Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2025.
INSTITUTO BÍBLICO EFATÁ
MÓDULO DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
5ª AULA – A TEOLOGIA DE ATOS DOS
APÓSTOLOS
PROFESSOR – PR. ROBERTO DA SILVA
MEIRELES RODRIGUES
INTRODUÇÃO:
O livro de Atos dos Apóstolos tem
como objetivo fornecer ao estudioso um esboço confiável da Igreja desde seus
primeiros passos, iniciando em Jerusalém, até a o ápice com o principal
personagem que é Paulo, outrora Saulo de Tarso. O livro também se propõe a
apresentar a narrativa de como o evangelho chegou até a principal cidade do
Império Romano, Roma.
O texto escrito de forma minuciosa
por Lucas relata como era vida dos cristãos primitivos e também o conteúdo da
pregação dos mesmos. Também relata a expansão missionária da igreja
principalmente após a conversão de Saulo que se tornou o principal expoente da
expansão missionária daquele momento histórico, e talvez, por que não dizer, da
história da igreja.
Os sermões registrados de Pedro,
Estevão e Paulo nos fornecem uma gama de informações para que seja possível
analisar as crenças que a igreja chamada primitiva nutria e defendia em sua
prática cristã.
Lucas é um habilidoso escritor que
com muita maestria relata suas experiências pessoais e também registros
históricos de seu companheiro Paulo, o apóstolo. Na introdução de seu evangelho
ele nos relata esta afirmação: “que os
precisaram desde o princípio e foram ministros da palavra”. (Lucas 1.2)
O estudioso do Novo Testamento,
George Eldon Ladd, em sua Teologia do Novo Testamento, conclui: “Concluímos, assim, que podemos usar os
primeiros capítulos de Atos como uma fonte confiável para a teologia da igreja
em Jerusalém. Isso não requer, de nossa parte, o reconhecimento de que os
sermões que Lucas registra sejam narrativas literais; são muito resumidos para
permitirem essa conclusão. Também não devemos ter dúvidas no sentido de afirmar
que Lucas seja o autor desses sermões em sua forma presente. Podemos,
entretanto, aceitar a conclusão de que eles são resumos breves, porém precisos,
da pregação primitiva dos apóstolos. Fica claro também que Lucas não é um
historiador crítico no sentido moderno da palavra. Ele é altamente seletivo nos
eventos que relata; introduz fatos importantes sem quaisquer explicações
(11.30); seus personagens aparecem e desaparecem de cena de modo frustrante
(12.17). No entanto, todo escrito histórico real deve envolver seleção e
interpretação, e Lucas seleciona das fontes de informação que estavam
disponíveis, tanto na escrita quanto oral, e seleciona aqueles fatos que lhe
pareceram ser os eventos mais importantes, para traçar a extensão da Igreja,
desde uma pequena comunidade judaica em Jerusalém até uma congregação gentílica
na cidade que era a capital do Império Romano.”[1]
A RESSURREIÇÃO DE JESUS
A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO:
Os discípulos de Jesus se apegaram
firmemente a esperança do estabelecimento do Reino de Deus dentro de um curto
período de tempo. Algumas porções das Escrituras Sagradas nos permitem concluir
este pensamento. “Naquele momento os
discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: "Quem é o maior no Reino dos
céus? "(Mateus 18.1) “Eles responderam: "Permite que,
na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda".
(Marcos 10.37) “Então os que estavam reunidos lhe
perguntaram: "Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel?
"(Atos 1.6)
É bem claro nos textos a esperança dos discípulos que fosse restaurado em
Israel um reino Teocrático.
Quando o Senhor Jesus foi preso, e
sentenciado a morte de cruz os discípulos simplesmente o abandonaram. Muitos
estudiosos do Novo Testamento alegam que eles abandonam Jesus por sua esperança
estar muito arraigada no estabelecimento novamente do reino de Davi neste tempo
presente. “A morte de Jesus significou a
morte de suas esperanças. A vinda do Reino fora um sonho perdido, aprisionado
no túmulo junto com o corpo de Jesus... Por definição, o Messias deveria ser um
soberano que reinaria, não um criminoso crucificado”. [2]
Todavia,
em poucos dias, os frustrados discípulos se levantaram cheios de vida e
esperança para proclamar uma nova mensagem. Afirmavam que Jesus era de fato Messias
(Atos 2.36), que seu sofrimento e sua morte estavam de acordo com a vontade de
Deus para o cumprimento de seu Plano Eterno, mesmo que os assassinos fossem
indesculpáveis perante o Senhor, pois haviam assassinado o autor da vida. (Atos
2.23; 3.15). E no ápice do seu discurso estava a conclusão de que foi através
da morte desse Jesus que o Senhor Deus oferecia a humanidade caída a
possibilidade de arrependimento e perdão para os pecados. (Atos 3.21)
A Bíblia nos apresenta que a causa
dessa transformação radical de suas posturas e mensagens sejam a ressurreição
de Jesus. A ressurreição de Jesus dentre os mortos mudou todo cenário e
devolveu aos discípulos a esperança e a convicção de Jesus era de fato o
Messias tão esperado, prometido pelos profetas.
O cerne do discurso de Pedro estava
baseado na ressurreição de Jesus e não em seus sublimes ensinamentos, em suas
curas extraordinárias ou em sua vida incontaminável. Não mesmo. A base para o
discurso de Pedro era o fato de que Jesus ressuscitou dentro os mortos e Deus o
exaltou sobre maneira dando-lhe o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus todo joelho se sobre e toda língua confesse que Ele é o Senhor
para a glória de Deus Pai. (Filipenses 2.9-11)
A
função principal dos apóstolos não era dominar ou governar, mas serem
testemunhos da ressurreição de Jesus. Alguns textos são claros ao servir de
base sólida para esta construção de pensamento. O sucessor de Judas deveria ser
alguém foi participante e testemunha da ressurreição de Jesus. (Atos 1.22) Os
primeiros sermões o tema central deles era a ressurreição (Atos 3.14,15) Foi o
testemunho oficial da ressurreição que incitou os líderes religiosos contra os
apóstolos. (Atos 4.1,2; 5.31,32)
“Em
suma, o cristianismo primitivo não consistia de uma nova doutrina sobre Deus
nem de uma nova esperança de imortalidade, nem mesmo de novas perspectivas
teológicas a respeito da natureza da salvação. Consistia do recital de um
grande evento, de um poderoso ato de Deus: a ressurreição de Cristo dentre os
mortos. Quaisquer novas ênfases surgidas na teologia representam o significado
inevitável desse ato redentor de Deus, ao ressuscitar dentre os mortos o Jesus
Crucificado.”[3]
O FATO DA RESSURREIÇÃO:
“Se
não há ressurreição dos mortos, então nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se
Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé
que vocês têm. (1 Coríntios 15.13,14)
A ressurreição de Jesus foi um fato
histórico e não algo mítico ou existencial. A Bíblia nos garante através de
testemunhos oculares que Jesus que estava morto foi ressuscitado dentre os
mortos pelo poder de Deus. Toda a fé cristã não está baseada em erudição de
seus ensinos, não está baseada em seus princípios e valores, mas no fato de que
Jesus ressuscitou dentre os mortos abrindo a possibilidade para que todas as
demais coisas acontecessem.
Não foi a fé dos discípulos que deu
origem a ressurreição. Foi à ressurreição que deu origem a fé dos discípulos.
Neste caso, a ordem dos fatores altera completamente o produto.
A NATUREZA DA RESSURREIÇÃO:
Jesus ressurgiu dentre os mortos em
seu próprio corpo. Todavia, este corpo foi glorificado. O corpo que seria
possível somente na Eternidade, no que a Bíblia nos ensina como “O dia do
Senhor”, teve esse evento antecipado e apresentado pela pessoa de Jesus em sua
ressurreição.

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