Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2025.
INSTITUTO BÍBLICO EFATÁ
MÓDULO DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
1ª AULA – JOÃO BATISTA
PROFESSOR – PR. ROBERTO DA SILVA
MEIRELES RODRIGUES
INTRODUÇÃO:
O PLANO DE FUNDO DO
SURGIMENTO DE JOÃO BATISTA:
Para dimensionar a importância do
ministério de João Batista é necessário que seja compreendido o plano de fundo de
seus dias. Pelo menos por quatro séculos, o Senhor não falava mais diretamente
por profetas com seu povo. De modo que era habitual que em Israel houvesse sempre
um profeta que conclamava o povo para um arrependimento pelos seus maus
caminhos, exortando ao povo acerca da razão pelo qual a nação estava passando
por uma opressão.
Enfim,
a funcionalidade do profeta se dava em ser porta voz de uma mensagem da parte
de Deus para o seu povo, visando-os direcionar a sua vontade.
Com esse silêncio da parte de Deus.
Os líderes religiosos tentavam de alguma forma entender qual era a vontade de
Deus. Dentro desta perspectiva. Duas correntes de vida religiosa se instauraram
entre a liderança religiosa.
Ao
explicar o assunto o estudioso do Novo Testamento George Eldon Lad comenta: “Em lugar da voz viva da profecia, houve
duas correntes de vida religiosa, ambas derivadas de uma mesma fonte comum: a
religião dos escribas, os quais interpretavam a vontade de Deus, estritamente
em termos de obediência à Lei escrita e interpretada por eles; e os
apocalípticos, os quais, em acréscimo à Lei, incorporavam suas esperanças de
uma salvação futura nos escritos apocalípticos usualmente colocados, em um
modelo pseudo-epigráfico.”[1]
Dentro desta perspectiva
apocalíptica surgiu uma comunidade chamada Qumran. Eles aguardavam ansiosamente
uma consumação apocalíptica. Todavia, ao invés de anunciarem sua perspectiva acerca
da consumação apocalíptica eles se isolaram no deserto se esquivando de uma
possível “missão” de preparar o povo para o fim dos tempos em que acreditavam
ser iminente.
Possivelmente por uma falta de
direcionamento concreto. Muitas vezes surgiram movimentos de rebeliões políticas
contra Roma na tentativa de se implantar o Reino de Deus. O afã de viver sobre
somente o governo de Deus e sair da opressão de Roma levou Israel a
experimentar muitos movimentos revolucionários com esse intuito. E todos por
sua vez fracassaram. Pois hoje de forma mais clara sabemos que o Reino de Deus
não é manifestado aos homens dentro dessa perspectiva política.
Em meio a este quadro caótico
aparece João Batista. A importância de sua presença no cenário histórico de
Israel é o descortinar do plano de Deus para o seu povo. O seu discurso
demonstra isso: “É chegado o Reino dos céus...” O povo estava ansioso para se
libertar do domínio de Roma. E estar apenas sobre a Soberania de Deus. Com a
chegada de João é quebrado o silêncio de Deus. E a nação pode novamente ter um
direcionamento da parte de Deus objetivo.
O evangelista Lucas registra que o
profeta crescia e se desenvolvia. Porém, o mesmo achou o oportuno se distanciar
do centro populacional, e então foi viver no deserto. “E o menino crescia e se fortalecia em espírito; e morou no deserto até
o dia da sua aparição pública a Israel.”(Lc.1.80)
Ao
analisar a ida de João para o deserto cheguei à conclusão que: ele desejava uma
vida mais simples dentro dos padrões de seu tempo. E desejava essa vida mais
simples para poder ter um relacionamento mais profundo com o Senhor, o Deus de
Israel.
A Bíblia narra que as vestes de João
eram de pelos de camelos e ele também usava um cinto de couro. Essa era uma
referência clara ao estilo profético de seus antecessores. Basta que possamos
comparar com os seguintes textos: “Eles
lhe responderam: Era um homem que usava vestes de pelos e tinha um cinto de
couro. Então ele disse: É Elias, o tesbita.” (2 Rs. 1.8), “Naquele dia, quando profetizarem, todos os
profetas se envergonharão da sua visão; não se vestirão mais de manto de pelos
para enganar,”(Zc. 13.4)
Todo
o ministério de João apontava claramente sua ligação com os profetas do Antigo
Testamento. Seu discurso profético era idêntico aos profetas do passado. O
mesmo continha a advertência de que Deus iria intervir na história e iria
trazer juízo a Israel e que sabendo desse fato. Israel precisava se arrepender
e se voltar para o Senhor, Deus de Israel.
O DUPLO BATISMO:
A mensagem de João trouxe a
consciência da iminente irrupção divina na história da humanidade. O estudioso
do Novo Testamento George Eldon Ladd conceituou o conteúdo desse discurso como
Duplo Batismo. Um batismo seria o Batismo com o Espírito e, o outro um batismo
com fogo. (Mt. 3.11; Lc. 3.16)
Em uma análise mais cuidadosa dos
dois textos acima citados podemos concluir que João não estava discorrendo
necessariamente sobre dois batismos. Mas sim, sobre um batismo, com dois
elementos. Jesus viria e batizaria os justos com o Espírito Santo, e os ímpios com
o fogo, que nesta passagem especificamente se remete ao juízo de Deus sobre os
ímpios.
O BATISMO DE JOÃO:
O Batismo de João era um verdadeiro
chamado ao arrependimento. Não havia no ato do Batismo nenhuma conferência de
graça ou algo semelhante. O Batismo de João era uma demonstração pública de fé
que o indivíduo se arrependeu de sua vida regressa e que havia mudado de
prática de vida. Ou seja, ele agora morria para o mundo e ressurgia para
Cristo, com uma vida nova.
Era comum no Antigo Testamento a
conclamação do povo se voltar para o Senhor, retornar para os caminhos do
Senhor, pois o povo quando se afastava da presença do Senhor caia em muitos
erros e acabava se distanciando do Senhor e de sua vontade. A mensagem
profética era não só um simples arrependimento. A mensagem do profeta João era
um chamado para metanoia. Uma mudança radical.
Ladd foi feliz ao conceituar a
conversão da seguinte forma: “A conversão
significa uma volta para Lei, em obediência à vontade expressa de Deus.
Significa, portanto, a realização de boas obras. A conversão poderia ser
repetida quando alguém quebrasse os mandamentos e posteriormente voltasse a
obedecer à Lei”. [2]
A ORIGEM DO BATISMO DE JOÃO:
Não há uma concordância sobre a
origem do Batismo de João. Os estudiosos do Novo Testamento se dividem muito
sobre esta questão. Todavia, vou citar algumas tendo como desejo apenas que os
irmãos tenham ciência dos mesmos.
Batismo judaico de prosélitos
– Quando um gentio se convertia ao judaísmo, ele precisava se batizar (um banho
ritualístico), realizar a circuncisão e oferecer sacrifícios. Existem algumas
semelhanças do batismo de João com o batismo dos prosélitos. O candidato era
imerso ou imergia-se completamente na água. Os dois batismos envolviam
elementos éticos, essa afirmação é evidente pelo fato de que a pessoa que se
batizava estava realizando um testemunho público que estava deixando sua vida
regressa e se comprometendo com uma nova vida. Ambos também eram utilizados
como um tido de iniciação.
Batismos da comunidade de Qumran
– A comunidade de Qumran não realizava o batismo dentro da mesma perspectiva de
João Batista ou até mesmo como o rito inicial dos prosélitos convertidos ao
judaísmo. A comunidade de Qumran se utilizava muito mais como formas de ritos
cerimoniais.
Batismo de João
– É uma cerimônia de iniciação, com elementos éticos e diferencia-se de todos
os demais pelo fato de que o Batismo de João é uma preparação do indivíduo para
o Reino vindouro, ao contrário por sua vez do batismo dos prosélitos. O Batismo
de João deve ser praticado por todos, inclusive os judeus, que desejam externar
que agora vivem sobre os princípios do Deus do Reino.
A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉIRO DE JOÃO
BATISTA:
João
Batista tem o real significado de seu ministério explicado pelo Senhor Jesus em
uma passagem de Mateus. Após ser preso, João envia seus discípulos para
perguntarem a Jesus se de fato Ele era o Messias aguardado. Alguns interpretam
esse episódio de forma errônea. Crendo que João começou a duvidar de sua
vocação. Todavia, João não está duvidando de sua vocação. Ele está duvidando se
Jesus, era realmente o Messias. Pois o Senhor Jesus não estava realizando as
obras que João esperava.
Afinal de contas, ele esperava pelo
Duplo Batismo, pela chegada do Reino de Deus, porém, tudo continuava como era
antes.
Em reposta a João, Jesus mandou que
lhe dissessem que a profecia de Isaías 33.5-6 estava se cumprindo em sua
missão. Após esse momento Jesus começa a ensinar às multidões sobre quem de
fato era João, e o real significado de seu ministério.
Para que possamos entender a fala de
Jesus algumas expressões são chaves para nossa análise. "Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu
outro maior que João Batista; mas o menor no reino do céu é maior que
ele.". (Mateus 11.11)
Até João Batista as pessoas ainda
não faziam parte do Reino. João teve a mais nobre missão. Preparar o caminho do
Salvador. Todavia, ele que teve essa tão nobre missão. É menor que o mais
simples irmão que desfruta da presença contínua do Salvador e das benesses de
seu Reino ainda neste tempo presente.
O Mestre também afirma que em João
Batista se cumpriu a profecia de que Elias viria e prepararia o caminho para o
Salvador. Jesus não quis ensinar que João era uma reencarnação de Elias. E sim,
que João Batista possuía uma grande similaridade de atributos como Elias.
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