quinta-feira, 12 de setembro de 2024

27º AULA – FILHOS POR ADOÇÃO

 


Projeto – “De bem com a Bíblia” – setembro de 2024

Professor – Roberto da Silva Meireles Rodrigues

Livro – Gálatas.

27º AULA – FILHOS POR ADOÇÃO

“para resgatar os que estavam debaixo da lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. "Portanto, tu não és mais escravo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro por obra de Deus. "” (Gálatas 4:5-7)

            Após quatro episódios tratando acerca da encarnação de Jesus. Agora podemos tratar sobre as implicações do sacrifício perfeito entregue por Jesus. Ele que pode nos representar por ser plenamente homem e, por ser plenamente Deus tornou-se um sacrifício perfeito.

            O reverendo Hernandes Dias Lopes em seu comentário sobre a carta aponta pelo menos quatro implicações benéficas proporcionada a nós, os crentes, pelo sacrifício de Jesus, Hernandes diz: 1) Os crentes são adotados como filhos de Deus (4:5b); 2) Os crentes recebem o Espírito Santo de Deus (4:6ª); 3) Os crentes tem intimidade com Deus (4:6b); 4) Os crentes se tornam herdeiro de Deus (4:7).

Vamos analisar cada uma desses benefícios apontados pelo pastor Hernandes:

1) OS CRENTES SÃO ADOTADOS COMO FILHOS DE DEUS (4:5b):

            O apóstolo Paulo tem em sua mente esclarecer que com a entrada do Filho de Deus ao mundo e com seu sacrifício é inaugurada uma nova era. O relógio do escatológico foi iniciado. F.F.Bruce destaca em seu comentário que vivemos o “já”, “mas ainda não” em sua totalidade do plano da redenção.

            “A redenção tem um aspecto duplo: a libertação da escravidão à lei e a libertação para alguma coisa melhor – neste caso para a filiação” diz Guthrie em seu comentário.

            É devido a obra de Jesus que deixamos de ser tutelados pela lei como anteriormente já explicamos aos irmãos e agora passamos a ser maiores de idade, deixamos de ser escravos para sermos chamados de filhos.

            Muitos comentaristas ressaltam o fato de que o apóstolo Paulo continua dando ênfase que essa redenção veio não somente para os judeus, mas também para os gentios. Bruce acredita que a ideia da utilização da analogia feita por Paulo da palavra “adoção” é oriunda do direito grego ou talvez romano. Mesmo que tenhamos alguma inferência no Antigo Testamento da adoção de Israel por Deus. Donald para concordar dizendo que não encontramos mais em nenhum outro lugar no Novo Testamento além dos escritos de Paulo esse termo “huiothesia”.

2) OS CRENTES RECEBEM O ESPÍRITO SANTO (4:6ª):

            O segundo benefício descrito pelo apóstolo Paulo no texto é que ao reconhecermos e tomarmos posse pela fé da obra redentora de Jesus nós automaticamente recebemos o Espírito Santo da promessa.

             O apóstolo para nos demonstrar que agora desfrutamos da condição de filhos igualmente a de Jesus argumenta que agora somos capazes de nos direcionarmos a Deus de igual forma usando a mesma expressão: “Aba”!

            O Espírito Santo é a comprovação da parte de Deus que agora por sermos adotados somos parte da família de Deus. Todavia, é necessário que possamos entender que o Espírito Santo foi nos concedido para obtermos poder espiritual para o cumprimento da missão que recebemos do Senhor Jesus de fazer discípulos de todas as nações.

            Ainda acerca da expressão “Aba” usada por Jesus para se referir a Deus como seu Pai vale ressaltar um comentário feito por Bruce: “... Ao falar com outros, Jesus também se referiu a Deus como Aba, dessa maneira expressando que se sentia amorosamente próximo de Deus e que confiava implicitamente nele. Além disso, ensinou seus discípulos a também chamarem Deus de Aba e a olharem para ele com a mesma expectativa confiante que crianças demonstram quando esperam que seus pais lhes providenciem alimento e roupas.” [1]

            Ao abordar o que a Bíblia quer nos dizer nas utilizações dos autores sagrados da metáfora “coração”, o estudioso Adolf Pohl nos traz as seguintes constatações: “1) “Coração” significa na Bíblia o ser humano oculto, que ninguém consegue enxergar. Até mesmo o mais capaz psicólogo apenas disporá de manifestações do respectivo paciente. A opinião que ele forma a partir delas não coincide necessariamente com a realidade. Tampouco minha autoavaliação precisa ser de muita importância; 2) Em segundo lugar, a Bíblia ente sob coração, seguindo mais uma vez 1Sm 16.7, o ser humano como Deus o vê, ou seja, o verdadeiro ser humano; 3) Em terceiro lugar, também representa a pessoa carente de Deus. Nós mesmos podemos mudar uma porção de coisas em nós, mas não nosso coração. Ele é complicado demais, astuto, duro, teimoso, e desanimado demais (Jr 17.9). O único que sabe dar um jeito no nocco coração é Deus. Por isso seu Espírito também é a única resposta genuína para os problemas do nosso coração. Somente ele alcança a raiz de nosso mal, capta o sentido mais profundo de nosso desespero e move criativamente o cerne de nosso ser. Coração e Espírito, por isso, sempre de novo aparecem lado a lado na Bíblia.”[2]

3) OS CRENTES TÊM INTIMIDADE COM DEUS:

            Lutero vai destacar o termo “clama” traduzindo-o por “gritos”. Diz ele que o nosso coração é um lugar muito caótico e tempestuoso, lugar onde o Senhor Jesus nos alertou de onde procedem os maus desígnios que às vezes dirigem nossas ações. Para dar ordem a esse caos somente o Espírito de Deus habitando em nós e nos ajudando a nos sensibilizar da importância da comunhão com o Pai para que o caos tenha fim.

            O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz: “Do mesmo modo, o Espírito nos socorre na fraqueza, pois não sabemos como devemos orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não se expressam com palavras. "E aquele que sonda os corações sabe qual é a intenção do Espírito; ele intercede pelos santos, segundo a vontade de Deus."” (Romanos 8:26-27)

            É o Espírito Santo que coloca ordem em nosso mundo interior e nos aproxima do “Aba Pai”. É o Espírito Santo que nos auxilia em nossa relação com Deus e nos permite ser inteligíveis a Deus acerca de nossas necessidades.

4) OS CRENTES SE TORNAM HERDEIROS DE DEUS:

            Na metáfora usada pelo apóstolo Paulo de adoção nos esclarece também o fato de que ao deixar de ser escravo e a passagem a condição de filho traz consigo não somente uma implicação de intimidade e a aproximação. Mas também uma questão de legalidade jurídica em herdar os negócios do Pai.

            Geralmente ao nos referirmos a palavra “herdeiros” lembramos somente do bônus, ou seja, a herança. Todavia, nos esquecemos que a herança também traz consigo obrigações jurídicas a serem cumpridas.

            Acredito não ser prudente somente destacar o fato das benesses de nos tornarmos herdeiros de Deus pelo fato de que Deus nos fez herdeiros também de seus negócios e precisamos agora darmos continuidade aos negócios d’Ele. Vale lembrar as palavras do apóstolo Paulo a seu filho na fé Timóteo: “Tu, porém, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros. Sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve com assuntos da vida civil, pois deseja agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2Timóteo 2:1-4)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA:

AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. A Graça (II) / Santo Agostinho. São Paulo: Paulus, 1999.

CALVINO, João. Gálatas. São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 2007

CARSON, D. A. / MOO, Douglas J. / MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 1997.

CAIRNS, Earle E. Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 2008.

FEE, Gordon D. Cristologia Paulina: um estudo exegético-teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

F.F. Bruce. Gálatas: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2024.

GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Vida, 2005.

GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. Págs. 177.

GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1990.

GUTHRIE, Donald. Introdução e comentário de Gálatas. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984.

HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento; São Paulo, SP: Hagnos, 2001.

HALLEY, Henry Hamptom. Manual Bíblico de Haley. São Paulo: Editora Vida, 2001.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2019.

HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Vida, 2ª edição, 2007. Págs. 303.

KELLER, Timothy. Gálatas o valor inestimável do evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2015.

KELLER, Timothy. Gálatas para você. São Paulo: Vida Nova, 2015.

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo, SP: Hagnos, 2011.

LUTERO, Martinho. Martinho Lutero: obras selecionadas, v.10 – Interpretação do Novo Testamento – Gálatas – Tito. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia, 2008.

MacARTHUR, John. Comentário Bíblico MacArthur: desvendando a verdade de Deus, versículo a versículo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.

MacGRATH, Alister. Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

NICODEMUS, Augustus. Livrem em Cristo – A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo, SP: Vida Nova, 2016.

POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 1999.

STOTT, John R.W. A mensagem de Gálatas: somente um caminho. São Paulo: ABU Editora, 2007.

WRIGHT, N.T. Gálatas: comentário para a formação cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2023.



[1] F.F. Bruce. Gálatas: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2024, pg. 263.

[2] POHL, Adolf. Carta aos Gálatas: Comentário Esperança. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 1999, pg.146.

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