sexta-feira, 20 de junho de 2025

1º Capítulo - Plenitude dos Tempos

 


Breve Apresentação da Disciplina:

            Gostaria de iniciar nossa disciplina pedindo a Deus nosso Pai que, abençoe a vida de cada um de nós. Todos nós somos sabedores de que ao estudarmos a Palavra de Deus será certo enfrentarmos muitos obstáculos. Mas como bem disse Jesus: “Tende bom ânimo. Eu venci o mundo! ”. E se Ele venceu. Nós que somos seus cooperadores na expansão de seu Reino, também venceremos. Por isso tenham certeza de que Deus estará conosco e nos dará a vitória final. Mesmo a despeito de qualquer situação que o irmão (a) possa enfrentar.

            Para o conhecimento dos irmãos e aprofundamento em seu aprendizado. Vale citar que o texto produzido e que está em vossas mãos neste momento é tem como pressuposto básico a coleção de 10 volumes acerca da história da igreja, editado pela editora Vida Nova, do autor Justo L. González.

            Muitas pessoas ainda possuem a seguinte concepção: “Não sei por que temos que estudar história? Não vivemos do passado e sim do presente! ”

            Esse não deve ser o pensamento que deve nos nortear. Conhecer o passado nos faz entender melhor o que somos hoje no presente, e para podermos planejar o futuro. Gosto muito da observação de Justo Gonzalez diz ele: “Portanto, não se trata aqui de um interesse antiquário em tempos passados que nunca voltarão, mas trata-se antes de uma necessidade urgente de conhecer esses tempos passados que seguem presentes ainda entre nós – limitando nossas opções, determinando nossas perspectivas, e assinalando-nos o caminho em direção ao futuro”[1]

            Ao estudarmos história eclesiástica, ou seja, história da Igreja, estamos estudando a origem de nossa fé. Estamos entendendo não só a trajetória da Igreja no decorrer dos séculos, mas também, estamos entendendo melhor a nós mesmos. Pois somos parte desta história. Coloque o cinto de segurança a máquina do tempo será ligada. É hora de viajarmos pelos séculos e voarmos na linda história deste povo de Deus, chamado igreja. Que possamos juntos crescer na graça e no conhecimento de Cristo Jesus nosso Senhor.

            Pr. Roberto da Silva Meireles Rodrigues

 

 

 

 

 

Sumário:

Capítulo I – Cristianismo e história - A Plenitude dos tempos.

Capítulo II – A igreja de Jerusalém e a missão aos gentios.

Capítulo III – Os primeiros conflitos com o estado e a perseguição no século segundo.

Capítulo IV – A Defesa da fé e o depósito da fé.

Capítulo V - Os mestres da igreja.

Capítulo VI - O impacto de Constantino.

Capítulo VII – A reação Monástica e Cismática.

Capítulo VIII – A controvérsia Ariana e o Concílio de Níceia.

Capítulo IX – Agostinho e o seu legado teológico.

Capítulo X – O papado.

Capítulo XI – As cruzadas.

Capítulo XII – Atividades teológicas (Anselmo de Canterbury, Pedro Abelardo, São Tomás Aquino, etc.).

Capítulo XIII – Matinho Lutero: o caminho para a Reforma.

Capítulo XIV – Martinho Lutero: Sua teologia e o seu legado.

Capítulo XV – Ulrico Zuínglio e a Reforma na Suíça.

Capítulo XVI – Menno Simons e o movimento Anabatista.

Capítulo XVII – João Calvino: sua teologia e seu legado.

Capítulo XVIII – A reforma Católica.

 

 

 

 

 

 

Capítulo I – Cristianismo e História – A plenitude dos tempos.

“Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se.”(Lucas 2:1)

            Como podemos observar no versículo acima citado. O evangelista Lucas está narrando um evento histórico dentro de seu livro. A história de Deus e de seu povo é permeada de acontecimentos que se deram de forma paralela, e que são grandes arcabouços para a construção de um melhor entendimento e aprendizado do contexto em que os livros foram inscritos. E nos viabiliza saber as riquezas dos fatos que circundavam os eventos Bíblicos.

O Cristianismo não é um mero evento a parte da história. Todavia, o “Dono” da história, se fez presente na história, para nos revelar na história, as coisas que estão além da história.

            Quando nos deflagramos diante da Bíblia. Encontramos em todo o seu conteúdo fatos históricos que revelam a manifestação de Deus para a humanidade. Como por exemplo: No Antigo Testamento os primeiros cinco livros, denominados Pentateuco apontam a revelação de Deus ao de Israel.

O Senhor gerou um povo e o guiou ao longo da história da humanidade. Isso nos é perceptível não somente nos cinco primeiros livros, mas durante todo o Antigo Testamento. Deus se fez presente na vida de seu povo, e até hoje ainda se faz, pois está na condução do mesmo até o ponto auge da história que será concretizada com a Parousia.

            O Novo Testamento nos revela a pessoa do próprio Deus vivenciando a história de forma humana. Os evangelhos por diversas vezes nos revelam que Jesus não é um fato de nossa imaginação ou derivação de alguma fábula humana. Porém, o Deus homem, realmente encarnou, viveu, sofreu, se alimentou, enfim: esteve entre nós com todas atribuições que nós seres humanos experimentamos, com exceção do pecado.

            O evangelista João se refere a este evento histórico da seguinte maneira: “O que era desde o princípio o que ouvimos, o que vimos como nossos olhos, o que contemplamos, e nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida” (I João 1.1).

Ao lermos este texto e tomarmos conhecimento do contexto histórico em que ele foi inscrito, nos acende uma lâmpada que clareia toda a construção do nosso pensamento. O apóstolo João estava combatendo uma seita chamada “gnosticismo” que não acreditava que Jesus tinha literalmente encarnado e sendo assim distorciam os ensinamentos acerca da pessoa de Jesus. O que derivaria em uma total desconstrução no que a teologia sistemática chama de Cristologia.

            O Novo Testamento nos revela a pessoa de Jesus. Como o mesmo concretizou o plano que recebeu de Seu Pai. Os principais fatos de sua encarnação foram: sua morte de cruz, sua ressurreição dos mortos e sua assunção aos céus. Porém, a história não parou por aí. Ele mesmo disse que enviaria o Consolador que iria nos guiar em toda a verdade.

            Dr. Lucas escreveu dois tratados. O primeiro sobre os atos de Jesus, que ficou conhecido como o evangelho segundo Lucas. E escreveu também os atos do Espírito Santo, que ficou conhecido como Atos dos Apóstolos. Este livro que chamamos Atos dos Apóstolos nos narra a chamada história e desenvolvimento da igreja primitiva. Porém, quando olhamos com cuidado para o final do livro de Atos. Percebemos que Paulo está pregando em Roma e o texto da uma pausa. Detalhe, ele parecer pausar na construção e não finalizar o mesmo. Até porque, a história dos atos do Espírito Santo através da igreja não se findou. Eles continuam a acontecer em nossos dias, através de todo aquele que confessa o Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente salvador.

            Gonzalez vai dizer de forma categórica:

“A história da humanidade é a história dos atos do Espírito Santo entre os homens e as mulheres que nos precederam na fé”.

Às vezes, no curso desta história haverá momentos em que nos será difícil ver a ação do Espírito Santo. Haverá quem utilizará a fé da igreja para enriquecer-se ou para engradecer seu poderio pessoal. Outros haverá que se esquecerão do mandamento do amor e perseguirão aos seus inimigos com uma fúria indigna do nome de Cristo. Em alguns períodos parecerá que toda igreja abandonou por completo a fé Bíblica, e teremos de nos perguntar até que ponto igreja pode verdadeiramente chamar-se cristã. Em tais momentos, talvez nos convenha recordar dois pontos importantes.

O primeiro destes pontos é que a história da igreja que estamos narrando é a história dos feitos do Espírito santo, sim: mas é a história desses atos entre as pessoas pecadoras como nós... O Segundo ponto que devemos recordar é que foi precisamente através desses pecadores e dessa igreja, que aparece às vezes totalmente descarrilhada, que o evangelho chegou até nós. Ainda através dos séculos mais escuros da vida da igreja, nunca faltarão cristãos que amaram, estudaram, conservaram e copiaram as Escrituras e que desse modo as fizeram a chegar aos nossos dias...”[2]

            Nós também somos parte da história deste povo. Nós também somos parte dos Atos do Espírito Santo. Nós também somos igreja do Senhor. Cabe-nos uma reflexão: Talvez seja por desconhecer a história que muitos líderes (pastores) estão destruindo igrejas de grande tradição histórica. Pois estes líderes julgam estar acima da história, desconhecem o fato de que quem cuida da história é o próprio Deus da história.

             A Bíblia por diversas vezes irá se retratar há algum evento histórico. O que nos permitir possuir maiores subsídios para entendermos o contexto e até obtermos através de evidências externas maiores informações acerca do fato descrito.

Plenitude dos tempos:

            Nosso Deus por estar no controle da história enviou o seu Filho Amado no melhor momento histórico existente para sua encarnação. A Bíblia vai chamar este momento de “Plenitude dos Tempos”. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes da Galácia vai utilizar-se exatamente desta expressão: “Mas, vindo à plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido de soba a lei.” (Gálatas 4:4).

            Para nós entendermos o que significa dizer: “Plenitude dos tempos”. Precisamos entender o contexto histórico que propiciou o momento histórico da encarnação de Jesus tomasse tal adjetivação. Vamos analisar um pouco do cenário histórico para melhor esclarecimento.

Os Judeus na Palestina:

            A Palestina sempre foi alvo de muita disputa e guerra. A terra onde nasceu o Cristianismo e onde nosso Mestre Jesus deu seus primeiros passos, sempre foi alvo de muita cobiça. Alguns fatores favoreceram para que isso ocorresse. Como por exemplo o fator Geográfico. Vamos explicar melhor o que é o fator Geográfico:

  • Fator Geográfico – A Palestina estava localizada justamente na rota comercial que uniam o Egito e a Mesopotâmia, e a Arábia com a Ásia Menor. E por este motivo que no Velho Testamento vamos ver diversas nações sempre desejarem se apoderar daquelas terras.

No século IV a.C. quando as tropas de Alexandre o Grande invadiu a Palestina e a tomaram-na dos Persas. Alexandre então iniciou um processo de implantação da cultura grega. Alexandre não tinha apenas a intenção de dominar todas as regiões do mundo. Sua filosofia era migrar toda humanidade para cultura grega. Porém, isso nunca foi possível. Pois nenhuma cultura pode permanecer a mesma sempre. Toda cultura sofre alterações. A cultura grega se misturou a dos povos dos lugares onde as hostes macedônicas dominavam. A este processo deu-se o nome de helenismo. O helenismo favoreceu ao rápido crescimento do império romano, como também favoreceu ao crescimento do evangelho. Haja vista que em um aspecto geral, toda a bacia do mediterrâneo conhecia o idioma, a cultura, a moeda, etc.

            Um aspecto interessante para comentarmos é que: diferentemente de todos os demais povos a sua volta. O povo judeu não se abria, para outras culturas que pudessem influenciar em sua fé. O judaísmo via no helenismo uma ameaça a fé no verdadeiro e único Deus.

            Sabendo este fator a cerca do pensamento judeu sobre o helenismo. Podemos entender o porquê de tantas revoltas e revoluções aconteceram na história de Israel. Quando Alexandre morreu, seu império se dividiu. Veja o que Justo Gonzalez comenta:

“Alexandre morreu no século IV a.C, e seguiram então longos anos de instabilidade política. A dinastia dos Ptolomeus, fundada por um dos generais de Alexandre, se apoderou do Egito, enquanto que os Selêucidas, de semelhante origem, se fizeram donos da Síria. De novo a Palestina resultou ser a maçã da discórdia nas lutas entre os Ptolomeus e os Selêucidas... Por isso, a história da Palestina, desde a conquista de Alexandre até destruição de Jerusalém, no ano de 70 d.C., pode se ver como um conflito constante entre pressões do helenismo por uma parte e a fidelidade dos judeus a seu Deus e suas tradições por outra.

O ponto culminante dessa luta foi a rebelião dos Macabeus. Primeiro o sacerdote Matatias e depois seus três filhos Jônatan, Judas e Simeão, se rebelaram contra o helenismo dos Selêucidas, que pretendiam impor deuses pagãos entre os judeus. O movimento teve algum êxito. Mas João Hircano, o filho de Simeão Macabeu, começou a se amoldar aos costume dos povos circunvizinhos e a favorecer as tendências helenistas. Quando alguns judeus mais restritos se opuseram a esta política, desatou-se a perseguição. Por fim, no ano de 63 a.C. o romano Pompeu conquistou o país e depôs o último dos Macabeus, Aristóbulo II... Mas, até a própria tolerância romana não podia compreender a obstinação dos judeus, que insistiam em render culto somente a seu Deus e que se rebelavam ante a menor ameaça contra sua fé. Herodes fez todo o possível para introduzir o helenismo no país. Com esse propósito fez construir templos em honra a Roma e a Augusto em Samaria e Cesáreia. Mas, quando se atreveu a colocar uma águia de ouro na entrada do Templo, os judeus se sublevaram e Herodes teve de recorrer à violência. Seus sucessores seguiram a mesma política helenizante, fazendo construir novas cidades de estilo helenista e trazendo gentios para viverem nelas”. [3]

            Mediante a exposição destes fatores parece ficar mais nítido para nós o fato do povo judeu ter se tornado tão legalista. Os fariseus a vertente do judaísmo mais comum, mais ligada ao povo, era detalhista no cumprimento da lei não querendo fazer com que o povo vivesse de aparências, mas pelo contrário, seu objetivo era trazer ao povo de forma mais cotidiana a aplicação da lei. Mas em muitas vezes eles perderam o foco deste processo.

            Nos dias de Jesus além dos fariseus existiam outros partidos dentro do judaísmo. Vamos pontuar cada um deles visando uma melhor elucidação:

Os Fariseus – Era uma facção do judaísmo que era mais popular. Estes não desfrutavam das benesses da aristocracia. Além disso suas crenças diferenciavam da tradição judaica. Eles acreditavam em anjos e também na doutrina da ressurreição. Nos evangelhos nós podemos constatar que Jesus repreende mais aos fariseus. Isto se dá pelo menos por dois motivos: O primeiro era porque esta seita representava a maioria dos judeus, já comentamos acima que eles eram populares. E em segundo lugar, Jesus os criticava não pelo fato deles serem zelosos em cumprir a lei, mas sim porque a lei tomou lugar de proeminência em suas vidas. Quando a essência da lei sempre era o bem estar da humanidade. A lei foi criada para o homem, e não o homem para a lei.

Os Saduceus – Sua maioria era composta pelos aristocratas. Que por causa do poder e status vivia a mercê de Roma. Geralmente era deste grupo que era escolhido o sumo sacerdote e também os sacerdotes que se encarregavam do serviço do templo. Por serem uma espécie de “grupo fiel aos antepassados”, não criam na doutrina da ressurreição e nem na existência de anjos.

Os Zelotes – Estes por sua vez estavam mais envolvidos com as políticas sociais do que propriamente com espiritualidade. Eles eram extremamente contra o domínio de Roma sobre o seu povo. E por este motivo estavam sempre envolvidos em alguma rebelião ou uma tentativa de tal.

Os Essênios – Eles eram um grupo separatistas. Alguns estudiosos acreditam que foram deles os rolos, ou pergaminhos, que foram descobertos no mar Morto recentemente. Existi uma teoria também que João o Batista tenha sido criado no deserto pelos essênios. Eles eram separatistas pois, queriam guardar os preceitos de seus pais sem serem influenciados pelos gentios. Segundo Flávio Josefo o grande historiador além deles crerem nas doutrinas tradicionais do judaísmo. Eles também acreditavam, em doutrinas sigilosas que só podiam saber quem fazia parte daquela comunidade.

            Porém o fato é que todos estes grupos têm pelo menos dois fatores em comum. São eles: O monoteísmo ético e a esperança escatológica. O monoteísmo ético era a doutrina Bíblica que existe somente um Deus, e que este Deus requer para si adoração, e que seus fiéis guardem e pratiquem os seus ensinamentos. De modo que a justiça de seu nome seja propagada para o louvo de seu próprio nome. Já a esperança escatológica era a crença de que Deus enviaria um Messias que restauraria o reino de Israel e reinaria com amor, justiça e paz sobre o mesmo. 

Todas as seitas judaicas dependiam do templo para a propagação de sua fé. Com exceção da seita dos fariseus. Acredita-se que os fariseus foram derivados do grupo que fora exilado na Babilônia e não tinham o templo para centralizarem sua fé e seus sacrifícios. Então eles redirecionaram sua fé para a Lei.

            Na época de Jesus existiam muitos judeus espalhados pela face da terra. A sua grande maioria não podia estar nem pelo menos uma vez por ano indo ao templo, como lhes era de costume. Então também direcionavam sua fé para a Lei.

            E em 70 d.C. quando o imperador Tito invadiu Jerusalém e derrubou o templo. A seita dos saduceus e as demais não conseguiram resistir ao golpe final. O único grupo que conseguiu sobreviver a todos estes fatores foram os fariseus. Os judeus de nossos dias são frutos desta seita chamada fariseu. Que conseguiu remodelar sua forma de existir para subsistir.

O Judaísmo da dispersão

            Este judaísmo foi essencial para a vida e propagação da fé cristã. Os judeus que estavam espelhados pelo império Romano devido à diáspora, tinham algumas características muito particulares que auxiliaram a expansão da fé cristã.

            Alguns fatores que podemos citar que favoreceram a fé cristã foi por exemplo: A tradução do Antigo Testamento para o grego, que recebeu o nome de Septuaginta, ou seja a tradução dos setenta e dois. A maioria dos judeus abriram mão do hebraico e passaram a utilizar o grego como seu idioma do cotidiano o que favoreceu a entrada da cultura helenista entre eles. 

            Depois que Alexandre o grande difundiu a cultura grega por toda a bacia oriental do Mediterrâneo, o grego passou a ser a língua oficial para a comunicação internacional. Quando os cristãos proclamavam a Palavra de Deus, eles se utilizavam do idioma grego e da tradução grega do Antigo Testamento. Estes foram os fatores que favoreceram a igreja a pregação do evangelho.

O Mundo Greco-Romano:

            A fé cristã também se favoreceu e, em outras ocasiões foi prejudicada pelos fatores políticos e culturais ocasionados pelo mundo greco-romano. De início podemos falar acerca de algo que favoreceu a fé cristã, a política e a cultura.

            O império Romano conseguiu uma unidade política e cultural que nunca antes fora visto. Nossos irmãos desfrutaram do privilégio de poderem navegar com muito mais tranquilidade. Quando começamos a estudar a vida do apóstolo Paulo podemos ver como o mesmo esteva a perigo de naufrágios, tempestades, etc. Algum tempo atrás era impossível navegar naqueles mares sem ser atacado por piratas que infectavam os mares do Mediterrâneo.

            Outra forma que podemos encontrar os cristãos tirando proveitos eram os caminhos construídos pelos Romanos para ligarem uma cidade à outra. Estes caminhos favoreceram as viagens missionárias de Paulo o Apóstolo, mas também foram essenciais para os mercadores leigos, que se tornaram grandes missionários na propagação do evangelho. Em muitos casos o evangelho fora anunciado em uma região nova não por um dos apóstolos ou até mesmo por um de seus discípulos diretos. Mas sim por pessoas que estavam exercendo sua profissão, tais quais: escravos, mercadores e outras pessoas que viajavam por algum outro motivo.

            Já o aspecto negativo da cultura fora que muitas vezes Roma pretendeu unificar a fé religiosa. A ideia de Roma era fazer do sincretismo religioso e do culto ao imperador um pressuposto para fé religiosa. Um exemplo claro deste fato é o Panteão Romano, que significa: templo de todos os deuses. Como os cristãos e os judeus não cultuavam a outro deus que não fosse o verdadeiro Deus. Por diversas vezes foram perseguidos e humilhados. Porém, o fator principal para a perseguição foi o culto ao imperador. Quando os cristãos e os judeus se recusavam a prestar culto ao imperador, eram tidos como desleais ao mesmo. Sendo acusados não por suas escolhes de fé, mas sim de sedição.  

            Os cristãos também encontraram na filosofia um auxílio para pregação de sua mensagem. A filosofia platônica argumentava que existia um ser supremo, imutável, perfeito, que era a suprema bondade e beleza. Ao contrário dos deuses pagãos segundo Platão e Sócrates que eram criações humanas. E os dois ainda acreditavam na imortalidade da alma. Platão também vai dizer que existe um mundo além deste que conhecemos hoje.

            Outra filosofia que serviu de ajuda a pregação do evangelho foi o estoicismo. Segundo eles, todo ser humano possui dentro de si uma razão que nos diz como deve ser o nosso procedimento moral. Estas filosofias ajudaram aos cristãos a anunciarem a sua fé se utilizando da cultura e em algumas vezes se defendo da política que lhe fora imposta. Usando estes exemplos na tentativa de provar que não havia nenhum tipo de rebeldia de sua parte, apenas era uma opção religiosa.

Conclusão:

Gostaria de encerrar este capítulo me apropriando das palavras de González:

“A “plenitude do tempo” não quer dizer que o mundo estivesse pronto a se tornar cristão, como uma fruta madura pronta para cair da árvore, mas quer dizer que, nos desígnios inescrutáveis de Deus, havia chegado o momento de enviar o seu filho ao mundo para sofrer morte de cruz, e de espalhar os discípulos por esse mesmo mundo, a fim de que eles também dessem um testemunho custoso de sua fé no Crucificado”[4]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia:

CAIRNS, Earle E. Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 2008.

GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. Págs. 177.

HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Vida, 2ª edição, 2007. Págs. 303.

 

 

 

 

             

 



[1] GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg.1.

[2] GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg.13.

[3] GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg. 16.

[4] GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg.30.

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