quarta-feira, 22 de outubro de 2025

5ª AULA – JESUS CRISTO E A MITOLOGIA: RUDOLF BULTMANN

 


Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2025.

INSTITUTO BÍBLICO EFATÁ

MÓDULO DE TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA

5ª AULA – JESUS CRISTO E A MITOLOGIA: RUDOLF BULTMANN

PROFESSOR – PR. ROBERTO DA SILVA MEIRELES RODRIGUES

QUEM FOI RUDOLF BULTMANN:

·         Teólogo protestante alemão (1884-1976), especialista em Novo Testamento.

·         Embora tenha sido formado no ambiente da teologia liberal, desenvolveu uma postura crítica em relação a ele.

·         Influenciado por correntes filosóficas existencialistas, especialmente pela filosofia de Martin Heidegger.

DEMITOLOGIZAÇÃO:

·         Bultmann argumenta que a linguagem do Novo Testamento é impregnada de *mitos* (ou seja, de formas de expressão míticas) que pertencem a uma cosmovisão antiga, que já não faz sentido para a mentalidade moderna.

·         O objetivo é reinterpretar o sentido desses mitos para que eles possam se comunicar de modo relevante hoje, recuperando o que há de essencial por trás deles.

JESUS HISTÓRICO vs CRISTO PROCLAMADO:

·         Bultmann minimiza a busca pelo “Jesus histórico” (isto é, reconstruir com certeza todos os eventos da vida de Jesus segundo os critérios históricos modernos), dizendo que há limitações nessa abordagem.

·         Ele considera que o que importa para a fé cristã é o *Cristo proclamado*, o que o texto bíblico diz de Jesus como figura de revelação, morte, ressurreição, etc., mais do que todos os detalhes históricos questionáveis.

A MORTE NA CRUZ COMO ÚNICO EVENTO HISTORICAMENTE INCONTESTÁVEL:

·         De fato, no capítulo é mencionado que, para Bultmann, o evento da cruz é o ponto central a partir do qual não se pode duvidar da historicidade — ou seja, ele considera que a morte de Cristo como evento histórico é algo seguro.

·         A partir desse evento, somos chamados a decidir em que posição ficar diante dessa revelação.

LINGUAGEM DE FÉ COMO ENCONTRO EXISTENCIAL:

·         Bultmann coloca a existência humana — os “problemas existenciais” do eu — no centro da hermenêutica: a fé não é trato de assentimento intelectual a proposições, mas encontro transformador.

·         A interpretação bíblica deve considerar o “aqui e agora” da pessoa, aquilo que ela vive, aquilo que a angústia existencial aponta.

REVELAÇÃO E ATUAÇÃO OCULTA DE DEUS:

·         Deus para Bultmann não age enquanto espetáculo ou de maneira empírica que possa ser captada como intervenções miraculosas visíveis necessariamente, mas sim de modo que exige fé — a ação de Deus é algo que se encontra no “evento revelatório”, mais do que em manifestações sobrenaturais no sentido de intervenção espetacular;

·         Isso está ligado à demitologização: reinterpretar milagres, preexistência, nascimento virginal etc., como expressões simbólicas ou míticas que apontam para realidades existenciais espirituais.

PONTOS DE TENSÃO E CRÍTICA:

·         Alguns críticos afirmam que, ao demitologizar muito, Bultmann pode enfraquecer a dimensão objetiva da fé cristã — aquilo que historicamente ocorreu, o testemunho concreto, os milagres. A tensão é: como manter significado da revelação sem reduzir tudo a símbolos ou linguagem subjetiva?

·         Outra crítica é que fundamentar tanto na existência humana (na angústia, na existência) pode tornar Deus dependente da subjetividade humana, ou tornar a fé algo demasiado individual e menos comunitário ou menos doutrinário;

IMPORTÂNCIA PARA TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA:

·         Bultmann é visto como uma figura chave para entender o modo como a fé cristã tentou dialogar com o pensamento moderno, especialmente com o ceticismo, com a ciência, com as mudanças culturais;

·         A proposta dele de desmitologização teve impacto forte em como se interpreta o Novo Testamento, influenciando teólogos posteriores que buscam manter relevância para a modernidade sem abandonar a fé;

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