Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2025.
INSTITUTO BÍBLICO EFATÁ
MÓDULO DE TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
1ª AULA – RAÍZES DO ILUMINISMO,
LIBERALISMO TEOLÓGICO E FUNDAMENTALISMO
PROFESSOR – PR. ROBERTO DA SILVA
MEIRELES RODRIGUES
INTRODUÇÃO:
A definição fria da etimologia da
palavra “Teologia” encontramos a junção de duas palavras gregas: “théos,
Deus, e logos, palavra ou assunto”, significando literalmente “estudo
ou tratado acerca de Deus”. Todavia, o significado etimológico da
palavra não nos fornece uma compreensão significativa acerca do que realmente é
teologia.
Strong
em sua teologia Sistemática vai conceituar teologia da seguinte maneira: “Teologia é a ciência de Deus e das relações
entre Deus e o universo”.[1]
Tentando ser mais detalhista um teólogo batista brasileiro chamado Zacarias de
Aguiar vai esmiuçar ainda mais o conceito acerca do que é teologia, diz ele em
sua teologia sistemática: “Concluímos
dizendo que teologia é um estudo criterioso acerca de Deus e suas relações com
o mundo, envolvendo análise e declaração cuidadosas das verdades mais
fundamentais do cristianismo, formando um todo ordenado e consistente. Para ser
relevante, a teologia deve ser exprimida no idioma contemporâneo, no contexto
da cultura geral e relacionada com a viver do homem. Daí o seu caráter dinâmico
na sua forma de sua aplicação. A verdade é a mesma que foi revelada nas Escrituras,
mas a aplicação dela pode variar no tempo e no espaço, dependendo em parte da
cultura de cada povo e do seu momento histórico”. [2]
Nessa empreitada humana em tentar
compreender a Palavra de Deus, a teologia acabou virando “teologias”. O que não
válida toda teologia ou pensamento teológico que é realizado. Porém, iremos
observar ao analisar algumas destas “teologias” que foram produzidas nas
últimas décadas e iremos perceber que algumas delas produziram muitas coisas
saudáveis tendo como pressuposto a Palavra de Deus. Todavia, algumas outras
“teologias” que foram surgindo possuíam muito mais influência da cultura,
influências de outras ditas ciências, outros teólogos foram extremamente
influenciados por questões sociais de seus dias.
Os autores do livro que será
pressuposto básico para nossas aulas no prefácio da obra explicam ou tentam
pelo menos conceituam o que é teologia contemporânea: “Nas artes assim como na literatura, o significado técnico de
“contemporâneo” se situa entre o atual e o recente, de um lado, e o moderno, de
outro. Contudo, contemporâneo tem também um significado mais geral ou frequente
e designa tudo o que ocorreu nos últimos cem anos aproximadamente. Ao adotarmos
este último sentido, temos um lugar definido por onde começar. Quem quer que
saiba alguma coisa sobre teologia contemporânea, sabe que uma ruptura decisiva
com o antigo foi o ponto de partida para um novo cenário que começou a tomar
forma em 1920. Esse rompimento, que ainda hoje apresenta desdobramentos,
provoca reações, desvios e becos sem saída, é o que entendemos por
"teologia contemporânea"”. (pg.11 – Stantely Grenz – Teologia
Contemporânea)
O CONTEXTO LIBERAL:
BREVE
CONCEITO ACERCA DO MOVIMENTO ILUMINISTA
- O iluminismo foi um movimento intelectual do século 18 que ficou
conhecido também como idade da razão. Ficou postulado que era possível entender
ou explicar qualquer fenômeno a partir de um ponto de vista científico, ou
seja, pela razão.
FRUTOS
DO ILUMINISMO - O iluminismo deu muitos frutos e muitas coisas que existem hoje
são oriundos deste movimento: “1) o início
da história científica; 2) o requisito de qualquer verdade deve ser justificada
diante do juízo da razão; 3) a natureza como fonte primária das respostas às
questões fundamentais da existência humana; 4) a necessidade da liberdade para
o progresso e o bem-estar humanos; 5) a necessidade da crítica literária e
histórica para determinar legitimidade de nossa herança histórica; 6) A
necessidade da filosofia crítica; 7) a ética como algo separado e independente
da autoridade da religião e da teologia; 8) Suspeição e hostilidade em relação
a todas as verdades que alegavam estar baseadas em alguma espécie de autoridade
que não fosse a razão; por exemplo, a tradição ou à revelação divina; 9) a
elevação do valor da ciência como meio pelo qual o homem pode encontrar a
verdade; 10) tolerância como o valor mais elevado em assuntos de religião; 11)
continuação e expansão consciente do humanismo desenvolvido durante a
Renascença.”
NEOLOGIANOS
(OU INOVADORES) – Esses “neologianos” foram um grupo de estudiosos que
iniciaram um trabalho de crítica literária a Bíblia e a partir destas
construções começaram ataques veementes as doutrinas protestantes tradicionais.
As principais doutrinas trais como: a Trindade, a união hipostática de Cristo
(a união das duas naturezas), a divindade de Jesus, a expiação, o nascimento
virginal, a ressurreição, a existência de céu e inferno, a pessoa de Satanás,
etc.
DEISTAS
– Nesta mesma época surgiu a cosmovisão deísta. Os deístas acreditam que Deus
foi o criador do universo, porém Ele não interfere no mesmo. Deus ao criar o
universo o programou com uma espécie de lei natural de funcionamento. Sendo
Deus um ser transcendente, Ele não se envolve nos assuntos de sua criação. Dentro
desta linha de pensamento os milagres são completamente anulados, pois Deus não
pode interferir na lei natural de sua criação.
LIBERALISMO
- O liberalismo teológico é uma abordagem à fé cristã que revisa as doutrinas
tradicionais à luz da razão humana e da cultura moderna, em vez de se submeter
totalmente à autoridade da Bíblia. Principais pontos do liberalismo teológico:
1) Negação da Autoridade e Inerrância da Bíblia; 2) Primazia da Razão e
Experiência Humana; 3) Ceticismo em Relação ao Sobrenatural; 4) Humanismo e
Otimismo sobre a Natureza Humana; 5) Reinterpretação das Doutrinas.
O
liberalismo busca modernizar o cristianismo, acomodando-o aos valores e
pensamentos da cultura secular, em detrimento da autoridade da Bíblia, e que,
por consequência, esvazia a fé de seu caráter sobrenatural, levando à morte
espiritual de igrejas e seminários.
FUNDAMENTALISMO
– O fundamentalismo foi um movimento em resposta de teólogos ortodoxos ao
liberalismo teológico que avançava fortemente naqueles dias. A proposta básica
dos teólogos que iniciaram este movimento era um retorno as doutrinas cristãs
que estavam sendo abandonas e esquecidas. O movimento ganhou esse nome pela sua
busca em retornar aos “Fundamentos” da fé cristã. Eles apontavam pelo menos
cinco fundamentos básicas da fé cristã que haviam sido desacreditados: 1) A
inerrância da Bíblia; 2) A divindade de Jesus; 3) O nascimento virginal de
Jesus Cristo; 4) A expiação vicária de Jesus Cristo; 5) A ressurreição corporal
de Jesus Cristo.
A partir da segunda metade do século
XX, o fundamentalismo se tornou mais um movimento separatista do que uma
corrente teológica. Eles se separaram da igreja e da cultura, recusando
qualquer tipo de cooperação com aqueles que não concordavam com eles em todos
os pontos doutrinários. O fundamentalismo moderno é, para eles, mais uma
atitude de isolamento e hostilidade do que uma confissão de fé.
A
principal diferença entre o fundamentalismo e o evangelicalismo está no
engajamento cultural e social. Enquanto o fundamentalismo se isolou da cultura,
do conhecimento científico e das artes, o evangelicalismo, em sua essência,
busca interagir e influenciar a sociedade.
O
fundamentalismo representa a defesa de verdades bíblicas essenciais, mas, como
movimento, evoluiu para uma atitude de separatismo, intransigência e combate
intelectual que o distingue do evangelicalismo contemporâneo, que busca ser
igualmente fiel às Escrituras, mas com uma postura mais aberta ao diálogo e à
interação com a sociedade.
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