A reconstrução de ruínas

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2024.

Local – PIB em Rocha Miranda

Ocasião – Dia do Jovem Batista

Tema – A reconstrução de ruínas

Texto Base – Neemias 1:1-7

INTRODUÇÃO:

·         O que significa restauração? Segundo o dicionário Houaiss significa: “ato ou efeito de restaurar, restauro; conserto de coisa desgastada pelo uso, reparo restauro; recomposição de algo; trabalho feito em obra de arte ou construção, visando restabelecer-lhes as partes destruídas ou desgastadas; reconstituição de forças depois de doença ou fadiga, restaurar; restabelecimento de uma situação histórica (regime político, etc) que ocorreu anteriormente; ato de reaver a independência ou a nacionalidade perdida; reconstrução, refazimento, volta a um estado anterior... ETIM lat. Restauratio, õnis ‘renovação’; SIN/VAR ver sinônimo de reparo.”

·         O exemplo da restauração de Kim Phuc a menina da foto tirada em 1972 na guerra do Vietnã após o bombardeio americano utilizando napalm, conjunto de líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada, de efeito devastador.

·         “Tudo começa séculos antes do início da história relatada por Neemias. Deus escolheu o povo de Israel para expressar o seu amor pela humanidade. O Senhor não elegeu os judeus porque fossem mais bonitos, santos, importantes ou especiais que os demais povos. Eles eram simplesmente um povo que Deus escolheu para expressar sua glória na face da terra. Para que isso ocorresse, Deus deu a Israel uma terra, Canaã, que proporcionaria a eles condições de sustento e felicidade. Dentro de seu plano, o Senhor libertou o povo hebreu do Egito, depois de quatrocentos anos de escravidão, o levou para o deserto e lhe entregou a sua lei. Mas os israelitas sempre foram teimosos, especialmente quando o assunto era adoração. Com frequência espantosa, eles deixavam de adorar o Deus da vida e começavam a adorar ídolos e falsas divindades criadas pelos povos vizinhos, o que conduzia a atos abomináveis aos olhos divinos.

Por amor a esse povo, Deus sempre enviava profetas para alertá-lo: “Não façam isso com vocês, não corrompam a minha aliança com vocês. Purifiquem-se!”. Durante muito tempo, o Senhor mandou muitos profetas para chamar o povo ao arrependimento e ao abandono do pecado, mas, frequentemente, seus apelos foram ignorados. Por fim, a nação se dividiu em dois reinos: o do Norte, Israel, cuja capital era Samaria; e o do Sul, Judá, cuja capital era Jerusalém. Israel foi conquistado pela Assíria, e Judá enfrentou, em 586 a.C., ataques devastadores do rei Nabucodonosor, monarca do Império Babilônico, que tomou Judá, invadiu o país e o conquistou de forma arrasadora. Jerusalém foi destruída, o que incluiu a devastação do templo e das muralhas. A cidade ficou irreconhecível, em ruínas. E, mais que isso, Nabucodonosor mandou que as pessoas mais capacitadas de Judá fossem levadas como escravas para seu país. É nessa invasão, por exemplo, que é levado cativo o profeta Daniel.

Começou, então, um ciclo de depuração. O Senhor iniciou um processo de purificação na vida daquelas pessoas, por meio do sofrimento e da percepção da devastação que o distanciamento de Deus provocou. Foi quando o Império Persa invadiu e subjugou a Babilônia, tornando-se a nova superpotência. Com o tempo, a política persa reconfigurou o destino do povo de Israel e o imperador Ciro assinou um decreto que permitia aos judeus voltar a sua terra.

O retornou ocorreu em etapas, assim como a construção física, espiritual e emocional dos israelitas. Um primeiro grupo partiu para Jerusalém com o objetivo de reconstruir o templo, sob a liderança de um líder chamado Zorobabel. Depois, o culto a Deus foi restaurado, por meio do escriba Esdras. Mas ainda faltava algo para que a cidade fosse plenamente reconstruída, algo para que a cidade fosse plenamente reconstruída, algo de extrema importância: os muros da cidade, que se encontravam derrubados, com os portões queimados. Jerusalém achava-se indefesa. Uma cidade sem muralhas na antiguidade não era uma cidade, era um lugar completamente desprovido de segurança não contra exércitos, mas contra as feras do campo. As cidades fortificadas davam segurança para as mulheres e crianças quando os homens saiam em guerra, por exemplo, pois ofereciam meios de se defender. Nesse período, Neemias – o copeiro do rei persa Artaxexes I – tomou conhecimento da situação de Jerusalém. É nesse contexto que tem inicio o livro de Neemias.”[1]

1º Apontamento – É preciso ter coragem para fazer as perguntas certar para então encarar a realidade. (versos 1 a 4):

·         É melhor saber e lidar com a verdade do que ser enganado com mentiras e fábulas;

·         Alguém que está enfermo gravemente só pode começar o tratamento para restauração de sua saúde se de fato ter consciência de seu real estado de saúde e isso obviamente orientado a partir do diagnóstico verdadeiro que recebeu de seu médico e não de um diagnóstico falsificado lhe indicando uma mentira sobre seu estado de saúde real;

·         Um relacionamento destruído só pode ser restaurado a partir dos fatos, da realidade. Fingir que não existe o problema, tentar esconder o problema para debaixo do tapete só irá causar mais estragos e dor. Muitas vezes nós temos medo da verdade, mas é ela que liberta;

·         Deus não opera se não por meio da verdade, por meio da luz. Sem verdade é impossível acontecer a restauração;

·         Sem a verdade não podemos ter uma intercessão eficaz, uma verdadeira confissão de pecados e arrependimento, não pode haver cura através de mentiras e fábulas;

·         Sendo assim, precisamos nos perguntar e sinceramente responder: “Como vai a minha vida?”, “Quem eu sou?”, “Como está meu relacionamento com o Senhor?”, “Como está o meu relacionamento com a minha família?”, “Como está realmente o estado do meu namoro?”, “Como está o estado da minha saúde?”, “Quais são os planos de Deus para minha vida?”

2º Apontamento – É preciso insatisfação santa para buscar a restauração. (verso 4)

·         A realidade ela precisa nos confrontar trazendo um sentimento de inquietação com aquele quadro visualizado;

·         Ninguém pode muda aquilo que não o incomoda, que não gera insatisfação;

·         Só desejamos mudar a realidade que estamos quando encaramos de fato a realidade e nos incomodamos com a situação. Alguns exemplos: a obesidade pode nos trazer sérios problemas de saúde; uma relação extraconjugal pode acabar com seu casamento; algum vício pode lhe trazer inúmeros problemas até mesmo a morte; a fofoca pode destruir seus relacionamentos mais preciosos;

·         “Não podemos esquecer que as maiores e mais positivas revoluções que aconteceram na história da humanidade foram consequências de justas inquietações, que promoveram reflexões profundas e geraram ações vigorosas voltadas à implantação de mudanças necessárias – em contextos hostis, desumanos e repletos de destruição. A inquietação é, portanto, uma das primeiras e mais importantes pedras na construção de uma nova história, pois desafia a acomodação e luta contra a consolidação de um status quo marcado por dores e cinzas.”[2]

·         Após você ter encarado a realidade e ter identificado às áreas de sua vida ou área de sua vida que precisa de uma mudança, de uma restauração comece a orar pedindo ao Espírito Santo que lhe cause uma inquietação, uma insatisfação com esse quadro;

3º Apontamento – É preciso arrependimento e confissão para obter restauração. (versos 4-7)

·         Quando conseguimos ser sinceros em reconhecer o real estado de ruínas em que nossas vidas possam estar e oramos ao Senhor pedindo perdão e graça para as nossas vidas, damos inicio a um processo de cura e restauração;

·         Cada caso é um caso e não necessariamente seu processo possa estar ligado a um pecado cometido efetivamente por você, mas as vezes você é atingido devido ao pecado de outros e até mesmo por ação devastadora do pecado original na vida da humanidade e da criação. Pode ser também que seu quadro possa ter sido causado por uma omissão, fruto de uma covardia, o que não deixa de ser pecado, pois a Bíblia assim nos ensina;

·         Gosto de gente que chama seu pecado pelo nome, gente que reconhece seus erros e limitações. Neemias é esse tipo de gente que vai direto ao cerne da questão, não rodeia, não cria desculpas ou tenta culpar alguém. Ele assume a culpa e não a transfere;

·         A postura de Neemias é algo tão extraordinário que ele se inclui nos pecados de seu povo, sendo que ele já nasceu no cativeiro. Ele faz parte da terceira geração no exílio babilônico de Israel. Ah, como precisamos de gente com o coração assim quebrantado diante do Senhor e disposto a restaurar não somente as ruínas de sua vida, mas também as ruínas de sua família, igreja, etc.;

·         Quer viver restauração? Quer experimentar mais de Deus em sua vida? Quer reconstruir o altar da sua família? Experimente ser sincero e quebrantado diante de Deus. Veja o que Davi em sua oração de confissão nos ensina: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51.17)

·         “No que se refere a relacionamentos interpessoais, quando pisamos na bola com alguém, o caminho da reconciliação é este: devemos pegar os fatos, nos inquietar com eles e começar a agir em oração e confissão, mesmo que o outro ainda não tenha aceitado nem entrado no processo de restauração conosco. Mas uma coisa é certa: o ideal é começar já em paz com Deus, mediante o reconhecimento de nossas transgressões. Diga a Deus: “Senhor, quero confessar o meu pecado: ajuda-me”. Uma das passagens bíblicas que mais me inspiram é o salmo 51, em que Davi, após cometer adultério e determinar o assassinato do marido de Bete-Seba, rasga o coração diante de Deus e reconhece o seu terrível pecado.”[3]

·         Nesse salmo Davi busca reconstruir o sentido de sua existência, suas emoções e sentimentos estão em frangalhos após ser confrontado com a realidade de sua vida após ter cometido os pecados. Davi é lúcido em entender que o perdão é essencial para sua restauração. Ele precisa se perdoar, precisa receber o perdão de Deus e das pessoas a quem ele fez mal;

·         Não importa qual seja sua ruína; não importa o que o tenha despedaçado. Deus é poderoso a partir de ruínas reconstruir e fazer algo novo, extraordinário e belo para sua glória;

·         A sinceridade é essencial para cura. Deus abomina a hipocrisia. As palavras mais duras de Jesus eram para os religiosos hipócritas de sua época;

 

CONCLUSÃO:

O genuíno avivamento inicia com vidas que são restauradas a partir de seu arrependimento, confissão e abandono de pecados. Os grandes avivamentos na história nos relatam exatamente dessa forma. Você deseja um avivamento para sua vida? Você deseja um avivamento para sua célula? Você deseja um avivamento para sua igreja? Você deseja um avivamento para sua cidade, nação? Comece por você uma vida de consagração diante de Deus.

            Comece fazendo um auto exame, sendo honesto consigo mesmo, fazendo as perguntas corretas e lhe dando com a realidade. A partir daí peça a Deus que gere em ti uma insatisfação santa, um incômodo com sua real situação. Peça ao Senhor que lhe incomode e não lhe permita continuar sendo quem ainda é, confesse seus pecados, seus erros, seja sincero e se quebrante diante de Deus, peça perdão a Deus e as pessoas que de alguma forma tenha ferido, busque pela presença de Deus e se aprofunde em um relacionamento sincero com Ele.

            Peça a Deus que comece um avivamento a partir de sua vida e experimente muito mais do que Deus tem para você e para as pessoas a quem você ama!

 

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[1] QUEIROZ, Sérgio. Gloriosas ruínas: o caminho bíblico para a restauração. São Paulo: Mundo Cristão, 2015, pg. 23.

[2] QUEIROZ, Sérgio. Gloriosas ruínas: o caminho bíblico para a restauração. São Paulo: Mundo Cristão, 2015, pg. 38.

[3] QUEIROZ, Sérgio. Gloriosas ruínas: o caminho bíblico para a restauração. São Paulo: Mundo Cristão, 2015, pg. 44.