domingo, 9 de novembro de 2025

Uma confiança inabalável em Deus - Salmos 46

 


Rio de Janeiro, 09 de novembro de 2025.

Reflexões de Domingo

Tema – Uma confiança inabalável em Deus.

Texto – Salmos 46

Introdução:

·         O contexto histórico em que este salmo foi escrito é impreciso;

·         Allan Harman um estudioso em seu comentário editado pela Cultura Cristã pontua que o salmo pode ter sido escrito por ocasião histórica da batalha de 2 Cr.20. Texto onde revela que Judá estava sendo ataca pelos moabitas e os amonitas. O texto diz que Josafá teve medo e convocou o povo para orar e jejuar buscando a direção do Senhor. Então o Espírito do Senhor se apossou de Jaaziel, um dos descendentes de Asafe, e disse o seguinte: “Dai ouvidos, todo o Judá, e vós moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafá. Assim diz o Senhor: Não temais, nem vos assusteis por causa dessa grande multidão, porque a luta não é vossa, mas de Deus.” (2 Cr.20.15)

·         Neste Salmo o salmista canta a vitória que o Senhor concede a Judá.

·         O Salmo 46 é um cântico de confiança — um hino de fé que se ergue em meio ao colapso das estruturas da terra e das nações. É um salmo que tem consolado o povo de Deus em todas as épocas, inspirando inclusive Martinho Lutero a compor o famoso hino “Castelo Forte é o Nosso Deus”.

·         Derek Kidner o chama de 'um cântico de confiança triunfante em meio à catástrofe' — um hino que declara a presença de Deus como o verdadeiro refúgio quando o mundo desaba.

·         Charles Spurgeon o descreve como 'a canção da fé que canta em meio às ruínas', onde a alma crente não teme porque o Senhor está presente.

·         A necessidade de recebermos do Senhor essa Palavra para o nosso coração: o mundo está um caos, mas o Senhor continua Soberano e cuidando do seu povo!

 

1º APONTAMENTO – DEUS É O NOSSO REFÚGIO NO CAOS DA CRIAÇÃO (1-3)

O salmista inicia com uma confissão teológica e existencial. Segundo C. Hassell Bullock, o Salmo 46 proclama “a segurança do povo de Deus em um mundo ameaçado pelo colapso cósmico”. A linguagem de montes que se abalam e mares que rugem representa a dissolução das estruturas que sustentam a ordem criada — ou seja, o colapso do que é mais estável.

Christopher Ash observa que o salmo começa com “Deus” — não com o medo. O foco do salmista é teocêntrico, não antropocêntrico. O caos não é negado, mas subjugado pela presença divina.

Bruce Waltke destaca que a expressão “refúgio e fortaleza” evoca a imagem de cidadelas seguras — a ideia de que Deus é não apenas abrigo momentâneo, mas fortaleza permanente e inexpugnável.

Mesmo quando as “montanhas” — símbolos daquilo que consideramos inabalável — são removidas, a fé descansa não na estabilidade da terra, mas na fidelidade de Deus.

2º APONTAMENTO – DEUS É O RIO QUE TRAZ PAZ NO MEIO DAS NAÇÕES (4-7)

Enquanto o povo de Deus buscou a Deus e foi fiel a Deus, eles puderam desfrutar dos rios de águas vivas que jorra na cidade onde o Senhor havia estabelecido seu nome (templo de Jerusalém). Porém, quando o povo parou de buscar e confiar no Senhor eles experimentaram o cativeiro e a dor;

O verso seis o salmista diz que o mundo pode estar com o caos instaurado, mas os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, não se abalam, mas permanecem para sempre.

O Salmista aqui usa o nome “Senhor dos Exércitos” para se referir ao Senhor, evocando o Deus que fez a aliança com os Patriarcas. Trazendo a memória as promessas de Deus feitas em sua aliança.

James M. Houston interpreta essa transição como a passagem da ameaça exterior para a presença interior de Deus. Enquanto o mundo ruge, a cidade de Deus permanece alegre porque Deus está no meio dela.

Spurgeon comentou: “O Senhor é para o Seu povo o que o rio é para uma cidade: refrescante, fertilizante e purificador.”

Kidner nota que o “rio” contrasta com os “mares” dos versículos anteriores: o mar é caos, o rio é comunhão. Ele simboliza a presença sustentadora de Deus no coração da Sua cidade. C

hristopher Ash acrescenta que o salmista está antecipando a habitação de Deus entre o Seu povo — algo que se cumpre plenamente em Cristo, o Emanuel (“Deus conosco”).

A presença de Deus não elimina o conflito, mas traz paz dentro do conflito.

3º APONTAMENTO – DEUS É SOBERANO SOBRE A HISTÓRIA (8-11)

O convite pode ter um viés duplo: o primeiro para o povo de Deus a confiar no Senhor, nos lembrando do que o Senhor já havia realizado no passado em favor de seu povo; o segundo é para os invasores repensarem se de fato estavam desejosos a invadirem Jerusalém e ter que encarar o Deus de Israel que é o Deus todo poderoso e todos já ouviram falar de suas obras maravilhosas.

“Aquietai-vos” – é um convite do Salmista para a verificação concreta do que o poder de Deus é capaz de fazer e realizar em favor de seu povo.

O salmista convida à contemplação — “Vinde, vede” — não mais apenas à confiança. Waltke e Bullock observam que essa estrofe apresenta a visão escatológica do domínio absoluto de Deus. Ele não apenas protege o Seu povo, mas intervém ativamente na história.

Christopher Ash diz que o verso 10 (“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”) é um chamado à rendição — não apenas à serenidade. O verbo hebraico “raphah” significa “deixai, cessai, entregai”. Spurgeon comenta: “A quietude aqui não é o silêncio da apatia, mas a calma da fé.”

CONCLUSÃO:

O refrão que sela cada estrofe é o coração do salmo: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.”

Kidner observa que este título une dois aspectos do caráter de Deus: o Deus guerreiro e o Deus de graça. Spurgeon chama esse refrão de “a âncora da alma no mar revolto”.

Aplicações práticas:

1. Diante do caos natural — Confie em Deus como seu refúgio.

2. Diante das crises sociais e políticas — Busque a presença de Deus.

3. Diante da insegurança histórica — Renda-se à soberania de Deus: “Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus.”

O Salmo 46 é o hino da alma que confia. O Deus de Jacó, o Senhor dos Exércitos, está conosco — e isso basta.

 

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