Rio de Janeiro, 01 de junho de 2025.
Série de Mensagens – Ao anjo da
igreja
Tema da Mensagem – Ao anjo da
igreja em Éfeso
Texto Base – Apocalipse 2:1-7
INTRODUÇÃO:
O livro e seu conteúdo – O livro foi nominado com a
tradução da primeira palavra grega do livro, apokalypsis, que significa “revelação”. Pode ser que você já tenha
ouvido alguém falar ou ensinar que o significado de apocalipse seja
“destruição”, “fim do mundo”, ou alguma outra coisa parecida. Porém, não é isso
que significa. Trata-se da revelação que João recebe da parte de Jesus que o
ordena a escrever e a compartilhar com os irmãos. O professor de teologia
bíblica do seminário Baltimore, Maryland, nos E.U.A explica de forma muito
assertiva o conteúdo do livro de Apocalipse: “Quais são as implicações dessa abordagem? Apocalipse não diz respeito
ao anticristo, mas ao Cristo vivo. Não diz respeito a um arrebatamento para
fora deste mundo, mas a um discipulado fiel neste mundo. Ou seja, como qualquer
outro livro do Novo Testamento, Apocalipse trata sobre Jesus Cristo –
“Revelação de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:1) – e sobre segui-lo em obediência e
amor. “Se alguém indagar: ‘Por que ler Apocalipse’, a resposta pronta deve ser:
‘Para conhecer melhor a Cristo’. Nesse último livro da Bíblia cristã, Jesus é
retratado sobre tudo como: a Testemunha Fiel, que permanece leal a Deus apesar
da tribulação; o que está Presente, que caminha entre a comunidade dos seus
seguidores, proferindo palavras de conforto e incentivo por meio do Espírito; o
Cordeiro que foi morto e agora reina com Deus, o Criador, compartilhando a
devoção e adoração que são devidas somente a Deus e; o que virá, cumprirá todo
o propósito de Deus e reinará com Deus no meio do seu povo, no novo céu e na
nova terra. Apocalipse, portanto, também nos fala sobre sermos fiéis a Deus e
obedientes ao Espírito ao seguirmos Jesus, especificamente em: testemunho e
resistência fiéis; escuta atenta; uma vida litúrgica (permeada pela adoração)
e; esperança missional”.[1]
Quem é o autor da carta e quando ela foi
escrita? Estudiosos modernos têm questionado a
autoria da carta que comumente é dada praticamente de forma unânime ao apóstolo
João desde os pais da Igreja, com raras exceções tais como Eusébio (325) e
Dionísio de Alexandria no terceiro século. O estudioso do Novo Testamento que
foi por muitos anos professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil,
Dr. Broadus Davi Hale, em sua obra Introdução ao Novo Testamento faz o seguinte
comentário acerca da evidência externa da autoria de João: “Embora Hermas e
Inácio possam ter feito uso do Apocalipse, Justino Mártir, no que concerne à
evidência preservada, foi o primeiro a declarar explicitamente que o apóstolo
João escreveu o Apocalipse (Diaogue With Trypho the Jew, 81). Como Justino
viveu em Éfeso em torno de 135 d.C., esta informação é importante. O Cânon
Muratoriano (c. 175) contém o Apocalipse e diz que o apóstolo João é o autor.
Irineu (c.180), pupilo de Policarpo, escreveu que João, o discípulo do Senhor,
viveu na Ásia até os tempos de Trajano” e escreveu o Apocalipse pelo final do
reinado de Domiciano (Ad. Haerses, V, xxx, 3). No final do segundo século,
Polícrates, Clemente de Alexandria e Tertuliano, todos, testemunharam do
apóstolo João como autor do Apocalipse. Orígenes (c.225) escreveu que o João
que “se reclinava sobre o peito do Senhor” escreveu tanto o evangelho quanto o
Apocalipse (citado em Eusébio, H.E., VI, xxv, 9). Depois de Orígenes, todos os
escritores, com duas exceções, aceitam sem contestar a autoria joanina do
Apocalipse”.[2]
Éfeso
a principal metrópole da Ásia – Pérgamo
era a capital administrativa da província romana da Ásia, mas Éfeso era a
cidade mais importante. Ela era conhecida como “a primeira e maior metrópole da
Ásia”. William Barclay em seu comentário
relata que um escritor romano a chamava de “A luz da Ásia”. Barclay elenca
alguns pontos que contribuíram para que Éfeso chegasse a esse patamar:
1) O
porto de Éfeso - Nos dias de João Éfeso possuía o porto mais importante da
Ásia. O porto de Éfeso era a principal entrada para quem rumava destino a Roma.
Isso fez de Éfeso a cidade mais rica da Ásia. As riquezas de toda Ásia
circulavam e eram comercializada em Éfeso, o que a fez ficar conhecida como a
“feira das vaidades”. Barclay comenta que alguns anos mais tarde muitos
mártires foram capturados na Ásia e levados a Roma para serem lançados aos
leões, Inácio rebatizou a Éfeso de “a porta dos mártires”.
2)
Éfeso era uma cidade livre – Algumas cidades do império romano possuíam uma
distinção política muito importante: eram chamadas de cidades livres. Isso
significava que elas se distinguiam das demais cidades que compunham o império
por serem extremamente leais ao império e também por possuírem uma grande
importância social e econômica, as distinguindo das demais em relevância aos
serviços que ela prestava ao império. As cidades eram chamadas livres por não
precisarem alojar tropas do império para resguardar o domínio do império
romano. Além disso, Éfeso era uma cidade que possuía assento de tribunais, ou
seja, ela possuía a “honra” de receber governadores romanos em seu domínio em
visitas periódicas que aproveitavam e julgavam alguns casos locais. Por ser uma
cidade pacífica e ordeira, Éfeso era uma das grandes capitais do mundo antigo
onde se realizavam jogos atléticos da Ásia. Esses eventos traziam uma gama de
pessoas de outras regiões o que alavancava a economia local.
3)
Éfeso era o centro do culto de Ártemis (Diana dos Efésios) – O templo de
Ártemis – uma das sete maravilhas do mundo antigo – era localizando na cidade
de Éfeso. Em nossa Bíblia Ártemis é traduzida como Diana dos Efésios. Barclay
em seu comentário traz as seguintes informações sobre a suntuosidade do templo
de Ártemis: “O Templo de
Ártemis era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Tinha quatrocentos pés de
comprimento por vinte de largura (120m x 70m); tinha 120 colunas de 12 m. de
altura, que tinham sido dadas de presente para cada uma por um rei; trinta e
seis delas estavam ricamente esculpidas e incrustadas. Os templos antigos
consistiam principalmente de colunas ao redor de um lugar central, que era o
único coberto em todo o edifício. A parte central de Ártemis estava coberto com
madeira de cipreste. A imagem da deusa que habitava no santíssimo era uma das
mais sagradas de todo mundo antigo. Mas Éfeso além disso, era reconhecida por
seus templos dedicados a Roma e aos imperadores Adriano e Severo. Éfeso era um
centro importante da religião pagã”. O texto de Atos dos Apóstolos no capítulo dezenove nos relata como
a parte religiosa também influenciava a economia local de Éfeso. Pois a cidade
também subsistia fortemente da venda de artefatos religiosos de Ártemis. Porém,
quando o apóstolo Paulo chega a cidade e começa a pregar o evangelho e as
pessoas começam a compreender sua mensagem e iniciam um processo de libertação
dos ídolos a economia local da cidade como essa a enfraquecer e os comerciantes
começam a se levantar com furor contra a vida de Paulo.
4) A
famosa superstição de Éfeso – Existiam em Éfeso uma superstição ligada a
amuletos que ganharam o nome de as “Letras de Éfeso”. Acreditava-se que estes
amuletos podiam vencer o mal, curar enfermidades, gerar filhos em mulheres
estéreis, alavancar negócios, vitória nas guerras, trazer segurança em viagens
perigosas, etc. William Barclay comenta que as pessoas viam de toda parte do
mundo para poderem comprar esses objetos.
5) A
população de Éfeso era diversificada – Haviam muitas “tribos” existentes em
Éfeso naquele contexto histórico. A primeira era oriunda dos nativos da região.
Também existia a tribo dos descendentes direto dos Atenienses os primeiros
colonizadores da cidade. Barcley comenta que também haviam outras tribos de
gregos e de judeus.
Idolatria,
Prostituição e Violência – O templo de Ártemis
era extremamente influente na vida dos cidadãos de Éfeso não só na questão
religiosa e econômica. Mas o templo também influenciava na questão da violência
e criminalidade na cidade e também na imoralidade sexual. Os criminosos
encontravam asilo no templo. Ao estarem na iminência de sofrerem algum revés
por seus atos criminosos eles corriam para o templo e lá encontravam um lugar
que não podiam ser tocados, ou seja, encontravam um porto seguro. Além da
questão de se tornar asilo para criminosos, o templo também era reduto de
imoralidade e perversão. Naqueles dias existiam centenas de sacerdotisas que
viviam no templo e que na verdade eram prostitutas cultuais. Barclay comenta
sobre a triste de um dos filósofos mais populares grego, Heráclito, que ao se
deparar com a realidade de Éfeso chora e faz o comentário de que ninguém
poderia viver em Éfeso, como ele tinha feito, sem deixar de chorar todo o tempo
pela degeneração e a corrupção que imperavam na cidade. Heráclito por isso
ganhou o apelido de “o chorão”.
O
evangelho chega a Éfeso - “A igreja em Éfeso aparentemente foi fundada por dois cristãos de
destaque, Áquila e Priscila. Junto com Paulo eles tinham vindo de Corinto a
Éfeso (At 18.18), e permaneceram ali depois de Paulo viajar a Antioquia. Dois
ou três anos depois Paulo voltou à cidade e pregou e ensinou o evangelho por
dois anos. Seu trabalho em Éfeso se tornou o centro de evangelismo por toda a
província da Ásia, já que não evidências de que Paulo tenha visitado outras
cidades da Ásia (At 19.10). Mais tarde o trabalho em Éfeso foi levado avante por
Timóteo, o companheiro de Paulo (1Tm 1.3); e, de acordo com as tradições de
Irineu e Eusébio, pelo apóstolo João depois da morte de Paulo. Éfeso era sem
dúvida alguma uma das cidades a que Paulo escreveu sua carta circular que nós
chamamos Éfesios. Inácio, bispo de Antioquia, escreveu nos primeiros anos do
segundo século sua primeira e também mais longa carta aos efésios, que ele
elogia por sua unidade e conduta cristã irrepreensível, e por viverem em amor e
harmonia soba a liderança de seu bispo, Onésimo.”[3]
(Ladd, pg.30)
“ESCREVE AO ANJO DA IGREJA EM ÉFESO...” (verso 1)
A
expressão “Ao anjo
escreve...” é extraída dos textos de Ap
1.20 e também em Ap 2.1; 2.8; 2.12; 2.18; 3.1; 3.7; 3.14. Existem muitas
especulações sobre o significado da palavra “anjo” usada pelo apóstolo João nos
textos acima citado.
A
palavra grega “aggelos” que é traduzida por anjo em nossas versões bíblicas podem possuir
pelo menos dois significados. O primeiro pode ser literalmente anjo, ou seja,
um ser celestial que é conceituado pela Bíblia como espíritos ministradores que
estão sobre as ordens de Deus para servirem a seus propósitos (Hb 1.14). O
segundo pode significar um mensageiro, neste caso, um ser humano que está
incumbido de transmitir uma mensagem.
Os
estudiosos não são unânimes quanto a interpretação para utilização da palavra
usada por João. Para ser muito sincero com os irmãos a percepção que tenho ao
ler os comentários destes irmãos é que eles explanam as possíveis
interpretações emanadas ao longo da história da igreja, mas que não emitem sua
opinião pessoal acerca da interpretação da palavra.
Porém,
alguns conceituados estudiosos tais como: John MacArthur Jr., Hernandes Dias
Lopes, Augustus Nicodemos são categóricos em afirmar que a palavra se refere ao
pastor de cada uma das igrejas locais aos quais Jesus estava direcionando as
cartas.
As
cartas que Jesus direciona as sete igrejas da Ásia Menor possuem aspectos
específicos de cada uma daquelas igrejas. As cartas também servem como
orientação a igreja de Cristo de todos os tempos.
Essas
cartas são direcionadas aos pastores devido eles serem os responsáveis diante
de Deus por cada um daqueles rebanhos. O texto bíblico de Hebreus nos revela
esse ensinamento: "Obedecei a vossos líderes, sendo-lhes submissos, pois eles
estão cuidando de vós, como quem há de prestar contas; para que o façam com
alegria e não gemendo, pois isso não vos seria útil." (Hebreus 13.17)
Partindo
desse pressuposto de autoridade estabelecido por Deus muitos pastores manejando
versos como o citado tornam-se verdadeiros déspotas e acabam oprimindo o
rebanho do Senhor contrariando uma orientação bíblica expressa dada pelo
apóstolo Pedro: “Portanto,
suplico aos presbíteros que há entre vós, eu que sou presbítero com eles,
testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será
revelada: "pastoreai o rebanho de Deus que está entre vós, cuidando dele
não por obrigação, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por
interesse em ganho ilícito, mas de boa vontade;" nem como dominadores dos
que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. Quando o Supremo
Pastor se manifestar, recebereis a imperecível coroa da glória”. (1 Pedro
5:1-4)
Por
outro lado, muitos irmãos esquecem que quem constitui um pastor sobre a liderança
de uma igreja é o Senhor da igreja, ou seja, o próprio Senhor Jesus. Muitos
irmãos acabam confundindo o procedimento amoroso, educado, bondoso com
fraqueza. Acabam trazendo um peso a vida do pastor e de sua família levando-os
a pastorear o rebanho não por prazer, mas por obediência ao Senhor que ali os
colocou.
A
sabedoria bíblica é bem clara enquanto a vontade de Deus para a direção de sua
igreja. Jesus é o verdadeiro Pastor da igreja, porém suas ordens e orientações
para sua noiva é direcionada aquele a quem Ele constituiu bispo sobre o rebanho
d’Ele, ou seja, o pastor local, que aos olhos de Deus é um auxiliar de Jesus, o
verdadeiro pastor da igreja.
A
função do pastor é transmitir a igreja a orientação de Jesus para o seu
rebanho. Vale destacar que tanto o pastor, tanto o rebanho, precisam ser
submissos a vontade de Jesus. Sendo assim alguns desafios são estabelecidos.
O
desafio do pastor é buscar intensamente a presença de Deus afim de que em Deus
ele consiga ouvir e discernir a vontade de Deus para o seu povo, guia-lo dentro
da Palavra de Deus, da sã doutrina que foi transmitido pelos apóstolos de
Jesus. Essa é a orientação paulina: “O que ouviste de mim, diante de muitas
testemunhas, transmite a homens fiéis e aptos para também ensinarem a outros”
(2 Timóteo 2.2) Um verdadeiro pastor tem a
difícil (se encarada de forma carnal impossível) de ser um sucessor dos
apóstolos e ser um guardião da sã doutrina afim de que o rebanho não se desvie
da Palavra de verdade.
O
desafio do rebanho é se unir ao pastor e ser obediente a este a quem o Senhor
deu autoridade para pastorear o rebanho. Isto é, quando este pastor é alguém
que dá testemunho com sua vida de que é digno de confiança e cumpre os
requisitos descritos pela Palavra de Deus das qualidades exigidas de um
ministro do evangelho de Jesus. Qual é a dificuldade em se permitir ser
pastoreado, conduzido a vontade de Deus através da vida deste pastor?
Quando
pastor e rebanho se submetem ao Supremo Pastor a vontade de Deus é estabelecida
e o fardo se torna leve e o jugo se torna suave (Mateus 11.28). Minha sincera
oração é que nosso rebanho continue submisso a vontade de seu Supremo Pastor!
“ASSIM DIZ AQUELE QUE TEM AS SETE ESTRELAS NA MÃO DIREITA E ANDA
NO MEIO DOS SETE CANDELABROS DE OURO” (Verso 1)
Jesus
se apresenta como aquele que possui o pleno controle e poder sobre as “Sete
Estrelas” - O verso vinte do primeiro capítulo do livro nos explica que as sete
estrelas são uma referência aos líderes da igreja e o mesmo verso explica que
os “Sete candelabros de Ouro” são uma referência as sete igrejas. O número sete
na Bíblia possui uma simbologia de totalidade, de plenitude. Sendo assim Jesus
está dizendo que Ele possui pleno controle sobre sua igreja, Ele é o verdadeiro
líder de sua igreja e que está sempre presente no meio dela tomando
conhecimento de seu procedimento, de suas obras.
Vale
destacar o fato de que Jesus diz segurar em suas mãos o controle de nossas
vidas. É extremamente reconfortante saber que Jesus nos tem nas palmas de suas
mãos e nada e ninguém pode nos tirar de lá. Estamos seguros pois sabemos que
nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso
Senhor.
“CONHEÇO TUAS OBRAS, TEU TRABALHO E TUA PERSEVERANÇA. SEI QUE QUE
NÃO SUPORTAS OS MAUS E QUE PUSESTE À PROVA OS QUE SE DIZEM APÓSTOLOS, MAS NÃO
SÃO, E DESCOBRISTE QUE SÃO MENTIROSOS. TENS PERSERADO E SOFRESTE POR CAUSA DO
MEU NOME; E NÃO TE DESANIMASTE” (versos 2 e 3)
Por
estar presente na vida de sua igreja, Jesus pode afirmar que conhece a obra dos
irmãos, conhece a vida dos irmãos. Por esse motivo devemos estar alertas e
vigilantes. Tendo consciência de que Ele tem conhecimento de os nossos
procedimentos, não somente procedimentos, mas também conhece os desejos do
nosso coração. Todos um dia estaremos diante d’Ele iremos prestar contas de
nossas vidas e devemos ter a convicção plena de que nada poderemos esconder de
sua pessoa. A reflexão válida diante deste fato é: Quais serão as obras que Ele
está presenciando de cada um de nós?
Era
comum no mundo antigo pregadores itinerantes se serem recebidos nas igrejas e
compartilharem ensinos. Todavia, as igrejas possuíam uma recomendação de Paulo
para “examinar os espíritos” que significava que os irmãos precisavam analisar
se o ensino estava de acordo com a sã doutrina. Jesus diz que os irmãos em
Éfeso permaneceram fiéis a sã doutrina e que por isso chegaram a sofrer,
pagaram um preço por se manterem fiéis. O Senhor relata que estes falsos
apóstolos eram mentirosos. Desde daqueles dias a igreja luta para manter-se fiel
a sã doutrina. Por isso devemos zelar e sempre ouvir a voz do pastor da igreja
que é o responsável diante de Deus de orientar o rebanho na sã doutrina. Sempre
irão surgir modas, ventos de doutrina, criados por falsos mestres com intuito
de desviar o povo de Deus da sã doutrina.
“TENHO CONTRA TI, PORÉM, O FATO DE QUE DEIXASTE O TEU PRIMEIRO
AMOR. LEMBRA-TE DE ONDE CAÍSTE, ARREPENDE-TE E VOLTA ÁS OBRAS QUE PRATICAVAS NO
PRINCÍPIO. SE NÃO TE ARREPENDERES, LOGO VIREI CONTRA TI E TIRAREI O TEU
CANDELABRO DO SEU LUGAR.” (VERSOS 4 E 5)
Jesus
faz uma exortação a igreja dizendo que eles ao enfrentarem lutas contra os
falsos mestres acabaram se esfriando na fé. Aqueles irmãos acabaram tendo boa
doutrina, mas seu relacionamento com o Senhor se tornou frio e sem vida. A
orientação que vem jungida a exortação é para aquele fizessem uma retrospectiva
em sua memória e lembrassem onde perderam o prazer da comunhão com o Senhor. O
desejo de Jesus é que eles pudessem ter um diagnóstico do que os afastou e o
que os afastava da presença d’Ele. Tomando conhecimento disso pudessem se
arrepender e novamente tornarem a se relacionar com Ele de forma saudável e
apaixonada.
“Há uma solene advertência à igreja, caso ela não se arrependa.
Jesus disse: ”e, se não, venho a ti e removerei do seu lugar o candeeiro”
(2:5). Candeeiro é feito para brilhar. Se ele não brilha, ele é inútil,
desnecessário. A igreja não tem luz própria. Ela só reflete a luz de Cristo.
Mas, se não tem intimidade com Cristo, ela não brilha; se ela não ama, não brilha,
porque quem não ama está nas trevas. John Stott afirma que nenhuma igreja tem
lugar seguro e permanente neste mundo. Ela está continuamente sendo julgada. O
juízo começa na casa de Deus. Antes de julgar o mundo, Jesus julga a igreja. A
igreja de Éfeso deixou de existir. A cidade de Éfeso deixou também de existir.
Hoje, só existem ruínas e uma lembrança de uma igreja que perdeu o tempo da sua
visitação”. (Hernandes Dias Lopes, pg. 72)
“MAS TENS A TEU FAVOR QUE ODEIAS AS OBRAS DOS NICOLAITAS, AS QUAIS
EU TAMBÉM ODEIO”. (verso 6)
Os
nicolaítas eram um grupo de cristãos que ensinavam de forma herética falsas
doutrinas. Eles ensinavam que era lícito relações sexuais antes e fora do
casamento, ensinavam também que era possível comer comidas sacrificada aos
ídolos. Hernandes Dias Lopes faz um comentário interessante dizendo que eles
queriam viver o melhor dos aspectos da vida cristã e o melhor da vida mundana.
A igreja de Éfeso perseverou na sã doutrina e não permitiu que esses falsos
crentes carnais pudessem proliferar em seu meio esses ensinos heréticos.
N.T.Wright
aconselha em sua obra comentando a perícope: “... O ponto principal que podemos extrair dessa menção aos
“nicolaítas” é que a Igreja deve estar sempre atenta a indivíduos ou grupos que
tentam ensinar novas ideias estranhas ou introduzir novas práticas estranhas.
Isso não significa que Deus nunca tenha coisas novas para a Igreja aprender.
Longe disso! Mas essas coisas novas virão de um estudo da escritura cheio de
oração e repleto do espírito, e não por mera inovação”.[4]
“QUEM TEM OUVIDOS OUÇA O QUE O ESPÍRITO DIZ ÀS IGREJAS. AO QUE
VENCER, EU LHE PERMITIREI COMER DA ÁRVORE DA VIDA, QUE ESTÁ NO PARAÍSO DE DEUS”.
(verso 7)
A semelhança dos oráculos contidos no Antigo Testamento o apóstolo
João recebe do Espírito Santo uma incumbência de revelar a vontade de Deus e
exortar aos cristãos não somente daquele tempo presente, mas de todos os
tempos, a ouvir e praticar o que o profeta estava revelando da parte do Senhor
Jesus.
Todas
as sete cartas terminam com uma promessa ao vencedor. Todavia, vale ressaltar
que não há vitória sem luta, sem guerra. A vida cristã é um palco de guerra. Tomemos
o exemplo da figura do soldado e sua armadura utilizada pelo apóstolo Paulo em
sua carta aos Efésios no capítulo seis para nos ensinar acerca das armas
espirituais. O apocalipse revela como os dias serão maus e como será difícil se
manter fiel, mas o texto profético também revela a vitória de Jesus e junto a
Ele todo aquele que for fiel até a morte, em alguns casos sendo necessário
selar seu testemunho com a própria vida. Osborne diz ser uma das mais
importantes mensagens do livro o desafio de ser um “vencedor”. Ele relata que o
apóstolo João está se utilizando de uma metáfora esportiva e militar, que
conota superioridade e vitória sobre um inimigo subjugado
Ao
vencedor será dado de comer da árvore da vida. Adolf Pohl comenta que
provavelmente exista um contraste entre a comunhão com o verdadeiro Deus e os
ídolos pagãos. No mundo antigo muitas vezes a comunhão é acompanhada de
banquetes envolvendo comida. Os nicolaítas eram conhecidos pelo incentivo ao
consumo de comida sacrificada aos ídolos. A árvore da vida será dada por
consumo para todo aquele que permanecer fiel ao Senhor Jesus que possui
autoridade dada por Deus para dar acesso ao paraíso de Deus, um lugar ao qual
Deus irá restaurar os padrões iniciais do Éden.
Grant
R. Osborne faz uma aplicação teológica extraordinária. Ele faz um link entre à
arvore da vida com a cruz (madeira extraída de uma árvore) em que Jesus foi
crucificado possibilitando a humanidade seu retorno ao paraíso de Deus para
poder novamente se alimentar da árvore da vida. Uma vez que após a queda a humanidade foi impedida de continuar a se
alimentar do fruto da árvore da vida.
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO:
A
igreja de Éfeso teve êxito em enfrentar as ameaças doutrinárias e os falsos
mestres de seus dias. Lutou em prol da sã doutrina e preservou o bom deposito
que havia recebido da parte do Senhor. Isso nos serve de bom exemplo. Nossos
dias ainda são mais desafiadores ainda pela facilidade de disseminação através
principalmente das redes sociais. A internet deu voz também para muita gente
totalmente sem bom senso e preparo. A semelhança dos irmãos que permaneceram
firmes na sã doutrina precisamos nos esforçar em cada vez mais buscar ao Senhor
e estudar a sua Palavra.
[1]
GORMAN,
Michael J. Lendo Apocalipse com responsabilidade: testemunho
e adoração incivil: seguindo o Cordeiro rumo à nova criação. Rio de
Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2022, pg. 15.
[2] HALE, Broadus David. Introdução ao Novo Testamento. Rio de
Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1983, pg. 432
[3] LADD, George Eldon. Apocalipse:
Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980, pg. 30.
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