Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2025.
INSTITUTO BÍBLICO EFATÁ
MÓDULO DE TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
5ª AULA – JESUS CRISTO E A MITOLOGIA:
RUDOLF BULTMANN
PROFESSOR – PR. ROBERTO DA SILVA
MEIRELES RODRIGUES
QUEM FOI RUDOLF BULTMANN:
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Teólogo protestante alemão (1884-1976),
especialista em Novo Testamento.
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Embora tenha sido formado no ambiente da
teologia liberal, desenvolveu uma postura crítica em relação a ele.
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Influenciado por correntes filosóficas
existencialistas, especialmente pela filosofia de Martin Heidegger.
DEMITOLOGIZAÇÃO:
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Bultmann argumenta que a linguagem do Novo
Testamento é impregnada de *mitos* (ou seja, de formas de expressão míticas)
que pertencem a uma cosmovisão antiga, que já não faz sentido para a
mentalidade moderna.
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O objetivo é reinterpretar o sentido
desses mitos para que eles possam se comunicar de modo relevante hoje,
recuperando o que há de essencial por trás deles.
JESUS HISTÓRICO vs CRISTO PROCLAMADO:
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Bultmann minimiza a busca pelo “Jesus
histórico” (isto é, reconstruir com certeza todos os eventos da vida de Jesus
segundo os critérios históricos modernos), dizendo que há limitações nessa
abordagem.
·
Ele considera que o que importa para a fé
cristã é o *Cristo proclamado*, o que o texto bíblico diz de Jesus como figura
de revelação, morte, ressurreição, etc., mais do que todos os detalhes
históricos questionáveis.
A MORTE NA CRUZ COMO ÚNICO EVENTO
HISTORICAMENTE INCONTESTÁVEL:
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De fato, no capítulo é mencionado que,
para Bultmann, o evento da cruz é o ponto central a partir do qual não se pode
duvidar da historicidade — ou seja, ele considera que a morte de Cristo como
evento histórico é algo seguro.
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A partir desse evento, somos chamados a
decidir em que posição ficar diante dessa revelação.
LINGUAGEM DE FÉ COMO ENCONTRO
EXISTENCIAL:
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Bultmann coloca a existência humana — os
“problemas existenciais” do eu — no centro da hermenêutica: a fé não é trato de
assentimento intelectual a proposições, mas encontro transformador.
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A interpretação bíblica deve considerar o
“aqui e agora” da pessoa, aquilo que ela vive, aquilo que a angústia
existencial aponta.
REVELAÇÃO E ATUAÇÃO OCULTA DE DEUS:
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Deus para Bultmann não age enquanto
espetáculo ou de maneira empírica que possa ser captada como intervenções
miraculosas visíveis necessariamente, mas sim de modo que exige fé — a ação de
Deus é algo que se encontra no “evento revelatório”, mais do que em
manifestações sobrenaturais no sentido de intervenção espetacular;
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Isso está ligado à demitologização:
reinterpretar milagres, preexistência, nascimento virginal etc., como
expressões simbólicas ou míticas que apontam para realidades existenciais
espirituais.
PONTOS DE TENSÃO E CRÍTICA:
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Alguns críticos afirmam que, ao
demitologizar muito, Bultmann pode enfraquecer a dimensão objetiva da fé cristã
— aquilo que historicamente ocorreu, o testemunho concreto, os milagres. A
tensão é: como manter significado da revelação sem reduzir tudo a símbolos ou
linguagem subjetiva?
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Outra crítica é que fundamentar tanto na
existência humana (na angústia, na existência) pode tornar Deus dependente da
subjetividade humana, ou tornar a fé algo demasiado individual e menos
comunitário ou menos doutrinário;
IMPORTÂNCIA PARA TEOLOGIA
CONTEMPORÂNEA:
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Bultmann é visto como uma figura chave
para entender o modo como a fé cristã tentou dialogar com o pensamento moderno,
especialmente com o ceticismo, com a ciência, com as mudanças culturais;
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A proposta dele de desmitologização teve
impacto forte em como se interpreta o Novo Testamento, influenciando teólogos
posteriores que buscam manter relevância para a modernidade sem abandonar a fé;

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