Projeto – “De bem com a Bíblia” – junho de 2024
Professor
– Roberto da Silva Meireles Rodrigues
Livro
– Gálatas.
20º AULA – APÓS 430 ANOS...
“E eu afirmo: A lei, que
veio quatrocentos e trinta anos mais tarde, não anula o testamento antes
validado por Deus, cancelando a promessa. Pois se a herança provém da lei, já
não provém mais da promessa. Mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente
a Abraão.” (Gálatas 3:17-18)”
O
apóstolo Paulo faz uma alusão ao verso de número quinze: “Irmãos, eu vos
falarei em termos humanos. Embora feito por um homem, ninguém anula um
testamento já validado, nem lhe acrescenta coisa alguma.”
Gosto
da observação feita por Timothy Keller ao salientar que o apóstolo tinha em
mente ao usar a palavra “testamento” ou em algumas outras traduções “aliança”
era remeter-se ao texto de Gênesis capítulo 15 quando o Senhor faz uma aliança
unilateral com Abraão, ou seja, Deus realizou uma aliança com Abraão e essa
aliança não dependia em nada da fidelidade de Abraão para mantê-la.
“Se
a lei de Moisés pretendesse ser o meio para a salvação, a promessa a Abraão não
teria sido real. E “nesse caso”, a promessa está selada por um testamento.
Paulo está mais uma vez nos levando de volta para Gênesis 15. Quando Abraão
pergunta a Deus: “Como saberei que hei de recebe-la por herança?” (v.8),
referindo-se à promessa, Deus lhe diz para pegar uma novilha, uma cabra, um
carneiro, uma rolinha e um pombinho. Abraão sabe o que com eles: “cortou-os ao
meio e colocou cada parte em frente da outra” (v.10). A atitude parece estranha
para nós, mas, na época de Abraão, era a maneira como se “assinava” um
testamento ou aliança. Cada signatário passava entre as metades dos animais.
Era um jeito (muito!) visual de quem estava firmando aquele pacto de dizer: Se
eu romper essa aliança, que também seja partido e separado: merecerei morrer,
como aconteceu com os animais. O que há de surpreendente na aliança entre Deus
e Abraão é que em momento algum Abraão caminhou entre as metades! “Caiu um
profundo sono sobre Abraão” (v.12). Só o que anda entre elas é “um fogo
fumegante e uma tocha de fogo que passaram entre aquelas metades” (v.17). Que
estranho fogo é esse? É Deus: “naquele mesmo dia o Senhor fez uma aliança com
Abraão” (v.18). A promessa de Deus a Abraão é uma promessa de aliança. Trata-se
de uma aliança que em nada depende de Abraão, só de Deus. Ele preferiria morrer
a quebrar a promessa de bênção a Abraão e a seus descendentes – e morreu de
fato, por meio de um descendente em particular (“teu descendente”, Gl 3.16), ao
mundo. Esse “descendente”, o homem Jesus Cristo, morreu numa cruz.”[1]
Tendo
esse pensamento em mente o apóstolo assevera que Deus não iria acrescentar
nenhuma exigência (obediência a lei) na promessa feita em aliança com Abraão.
Era exatamente isso que estava passando na mente de Paulo quando realizou essa
afirmação categórica acerca de se colocar exigências na promessa da aliança.
Mais
uma vez o apóstolo Paulo ressalta o argumento de que um testamento não pode ser
alterado após a morte e que Deus não mudaria de ideia e nem acrescentaria nada
ao pacto, aliança, testamento que havia feito com Abraão.
O apóstolo insiste em tentar clarificar aos gálatas
contra essa malfadada teologia ensinada pelos falsos mestres da salvação
através do cumprimento da lei. Ele deixa claro que Deus sempre se revelou e
deixou claro que a salvação era mediante a fé pela sua infinita graça em favor
a humanidade no cumprimento de sua promessa.
Nos
versos que virão a seguir o apóstolo irá deixar claro o propósito da lei ao ser
promulgada por Deus. Ou seja, Deus não mudou seus planos ao passar do tempo,
muito pelo contrário. Cada vez mais foi descortinando a humanidade o seu plano
de salvação para cumprimento de sua promessa da semente de Abraão, o verdadeiro
herdeiro e cumprimento da promessa.
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