Breve Apresentação da Disciplina:
Gostaria de iniciar nossa disciplina
pedindo a Deus nosso Pai que, abençoe a vida de cada um de nós. Todos nós somos
sabedores de que ao estudarmos a Palavra de Deus será certo enfrentarmos muitos
obstáculos. Mas como bem disse Jesus: “Tende bom ânimo. Eu venci o mundo! ”. E
se Ele venceu. Nós que somos seus cooperadores na expansão de seu Reino, também
venceremos. Por isso tenham certeza de que Deus estará conosco e nos dará a
vitória final. Mesmo a despeito de qualquer situação que o irmão (a) possa enfrentar.
Para o conhecimento dos irmãos e
aprofundamento em seu aprendizado. Vale citar que o texto produzido e que está
em vossas mãos neste momento é tem como pressuposto básico a coleção de 10
volumes acerca da história da igreja, editado pela editora Vida Nova, do autor
Justo L. González.
Muitas pessoas ainda possuem a
seguinte concepção: “Não sei por que temos que estudar história? Não vivemos do
passado e sim do presente! ”
Esse não deve ser o pensamento que
deve nos nortear. Conhecer o passado nos faz entender melhor o que somos hoje
no presente, e para podermos planejar o futuro. Gosto muito da observação de
Justo Gonzalez diz ele: “Portanto, não se
trata aqui de um interesse antiquário em tempos passados que nunca voltarão,
mas trata-se antes de uma necessidade urgente de conhecer esses tempos passados
que seguem presentes ainda entre nós – limitando nossas opções, determinando
nossas perspectivas, e assinalando-nos o caminho em direção ao futuro”[1]
Ao estudarmos história eclesiástica,
ou seja, história da Igreja, estamos estudando a origem de nossa fé. Estamos
entendendo não só a trajetória da Igreja no decorrer dos séculos, mas também,
estamos entendendo melhor a nós mesmos. Pois somos parte desta história.
Coloque o cinto de segurança a máquina do tempo será ligada. É hora de
viajarmos pelos séculos e voarmos na linda história deste povo de Deus, chamado
igreja. Que possamos juntos crescer na graça e no conhecimento de Cristo Jesus
nosso Senhor.
Pr. Roberto da Silva Meireles
Rodrigues
Sumário:
Capítulo
I – Cristianismo e história - A Plenitude dos tempos.
Capítulo
II – A igreja de Jerusalém e a missão aos gentios.
Capítulo
III – Os primeiros conflitos com o estado e a perseguição no século segundo.
Capítulo
IV – A Defesa da fé e o depósito da fé.
Capítulo
V - Os mestres da igreja.
Capítulo
VI - O impacto de Constantino.
Capítulo
VII – A reação Monástica e Cismática.
Capítulo
VIII – A controvérsia Ariana e o Concílio de Níceia.
Capítulo
IX – Agostinho e o seu legado teológico.
Capítulo
X – O papado.
Capítulo
XI – As cruzadas.
Capítulo
XII – Atividades teológicas (Anselmo de Canterbury, Pedro Abelardo, São Tomás
Aquino, etc.).
Capítulo
XIII – Matinho Lutero: o caminho para a Reforma.
Capítulo
XIV – Martinho Lutero: Sua teologia e o seu legado.
Capítulo
XV – Ulrico Zuínglio e a Reforma na Suíça.
Capítulo
XVI – Menno Simons e o movimento Anabatista.
Capítulo
XVII – João Calvino: sua teologia e seu legado.
Capítulo
XVIII – A reforma Católica.
Capítulo
I – Cristianismo e História – A plenitude dos tempos.
“Naqueles dias foi publicado um
decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para
recensear-se.”(Lucas 2:1)
Como podemos observar no versículo
acima citado. O evangelista Lucas está narrando um evento histórico dentro de
seu livro. A história de Deus e de seu povo é permeada de acontecimentos que se
deram de forma paralela, e que são grandes arcabouços para a construção de um
melhor entendimento e aprendizado do contexto em que os livros foram inscritos.
E nos viabiliza saber as riquezas dos fatos que circundavam os eventos
Bíblicos.
O
Cristianismo não é um mero evento a parte da história. Todavia, o “Dono” da
história, se fez presente na história, para nos revelar na história, as coisas que
estão além da história.
Quando nos deflagramos diante da
Bíblia. Encontramos em todo o seu conteúdo fatos históricos que revelam a
manifestação de Deus para a humanidade. Como por exemplo: No Antigo Testamento
os primeiros cinco livros, denominados Pentateuco apontam a revelação de Deus
ao de Israel.
O
Senhor gerou um povo e o guiou ao longo da história da humanidade. Isso nos é perceptível
não somente nos cinco primeiros livros, mas durante todo o Antigo Testamento.
Deus se fez presente na vida de seu povo, e até hoje ainda se faz, pois está na
condução do mesmo até o ponto auge da história que será concretizada com a
Parousia.
O Novo Testamento nos revela a
pessoa do próprio Deus vivenciando a história de forma humana. Os evangelhos
por diversas vezes nos revelam que Jesus não é um fato de nossa imaginação ou
derivação de alguma fábula humana. Porém, o Deus homem, realmente encarnou,
viveu, sofreu, se alimentou, enfim: esteve entre nós com todas atribuições que
nós seres humanos experimentamos, com exceção do pecado.
O evangelista João se refere a este
evento histórico da seguinte maneira: “O
que era desde o princípio o que ouvimos, o que vimos como nossos olhos, o que
contemplamos, e nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida” (I João
1.1).
Ao
lermos este texto e tomarmos conhecimento do contexto histórico em que ele foi
inscrito, nos acende uma lâmpada que clareia toda a construção do nosso pensamento.
O apóstolo João estava combatendo uma seita chamada “gnosticismo” que não
acreditava que Jesus tinha literalmente encarnado e sendo assim distorciam os
ensinamentos acerca da pessoa de Jesus. O que derivaria em uma total
desconstrução no que a teologia sistemática chama de Cristologia.
O Novo Testamento nos revela a
pessoa de Jesus. Como o mesmo concretizou o plano que recebeu de Seu Pai. Os
principais fatos de sua encarnação foram: sua morte de cruz, sua ressurreição
dos mortos e sua assunção aos céus. Porém, a história não parou por aí. Ele
mesmo disse que enviaria o Consolador que iria nos guiar em toda a verdade.
Dr. Lucas escreveu dois tratados. O
primeiro sobre os atos de Jesus, que ficou conhecido como o evangelho segundo
Lucas. E escreveu também os atos do Espírito Santo, que ficou conhecido como
Atos dos Apóstolos. Este livro que chamamos Atos dos Apóstolos nos narra a
chamada história e desenvolvimento da igreja primitiva. Porém, quando olhamos
com cuidado para o final do livro de Atos. Percebemos que Paulo está pregando
em Roma e o texto da uma pausa. Detalhe, ele parecer pausar na construção e não
finalizar o mesmo. Até porque, a história dos atos do Espírito Santo através da
igreja não se findou. Eles continuam a acontecer em nossos dias, através de
todo aquele que confessa o Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente
salvador.
Gonzalez vai dizer de forma
categórica:
“A história da humanidade
é a história dos atos do Espírito Santo entre os homens e as mulheres que nos
precederam na fé”.
Às vezes, no curso desta
história haverá momentos em que nos será difícil ver a ação do Espírito Santo.
Haverá quem utilizará a fé da igreja para enriquecer-se ou para engradecer seu
poderio pessoal. Outros haverá que se esquecerão do mandamento do amor e
perseguirão aos seus inimigos com uma fúria indigna do nome de Cristo. Em
alguns períodos parecerá que toda igreja abandonou por completo a fé Bíblica, e
teremos de nos perguntar até que ponto igreja pode verdadeiramente chamar-se
cristã. Em tais momentos, talvez nos convenha recordar dois pontos importantes.
O primeiro destes pontos
é que a história da igreja que estamos narrando é a história dos feitos do
Espírito santo, sim: mas é a história desses atos entre as pessoas pecadoras
como nós... O Segundo ponto que devemos recordar é que foi precisamente através
desses pecadores e dessa igreja, que aparece às vezes totalmente descarrilhada,
que o evangelho chegou até nós. Ainda através dos séculos mais escuros da vida
da igreja, nunca faltarão cristãos que amaram, estudaram, conservaram e
copiaram as Escrituras e que desse modo as fizeram a chegar aos nossos dias...”[2]
Nós também somos parte da história
deste povo. Nós também somos parte dos Atos do Espírito Santo. Nós também somos
igreja do Senhor. Cabe-nos uma reflexão: Talvez seja por desconhecer a história
que muitos líderes (pastores) estão destruindo igrejas de grande tradição
histórica. Pois estes líderes julgam estar acima da história, desconhecem o
fato de que quem cuida da história é o próprio Deus da história.
A Bíblia por diversas vezes irá se retratar há
algum evento histórico. O que nos permitir possuir maiores subsídios para
entendermos o contexto e até obtermos através de evidências externas maiores
informações acerca do fato descrito.
Nosso
Deus por estar no controle da história enviou o seu Filho Amado no melhor
momento histórico existente para sua encarnação. A Bíblia vai chamar este
momento de “Plenitude dos Tempos”. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes da
Galácia vai utilizar-se exatamente desta expressão: “Mas, vindo à plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de
mulher, nascido de soba a lei.” (Gálatas 4:4).
Para
nós entendermos o que significa dizer: “Plenitude dos tempos”. Precisamos
entender o contexto histórico que propiciou o momento histórico da encarnação
de Jesus tomasse tal adjetivação. Vamos analisar um pouco do cenário histórico
para melhor esclarecimento.
Os
Judeus na Palestina:
A
Palestina sempre foi alvo de muita disputa e guerra. A terra onde nasceu o
Cristianismo e onde nosso Mestre Jesus deu seus primeiros passos, sempre foi
alvo de muita cobiça. Alguns fatores favoreceram para que isso ocorresse. Como
por exemplo o fator Geográfico. Vamos explicar melhor o que é o fator
Geográfico:
- Fator Geográfico – A
Palestina estava localizada justamente na rota comercial que uniam o Egito
e a Mesopotâmia, e a Arábia com a Ásia Menor. E por este motivo que no
Velho Testamento vamos ver diversas nações sempre desejarem se apoderar
daquelas terras.
No século IV a.C. quando
as tropas de Alexandre o Grande invadiu a Palestina e a tomaram-na dos Persas.
Alexandre então iniciou um processo de implantação da cultura grega. Alexandre
não tinha apenas a intenção de dominar todas as regiões do mundo. Sua filosofia
era migrar toda humanidade para cultura grega. Porém, isso nunca foi possível.
Pois nenhuma cultura pode permanecer a mesma sempre. Toda cultura sofre
alterações. A cultura grega se misturou a dos povos dos lugares onde as hostes
macedônicas dominavam. A este processo deu-se o nome de helenismo. O helenismo
favoreceu ao rápido crescimento do império romano, como também favoreceu ao
crescimento do evangelho. Haja vista que em um aspecto geral, toda a bacia do
mediterrâneo conhecia o idioma, a cultura, a moeda, etc.
Um
aspecto interessante para comentarmos é que: diferentemente de todos os demais
povos a sua volta. O povo judeu não se abria, para outras culturas que pudessem
influenciar em sua fé. O judaísmo via no helenismo uma ameaça a fé no
verdadeiro e único Deus.
Sabendo
este fator a cerca do pensamento judeu sobre o helenismo. Podemos entender o
porquê de tantas revoltas e revoluções aconteceram na história de Israel.
Quando Alexandre morreu, seu império se dividiu. Veja o que Justo Gonzalez
comenta:
“Alexandre
morreu no século IV a.C, e seguiram então longos anos de instabilidade política.
A dinastia dos Ptolomeus, fundada por um dos generais de Alexandre, se apoderou
do Egito, enquanto que os Selêucidas, de semelhante origem, se fizeram donos da
Síria. De novo a Palestina resultou ser a maçã da discórdia nas lutas entre os
Ptolomeus e os Selêucidas... Por isso, a história da Palestina, desde a
conquista de Alexandre até destruição de Jerusalém, no ano de 70 d.C., pode se
ver como um conflito constante entre pressões do helenismo por uma parte e a
fidelidade dos judeus a seu Deus e suas tradições por outra.
O
ponto culminante dessa luta foi a rebelião dos Macabeus. Primeiro o sacerdote
Matatias e depois seus três filhos Jônatan, Judas e Simeão, se rebelaram contra
o helenismo dos Selêucidas, que pretendiam impor deuses pagãos entre os judeus.
O movimento teve algum êxito. Mas João Hircano, o filho de Simeão Macabeu,
começou a se amoldar aos costume dos povos circunvizinhos e a favorecer as
tendências helenistas. Quando alguns judeus mais restritos se opuseram a esta
política, desatou-se a perseguição. Por fim, no ano de 63 a.C. o romano Pompeu
conquistou o país e depôs o último dos Macabeus, Aristóbulo II... Mas, até a
própria tolerância romana não podia compreender a obstinação dos judeus, que
insistiam em render culto somente a seu Deus e que se rebelavam ante a menor
ameaça contra sua fé. Herodes fez todo o possível para introduzir o helenismo
no país. Com esse propósito fez construir templos em honra a Roma e a Augusto
em Samaria e Cesáreia. Mas, quando se atreveu a colocar uma águia de ouro na
entrada do Templo, os judeus se sublevaram e Herodes teve de recorrer à
violência. Seus sucessores seguiram a mesma política helenizante, fazendo
construir novas cidades de estilo helenista e trazendo gentios para viverem
nelas”. [3]
Mediante
a exposição destes fatores parece ficar mais nítido para nós o fato do povo
judeu ter se tornado tão legalista. Os fariseus a vertente do judaísmo mais
comum, mais ligada ao povo, era detalhista no cumprimento da lei não querendo
fazer com que o povo vivesse de aparências, mas pelo contrário, seu objetivo
era trazer ao povo de forma mais cotidiana a aplicação da lei. Mas em muitas
vezes eles perderam o foco deste processo.
Nos
dias de Jesus além dos fariseus existiam outros partidos dentro do judaísmo.
Vamos pontuar cada um deles visando uma melhor elucidação:
Os
Fariseus
– Era uma facção do judaísmo que era mais popular. Estes não desfrutavam das
benesses da aristocracia. Além disso suas crenças diferenciavam da tradição
judaica. Eles acreditavam em anjos e também na doutrina da ressurreição. Nos
evangelhos nós podemos constatar que Jesus repreende mais aos fariseus. Isto se
dá pelo menos por dois motivos: O primeiro era porque esta seita representava a
maioria dos judeus, já comentamos acima que eles eram populares. E em segundo
lugar, Jesus os criticava não pelo fato deles serem zelosos em cumprir a lei,
mas sim porque a lei tomou lugar de proeminência em suas vidas. Quando a
essência da lei sempre era o bem estar da humanidade. A lei foi criada para o
homem, e não o homem para a lei.
Os
Saduceus
– Sua maioria era composta pelos aristocratas. Que por causa do poder e status
vivia a mercê de Roma. Geralmente era deste grupo que era escolhido o sumo
sacerdote e também os sacerdotes que se encarregavam do serviço do templo. Por
serem uma espécie de “grupo fiel aos antepassados”, não criam na doutrina da
ressurreição e nem na existência de anjos.
Os
Zelotes
– Estes por sua vez estavam mais envolvidos com as políticas sociais do que
propriamente com espiritualidade. Eles eram extremamente contra o domínio de
Roma sobre o seu povo. E por este motivo estavam sempre envolvidos em alguma
rebelião ou uma tentativa de tal.
Os
Essênios
– Eles eram um grupo separatistas. Alguns estudiosos acreditam que foram deles
os rolos, ou pergaminhos, que foram descobertos no mar Morto recentemente.
Existi uma teoria também que João o Batista tenha sido criado no deserto pelos
essênios. Eles eram separatistas pois, queriam guardar os preceitos de seus
pais sem serem influenciados pelos gentios. Segundo Flávio Josefo o grande
historiador além deles crerem nas doutrinas tradicionais do judaísmo. Eles
também acreditavam, em doutrinas sigilosas que só podiam saber quem fazia parte
daquela comunidade.
Porém
o fato é que todos estes grupos têm pelo menos dois fatores em comum. São eles:
O monoteísmo ético e a esperança
escatológica. O monoteísmo ético era a doutrina Bíblica que existe
somente um Deus, e que este Deus requer para si adoração, e que seus fiéis
guardem e pratiquem os seus ensinamentos. De modo que a justiça de seu nome
seja propagada para o louvo de seu próprio nome. Já a esperança escatológica
era a crença de que Deus enviaria um Messias que restauraria o reino de Israel
e reinaria com amor, justiça e paz sobre o mesmo.
Todas as seitas judaicas dependiam do
templo para a propagação de sua fé. Com exceção da seita dos fariseus.
Acredita-se que os fariseus foram derivados do grupo que fora exilado na
Babilônia e não tinham o templo para centralizarem sua fé e seus sacrifícios.
Então eles redirecionaram sua fé para a Lei.
Na
época de Jesus existiam muitos judeus espalhados pela face da terra. A sua
grande maioria não podia estar nem pelo menos uma vez por ano indo ao templo,
como lhes era de costume. Então também direcionavam sua fé para a Lei.
E
em 70 d.C. quando o imperador Tito invadiu Jerusalém e derrubou o templo. A
seita dos saduceus e as demais não conseguiram resistir ao golpe final. O único
grupo que conseguiu sobreviver a todos estes fatores foram os fariseus. Os
judeus de nossos dias são frutos desta seita chamada fariseu. Que conseguiu
remodelar sua forma de existir para subsistir.
O
Judaísmo da dispersão
Este
judaísmo foi essencial para a vida e propagação da fé cristã. Os judeus que
estavam espelhados pelo império Romano devido à diáspora, tinham algumas
características muito particulares que auxiliaram a expansão da fé cristã.
Alguns
fatores que podemos citar que favoreceram a fé cristã foi por exemplo: A
tradução do Antigo Testamento para o grego, que recebeu o nome de Septuaginta,
ou seja a tradução dos setenta e dois. A maioria dos judeus abriram mão do
hebraico e passaram a utilizar o grego como seu idioma do cotidiano o que
favoreceu a entrada da cultura helenista entre eles.
Depois
que Alexandre o grande difundiu a cultura grega por toda a bacia oriental do
Mediterrâneo, o grego passou a ser a língua oficial para a comunicação
internacional. Quando os cristãos proclamavam a Palavra de Deus, eles se
utilizavam do idioma grego e da tradução grega do Antigo Testamento. Estes
foram os fatores que favoreceram a igreja a pregação do evangelho.
O
Mundo Greco-Romano:
A
fé cristã também se favoreceu e, em outras ocasiões foi prejudicada pelos
fatores políticos e culturais ocasionados pelo mundo greco-romano. De início podemos
falar acerca de algo que favoreceu a fé cristã, a política e a cultura.
O
império Romano conseguiu uma unidade política e cultural que nunca antes fora
visto. Nossos irmãos desfrutaram do privilégio de poderem navegar com muito
mais tranquilidade. Quando começamos a estudar a vida do apóstolo Paulo podemos
ver como o mesmo esteva a perigo de naufrágios, tempestades, etc. Algum tempo
atrás era impossível navegar naqueles mares sem ser atacado por piratas que
infectavam os mares do Mediterrâneo.
Outra
forma que podemos encontrar os cristãos tirando proveitos eram os caminhos
construídos pelos Romanos para ligarem uma cidade à outra. Estes caminhos
favoreceram as viagens missionárias de Paulo o Apóstolo, mas também foram
essenciais para os mercadores leigos, que se tornaram grandes missionários na
propagação do evangelho. Em muitos casos o evangelho fora anunciado em uma
região nova não por um dos apóstolos ou até mesmo por um de seus discípulos diretos.
Mas sim por pessoas que estavam exercendo sua profissão, tais quais: escravos,
mercadores e outras pessoas que viajavam por algum outro motivo.
Já
o aspecto negativo da cultura fora que muitas vezes Roma pretendeu unificar a
fé religiosa. A ideia de Roma era fazer do sincretismo religioso e do culto ao
imperador um pressuposto para fé religiosa. Um exemplo claro deste fato é o
Panteão Romano, que significa: templo de todos os deuses. Como os cristãos e os
judeus não cultuavam a outro deus que não fosse o verdadeiro Deus. Por diversas
vezes foram perseguidos e humilhados. Porém, o fator principal para a
perseguição foi o culto ao imperador. Quando os cristãos e os judeus se
recusavam a prestar culto ao imperador, eram tidos como desleais ao mesmo. Sendo
acusados não por suas escolhes de fé, mas sim de sedição.
Os
cristãos também encontraram na filosofia um auxílio para pregação de sua
mensagem. A filosofia platônica argumentava que existia um ser supremo,
imutável, perfeito, que era a suprema bondade e beleza. Ao contrário dos deuses
pagãos segundo Platão e Sócrates que eram criações humanas. E os dois ainda
acreditavam na imortalidade da alma. Platão também vai dizer que existe um
mundo além deste que conhecemos hoje.
Outra
filosofia que serviu de ajuda a pregação do evangelho foi o estoicismo. Segundo
eles, todo ser humano possui dentro de si uma razão que nos diz como deve ser o
nosso procedimento moral. Estas filosofias ajudaram aos cristãos a anunciarem a
sua fé se utilizando da cultura e em algumas vezes se defendo da política que
lhe fora imposta. Usando estes exemplos na tentativa de provar que não havia
nenhum tipo de rebeldia de sua parte, apenas era uma opção religiosa.
Conclusão:
Gostaria de encerrar este
capítulo me apropriando das palavras de González:
“A
“plenitude do tempo” não quer dizer que o mundo estivesse pronto a se tornar
cristão, como uma fruta madura pronta para cair da árvore, mas quer dizer que,
nos desígnios inescrutáveis de Deus, havia chegado o momento de enviar o seu
filho ao mundo para sofrer morte de cruz, e de espalhar os discípulos por esse
mesmo mundo, a fim de que eles também dessem um testemunho custoso de sua fé no
Crucificado”[4]
Bibliografia:
CAIRNS,
Earle E. Cristianismo através dos séculos: uma
história da igreja cristã.
São Paulo: Vida Nova, 2008.
GONZÁLEZ,
Justo L.
A era dos Mártires – Vol. I: uma história
ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. Págs. 177.
HURLBUT,
Jesse Lyman.
História da Igreja Cristã. São Paulo:
Vida, 2ª edição, 2007. Págs. 303.
[1] GONZÁLEZ, Justo L.
A era dos Mártires – Vol. I: uma história
ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg.1.
[2] GONZÁLEZ, Justo L.
A era dos Mártires – Vol. I: uma história
ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg.13.
[3] GONZÁLEZ, Justo L. A era dos Mártires – Vol. I: uma história ilustrada do Cristianismo.
São Paulo: Vida Nova, 1995, pg. 16.
[4] GONZÁLEZ, Justo L.
A era dos Mártires – Vol. I: uma história
ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995, pg.30.
Nenhum comentário:
Postar um comentário