmes.” (1Co 15:1) “Também,
irmãos, queremos que estejam informados a respeito da graça de Deus que foi
concedida às igrejas da Macedônia.” (2Co 8.1)
Donald
Guthrie chama atenção para o apóstolo Paulo se dirigir aos seus leitores como
“irmãos”. Segundo Donald o apóstolo deseja destacar o fato de que não existe
uma falta de amor fraternal para com eles e, sim, o desejo do apóstolo de
corrigi-los doutrinariamente. Guthrie desta a quantidade de vezes que o
apóstolo se remete aos gálatas como “irmãos”, total de 8 vezes.
“...
Eis aí a razão por que o evangelho de Paulo era o padrão pelo qual os outros
evangelhos deviam ser medidos. O seu evangelho era (literalmente, versículo 11)
“não... segundo o homem”; não era “invenção humana” (BLH). “Eu o preguei”,
Paulo poderia dizer, “mas não o inventei. Também não o recebi de um homem, como
se fosse uma tradição já aceita, passada de uma geração a outra. Também não me
foi ensinado, como se precisasse aprender de mestres humanos”. Pelo contrário,
ele veio “mediante revelação de Jesus Cristo”. Isto provavelmente significa que
ele lhe foi revelado por Jesus Cristo. Alternativamente, o genitivo poder ser
objetivo, caso em que Cristo é a substância da revelação, como no versículo 16,
e não o seu autor. Seja qual for o caso, o sentido geral é explícito. Assim
como no versículo 1 ele afirmou ser divina a origem de sua comissão apostólica,
agora ele afirma ser de origem divina o seu evangelho apostólico. Nem a sua
missão nem a sua mensagem derivam de homem algum; ambas lhe vieram diretamente
de Deus e de Jesus Cristo.”[1]
“... porque eu não o
recebi de ser humano algum, nem me foi ensinado, mas eu o recebi mediante
revelação de Jesus Cristo. (verso 12)”.
O
apóstolo deseja deixar muito claro que ele não recebeu o evangelho de homem
algum, isso é independente da forma como possamos imaginar que isso tenha
acontecido. Todavia, sua ênfase é que ele não recebeu nem por meio de tradição
(pai para filho) e nem por meio de ensinamentos, como por exemplo Lucas em Atos
dos Apóstolos diz que Paulo foi instruído no judaísmo por Gamaliel. Paulo assevera
que o evangelho fora recebido por ele diretamente da pessoa do Senhor Jesus
Cristo.
“Ele
afirma que não era nada disso: seu evangelho veio a ele “por meio de uma
revelação de Jesus, o Messias”, di’ apokalypseos Iesou Christou. Assim, a palavra
traduzida como “revelação” é apokalypsis, “apocalipse”, e o genitivo “de Jesus,
o Messias” indica o conteúdo da revelação. Criaram-se várias especulações a
respeito da palavra “apocalipse” neste versículo, como se esse termo grego do
século 1 tivesse algum vínculo automático com as teorias do final do século 19
e do início do século 20 a respeito de um suposto movimento judaico chamado “apocalíptico”.
Mas a ideia não é essa. No mundo de Paulo, um “apocalipse” equivale ao que
acontece quando algo que não se podia ver antes de repente se torna visível:
quando algo escondido atrás de um anteparo é subitamente revelado. Do mesmo
modo que a era vindoura agora coincide com a era presente, com os seguidores de
Jesus vivendo desconfortavelmente presos bem no meio da junção delas, assim o
céu e a terra (o espaço de Deus e o espaço humano) passam a coincidir. Os
livros judaicos que hoje, segundo a classificação moderna, reconhecemos como “apocalípticos”
geralmente “revelam”, tanto na forma como no conteúdo realidades temporais (o
que tem sido e o que há de vir) que não normalmente visíveis no tempo presente.
A história de Paulo se concentra em um momento no qual o Jesus que está
entronizado no céu de repente se torna visível ao seu olho nu aqui na terra, um
momento no qual o futuro de Deus chegou ao presente, de modo que, agora,
segundo o ponto de vista de Paulo, se trata de um acontecimento no passado por
meio do qual tudo mudou. Acho que Paulo parte do princípio de que seus ouvintes
já sabiam disso. Entretanto, ele prossegue nos cinco próximos versículos
explicando o que aconteceu e conferindo a esse acontecimento um significado
rico e profundo.”[2]
BIBLIOGRAFIA:
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Graça (II) / Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1999.
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Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 1997.
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HALLEY, Henry Hamptom.
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HENDRIKSEN, William.
Comentário do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019.
KELLER, Timothy.
Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015.
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Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011.
LUTERO, Martinho.
Martinho Lutero: obras selecionadas, v.10 – Interpretação do Novo Testamento –
Gálatas – Tito. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia,
2008.
MacARTHUR, John. Comentário
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Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.
MacGRATH, Alister.
Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
NICODEMUS, Augustus.
Livrem em Cristo – A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo, SP:
Vida Nova, 2016.
POHL, Adolf.
Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica
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STOTT, John R.W.
A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007.
WRIGHT, N.T.
Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson,
2023.
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