Projeto – “De bem com a Bíblia” – setembro de 2024
Professor
– Roberto da Silva Meireles Rodrigues
Livro
– Gálatas.
27º AULA – FILHOS POR ADOÇÃO
“para resgatar os que
estavam debaixo da lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque
sois filhos, Deus enviou ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama:
Aba, Pai. "Portanto, tu não és mais escravo, mas filho; e, se és filho, és
também herdeiro por obra de Deus. "” (Gálatas 4:5-7)
Após
quatro episódios tratando acerca da encarnação de Jesus. Agora podemos tratar
sobre as implicações do sacrifício perfeito entregue por Jesus. Ele que pode
nos representar por ser plenamente homem e, por ser plenamente Deus tornou-se
um sacrifício perfeito.
O
reverendo Hernandes Dias Lopes em seu comentário sobre a carta aponta pelo
menos quatro implicações benéficas proporcionada a nós, os crentes, pelo
sacrifício de Jesus, Hernandes diz: 1) Os crentes são adotados como filhos
de Deus (4:5b); 2) Os crentes recebem o Espírito Santo de Deus (4:6ª); 3) Os
crentes tem intimidade com Deus (4:6b); 4) Os crentes se tornam herdeiro de
Deus (4:7).
Vamos analisar cada uma desses benefícios apontados
pelo pastor Hernandes:
1) OS CRENTES SÃO ADOTADOS COMO
FILHOS DE DEUS (4:5b):
O
apóstolo Paulo tem em sua mente esclarecer que com a entrada do Filho de Deus
ao mundo e com seu sacrifício é inaugurada uma nova era. O relógio do
escatológico foi iniciado. F.F.Bruce destaca em seu comentário que vivemos o
“já”, “mas ainda não” em sua totalidade do plano da redenção.
“A
redenção tem um aspecto duplo: a libertação da escravidão à lei e a libertação
para alguma coisa melhor – neste caso para a filiação” diz Guthrie em seu
comentário.
É
devido a obra de Jesus que deixamos de ser tutelados pela lei como
anteriormente já explicamos aos irmãos e agora passamos a ser maiores de idade,
deixamos de ser escravos para sermos chamados de filhos.
Muitos
comentaristas ressaltam o fato de que o apóstolo Paulo continua dando ênfase
que essa redenção veio não somente para os judeus, mas também para os gentios. Bruce
acredita que a ideia da utilização da analogia feita por Paulo da palavra
“adoção” é oriunda do direito grego ou talvez romano. Mesmo que tenhamos alguma
inferência no Antigo Testamento da adoção de Israel por Deus. Donald para
concordar dizendo que não encontramos mais em nenhum outro lugar no Novo
Testamento além dos escritos de Paulo esse termo “huiothesia”.
2) OS CRENTES RECEBEM O ESPÍRITO
SANTO (4:6ª):
O
segundo benefício descrito pelo apóstolo Paulo no texto é que ao reconhecermos
e tomarmos posse pela fé da obra redentora de Jesus nós automaticamente
recebemos o Espírito Santo da promessa.
O apóstolo para nos demonstrar que agora
desfrutamos da condição de filhos igualmente a de Jesus argumenta que agora
somos capazes de nos direcionarmos a Deus de igual forma usando a mesma
expressão: “Aba”!
O Espírito
Santo é a comprovação da parte de Deus que agora por sermos adotados somos parte
da família de Deus. Todavia, é necessário que possamos entender que o Espírito
Santo foi nos concedido para obtermos poder espiritual para o cumprimento da
missão que recebemos do Senhor Jesus de fazer discípulos de todas as nações.
Ainda
acerca da expressão “Aba” usada por Jesus para se referir a Deus como seu Pai
vale ressaltar um comentário feito por Bruce: “... Ao falar com outros,
Jesus também se referiu a Deus como Aba, dessa maneira expressando que se
sentia amorosamente próximo de Deus e que confiava implicitamente nele. Além
disso, ensinou seus discípulos a também chamarem Deus de Aba e a olharem para
ele com a mesma expectativa confiante que crianças demonstram quando esperam
que seus pais lhes providenciem alimento e roupas.” [1]
Ao
abordar o que a Bíblia quer nos dizer nas utilizações dos autores sagrados da
metáfora “coração”, o estudioso Adolf Pohl nos traz as seguintes constatações: “1)
“Coração” significa na Bíblia o ser humano oculto, que ninguém consegue
enxergar. Até mesmo o mais capaz psicólogo apenas disporá de manifestações do
respectivo paciente. A opinião que ele forma a partir delas não coincide
necessariamente com a realidade. Tampouco minha autoavaliação precisa ser de muita
importância; 2) Em segundo lugar, a Bíblia ente sob coração, seguindo mais uma
vez 1Sm 16.7, o ser humano como Deus o vê, ou seja, o verdadeiro ser humano; 3)
Em terceiro lugar, também representa a pessoa carente de Deus. Nós mesmos
podemos mudar uma porção de coisas em nós, mas não nosso coração. Ele é
complicado demais, astuto, duro, teimoso, e desanimado demais (Jr 17.9). O
único que sabe dar um jeito no nocco coração é Deus. Por isso seu Espírito
também é a única resposta genuína para os problemas do nosso coração. Somente
ele alcança a raiz de nosso mal, capta o sentido mais profundo de nosso
desespero e move criativamente o cerne de nosso ser. Coração e Espírito, por
isso, sempre de novo aparecem lado a lado na Bíblia.”[2]
3) OS CRENTES TÊM INTIMIDADE COM
DEUS:
Lutero
vai destacar o termo “clama” traduzindo-o por “gritos”. Diz ele que o nosso
coração é um lugar muito caótico e tempestuoso, lugar onde o Senhor Jesus nos
alertou de onde procedem os maus desígnios que às vezes dirigem nossas ações.
Para dar ordem a esse caos somente o Espírito de Deus habitando em nós e nos ajudando
a nos sensibilizar da importância da comunhão com o Pai para que o caos tenha
fim.
O
apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz: “Do mesmo modo, o Espírito nos
socorre na fraqueza, pois não sabemos como devemos orar, mas o próprio Espírito
intercede por nós com gemidos que não se expressam com palavras. "E aquele
que sonda os corações sabe qual é a intenção do Espírito; ele intercede pelos
santos, segundo a vontade de Deus."” (Romanos 8:26-27)
É o
Espírito Santo que coloca ordem em nosso mundo interior e nos aproxima do “Aba
Pai”. É o Espírito Santo que nos auxilia em nossa relação com Deus e nos
permite ser inteligíveis a Deus acerca de nossas necessidades.
4) OS CRENTES SE TORNAM HERDEIROS DE
DEUS:
Na
metáfora usada pelo apóstolo Paulo de adoção nos esclarece também o fato de que
ao deixar de ser escravo e a passagem a condição de filho traz consigo não
somente uma implicação de intimidade e a aproximação. Mas também uma questão de
legalidade jurídica em herdar os negócios do Pai.
Geralmente
ao nos referirmos a palavra “herdeiros” lembramos somente do bônus, ou seja, a
herança. Todavia, nos esquecemos que a herança também traz consigo obrigações
jurídicas a serem cumpridas.
Acredito
não ser prudente somente destacar o fato das benesses de nos tornarmos
herdeiros de Deus pelo fato de que Deus nos fez herdeiros também de seus
negócios e precisamos agora darmos continuidade aos negócios d’Ele. Vale
lembrar as palavras do apóstolo Paulo a seu filho na fé Timóteo: “Tu, porém,
meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. O que ouviste de mim,
diante de muitas testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também
ensinarem a outros. Sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum
soldado em serviço se envolve com assuntos da vida civil, pois deseja agradar
àquele que o alistou para a guerra.” (2Timóteo 2:1-4)
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