Projeto – “De bem com a Bíblia” – agosto de 2024
Professor
– Roberto da Silva Meireles Rodrigues
Livro
– Gálatas.
21º AULA – DUAS PERGUNTAS
“Então, para que serve a
lei? Ela foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o
descendente a quem a promessa havia sido feita, e foi ordenada por meio de
anjos, pela mão de um mediador. Entretanto, o mediador não representa apenas
um, mas Deus é um só. Então, será a lei contrária às promessas de Deus? De modo
nenhum. Pois, se tivesse sido dada uma lei que pudesse conceder a vida, a
justiça, na verdade, seria pela lei. Mas a Escritura colocou tudo debaixo do
pecado, para que a promessa fosse dada ao que creem pela fé em Jesus Cristo.” (Gálatas
3:19-22)”
Primeira Pergunta – Então, para que
serve a lei? (versos 19 e 20)
Os
judaizantes ao serem confrontados com a verdade da justificação pela fé que é o
verdadeiro ensino dos apóstolos, não somente de Paulo, eles começam a dizer que
o apóstolo Paulo ensinava contra a Lei, tendo em vista que se a promessa feita
a Abraão se cumpre em Cristo Jesus e a justificação se dá somente por meio da
fé, acaba não sobrando espaço nesta composição para Lei e Moisés.
Os
judaizantes começam a vociferar radicalmente contra o apóstolo Paulo dizendo
que ele era contra a Lei e contra Moisés como podemos encontrar expresso claramente
nesta passagem: “Mas quando os sete dias estavam quase terminando, os judeus da
Ásia o viram no templo, provocaram todo o povo e o agarraram, gritando: “Homens
israelitas, ajudai! Este é o homem que por toda parte ensina a todos contra
nosso povo, contra a lei e contra este lugar. Ainda mais, trouxe gregos ao
templo e profanou este santo lugar.” (Atos dos Apóstolos 21:27,28)
Paulo
por sua vez já tinha resposta na ponta da língua para essa acusação desmedida e
mentirosa. O apóstolo deixa claro que a lei nunca foi instituída por Deus para
poder possibilitar ao homem salvação, mas sim para que o homem pudesse entender
que precisava de salvação. A lei permite ao homem entender que é um pecador e
que precisa da graça e da misericórdia de Deus para ser salvo de seus pecados.
“A
declaração do apóstolo acerca do proposito da lei se encontra no versículo 19:
Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por cauda das transgressões.
Ele explica isso na sua epístola aos Romanos: “pela lei vem o pleno
conhecimento do pecado” (3:20); “onde não lei, também não há transgressão”
(4:15); e “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (7:7).
Assim o papel principal da lei era denuncia o pecado. É a lei que transforma o “pecado”
em “transgressão”, mostrando o que ele é, uma violação da santa lei de Deus. “Foi
dada para mostrar o que é contra a vontade de Deus” (versículo 19, BLH). Sua
intenção era apresentar a impiedade do pecado como uma revolta contra a vontade
e a autoridade de Deus. E foi acrescentada até que viesse o descendente a quem
se fez a promessa (versículo 19). Assim, a lei olhava para Cristo, a semente de
Abraão, como a pessoa através de quem a transgressão seria perdoada.”[1]
Segunda pergunta – Então, será a lei
contrária as promessas de Deus? (versos 21 e 22)
O célebre teólogo Dr, John Stott
salienta em seu comentário que a principal diferença entre as duas perguntas é
o fato de que a primeira pergunta fora feita pelos judaizantes a Paulo e a
segunda fora feita de Paulo aos judaizantes. “Ele (Paulo) os está acusando
exatamente disso: fazer a lei contradizer o evangelho, as promessas de Deus.”
Os
judaizantes acreditavam e ensinavam que ao guardarem a lei de Deus o homem
seria justificado. Todavia, o apóstolo sabia que era impossível que algum
homem, obviamente com exceção do Senhor Jesus, pudesse guardar e cumprir toda a
lei de Deus. Sendo assim, o apóstolo Paulo os acusa de tentarem quebrarem as
promessas de Deus através do seu ensino.
No verso
22 o apóstolo vai salientar mais uma vez o propósito da lei de Deus. Em seu
comentário, como sempre de forma enfática e taxativa, o reformador Martinho
Lutero vai dizer: “Porque, se fosse promulgada uma lei, que pudesse dar
vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei, etc. Com essas palavras,
Paulo quer dizer que, absolutamente, nenhuma lei pode vivificar, mas, apenas,
matar. As minhas obras, portanto, que pratico, não de acordo com as leis do
papa, mas de acordo com a lei de Deus, não me justificam perante Deus, mas me
constituem como pecador; não aplacam a ira de Deus, mas o irritam; não alcançam
a justiça, mas a tiram; não me vivificam, mas me matam. Por isso, quando diz: “Se
fosse promulgada uma lei”, etc., ensina com palavras muito claras que nem mesmo
a lei divina vivifica, mas tem um efeito inteiramente contrário.” [2]
Em
apenas oito versos o apóstolo Paulo faz um resumo bem sintético acerca do plano
da salvação. Relembrando as histórias de Abraão, Moisés até o Senhor Jesus o
apóstolo prova a unidade existente na Palavra de Deus em apresentar o Senhor
Jesus como a promessa de Deus para salvação de todo aquele que nele crer. Ao
contrário do que muitas pessoas pensam a Bíblia não é um livro desconexo. A Bíblia
de Gênesis a Apocalipse apresenta de forma progressiva em sua revelação o plano
de salvação de Deus na pessoa de Jesus nosso Senhor.
É
importante ressaltar a importância desse estudar a Palavra de Deus e conhecer a
revelação que Deus dá de si mesmo em sua Palavra. Isso para que possamos
conhecer melhor ao Senhor, sabermos no presente como servi-lo melhor, agradá-lo
melhor com nossas vidas guardando e vivendo os princípios registrados em sua
Palavra. Mas também olhar para o futuro e esperançar bradando e desejando “Maranata,
ora vem Senhor Jesus!”
Hoje
desprezamos a leitura e o estudo da Palavra do Senhor. Talvez, seja esse o
motivo das pessoas interpretarem mal a graça de Deus em nossos dias. Como diz
Dietrich Bonhoeffer “Apenas quando a pessoa se submete à lei é que pode
falar de graça... Acho que não é cristão querer ir muito depressa e diretamente
para o Novo Testamento.”
Para
ter o real entendimento da pérola de valor que está recebendo, a salvação, é
necessário compreender o profundo chiqueiro que vivemos e em que lamaçal
estamos inseridos. É necessário o reconhecimento da impossibilidade de nos achegarmos
a Deus através de qualquer tentativa humana, através de qualquer tentativa de
auto justificação diante do Senhor.
BIBLIOGRAFIA:
AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. A
Graça (II) / Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1999.
CALVINO, João. Gálatas.
São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 2007
CARSON,
D. A. / MOO, Douglas J. / MORRIS, Leon. Introdução ao Novo
Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 1997.
FEE, Gordon D. Cristologia Paulina: um estudo exegético-teológico.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora
Vida, 2005.
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1990.
GUTHRIE, Donald. Introdução
e comentário de Gálatas. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984.
HALE, Broadus David.
Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001.
HALLEY, Henry Hamptom.
Manual Bíblico de Haley. São Paulo: Editora Vida, 2001.
HENDRIKSEN, William.
Comentário do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019.
KELLER, Timothy.
Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015.
KELLER,
Timothy. Gálatas para você. São Paulo: Vida Nova, 2015.
LADD, George Eldon.
Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.
LOPES, Hernandes Dias.
Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011.
LUTERO, Martinho.
Martinho Lutero: obras selecionadas, v.10 – Interpretação do Novo Testamento –
Gálatas – Tito. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia,
2008.
MacARTHUR, John. Comentário
Bíblico MacArthur: desvendando a verdade de Deus, versículo a versículo. Rio de
Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.
MacGRATH, Alister.
Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
NICODEMUS, Augustus.
Livrem em Cristo – A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo, SP:
Vida Nova, 2016.
POHL, Adolf.
Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica
Esperança, 1999.
STOTT,
John R.W.
A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007.
WRIGHT, N.T.
Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson,
2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário