quinta-feira, 11 de julho de 2024

20º AULA – APÓS 430 ANOS...

 


Projeto – “De bem com a Bíblia” – junho de 2024

Professor – Roberto da Silva Meireles Rodrigues

Livro – Gálatas.

20º AULA – APÓS 430 ANOS...

“E eu afirmo: A lei, que veio quatrocentos e trinta anos mais tarde, não anula o testamento antes validado por Deus, cancelando a promessa. Pois se a herança provém da lei, já não provém mais da promessa. Mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão.” (Gálatas 3:17-18)”

            O apóstolo Paulo faz uma alusão ao verso de número quinze: “Irmãos, eu vos falarei em termos humanos. Embora feito por um homem, ninguém anula um testamento já validado, nem lhe acrescenta coisa alguma.”

            Gosto da observação feita por Timothy Keller ao salientar que o apóstolo tinha em mente ao usar a palavra “testamento” ou em algumas outras traduções “aliança” era remeter-se ao texto de Gênesis capítulo 15 quando o Senhor faz uma aliança unilateral com Abraão, ou seja, Deus realizou uma aliança com Abraão e essa aliança não dependia em nada da fidelidade de Abraão para mantê-la.

            “Se a lei de Moisés pretendesse ser o meio para a salvação, a promessa a Abraão não teria sido real. E “nesse caso”, a promessa está selada por um testamento. Paulo está mais uma vez nos levando de volta para Gênesis 15. Quando Abraão pergunta a Deus: “Como saberei que hei de recebe-la por herança?” (v.8), referindo-se à promessa, Deus lhe diz para pegar uma novilha, uma cabra, um carneiro, uma rolinha e um pombinho. Abraão sabe o que com eles: “cortou-os ao meio e colocou cada parte em frente da outra” (v.10). A atitude parece estranha para nós, mas, na época de Abraão, era a maneira como se “assinava” um testamento ou aliança. Cada signatário passava entre as metades dos animais. Era um jeito (muito!) visual de quem estava firmando aquele pacto de dizer: Se eu romper essa aliança, que também seja partido e separado: merecerei morrer, como aconteceu com os animais. O que há de surpreendente na aliança entre Deus e Abraão é que em momento algum Abraão caminhou entre as metades! “Caiu um profundo sono sobre Abraão” (v.12). Só o que anda entre elas é “um fogo fumegante e uma tocha de fogo que passaram entre aquelas metades” (v.17). Que estranho fogo é esse? É Deus: “naquele mesmo dia o Senhor fez uma aliança com Abraão” (v.18). A promessa de Deus a Abraão é uma promessa de aliança. Trata-se de uma aliança que em nada depende de Abraão, só de Deus. Ele preferiria morrer a quebrar a promessa de bênção a Abraão e a seus descendentes – e morreu de fato, por meio de um descendente em particular (“teu descendente”, Gl 3.16), ao mundo. Esse “descendente”, o homem Jesus Cristo, morreu numa cruz.”[1]

            Tendo esse pensamento em mente o apóstolo assevera que Deus não iria acrescentar nenhuma exigência (obediência a lei) na promessa feita em aliança com Abraão. Era exatamente isso que estava passando na mente de Paulo quando realizou essa afirmação categórica acerca de se colocar exigências na promessa da aliança.

            Mais uma vez o apóstolo Paulo ressalta o argumento de que um testamento não pode ser alterado após a morte e que Deus não mudaria de ideia e nem acrescentaria nada ao pacto, aliança, testamento que havia feito com Abraão.

O apóstolo insiste em tentar clarificar aos gálatas contra essa malfadada teologia ensinada pelos falsos mestres da salvação através do cumprimento da lei. Ele deixa claro que Deus sempre se revelou e deixou claro que a salvação era mediante a fé pela sua infinita graça em favor a humanidade no cumprimento de sua promessa.

            Nos versos que virão a seguir o apóstolo irá deixar claro o propósito da lei ao ser promulgada por Deus. Ou seja, Deus não mudou seus planos ao passar do tempo, muito pelo contrário. Cada vez mais foi descortinando a humanidade o seu plano de salvação para cumprimento de sua promessa da semente de Abraão, o verdadeiro herdeiro e cumprimento da promessa.

           

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA:

AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. A Graça (II) / Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1999.

CALVINO, João. Gálatas. São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 2007

CARSON, D. A. / MOO, Douglas J. / MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 1997.

FEE, Gordon D. Cristologia Paulina: um estudo exegético-teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Vida, 2005.

GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1990.

GUTHRIE, Donald. Introdução e comentário de Gálatas. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984.

HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001.

HALLEY, Henry Hamptom. Manual Bíblico de Haley. São Paulo: Editora Vida, 2001.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019.

KELLER, Timothy. Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015.

KELLER, Timothy. Gálatas para você. São Paulo: Vida Nova, 2015.

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011.

LUTERO, Martinho. Martinho Lutero: obras selecionadas, v.10 – Interpretação do Novo Testamento – Gálatas – Tito. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia, 2008.

MacARTHUR, John. Comentário Bíblico MacArthur: desvendando a verdade de Deus, versículo a versículo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.

MacGRATH, Alister. Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

NICODEMUS, Augustus. Livrem em Cristo – A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo, SP: Vida Nova, 2016.

POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 1999.

STOTT, John R.W. A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007.

WRIGHT, N.T. Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2023.



[1] KELLER, Timothy. Gálatas para você. São Paulo: Vida Nova, 2015, pg. 82.

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