Rio de Janeiro, 20 de junho de 2024.
O QUE É SER UMA IGREJA RELACIONAL?
Para um cristão existem duas esferas em suas relações. A primeira é a relação vertical, que consiste na relação do cristão com seu Deus. Existindo também a relação horizontal que é a relação que um cristão desenvolve com seus semelhantes, ou seja, com outras pessoas. Geralmente essas duas relações ganha muita simbologia com a cruz, pois possui um traço vertical e outro horizontal que se encontram formando a cruz. Lembrando sempre ao cristão que o mediador de todas as relações é o Senhor Jesus.
Jesus ao ser questionado pelos fariseus e mestres da lei sobre o maior mandamento ele respondeu o seguinte: “Jesus respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.” (Mateus 22.37-40)
Tendo como pressuposto o mandamento expresso por Jesus de amar ao Senhor e também de amar ao próximo, precisamos praticar esse amor de forma plena e saudável na dimensão de nossa vida pessoal e também na dimensão de nossa vida comunitária.
O amor que é gerado por Deus jungindo a plenitude do Espírito Santo, possibilita ao cristão ter uma vida guiada por Ele e possuindo capacidade para experimentar relações saudáveis tanto para com Deus como para com o seu próximo.
A narrativa histórica, da primeira igreja que ficou conhecida como igreja primitiva, narra que os irmãos cheios do Espírito Santo e tendo base em suas relações, o amor cristão. Esses experimentaram essas relações de forma saudável e intensa.
Lucas, o médico amado registra esse fator em muitos momentos no livro de Atos: “Eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada um havia temor, e muitos sinais e feitos extraordinários eram realizados pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e os repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um. E perseverando de comum acordo todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e simplicidade de coração, louvado a Deus e contando com o favor de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava a cada dia os que iam sendo salvos” (Atos 2.42-27); “A multidão dos que criam estava unida de coração e de propósito; ninguém afirmava ser sua alguma coisa que possuísse, mas tudo era compartilhado por todos. E com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos havia imensa graça. Pois não existia nenhum necessitado entre eles; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o valor do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade. Então José, a quem os apóstolos chamavam de Barnabé (que significa filho de consolação), levita, natural de Chipre, possuindo um terreno, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos.” (Atos 4:32-37)
John Stott tece o seguinte comentário: “Perseveravam... na comunhão (koinonia). Koinonia (de Koinos, “comum”) testemunha a vida comunitária da igreja em dois sentidos. Primeiro, o termo expressa o que compartilhamos. A saber o próprio Deis, pois “a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo”, e há “a comunhão do Espírito Santo”. Assim, koinonia é uma experiência trinitária; é a parte que temos em comum com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Mas, em segundo lugar, koinonia também expressa o que compartilhamos uns com os outros, tanto o que damos como o que recebemos. Koinonia é a palavra que Paulo usou para a oferta que recolheu entre as igrejas grega, e koinonikos é a palavra grega para “generoso”. É a isso, especificamente, que Lucas está se referindo aqui, pois ele continua descrevendo como esses primeiros cristãos compartilhavam suas propriedades uns com os outros.”
Tendo estabelecido os pressupostos acima descritos, podemos observar que o desejo do Senhor, o dono da Igreja, é que seu povo possa desfrutar de um relacionamento íntimo e profundo com Ele e, que esse relacionamento com o Eterno possa transbordar em nossas relações humanas. Sejam essas relações na família, na igreja ou na sociedade.
Todavia, enfrentamos um grande desafio em nossos dias. A sociedade atual onde nós e por consequência nossa igreja está inserida é caracterizada pelo individualismo, a fluidez e a efemeridade nas relações humanas. O sociólogo polonês Zugmunt Bauman nomeou esse fenômeno na sociedade contemporânea de “modernidade líquida”.
Na perspectiva de Bauman ocorreu uma mudança de paradigma de uma sociedade marcada por absolutos ao qual ele denominou de “modernidade sólida” para uma sociedade que é caracteriza pela falta de absolutos, ou por uma mudança veloz dos mesmos, o qual ele denominou de “modernidade líquida”.
O líquido é aquele estado em que não se conserva muito tempo. Zigmund acredita que as relações são efêmeras até mesmo pelo fato de que com a extração das instituições mais sólidas que eram paradigmas tais como família, igreja, estado, etc., não foi se colocado nada no lugar. Pois, agora a busca pela felicidade e por algum propósito para existência é caracterizada pelo “indivíduo” que deve buscar por si mesmo e em si mesmo o seu “ideal” de vida desejado, deixando de lado as construções coletivas da dita sociedade sólida.
Todavia, como cristãos sabemos que não conseguimos viver sem termos relacionamentos. Como traçamos os pressupostos bíblicos neste mesmo texto, não podemos desistir dos princípios e valores da Palavra de Deus em detrimento da cultura e dos valores deste tempo presente.
E, talvez aí esteja o maior desafio de nossa geração: o desafio de desenvolver uma igreja relacional saudável. Obviamente, essa igreja relacional saudável só poderá existir e subsistir a partir de um relacionamento profundo com o Espírito Santo que a encherá de sua vida e a capacitará para que no seu poder possa testemunhar do evangelho de nossos Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Tendo conceituado biblicamente acerca do princípio estabelecido por Deus acerca dos relacionamentos e, também abordado de forma simplória, mas trazendo um pouco de luz dos desafios do tempo presente. Agora nos resta abordar o que nós como igreja de Jesus faremos com intuito de conseguirmos cumprir o desejo do coração de Deus em sermos uma igreja relacional.
Na tentativa de ser objetivo chamarei do que enfaticamente orientamos os irmãos na práxis de nossa vida cristã em nosso relacionamento com Deus e em nosso relacionamento com o propósito.
Temos adotados alguns processos que buscam ser simples, porém poderosos quando experimentados individualmente e comunitariamente. O que algumas pessoas denominam como “Igreja de duas asas”, “no templo e nas casas”, “grandes reuniões e pequenas reuniões”.
Em nossa relação com Deus (RD) orientamos os irmãos as seguintes práticas:
• Devocional diária (leitura da Palavra, Oração e Jejum);
• Frequência semanal nas celebrações de adoração ao Senhor;
• Participação do trilho de ensino da igreja, o CCM (Centro de Capacitação Ministerial);
• Campanhas visando amadurecimento espiritual tais como: 21 dias de oração e jejum, 40 dias com propósitos, 40 dias de amor, etc.;
• Reuniões de Oração comunitárias na sede de nossa igreja;
Em nossa relação com o próximo (RP) orientamos os irmãos as seguintes práticas:
• Ser membro e participante ativo de uma célula;
• Estar envolvido em um processo contínuo de discipulado. Seja como discipulador ou como discípulo;
• GDs de supervisão e coordenação – líderes de célula que são cuidados, alimentados e orientados por supervisores. Também supervisores que são cuidados, alimentados e orientados por seus coordenadores;
A igreja primitiva já vivi ali um pedacinho do céu tinha tudo em comum não lhes faltava nada ,e o senhor acrescentava a medida dos que , eusendo salvo,
ResponderExcluir